Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
O Banco Agiplan aplicará R$ 750 milhões em tecnologia e
inovação nos próximos três anos a partir de janeiro. A informação foi
veiculada pelo programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha. O aporte não
considera ampliação da rede física. O banco deve contratar 800 pessoas
até o final de 2018. Marciano Testa (foto), presidente do banco, já
havia adiantado o lançamento da novidade para a revista AMANHÃ.
“Os
clientes poderão abrir a conta e movimentá-la totalmente através do
smartphone”, adiantou Testa na edição que trouxe os resultados das
Campeãs de Inovação, pesquisa pioneira no Brasil que passou a adotar o
Innovation Management Index, ferramenta da metodologia do Global
Innovation Management Institute (Gimi) aplicada pelo IXL-Center, de
Cambridge, região metropolitana de Boston (EUA).
Ao
ter a conta, o cliente recebe imediatamente um limite de crédito
on-line. Os clientes terão acesso a um portfólio completo de serviços,
como CDB e fundos de investimentos, além de modalidades de crédito
pessoal, limite de conta corrente e cartões de crédito e débito
internacional – tudo através do celular. “Nosso objetivo é entregar a
melhor experiência bancária e ajudar o nosso cliente a aproveitar melhor
o seu tempo e seu dinheiro”, revela Testa.
A SP Ventures, gestora de fundos de investimento com foco em
empreendimentos inovadores, acaba de fazer um aporte de R$ 2,2 milhões
na Bart Digital, fintech voltada para soluções no agronegócio
brasileiro.
A startup, criada em abril de 2016 por quatro empreendedores, usa,
entre outras tecnologias, o blockchain para atuar no barter – troca de
insumos por grãos entre o produtor e agroindústrias.
Segundo a
sócia-fundadora Mariana Bonora, trata-se de um sistema que facilita e dá
celeridade à aprovação das operações, integrando os envolvidos.
"Tradicionalmente,
as operações de barter ocorrem via e-mail – uma série de e-mails", diz
ela, advogada com experiência na análise de documentação para operações
de barter na indústria de agroquímicos. "É um processo demorado,
burocrático e com riscos. Isso me fez pensar que havia espaço para uma
solução".
A solução foi inicialmente pensada durante o hackathon
(maratona de programação) SmartAgro, realizado em Londrina (PR) no ano
passado. Ali, Mariana conheceu seus atuais sócios – Renato Girotto,
Guilherme Costa e Thiago Zampieri, um mix de trajetórias dentro do
próprio agronegócio e em TI. Em menos de um ano, a startup se
formalizou, foi incubada na Esalqtec, acelerada e passou por um programa
de empreendedorismo da IBM, até fincar sua sede em Indaiatuba.
A
digitalização, compartilhamento e validação de todos os documentos – o
sistema permite assinaturas eletrônicas para o fechamento de acordos, ao
contrário do "leva e traz" dos processos atuais – permitirão um ganho
significativo de tempo. Tradicionalmente, um acordo de troca de insumos
por grãos pode se estender em até 160 dias para ser firmado. Com a
solução da startup, são 40. O uso da tecnologia blockchain, por sua vez,
visa evitar fraudes.
Outro diferencial, diz a empreendedora, é o
monitoramento por satélite que a Bart Digital promete: os credores
poderão acompanhar o plantio e desenvolvimento da lavoura, de forma de
mitigar riscos. O monitoramento assegura também que o produtor inicie o
plantio na hora certa e no local exato acertado no momento da emissão
das CPRs (cédulas de produto rural).
Conforme Mariana, o aporte da SP
Ventures dará fôlego para a estruturação da Bart para o atendimento de
grandes clientes, incluindo contratação de pessoas e investimento em
tecnologia. No momento, a empresa ainda roda projetos-pilotos em grande
escala. A intenção é começar a vender comercialmente a solução a partir
de março de 2018.
Para Thiago Lobão, da SP Ventures, o aporte é ainda
um "seed money", a primeira camada de investimento depois do
investimento-anjo, mas com possibilidade de chegar a R$ 15 milhões. "É a
primeira fintech do agronegócio investida por um fundo brasileiro", ele
lembra. "É uma solução que nos interessou porque ajuda a evitar fraudes
e possibilita a inclusão do barter para os produtores menores"
A corrupção é o comportamento que melhor define o Brasil de hoje, mas é a honestidade que melhor caracteriza o brasileiro.
Esta
contradição está entre os resultados da inédita Pesquisa Nacional de
Valores de 2017, encomendada ao Datafolha pela consultoria Crescimentum,
em parceria com o instituto britânico Barret Values Centre.
O
levantamento investiga quais os valores pessoais dos brasileiros em
2017, aqueles que constituem a cultura atual do país e os da cultura
desejada para o Brasil.
Para isso, em agosto deste ano, 2.422 pessoas
em todas as regiões do país foram apresentadas a listas com cerca de 90
valores entre os quais precisavam apontar os dez que melhor definiam
quem elas são, que delimitavam o Brasil de hoje e que representavam como
o país deveria ser.
Enquanto no campo individual os brasileiros
elegeram a amizade, a honestidade, o respeito, a confiança e a paciência
como valores que os definem, no campo da cultura nacional emergiram a
corrupção, a violência, a agressividade e a discriminação racial.
"Não
tem nenhuma correspondência entre o que cada um percebe como seu valor
individual e o que ele percebe como a cultura ao seu redor", avalia o
escritor e cientista social Eduardo Giannetti.
Para ele, o brasileiro
não se reconhece naquilo que vê ao seu redor, mas que é o "resultado da
interação de todos nós juntos". "Este é um traço definidor da nossa
cultura: o brasileiro é o outro", explica.
"Brasileiro fala do
brasileiro na terceira pessoa, e se dissocia", avalia o economista
Guilherme Marback, diretor da Crescimentum, que aponta para o aumento na
percepção dos problemas do país.
Essa percepção subiu de 51% em 2010, quando a pesquisa foi feita pela primeira vez, para 61% em 2017.
Entre
os problemas, reina a corrupção, que em 2010 era destacada por 54% dos
entrevistados e, em 2017, foi apontada por 72% deles.
Nas pesquisas
de opinião do Datafolha, a corrupção chegou a ser citada por 37% dos
entrevistados como o maior problema do país em março de 2016. Em
setembro deste ano, este escore era de 18%.
Entre 2010 e 2017, há um
aumento na percepção de que a agressividade é um traço cultural
nacional, bem como há o advento da discriminação racial, antes ignorada.
"O Brasil vivia uma negação com este tema, que finalmente entrou na
agenda da preocupação pública", diz Giannetti.
PROTAGONISMO
Tanto
no contexto pessoal ("aprender sempre") como no da cultura desejada
("oportunidades de educação"), a educação, antes ausente, surge como
valor importante.
"Diante do cenário de crise, cresce a perspectiva
individualista, e as pessoas querem investir nelas mesmas", diz o
cientista social Fernando Abrucio, da FGV.
Segundo ele, a percepção
de que é possível avançar pelo mérito individual é resultado também da
melhoria nas condições de vida dos últimos 20 anos. "Sem isso, ninguém
apostaria em educação porque o problema era mais embaixo."
Confiança e
coragem são outros valores pessoais novos em relação a 2010. Para
Marback, apesar de sutil, essa mudança indica "a tomada de consciência
de que temos de tomar as rédeas de nosso destino e do país".
Para
Maria do Socorro Braga, professora de ciência política da Universidade
Federal de São Carlos, a ênfase no comportamento individual pode também
ser fruto de desamparo por parte do Estado e das instituições. "As
pessoas acham que têm de resolver a situação por elas mesmas."
De
acordo com o sociólogo Demétrio Magnoli, colunista da Folha, há uma
cisão entre os valores desejados para o país em 2010 e 2017, quando
justiça social, moradia confortável e redução da pobreza deram lugar a
oportunidade de educação, compromisso, honestidade e cidadania.
"O
que antes derivava do discurso do governo de 2010 [do PT], que perdeu
força, hoje deriva da ideia chave de acabar com a corrupção e o
desperdício de recursos"
Em entrevista da Um Brasil antecipada para EXAME e reproduzida pela
Web TV do www.brasilagro.com.br, Hitendra Patel diz que empresas
brasileiras hesitam em ser pioneiras e que dinheiro não é problema.
Democratizar a inovação é possível e não depende de dinheiro:
estas são algumas das lições básicas de Hitendra Patel, uma das
autoridades do mundo no assunto.
Descendente de indianos e nascido na
Zâmbia, Patel dirige o IXL Center e o programa de Inovação e
Crescimento da Hult International Business School.
Ele veio ao Brasil
recentemente para uma conferência e gravou um vídeo para através da
plataforma Um Brasil para a Fecomércio/SP.
Sua relação com o país já
completa mais de duas décadas e ele diz que sempre se impressionou com o
empreendedorismo, a criatividade e a resiliência dos brasileiros diante
de uma economia volátil.
Mas citando o trabalho que fez em lugares
como Braskem, Bunguee, Natura, Vale e Havaianas, Patel vê como
preocupante a hesitação das grandes empresas brasileiras em serem as
primeiras a fazer algo.
“Existe uma mentalidade de querer ser global,
outra de ser melhor que os competidores, mas a principal mentalidade,
que é um desafio para o Brasil, é que poucos dos empreendedores ou
inovadores destas empresas querem ser pioneiros. Eles sempre perguntam
se alguém já fez antes.”
Uma de suas ideias é que a inovação pode ser
democratizada, pois hoje é muito mais importante integrar tecnologias
do que criá-las do começo.
Patel nota que Apple e Facebook só
empacotaram de forma atrativa o que já havia sido criado antes. Ele
também cita Israel e países do Leste Europeu, como Hungria e República
Tcheca, como lugares onde isso acontece:
“São líderes em TI, no
desenvolvimento de aplicativos, Skype, todas essas tecnologias vêm dessa
região. Como eles fizeram? Eles não criaram nenhuma tecnologia de base.
Mas eles as integraram.” O papel do governo seria definir uma visão
estratégica, simplificar os processos e sair do caminho. Ele diz que
impostos, burocracia e a dificuldade para demitir são alguns dos
obstáculos do Brasil nesta área.
Ainda assim, ele considera
“perigoso” a moda recente em muitos países de querer criar uma “cultura
de startups” porque fatalmente muitos irão fracassar.
Ele diz que
muitos empreendedores tem boas ideias mas não sabem fazer funções
básicas de uma empresa como criar uma equipe e manejar o financeiro “e
estamos investindo neste pessoal, quando deveríamos investir nos mais
experientes.” A falta de dinheiro também não seria uma barreira
intransponível:
“As pessoas inovadoras encontram soluções sem o
dinheiro. Os não inovadores pensam que dinheiro resolve tudo. Ou seja, a
escassez nos faz pensar diferente e faz buscar soluções diferentes.
Dinheiro na realidade é um problema. Com o dinheiro você acaba acomodado
e o desperdiça para encontrar soluções. Sem dinheiro, você então
buscará parceiros e alternativas e é assim que a inovação surge”
Desde 2013, quando assumiu a presidência da Mercedes-Benz na
América Latina, o alemão Philipp Schiemer se reúne com jornalistas na
sede da empresa, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, com dois
objetivos principais: fazer um balanço do desempenho da empresa e traçar
cenários para o futuro. Excluindo o encontro de seu ano de estreia,
quando a montadora ainda desfrutava de números recordes, os três
seguintes foram carregados de reclamação e pessimismo. Com razão.
Desde que entrou, as vendas do setor desabaram 70%, a reboque da
maior recessão da história da economia brasileira. Mas o tradicional
encontro deste ano, na segunda-feira 9, mostrou um clima diferente.
Sorridente, Schiemer anunciou investimento de R$ 2,4 bilhões e afirmou
que o pior da crise ficou para trás e que suas vendas neste segundo
semestre endossam as teses de que a economia está em trajetória de
recuperação. “O Brasil voltou a ter uma chance de estabelecer um caminho
para crescer de forma gradual e sustentável.”
DINHEIRO – Não é cedo para afirmar que a crise acabou?
PHILIPP SCHIEMER – Estamos cautelosos, mas
otimistas. Pela primeira vez em mais de três anos, temos motivos para
comemorar. O segundo semestre está mais aquecido do que o primeiro, num
claro movimento de recuperação das vendas. Poderíamos fechar o ano com
números bons, se esse reaquecimento tivesse começado mais cedo.
DINHEIRO – O crescimento é consistente?
SCHIEMER – Sim, mas gradual. Entre 2013 e a
primeira metade de 2017, o setor de caminhões viveu uma das fases mais
dramáticas da história. As vendas acumularam uma queda de cerca de 70%.
As quedas de alguns setores importantes da economia puxaram para baixo
nosso setor também. Agora que toda a economia começa a se recuperar,
recuperamos junto.
DINHEIRO – Mas alguns setores, como o agronegócio, conseguiram se segurar na crise…
SCHIEMER – A agricultura tem apresentado
um desempenho muito positivo, sim. Além disso, as empresas do
agronegócio conseguiram, graças a uma situação financeira melhor,
preservar seu acesso ao crédito. O mercado de caminhões é muito
dependente do crédito. Os bancos só emprestam para quem comprova
condições de pagar. A combinação de bom desempenho do setor e a bom
acesso a financiamento mantém o agronegócio com perspectivas muito
otimistas.
DINHEIRO – O agronegócio não tem sido o único, certo?
SCHIEMER – Sim, o setor de logística
também dá sinais de recuperação. Temos percebido uma alta de cerca de
25% nos negócios para essa atividade. Além disso, acredito que 2018 será
o ano do início da recuperação da construção civil, uma indústria que
demanda investimentos em veículos pesados e extrapesados. Há no
horizonte também boas perspectivas para a renovação das frotas urbanas
de ônibus, as frotas rodoviárias e até de ônibus escolares. Estamos
observando com atenção cada um deles para poder suprir as demandas
específicas de cada atividade.
DINHEIRO – Além da queda nas vendas, como a crise afetou os números da operação brasileira?
SCHIEMER – O volume de vendas despencou,
mas conseguimos avançar em participação de mercado. Em 2013, quando a
crise começou para valer, a Mercedes-Benz respondia por 19% das vendas
nacionais. Neste ano, nosso market share está em 25,4%. Outro bom
indicador é o volume de emplacamentos diários, que cresce mês a mês. A
nossa média em outubro está maior do que a média registrada em setembro.
A recuperação é gradual, mas está acontecendo.
DINHEIRO – Quais são os indicadores macroeconômicos que sustentam esse otimismo?
SCHIEMER – Acredito que a estabilidade do
câmbio é um sinal de que a economia está no caminho certo. Quando há
pouca variação do dólar, é possível ter mais previsibilidade e,
consequentemente, isso ajuda a restaurar a confiança. Somos sempre
cautelosos, mas não temos dúvidas de que o crescimento do setor de
caminhões em 2018 será impulsionado pela combinação positiva dos fatores
macroeconômicos.
DINHEIRO – A crise não gerou um trauma nas empresas?
SCHIEMER – Se a confiança voltar, as
empresas voltam a investir. O potencial do Brasil é enorme. O caminho da
recuperação não está andado, mas estamos na rota certa.
DINHEIRO – Mas, para compensar a queda interna, o setor apostou na exportação. A Mercedes fez isso?
SCHIEMER – As exportações aceleraram 25,9%
no acumulado deste ano. É um resultado muito bom. A Argentina tem nos
surpreendido, com um aumento significativo das compras. Lá, a economia
ainda tem grandes desafios pela frente, mas está no caminho certo. Houve
estabilidade nos últimos dois anos. Estamos com boas exportações também
para Chile, Peru, Colômbia e Equador. Vamos exportar motores M460 para a
Alemanha. Enfim, precisamos ser competitivos não apenas no Brasil, mas
também lá fora. Temos concorrentes muito fortes, como a China e a Índia,
e há grandes oportunidades no mercado internacional.
DINHEIRO – O que é preciso fazer para resgatar a confiança?
SCHIEMER – A gente tem que comprar a ideia
das reformas para crescer de verdade. O Brasil voltou a ter uma chance
de estabelecer um caminho para crescer de forma sustentável.
DINHEIRO – Mas os investidores levarão tempo para se convencerem de que o Brasil é um bom local para investir…
SCHIEMER – O investidor internacional só
coloca dinheiro em alguma empresa brasileira se ele tem confiança de as
contas serão pagas. Por isso, as reformas são essenciais para criar um
ambiente de confiança no futuro. Nesse contexto, os juros precisam cair.
Com uma Selic alta, o investimento deixa de ser atrativo. É melhor
deixar o dinheiro render em títulos do governo, sem nenhum trabalho e
quase nenhum risco. Quando a Selic cair mais, o dinheiro que está parado
em papéis entra na economia para reativar a produção e o consumo.
DINHEIRO – Os novos investimentos da Mercedes-Benz simbolizam esse movimento?
SCHIEMER – Com certeza. Conseguimos
aprovar junto ao board da Mercedes, na Alemanha, um investimento de R$
2,4 bilhões para o período de 2018 e 2022. Esse dinheiro, complementar
aos R$ 750 milhões do ciclo 2015 e 2018, será direcionado à modernização
das fábricas em São Bernardo do Campo e em Juiz de Fora, em Minas
Gerais, além de lançamento de novos produtos. Entre 2010 e 2015, já
havíamos investido outros R$ 2,5 bilhões. Está muito claro na cabeça de
todos nós que não adianta termos as melhores fábricas, se não temos os
melhores produtos. Temos de ter classe mundial em processos de produção e
produtos.
DINHEIRO – A fábrica de São Bernardo está defasada em termos tecnológicos e de produtividade?
SCHIEMER – A unidade de São Bernardo, com
7.700 funcionários, já é considerada uma das mais modernas da
Mercedes-Benz no mundo, mas há o que melhorar. A unidade foi inaugurada
em uma época em que o País não oferecia uma cadeia completa de
fornecedores. Por isso, muitas partes do caminhão, além do nosso ‘core
business’ eixo, motor e câmbio, era produzida internamente. Hoje, não
faz mais sentido. Tínhamos 56 armazéns. Agora, unificamos para apenas 6.
Com a implementação de várias mudanças, desde o início da crise,
aumentamos em 15% nossa produtividade em São Bernardo.
DINHEIRO – Está nos planos antecipar a produção de motores Euro 6 no Brasil?
SCHIEMER – Não adianta ter o Euro 6 (a
mais rígida norma europeia de emissão de poluentes), se metade da frota
brasileira é ‘Euro Zero’. O custo de se trazer esse motor será pago por
todos, e não acho que seja o momento mais apropriado para fazer isso.
DINHEIRO – A reclamação do setor, nos últimos anos, não foi exagerada?
SCHIEMER – Nós todos reclamamos muito nos
últimos anos, é verdade. Mas não era uma reclamação sem causa. Havia
problemas reais que resultaram na maior recessão de todos os tempos.
Mas, agora que enxergamos que o caminho está correto, precisamos falar e
demonstrar confiança.
DINHEIRO – E se o País der marcha à ré?
SCHIEMER – Existem riscos, é claro. Não há
garantias de que a recuperação será real pelos próximos anos. Mas
existe uma postura de clareza da equipe econômica. O déficit fiscal é
conhecido. O plano de reação também é amplamente divulgado. A caixa
preta do governo foi aberta e, mesmo que os números não sejam aqueles
que gostaríamos, o jogo é mais claro e aberto.
Decisão se dá por melhoria de liquidez, desalavancagem, disciplina administrativa e fortalecimento da governança corporativa
Por
Marta Nogueira, da Reuters
Petrobras: apesar da melhora, o rating da Petrobras ainda continua sendo grau especulativo (Michael Nagle/Bloomberg)
Rio de Janeiro – A agência de classificação de risco Moody’s elevou a nota de crédito da Petrobras para Ba3, ante B1, e mudou a perspectiva de positiva para estável, segundo comunicado publicado nesta terça-feira.
A atualização, segundo a
agência, reflete a melhoria da liquidez da Petrobras, a redução da
alavancagem da dívida, a sólida disciplina de gestão e o fortalecimento
da governança corporativa.
Apesar da melhora, o rating da Petrobras ainda continua
sendo grau especulativo –o que significa que a companhia potencialmente
enfrenta condições mais difíceis para fazer captações de títulos.
No comunicado, a Moody’s destacou que a elevação de perfil
de crédito da empresa está especificamente relacionada a um perfil de
dívida mais confortável, resultado do refinanciamento da dívida e de uma
“sólida” geração de caixa.
A agência ressaltou que, até o momento neste ano, a
Petrobras captou nos mercados de capitais 19,2 bilhões de dólares em
títulos, principalmente globais, em recursos que foram utilizados para
refinanciar os vencimentos da dívida.
Além disso, a Moody’s considerou que o fluxo de caixa da
Petrobras se tornou mais previsível como resultado de preços
relativamente estáveis do petróleo, uma política clara de preço do
combustível doméstico desde o fim de 2016, redução dos custos
operacionais e investimentos de capital disciplinados.
Apesar de ponderar que as prometidas vendas de ativos pela
estatal caíram de ritmo em 2017, a Moody’s destacou que os
desinvestimentos são menos relevantes agora para a posição de liquidez
da Petrobras do que há 12 meses, devido aos resultados positivos
alcançados na dívida e no fluxo de caixa.
No entanto, segundo a agência, as classificações da
Petrobras são limitadas por altos níveis de dívida, risco de execução do
plano de negócios e, em menor medida, potencial impacto negativo de
multas relacionadas à Lava Jato.
Escritório flexível da Spaces na Vila Madalena em São Paulo, do Grupo IWG (Spaces/Grupo IWG/Divulgação)
São Paulo – O Grupo IWG, de escritórios
corporativos, aproveitou a crise econômica para aumentar sua atuação no
Brasil. Em expansão nos últimos anos, a previsão para 2017 é de
crescimento de 19,5%.
O grupo oferece escritórios flexíveis,
e a empresa locatária pode alugar o espaço durante anos, ou apenas por
poucos dias, o que não é possível em contratos de locação tradicionais. O
IWG também aluga serviços e locais independentes, como salas de
reunião, impressoras e auditórios.
Com mais de 3.200 unidades em todo o mundo, o grupo já trouxe duas de
suas seis marcas ao Brasil, com 56 escritórios. A Regus, com ambiente
mais corporativo, e o Spaces, co-working voltado a startups ou negócios
mais jovens.
No Spaces são 20 mil clientes em todo o mundo. Na Regus são 20 mil apenas no Brasil e 20 milhões em todo mundo.
O grupo atende desde startups e pequenas empresas a grandes
multinacionais que acabaram de chegar ao Brasil. Google e Salesforce são
alguns dos exemplos de companhias que, antes de inaugurar seu primeiro
escritório no país, alugaram espaços do grupo IWG.
Há também a opção de alugar um escritório virtual. O empreendedor
pode usar o endereço de um Spaces ou Regus para colocar no cartão de
visitas, receber encomendas e até como endereço postal.
Telefonistas
atendem o telefone e repassam para o empreendedor, que também pode usar
as salas de reunião do local, para passar uma impressão mais confiável.
Essa opção é muito buscada por empreendedores que estão começando seu negócio, afirma Tiago Alves, CEO da IWG para o Brasil.
Escritório flexível da Spaces na Vila Madalena em São Paulo, do Grupo IWG (Spaces/Grupo IWG/Divulgação)
De carona na crise
O presidente diz que as crises econômica e imobiliária não
atrapalharam o negócio, pelo contrário. Foram justamente uma ajuda para
deslanchar a operação no país. Em 2014, o grupo tinha 43 escritórios na
cidade. Em 2016, já eram 46 e, no final de 2017, serão 62 das duas
marcas, com crescimento de 19,5% no ano em área.
Com a crise, muitas empresas reduziram suas equipes e,
consequentemente, o tamanho dos escritórios. Em vez de continuar pagando
aluguel de grandes locais, parcialmente vazios, algumas optaram por
ambientes flexíveis, afirma Alves. “O espaço vazio é o mais caro que
existe”, diz.
Por conta da flexibilidade no tempo de contrato, as companhias podem
aumentar e diminuir o tamanho de suas equipes e escritórios com mais
facilidade, informa ele.
A crise também fez com que muitas companhias buscassem formas de
reduzir custos. Os espaços do grupo IWG, por concentrarem diversas
empresas, conseguem contratos melhores de condomínio, energia e
infraestrutura. Assim, podem oferecer uma economia nas despesas.
O momento difícil impactou principalmente o setor imobiliário. Como
muitos deixaram de investir, as construtoras, que vinham de um momento
de bonança, de repente tinham vários prédios recém-lançados, mas vazios.
Para o grupo, essa era uma ótima oportunidade. Conseguiu contratos
melhores com os proprietários dos prédios, que queriam ocupar os espaços
vagos. O grupo aluga andares inteiros e os divide em recintos menores,
mais acessíveis para empresas que estão reduzindo seu espaço físico.
Novo momento
Hoje, o cenário é outro e o país aos poucos se recupera da crise
econômica. Mesmo assim, Alves não se preocupa e afirma que há espaço
para ainda mais unidades.
“Em Londres temos 120 centros e, em Nova York, 80. São Paulo tem
apenas 27, mas como cidade grande e internacional tem potencial para
mais aberturas”, afirmou ele.
Além disso, o grupo prevê um aumento de demanda por escritórios
flexíveis. Hoje, menos de 1% dos espaços corporativos do mundo são
flexíveis. Até 2030, a previsão é que 30% dos ambientes corporativos
serão flexíveis, incluindo espaços de coworking, incubadoras e
aceleradoras, de acordo com uma pesquisa da JLL, empresa de serviços em mercado imobiliário e investimentos, e da consultoria de gestão UnWork.