quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Agiplan aplicará R$ 750 milhões em banco digital


O aporte não considera ampliação da rede física

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
Marciano Testa, presidente do Banco Agiplan
O Banco Agiplan aplicará R$ 750 milhões em tecnologia e inovação nos próximos três anos a partir de janeiro. A informação foi veiculada pelo programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha. O aporte não considera ampliação da rede física. O banco deve contratar 800 pessoas até o final de 2018. Marciano Testa (foto), presidente do banco, já havia adiantado o lançamento da novidade para a revista AMANHÃ. 

“Os clientes poderão abrir a conta e movimentá-la totalmente através do smartphone”, adiantou Testa na edição que trouxe os resultados das Campeãs de Inovação, pesquisa pioneira no Brasil que passou a adotar o Innovation Management Index, ferramenta da metodologia do Global Innovation Management Institute (Gimi) aplicada pelo IXL-Center, de Cambridge, região metropolitana de Boston (EUA).

Ao ter a conta, o cliente recebe imediatamente um limite de crédito on-line. Os clientes terão acesso a um portfólio completo de serviços, como CDB e fundos de investimentos, além de modalidades de crédito pessoal, limite de conta corrente e cartões de crédito e débito internacional – tudo através do celular. “Nosso objetivo é entregar a melhor experiência bancária e ajudar o nosso cliente a aproveitar melhor o seu tempo e seu dinheiro”, revela Testa. 

http://www.amanha.com.br/posts/view/4669

terça-feira, 24 de outubro de 2017

SP Ventures faz aporte em empresa especializada em barter

SP Ventures faz aporte em empresa especializada em barter

A SP Ventures, gestora de fundos de investimento com foco em empreendimentos inovadores, acaba de fazer um aporte de R$ 2,2 milhões na Bart Digital, fintech voltada para soluções no agronegócio brasileiro.

A startup, criada em abril de 2016 por quatro empreendedores, usa, entre outras tecnologias, o blockchain para atuar no barter – troca de insumos por grãos entre o produtor e agroindústrias. 

Segundo a sócia-fundadora Mariana Bonora, trata-se de um sistema que facilita e dá celeridade à aprovação das operações, integrando os envolvidos.

"Tradicionalmente, as operações de barter ocorrem via e-mail – uma série de e-mails", diz ela, advogada com experiência na análise de documentação para operações de barter na indústria de agroquímicos. "É um processo demorado, burocrático e com riscos. Isso me fez pensar que havia espaço para uma solução".

A solução foi inicialmente pensada durante o hackathon (maratona de programação) SmartAgro, realizado em Londrina (PR) no ano passado. Ali, Mariana conheceu seus atuais sócios – Renato Girotto, Guilherme Costa e Thiago Zampieri, um mix de trajetórias dentro do próprio agronegócio e em TI. Em menos de um ano, a startup se formalizou, foi incubada na Esalqtec, acelerada e passou por um programa de empreendedorismo da IBM, até fincar sua sede em Indaiatuba.

A digitalização, compartilhamento e validação de todos os documentos – o sistema permite assinaturas eletrônicas para o fechamento de acordos, ao contrário do "leva e traz" dos processos atuais – permitirão um ganho significativo de tempo. Tradicionalmente, um acordo de troca de insumos por grãos pode se estender em até 160 dias para ser firmado. Com a solução da startup, são 40. O uso da tecnologia blockchain, por sua vez, visa evitar fraudes.

Outro diferencial, diz a empreendedora, é o monitoramento por satélite que a Bart Digital promete: os credores poderão acompanhar o plantio e desenvolvimento da lavoura, de forma de mitigar riscos. O monitoramento assegura também que o produtor inicie o plantio na hora certa e no local exato acertado no momento da emissão das CPRs (cédulas de produto rural).

Conforme Mariana, o aporte da SP Ventures dará fôlego para a estruturação da Bart para o atendimento de grandes clientes, incluindo contratação de pessoas e investimento em tecnologia. No momento, a empresa ainda roda projetos-pilotos em grande escala. A intenção é começar a vender comercialmente a solução a partir de março de 2018.

Para Thiago Lobão, da SP Ventures, o aporte é ainda um "seed money", a primeira camada de investimento depois do investimento-anjo, mas com possibilidade de chegar a R$ 15 milhões. "É a primeira fintech do agronegócio investida por um fundo brasileiro", ele lembra. "É uma solução que nos interessou porque ajuda a evitar fraudes e possibilita a inclusão do barter para os produtores menores"

(Assessoria de Comunicação, 23/10/17)

 http://www.brasilagro.com.br/conteudo/sp-ventures-faz-aporte-em-empresa-especializada-em-barter.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/#.We-KAzfJ3Z4

Corrupção define Brasil, mas não o brasileiro, diz estudo

Corrupção define Brasil, mas não o brasileiro, diz estudo

A corrupção é o comportamento que melhor define o Brasil de hoje, mas é a honestidade que melhor caracteriza o brasileiro.

Esta contradição está entre os resultados da inédita Pesquisa Nacional de Valores de 2017, encomendada ao Datafolha pela consultoria Crescimentum, em parceria com o instituto britânico Barret Values Centre.

O levantamento investiga quais os valores pessoais dos brasileiros em 2017, aqueles que constituem a cultura atual do país e os da cultura desejada para o Brasil.

Para isso, em agosto deste ano, 2.422 pessoas em todas as regiões do país foram apresentadas a listas com cerca de 90 valores entre os quais precisavam apontar os dez que melhor definiam quem elas são, que delimitavam o Brasil de hoje e que representavam como o país deveria ser.

Enquanto no campo individual os brasileiros elegeram a amizade, a honestidade, o respeito, a confiança e a paciência como valores que os definem, no campo da cultura nacional emergiram a corrupção, a violência, a agressividade e a discriminação racial.

"Não tem nenhuma correspondência entre o que cada um percebe como seu valor individual e o que ele percebe como a cultura ao seu redor", avalia o escritor e cientista social Eduardo Giannetti.

Para ele, o brasileiro não se reconhece naquilo que vê ao seu redor, mas que é o "resultado da interação de todos nós juntos". "Este é um traço definidor da nossa cultura: o brasileiro é o outro", explica.

"Brasileiro fala do brasileiro na terceira pessoa, e se dissocia", avalia o economista Guilherme Marback, diretor da Crescimentum, que aponta para o aumento na percepção dos problemas do país.

Essa percepção subiu de 51% em 2010, quando a pesquisa foi feita pela primeira vez, para 61% em 2017.

Entre os problemas, reina a corrupção, que em 2010 era destacada por 54% dos entrevistados e, em 2017, foi apontada por 72% deles.

Nas pesquisas de opinião do Datafolha, a corrupção chegou a ser citada por 37% dos entrevistados como o maior problema do país em março de 2016. Em setembro deste ano, este escore era de 18%.

Entre 2010 e 2017, há um aumento na percepção de que a agressividade é um traço cultural nacional, bem como há o advento da discriminação racial, antes ignorada. "O Brasil vivia uma negação com este tema, que finalmente entrou na agenda da preocupação pública", diz Giannetti.

 
PROTAGONISMO

 
Tanto no contexto pessoal ("aprender sempre") como no da cultura desejada ("oportunidades de educação"), a educação, antes ausente, surge como valor importante.

"Diante do cenário de crise, cresce a perspectiva individualista, e as pessoas querem investir nelas mesmas", diz o cientista social Fernando Abrucio, da FGV.

Segundo ele, a percepção de que é possível avançar pelo mérito individual é resultado também da melhoria nas condições de vida dos últimos 20 anos. "Sem isso, ninguém apostaria em educação porque o problema era mais embaixo."

Confiança e coragem são outros valores pessoais novos em relação a 2010. Para Marback, apesar de sutil, essa mudança indica "a tomada de consciência de que temos de tomar as rédeas de nosso destino e do país".

Para Maria do Socorro Braga, professora de ciência política da Universidade Federal de São Carlos, a ênfase no comportamento individual pode também ser fruto de desamparo por parte do Estado e das instituições. "As pessoas acham que têm de resolver a situação por elas mesmas."

De acordo com o sociólogo Demétrio Magnoli, colunista da Folha, há uma cisão entre os valores desejados para o país em 2010 e 2017, quando justiça social, moradia confortável e redução da pobreza deram lugar a oportunidade de educação, compromisso, honestidade e cidadania.

"O que antes derivava do discurso do governo de 2010 [do PT], que perdeu força, hoje deriva da ideia chave de acabar com a corrupção e o desperdício de recursos" 

(Folha de S.Paulo, 24/10/17)

As lições de um dos maiores líderes globais em inovação


Em entrevista da Um Brasil antecipada para EXAME e reproduzida pela Web TV do www.brasilagro.com.br, Hitendra Patel diz que empresas brasileiras hesitam em ser pioneiras e que dinheiro não é problema.

Democratizar a inovação é possível e não depende de dinheiro: estas são algumas das lições básicas de Hitendra Patel, uma das autoridades do mundo no assunto.

Descendente de indianos e nascido na Zâmbia, Patel dirige o IXL Center e o programa de Inovação e Crescimento da Hult International Business School.

Ele veio ao Brasil recentemente para uma conferência e gravou um vídeo para através da plataforma Um Brasil para a Fecomércio/SP.

Sua relação com o país já completa mais de duas décadas e ele diz que sempre se impressionou com o empreendedorismo, a criatividade e a resiliência dos brasileiros diante de uma economia volátil.

Mas citando o trabalho que fez em lugares como Braskem, Bunguee, Natura, Vale e Havaianas, Patel vê como preocupante a hesitação das grandes empresas brasileiras em serem as primeiras a fazer algo.

“Existe uma mentalidade de querer ser global, outra de ser melhor que os competidores, mas a principal mentalidade, que é um desafio para o Brasil, é que poucos dos empreendedores ou inovadores destas empresas querem ser pioneiros. Eles sempre perguntam se alguém já fez antes.”

Uma de suas ideias é que a inovação pode ser democratizada, pois hoje é muito mais importante integrar tecnologias do que criá-las do começo.

Patel nota que Apple e Facebook só empacotaram de forma atrativa o que já havia sido criado antes. Ele também cita Israel e países do Leste Europeu, como Hungria e República Tcheca, como lugares onde isso acontece:

“São líderes em TI, no desenvolvimento de aplicativos, Skype, todas essas tecnologias vêm dessa região. Como eles fizeram? Eles não criaram nenhuma tecnologia de base. Mas eles as integraram.”
O papel do governo seria definir uma visão estratégica, simplificar os processos e sair do caminho. Ele diz que impostos, burocracia e a dificuldade para demitir são alguns dos obstáculos do Brasil nesta área.

Ainda assim, ele considera “perigoso” a moda recente em muitos países de querer criar uma “cultura de startups” porque fatalmente muitos irão fracassar.

Ele diz que muitos empreendedores tem boas ideias mas não sabem fazer funções básicas de uma empresa como criar uma equipe e manejar o financeiro “e estamos investindo neste pessoal, quando deveríamos investir nos mais experientes.” A falta de dinheiro também não seria uma barreira intransponível:

“As pessoas inovadoras encontram soluções sem o dinheiro. Os não inovadores pensam que dinheiro resolve tudo. Ou seja, a escassez nos faz pensar diferente e faz buscar soluções diferentes. Dinheiro na realidade é um problema. Com o dinheiro você acaba acomodado e o desperdiça para encontrar soluções. Sem dinheiro, você então buscará parceiros e alternativas e é assim que a inovação surge” 

(Exame.com, 5/10/17)

http://www.brasilagro.com.br/conteudo/as-licoes-de-um-dos-maiores-lideres-globais-em-inovacao.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/#.We97-zfJ3Z4

terça-feira, 17 de outubro de 2017

A economia está no caminho certo

 
 Resultado de imagem para fotos de  Philipp Schiemer


 


Desde 2013, quando assumiu a presidência da Mercedes-Benz na América Latina, o alemão Philipp Schiemer se reúne com jornalistas na sede da empresa, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, com dois objetivos principais: fazer um balanço do desempenho da empresa e traçar cenários para o futuro. Excluindo o encontro de seu ano de estreia, quando a montadora ainda desfrutava de números recordes, os três seguintes foram carregados de reclamação e pessimismo. Com razão.

Desde que entrou, as vendas do setor desabaram 70%, a reboque da maior recessão da história da economia brasileira. Mas o tradicional encontro deste ano, na segunda-feira 9, mostrou um clima diferente. Sorridente, Schiemer anunciou investimento de R$ 2,4 bilhões e afirmou que o pior da crise ficou para trás e que suas vendas neste segundo semestre endossam as teses de que a economia está em trajetória de recuperação. “O Brasil voltou a ter uma chance de estabelecer um caminho para crescer de forma gradual e sustentável.”

DINHEIRO – Não é cedo para afirmar que a crise acabou?

PHILIPP SCHIEMER – Estamos cautelosos, mas otimistas. Pela primeira vez em mais de três anos, temos motivos para comemorar. O segundo semestre está mais aquecido do que o primeiro, num claro movimento de recuperação das vendas. Poderíamos fechar o ano com números bons, se esse reaquecimento tivesse começado mais cedo.

DINHEIRO – O crescimento é consistente?

SCHIEMER – Sim, mas gradual. Entre 2013 e a primeira metade de 2017, o setor de caminhões viveu uma das fases mais dramáticas da história. As vendas acumularam uma queda de cerca de 70%. As quedas de alguns setores importantes da economia puxaram para baixo nosso setor também. Agora que toda a economia começa a se recuperar, recuperamos junto.

DINHEIRO – Mas alguns setores, como o agronegócio, conseguiram se segurar na crise

SCHIEMER – A agricultura tem apresentado um desempenho muito positivo, sim. Além disso, as empresas do agronegócio conseguiram, graças a uma situação financeira melhor, preservar seu acesso ao crédito. O mercado de caminhões é muito dependente do crédito. Os bancos só emprestam para quem comprova condições de pagar. A combinação de bom desempenho do setor e a bom acesso a financiamento mantém o agronegócio com perspectivas muito otimistas.

DINHEIRO – O agronegócio não tem sido o único, certo?

SCHIEMER – Sim, o setor de logística também dá sinais de recuperação. Temos percebido uma alta de cerca de 25% nos negócios para essa atividade. Além disso, acredito que 2018 será o ano do início da recuperação da construção civil, uma indústria que demanda investimentos em veículos pesados e extrapesados. Há no horizonte também boas perspectivas para a renovação das frotas urbanas de ônibus, as frotas rodoviárias e até de ônibus escolares. Estamos observando com atenção cada um deles para poder suprir as demandas específicas de cada atividade.

DINHEIRO – Além da queda nas vendas, como a crise afetou os números da operação brasileira?

SCHIEMER – O volume de vendas despencou, mas conseguimos avançar em participação de mercado. Em 2013, quando a crise começou para valer, a Mercedes-Benz respondia por 19% das vendas nacionais. Neste ano, nosso market share está em 25,4%. Outro bom indicador é o volume de emplacamentos diários, que cresce mês a mês. A nossa média em outubro está maior do que a média registrada em setembro. A recuperação é gradual, mas está acontecendo.
Declaração de Philipp Schiemer sobre a política económica conduzida por Henrique Meirelles, ministro da Fazenda (Crédito:José Cruz/Agência Brasil )
DINHEIRO – Quais são os indicadores macroeconômicos que sustentam esse otimismo?

SCHIEMER – Acredito que a estabilidade do câmbio é um sinal de que a economia está no caminho certo. Quando há pouca variação do dólar, é possível ter mais previsibilidade e, consequentemente, isso ajuda a restaurar a confiança. Somos sempre cautelosos, mas não temos dúvidas de que o crescimento do setor de caminhões em 2018 será impulsionado pela combinação positiva dos fatores macroeconômicos.

DINHEIRO – A crise não gerou um trauma nas empresas?

SCHIEMER – Se a confiança voltar, as empresas voltam a investir. O potencial do Brasil é enorme. O caminho da recuperação não está andado, mas estamos na rota certa.

DINHEIRO – Mas, para compensar a queda interna, o setor apostou na exportação. A Mercedes fez isso?

SCHIEMER – As exportações aceleraram 25,9% no acumulado deste ano. É um resultado muito bom. A Argentina tem nos surpreendido, com um aumento significativo das compras. Lá, a economia ainda tem grandes desafios pela frente, mas está no caminho certo. Houve estabilidade nos últimos dois anos. Estamos com boas exportações também para Chile, Peru, Colômbia e Equador. Vamos exportar motores M460 para a Alemanha. Enfim, precisamos ser competitivos não apenas no Brasil, mas também lá fora. Temos concorrentes muito fortes, como a China e a Índia, e há grandes oportunidades no mercado internacional.

DINHEIRO – O que é preciso fazer para resgatar a confiança?

SCHIEMER – A gente tem que comprar a ideia das reformas para crescer de verdade. O Brasil voltou a ter uma chance de estabelecer um caminho para crescer de forma sustentável.

DINHEIRO – Mas os investidores levarão tempo para se convencerem de que o Brasil é um bom local para investir…

SCHIEMER – O investidor internacional só coloca dinheiro em alguma empresa brasileira se ele tem confiança de as contas serão pagas. Por isso, as reformas são essenciais para criar um ambiente de confiança no futuro. Nesse contexto, os juros precisam cair. Com uma Selic alta, o investimento deixa de ser atrativo. É melhor deixar o dinheiro render em títulos do governo, sem nenhum trabalho e quase nenhum risco. Quando a Selic cair mais, o dinheiro que está parado em papéis entra na economia para reativar a produção e o consumo.
Construção de edifícios comerciais em São Paulo (Crédito:iStock)
DINHEIRO – Os novos investimentos da Mercedes-Benz simbolizam esse movimento?

SCHIEMER – Com certeza. Conseguimos aprovar junto ao board da Mercedes, na Alemanha, um investimento de R$ 2,4 bilhões para o período de 2018 e 2022. Esse dinheiro, complementar aos R$ 750 milhões do ciclo 2015 e 2018, será direcionado à modernização das fábricas em São Bernardo do Campo e em Juiz de Fora, em Minas Gerais, além de lançamento de novos produtos. Entre 2010 e 2015, já havíamos investido outros R$ 2,5 bilhões. Está muito claro na cabeça de todos nós que não adianta termos as melhores fábricas, se não temos os melhores produtos. Temos de ter classe mundial em processos de produção e produtos.

DINHEIRO – A fábrica de São Bernardo está defasada em termos tecnológicos e de produtividade?

SCHIEMER – A unidade de São Bernardo, com 7.700 funcionários, já é considerada uma das mais modernas da Mercedes-Benz no mundo, mas há o que melhorar. A unidade foi inaugurada em uma época em que o País não oferecia uma cadeia completa de fornecedores. Por isso, muitas partes do caminhão, além do nosso ‘core business’ eixo, motor e câmbio, era produzida internamente. Hoje, não faz mais sentido. Tínhamos 56 armazéns. Agora, unificamos para apenas 6. Com a implementação de várias mudanças, desde o início da crise, aumentamos em 15% nossa produtividade em São Bernardo.

DINHEIRO – Está nos planos antecipar a produção de motores Euro 6 no Brasil?

SCHIEMER – Não adianta ter o Euro 6 (a mais rígida norma europeia de emissão de poluentes), se metade da frota brasileira é ‘Euro Zero’. O custo de se trazer esse motor será pago por todos, e não acho que seja o momento mais apropriado para fazer isso.

DINHEIRO – A reclamação do setor, nos últimos anos, não foi exagerada?

SCHIEMER – Nós todos reclamamos muito nos últimos anos, é verdade. Mas não era uma reclamação sem causa. Havia problemas reais que resultaram na maior recessão de todos os tempos. Mas, agora que enxergamos que o caminho está correto, precisamos falar e demonstrar confiança.

DINHEIRO – E se o País der marcha à ré?

SCHIEMER – Existem riscos, é claro. Não há garantias de que a recuperação será real pelos próximos anos. Mas existe uma postura de clareza da equipe econômica. O déficit fiscal é conhecido. O plano de reação também é amplamente divulgado. A caixa preta do governo foi aberta e, mesmo que os números não sejam aqueles que gostaríamos, o jogo é mais claro e aberto.


https://www.istoedinheiro.com.br/economia-esta-no-caminho-certo/

Moody’s eleva ratings da Petrobras para Ba3 e perspectiva estável


Decisão se dá por melhoria de liquidez, desalavancagem, disciplina administrativa e fortalecimento da governança corporativa

 

 

Crise imobiliária impulsiona empresa de aluguel de escritórios


Com mais de 20 milhões de clientes em todo o mundo, grupo espera crescimento de 19,5% para este ano

 

Escritório flexível da Spaces na Vila Madalena em São Paulo, do Grupo IWG
São Paulo – O Grupo IWG, de escritórios corporativos, aproveitou a crise econômica para aumentar sua atuação no Brasil. Em expansão nos últimos anos, a previsão para 2017 é de crescimento de 19,5%.

O grupo oferece escritórios flexíveis, e a empresa locatária pode alugar o espaço durante anos, ou apenas por poucos dias, o que não é possível em contratos de locação tradicionais. O IWG também aluga serviços e locais independentes, como salas de reunião, impressoras e auditórios.

Com mais de 3.200 unidades em todo o mundo, o grupo já trouxe duas de suas seis marcas ao Brasil, com 56 escritórios. A Regus, com ambiente mais corporativo, e o Spaces, co-working voltado a startups ou negócios mais jovens.

No Spaces são 20 mil clientes em todo o mundo. Na Regus são 20 mil apenas no Brasil e 20 milhões em todo mundo.

O grupo atende desde startups e pequenas empresas a grandes multinacionais que acabaram de chegar ao Brasil. Google e Salesforce são alguns dos exemplos de companhias que, antes de inaugurar seu primeiro escritório no país, alugaram espaços do grupo IWG.

Há também a opção de alugar um escritório virtual. O empreendedor pode usar o endereço de um Spaces ou Regus para colocar no cartão de visitas, receber encomendas e até como endereço postal. 

Telefonistas atendem o telefone e repassam para o empreendedor, que também pode usar as salas de reunião do local, para passar uma impressão mais confiável.

Essa opção é muito buscada por empreendedores que estão começando seu negócio, afirma Tiago Alves, CEO da IWG para o Brasil.


Escritório flexível da Spaces na Vila Madalena em São Paulo, do Grupo IWG
Escritório flexível da Spaces na Vila Madalena em São Paulo, do Grupo IWG (Spaces/Grupo IWG/Divulgação)

 

De carona na crise

 

O presidente diz que as crises econômica e imobiliária não atrapalharam o negócio, pelo contrário. Foram justamente uma ajuda para deslanchar a operação no país. Em 2014, o grupo tinha 43 escritórios na cidade. Em 2016, já eram 46 e, no final de 2017, serão 62 das duas marcas, com crescimento de 19,5% no ano em área.

Com a crise, muitas empresas reduziram suas equipes e, consequentemente, o tamanho dos escritórios. Em vez de continuar pagando aluguel de grandes locais, parcialmente vazios, algumas optaram por ambientes flexíveis, afirma Alves. “O espaço vazio é o mais caro que existe”, diz.

Por conta da flexibilidade no tempo de contrato, as companhias podem aumentar e diminuir o tamanho de suas equipes e escritórios com mais facilidade, informa ele.

A crise também fez com que muitas companhias buscassem formas de reduzir custos. Os espaços do grupo IWG, por concentrarem diversas empresas, conseguem contratos melhores de condomínio, energia e infraestrutura. Assim, podem oferecer uma economia nas despesas.

O momento difícil impactou principalmente o setor imobiliário. Como muitos deixaram de investir, as construtoras, que vinham de um momento de bonança, de repente tinham vários prédios recém-lançados, mas vazios.

Para o grupo, essa era uma ótima oportunidade. Conseguiu contratos melhores com os proprietários dos prédios, que queriam ocupar os espaços vagos. O grupo aluga andares inteiros e os divide em recintos menores, mais acessíveis para empresas que estão reduzindo seu espaço físico.

Novo momento

 

Hoje, o cenário é outro e o país aos poucos se recupera da crise econômica. Mesmo assim, Alves não se preocupa e afirma que há espaço para ainda mais unidades.

“Em Londres temos 120 centros e, em Nova York, 80. São Paulo tem apenas 27, mas como cidade grande e internacional tem potencial para mais aberturas”, afirmou ele.

Além disso, o grupo prevê um aumento de demanda por escritórios flexíveis. Hoje, menos de 1% dos espaços corporativos do mundo são flexíveis.  Até 2030, a previsão é que 30% dos ambientes corporativos serão flexíveis, incluindo espaços de coworking, incubadoras e aceleradoras, de acordo com uma pesquisa da JLL, empresa de serviços em mercado imobiliário e investimentos, e da consultoria de gestão UnWork.


Escritório flexível da Regus, em São Paulo, do Grupo IWG
(Regus/Grupo IWG/Divulgação)