quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Quem vai levar o Walmart?


Maior varejista do mundo, a rede americana busca um sócio para a sua operação no Brasil. Saiba quem está no páreo

 

Quem vai levar o Walmart?
Desde que desembarcou no Brasil, em 1995, a rede americana Walmart alterna fases de investimentos pesados em expansão com momentos de indefinição, fechamentos de lojas e seguidos resultados deficitários, especialmente nos últimos anos. No início de dezembro, esse histórico de contrastes foi reforçado. O grupo anunciou um aporte local de R$ 1,5 bilhão, a integração de suas lojas offline e online e, ao mesmo tempo, passou a conviver com os rumores de que iria deixar o País, conforme antecipou a coluna MOEDA FORTE, do redator-chefe Carlos Sambrana, no portal da DINHEIRO, em dezembro de 2017. Na semana passada, as dúvidas em relação ao futuro da companhia no mercado brasileiro vieram novamente à tona, com as especulações de que a empresa está buscando um sócio para tocar a operação.

A relação de potenciais interessados no ativo estaria restrita a um grupo de fundos americanos de private equity. Um dos nomes que desponta nas negociações com o Walmart é o Advent. Com assessoria do Goldman Sachs, a lista também inclui os fundos Catterton, Carlyle, General Atlantic, GP Investments e Acon. Procurado, o Walmart afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que não comenta especulações. O mesmo direcionamento foi adotado por todas as outras companhias citadas.
Alternativa: para analistas, a busca por um sócio no País vai ao encontro da decisão do CEO Doug McMillon de priorizar, neste momento, a reinvenção da gigante varejista no mercado americano (Crédito:Divulgação)
 
Conforme apurou a DINHEIRO, as conversas mantidas pelo Walmart ainda são muito preliminares. A fatia que a companhia está disposta a oferecer ainda não está definida. A expectativa dos analistas é que a empresa venda uma participação minoritária para manter o controle do negócio. Seja qual o formato, os especialistas apontam os fundos para os quais um eventual acordo faria mais sentido. O Catterton é um desses nomes, pelo fato de ter em seu portfólio marcas Premium, como a rede varejista brasileira St. Marche. “É uma marca complementar, com um público e formatos distintos ao do Walmart, o que ajudaria a rede a fortalecer sua presença em todo o varejo alimentar”, diz Douglas Carvalho, sócio-fundador da consultoria Target Advisor.
O Advent é mais um forte candidato. Com um histórico de aportes em marcas como a Restoque, o fundo acumulou conhecimento sobre o varejo brasileiro e seria um bom parceiro para oxigenar a gestão do Walmart no Brasil. Entre os desafios da operação da rede americana, os especialistas apontam a lentidão para unificar os canais online e offline e para integrar as aquisições realizadas no País. “A grande questão é se os recursos injetados em um acordo vão ficar por aqui ou na matriz”, diz Eduardo Yamashita, diretor do Grupo Gouvêa de Souza.

Mesmo com um faturamento no Brasil de R$ 29,4 bilhões em 2016, último ano em que a rede divulgou dados locais, a subsidiária tem dificuldade para fazer frente ao Carrefour e ao Grupo Pão de Açúcar, líderes do varejo alimentar no País. “A operação dá prejuízo há muitos anos. No Brasil, O Walmart patina, patina e não sai do lugar”, afirmou um ex-alto executivo do Walmart, em entrevista recente à DINHEIRO. Os analistas destacam ainda que a gigante americana, sob o comando do CEO Doug McMillon, está concentrando suas forças no mercado americano, onde tem conquistado bons avanços, especialmente em inovações e no campo digital. Nesse contexto, a busca por um sócio seria, no momento, a melhor alternativa para o Walmart ganhar fôlego e tempo para se reestruturar no Brasil, sem maiores riscos. “E, lá na frente, caso a operação esteja redonda, as opções são diversas”, diz Yamashita, do Gouvêa de Souza. “Eles podem recomprar sua fatia. Ou mesmo vender um ativo muito mais valorizado.”


https://www.istoedinheiro.com.br/quem-vai-levar-o-walmart/  

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A marca brasileira que ganhou o mundo

 

A grife alagoana Martha Medeiros conquista famosos com sua renda artesanal e DNA de sustentabilidade

 


Estrelas aprovam: Acima, a atriz Sofia Vergara (1), a top model Izabel Goulart (2) e a cantora Ivete Sangalo (3), que usaram os vestidos da grife em ocasiões de grande visibilidade, como no encerramento da Copa do Mundo de 2014 (Crédito:Divulgação)
Há algo em comum nos guarda-roupas de celebridades como a cantora Beyoncé, as atrizes Jessica Alba e Patricia Arquette, a modelo colombiana Sofia Vergara e a cantora brasileira Ivete Sangalo: todas vestem as roupas da alagoana Martha Medeiros, que ganhou fama por suas rendas artesanais e hoje exporta para 35 países. Nos Estados Unidos, por exemplo, é revendida na Bergdorf Goodman, famosa loja de departamento de luxo de Nova York. Os negócios ganharam ainda mais holofotes depois que Sangalo apareceu com um vestido da marca no encerramento da Copa de 2014 e Vergara, uma das mais bem-pagas de Hollywood, ligou pessoalmente para Martha pedindo um vestido para o seu casamento, em 2015. Um modelo com sua etiqueta pode custar mais de R$ 50 mil. São cinco lojas próprias em áreas nobres em Maceió, São Paulo, na badalada Trancoso e, desde o ano passado, em Melrose Place, reduto dos principais nomes mundiais da moda em Los Angeles. “A meta é abrir a próxima em Nova York”, disse Martha, em entrevista à DINHEIRO.
Martha Medeiros: “Não acredito em nada que seja só para ganhar dinheiro sem mudar a vida das pessoas” (Crédito:Divulgação)
Tão notória quanto os números da marca é a trajetória da própria fundadora. A designer, que começou na moda ainda criança fazendo roupas para bonecas e as vendendo em um centro de artesanato em Maceió, abriu sua primeira loja na década de 80, na época um negócio multimarcas. Ao longo dos anos, fez faculdade e aperfeiçoou seus conhecimentos em moda e elegeu a renda sua matéria-prima predileta, sempre aliada a tecidos nobres e locais, como algodão 100% nacional. O passo seguinte foi criar peças por conta própria, “que sempre esgotavam rapidamente na loja”, conta. Foi a deixa para criar a marca que leva seu nome, há nove anos. “Eu vendia em feira, trabalhava como sacoleira, mas tinha a ideia fixa de tirar a cara de toalha de mesa da renda brasileira e fazer luxo com ela. Consegui”, orgulha-se.

Sem revelar o faturamento, o CEO da grife, Gélio Medeiros, que também é filho da estilista, afirma que o ritmo das vendas tem crescido 30% ao ano, em média. “É um resultado excelente em um cenário de turbulências econômicas”, afirma. “Até em Los Angeles o balanço do primeiro ano de funcionamento da loja foi acima das expectativas. Tivemos um retorno que esperávamos somente em dois ou três anos”, diz ele. Segundo Martha, seu filho foi o responsável pela expansão da marca. “Eu cuido da criação, mas Gélio é quem tem a visão de negócios.” Parte do sucesso da Martha Medeiros é, naturalmente, a renda, com forte tradição no Nordeste brasileiro. O tipo usado nas confecções é principalmente o Renascença, considerado o de melhor caimento e qualidade por ser fino e delicado. O processo de sua trama é inteiramente artesanal e as peças chegam a demorar de semanas a mais de um ano para ficarem prontas, dependendo do tamanho da roupa.
Visão empreendedora: o CEO da marca e filho de Martha, Gélio Medeiros (à esq.), expandiu os negócios internacionais, abrindo uma loja em Melrose Place, em Los Angeles
Finalizadas, essas rendas vão para a fábrica com 110 funcionários, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Se no início 100% das peças eram produzidas sob encomenda, hoje essa proporção caiu para 28%. São quatro mil peças produzidas por ano, segundo Gélio. Mas cada uma delas continua sendo montada individualmente, como em um ateliê. “A exclusividade, o bom acabamento e muitas vezes o apelo regional são ingredientes que têm tudo a ver com o que se considera luxo hoje”, diz Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores, empresa que analisa diversos segmentos de mercado.

De fato, o diferencial do “feito a mão” e “o que só o Brasil tem” é o que tem aberto as portas do mercado internacional para as grifes brasileiras, como aconteceu com marcas como Isabela Capeto e Ronaldo Fraga. Segundo a Associação Brasileira de Estilistas (Abest), que tem um programa de internacionalização da moda brasileira, as exportações de marcas brasileiras em 2017 somaram US$ 13,8 milhões. O número ainda é pequeno, mas representa um crescimento de 38,7% em relação a 2016.
Do sertão para o mundo: renda artesanal transforma a vida de mulheres no sertão nordestino e vira queridinha de personalidades como a atriz Jessica Alba (foto à esquerda)
 
 

Na produção da Martha Medeiros, toda a confecção da renda acontece no sertão nordestino, onde quase 400 rendeiras trabalham organizadas em cooperativas em pequenas cidades às margens do Rio São Francisco. “Não é só comprar e vender. Fico perto delas, ensino, faço com que tenham orgulho do que produzem e tento melhorar suas condições de vida.” Atenta em atrelar seu produto à sua história pessoal, Martha toca projetos sociais com as rendeiras que prestam serviços à empresa. Uma das ações, a campanha “Primavera no sertão”, em parceria com a marca francesa de champanhe Perrier-Jouët, promoveu um engajamento de suas clientes no qual cada publicação na rede social Instagram com fotos de flores e as hashtags das marcas recebia R$ 1 de doação da Perrier-Jouët. Os recursos obtidos, de R$ 150 mil, foram usados para perfurar poços artesianos na Paraíba, levando água potável para a região.
As parcerias com marcas e pessoas influentes têm sido constantes. Uma delas é com Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração da rede Magazine Luiza. Trajano, que também lidera um grupo de 50 mulheres executivas para ações ligadas a educação e empreendedorismo, ajudou a criar uma metodologia para as rendeiras que une produtividade e boas condições de trabalho. “Martha me convidou para conhecer as mulheres das quais ela comprava renda e agora volto todo ano para o sertão. É muito bom ver o empoderamento delas, ver como o trabalho transforma suas vidas e também como a renda artesanal ganha as passarelas do Brasil e do mundo”, anima-se Luiza. “Eu só acredito no empreendedorismo social”, diz Martha. E prossegue. “Não acredito em nada que seja só para ganhar dinheiro sem mudar a vida de todas as pessoas envolvidas”, diz ela.

SAP compra empresa de software dos EUA por US$2,4 bi


A empresa alemã está passando por uma transição estratégica, visando acelerar o desenvolvimento de sua plataforma em nuvem

 





Walldorf, Alemanha – A principal empresa de tecnologia europeia SAP anunciou uma aquisição por 2,4 bilhões de dólares nos Estados Unidospara ajudá-la a aumentar as receitas de sua plataforma em nuvem e o presidente-executivo Bill McDermott disse que simplificará seu negócio geral este ano para reforçar as margens.

A empresa alemã está passando por uma transição estratégica, visando acelerar o desenvolvimento de sua plataforma em nuvem S/4 HANA, que agora conta com 7.900 clientes, e afastar os usuários de softwares vendidos sob licença e instalados em escritórios e fábricas.

A mudança aumentou as margens nos últimos anos porque o modelo de negócios em nuvem é baseado em assinaturas que levam mais tempo para serem pagas – em contraste com o pagamento antecipado de licenças de software, que vinha impulsionando o negócio há décadas.

Mas McDermott disse à Reuters que a estratégia agora está dando frutos, depois que a SAP estabilizou suas margens operacionais no quarto trimestre em 35,2 por cento.

A aquisição da norte-americana Callidus, que vende softwares, em um acordo anunciado nesta terça-feira, ajudará a SAP na sua ambição de se tornar líder de mercado no chamado software de front-office usado em vendas e marketing, tendo como base sua força em softwares de back-office que são utilizados pelas empresas para manter o controle sobre operações multinacionais à distancia.

Como a Callidus já está na nuvem, ajudará a SAP a atingir a meta de ter receitas “previsíveis” entre 70 a 75 por cento do total em 2020. Em 2017, as receitas previstas cresceram 1 ponto percentual para 63 por cento das receitas totais.

A SAP disse que espera uma receita total entre 24,6 e 25,1 bilhões de euros (30 bilhões a 31 bilhões de dólares) em 2018, em linha com as estimativas de analistas ouvidos pela Thomson Reuters.

Mas a empresa também espera que as margens aumentem mais rapidamente este ano. A receita deve crescer cerca de 5 a 7 por cento, excluindo os efeitos de conversão cambial, enquanto o lucro operacional deve aumentar de 8 para 11 por cento.

A SAP prevê um lucro operacional entre 7,3 bilhões e 7,5 bilhões de euros, acrescentando que a implementação de novas regras contábeis (IFRS 15) adicionará 200 milhões de euros aos lucros da empresa.

 https://exame.abril.com.br/negocios/sap-compra-empresa-de-software-dos-eua-por-us24-bi/

Boeing continua em “conversas ativas” com a Embraer, diz CEO


Muilenburg sugeriu que poderia fechar um acordo que daria à empresa capacidade adicional em "ascensão vertical"

 




Nova York – O executivo-chefe da Boeing, Dennis Muilenburg, disse que continua em “conversas ativas” com a Embraer, mas não deu mais detalhes sobre as negociações. Muilenburg sugeriu que poderia fechar um acordo que daria à empresa capacidade adicional em “ascensão vertical”.

Para analistas, o acordo fazia sentido ao acrescentar pequenos jatos, engenheiros e receita com serviços, então a sinalização de que o pacto poderá englobar tudo, desde helicópteros até drones comerciais e militares, adiciona um novo ingrediente às negociações.


Fonte: Dow Jones Newswires.

Brasil está pronto para ter seu Macron, diz Guillaume Liegey


Estrategista da campanha do presidente francês acredita que há espaço no Brasil para aliar tecnologia e diálogo e renovar a forma de mobilizar os eleitores

 





São Paulo – Uma campanha eleitoral eficiente, que use big data para aproximar o político da população, como a que elegeu Emmanuel Macron na França, pode ser replicada no Brasil. Quem diz isso é Guillaume Liegey,  presidente da Liegey Muller Pons, empresa de tecnologia que coordenou a campanha do mais jovem presidente francês.

Liegey esteve em São Paulo nesta quarta-feira (31) para a Latin America Investment Conference do banco de investimentos Credit Suisse. E fez considerações sobre alguns dos principais candidatos à presidência no Brasil: “Em relação ao Bolsonaro, eu não conheço suas ideias, mas sei que ele é radical, e um radical é muito bom em animar as próprias bases, mas terá muita dificuldade em mobilizar qualquer outra pessoa num segundo turno”.

“O Alckmin certamente sabe muito sobre campanhas políticas, e não dá para menosprezar o tempo que ele vai ter na TV. E, por fim, eu acredito, sim, que alguém como Luciano Huck poderia ter uma chance. Tudo pode acontecer”, avalia.

Segundo VEJA, ele já se encontrou com representantes do movimento Agora!, que tem entre seus quadros um possível pré-candidato à presidência, o apresentador Luciano Huck. O apresentador voltou a articular uma candidatura após a divulgação do Datafolha nesta quarta, segundo a coluna da jornalista Vera Magalhães no Estadão.

O caminho das pedras

 

Em sua fala, Liegey destacou que Brasil e França têm muitas diferenças, mas que o país vive, em 2018, um cenário muito parecido com o francês no ano passado: uma desconfiança generalizada da política, e um contexto em que partidos grandes e consolidados estão reticentes em adotar novas estratégias de campanha.

Para a plateia de investidores e empresários, Liegey detalhou a chave do sucesso da campanha de Macron, que se espelhou na estratégia bem-sucedida e pioneira de Barack Obama nos Estados Unidos, da qual o estrategista francês participou como coadjuvante.

“Quando eu coloquei meu nome na lista para participar da campanha de Obama, algumas horas depois um completo desconhecido me ligou perguntando se eu estaria disposto a bater de porta em porta em algum lugar de Nova York. Eu pensei: ir de porta em porta, em pleno século 21? E por que Nova York, se estou em Boston?”, narra.

Mas ele aceitou a proposta mesmo assim, e pôde aprender em primeira mão sobre o que funcionou para Obama: Nova York era um dos chamados “swing states”, estados que não têm uma preferência política histórica definida, e que, portanto, são cruciais nas eleições nacionais.

A visita às casas dos eleitores tinha dois propósitos: um deles era incentivar as pessoas a votarem, dar a elas informações sobre como fazê-lo (já que nos EUA o voto não é obrigatório). A outra era escutar o eleitor, e isso fez toda a diferença, diz Liegey, já que os políticos costumam falar muito e escutar pouco.

Aplicando o que aprendeu com Obama na campanha de Macron, a empresa de Liegey mapeou, com auxílio de tecnologia, os lares onde os eleitores não tinham uma opinião formada sobre seus candidatos, e enviou voluntários com um questionário de oito perguntas sobre suas principais demandas, medos, sonhos e esperanças. Esse movimento ficou conhecido como a “grande marcha” de Macron e seus apoiadores pelo país.

“Eu me espanto com o número de afiliados que os partidos têm no Brasil, e mesmo assim não existe esse tipo de mobilização. Quando você faz um discurso, um comício, você só está falando com quem já vai votar em você, é um desperdício de dinheiro. O François Hollande gastou quase um terço do seu orçamento de campanha em uma estratégia que não lhe trouxe um voto sequer”, pontua o estrategista.

Ele afirma que, para uma campanha desse tipo funcionar, é preciso aceitar que haverá fatores fora do controle do candidato, mas acreditar que é possível mudar o que estiver ao seu alcance. “É preciso descobrir os 20% a 30% dos eleitores que mudam de ideia, e focar sua estratégia neles. Não garanto que é isso que vai levar o candidato a vencer a eleição, mas garanto que isso aumenta o número de votos”.

 https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-esta-pronto-para-ter-seu-macron-diz-guillaume-liegey/


Setor agrícola do Mercosul rejeita proposta de acordo da Europa


Brasil e Argentina são os países do Mercosul que mais procuraram abrir suas economias

Comissão Europeia elevou sua oferta de abertura de seu mercado de 70 mil toneladas para 99 mil toneladas; impasse já dura 19 anos.

Produtores agropecuários do Mercosul se recusam a aceitar a proposta feita pela União Europeia de abertura de seu mercado e alertam que acordo final entre os dois blocos pode ficar desequilibrado. 

Na noite de segunda-feira, em Bruxelas, a Comissão Europeia elevou sua oferta de abertura de seu mercado de 70 mil toneladas para 99 mil toneladas de carnes no Mercosul. O tema era central para destravar o impasse no processo que já dura 19 anos. 

A proposta, que está sendo alvo de negociações hoje em Bruxelas por parte do chanceler Aloysio Nunes Ferreira, foi alvo de dura crítica por parte das entidades que representam o setor agropecuário no Mercosul, entre eles a Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carnes (Abiec), a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Sociedade Rural Brasileira.

“A oferta de 99 mil toneladas de carne não cumpre o mandato de 2010 e não contempla a ambição do setor no Mercosul”, disseram os grupos, que ainda apontaram para a “falta de informação” sobre o restante das condicionalidades. “A oferta não atende às expectativas do setor agropecuário do Mercosul”, insistiram as entidades, num documento assinado por Gedeão Silveira Pereira e enviado aos ministros dos quatro países.

A demanda do setor é de que a cota seja estabelecida inicialmente em 100 mil toneladas e que haja um incremento anual até atingir 160 mil toneladas por ano. 


Transparência


O setor agropecuario também criticou a falta de “transparência” do processo. Em Bruxelas, os negociadores do Mercosul não informaram aos produtores sobre a nova oferta. 

“Confiávamos que os governos do bloco buscariam um acordo amplo e equilibrado, que trouxesse reais benefícios para os produtores rurais sul-americanos e causariam o mínimo de dano possível”, disseram as entidades na carta. “Em vista à nova oferta da EU, essa realidade infelizmente parece estar mais distante”, apontaram. 

“Não somente temos sido privados de conhecer a realidade das negociações, mas também estamos receosos do que pode ser concedido pelos nossos governos em termos de acesso de produtos subsidiados ao nosso mercado, em prol de um fechamento de acordo a qualquer custo”, afirmaram. 

“Nesse momento crucial do processo negociador, todas as cartas precisam ser colocadas na mesa, com transparência”, cobrou o setor. “Afinal, o setor privado será o real impactado com os termos negociados pelos nossos governos”, completaram as entidades. 

O governo brasileiro garante que o setor privado tem sido informado com frequência de todos os passos da negociação e que sempre existe representantes de empresas nas cidades onde ocorrem as negociações (O Estado de S.Paulo, 31/1/18)

 

UE apresenta nova oferta e melhora acesso para carne do Mercosul

 


A União Europeia (UE) apresentou ontem à noite ao Mercosul nova oferta para entrada de carne bovina e etanol com tarifa de importação menor, visando destravar a barganha final para o acordo de livre comércio birregional, que será o maior da história dos dois blocos.

O Valor apurou que o sentimento entre certos negociadores é de que a oferta europeia tem potencial de levar à conclusão do acordo, após 19 anos de negociações.

A oferta para carne bovina passou para cota variando entre 90 mil e 100 mil. A oferta anterior era de 70 mil toneladas. O volume exato era mantido em sigilo em Bruxelas, até que o Mercosul discuta a oferta hoje de manhã na embaixada do Paraguai.

Foi durante o jantar oferecido ontem pelos comissários de Comércio, Cecilia Malmström, e da Agricultura, Phil Hogan – Foto -, aos ministros de Relações Exteriores do Mercosul que a nova oferta agrícola europeia foi colocada na mesa.

O jantar durou duas horas, no prédio central da Comissão Europeia. O presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, apareceu no encontro, ilustrando a importância que os europeus dão à conclusão do acordo até o fim de março.

As ofertas europeias sempre têm condicionalidades. Hogan insistiu à tarde, depois de uma reunião dos ministros europeus de Agricultura, que a barganha final com o Mercosul "não é apenas sobre carne, e temos nossos interesses ofensivos". Hogan deixou claro que, primeiro, há limites na concessão que a UE pode fazer para a entrada de carne bovina. E segundo, há condições.

Embora o Mercosul tenha colocado na mesa uma "oferta final", em dezembro, em Buenos Aires, em Bruxelas a posição europeia é de que ainda há muito a ser negociado. A União Europeia quer ganhar mais acesso do que o Mercosul ofereceu até agora tanto para produtos industriais, incluindo liberalização mais rápida para entrada de seus carros, como também para produtos agrícolas como lácteos, vinhos, bebidas, passando por serviços marítimos, regras de origem e proteção de indicação geográfica.

Além disso, embora o Mercosul tenha reduzido o prazo para liberalizar boa parte dos produtos, de 15 para 10 anos, os europeus continuam destacando a importância de "acordo ambicioso". Diante da resistência demonstrada por vários ministros de Agricultura ao acordo com o Mercosul, o comissário procurou tranquilizá-los, dizendo que a qualidade do acordo será privilegiada em relação à rapidez para concluí-lo.

Ao mesmo tempo, documento da União Europeia diz que as negociações entre os dois blocos estão se aproximando do final do jogo, e podem ser concluídas até março próximo. A avaliação é de que, se não der agora, tudo ficará para 2019, diante do período eleitoral no Brasil.

Segundo a UE, o acordo com o Mercosul tem um valor comercial muito elevado - "três vezes o valor do acordo com o Japão e oito vezes o valor do acordo com o Canadá" , de acordo com a comissária do Comércio do bloco europeu.

Hoje haverá reunião de ministros do Mercosul com comissários da UE durante quase todo o dia, em Bruxelas. Em seguida, os técnicos continuarão as reuniões durante a semana, para tentar acelerar a barganha final.

No jantar na Comissão Europeia, os comissários de Agricultura e de Comércio convidaram os ministros de Relações Exteriores do Mercosul, mas deixaram de fora outros ministros do bloco do Cone Sul que se encontram em Bruxelas, como os ministros de Agricultura e Indústria da Argentina, e o novo ministro do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Marcos Jorge de Lima, causando certa irritação no bloco.

Hogan chegou a brincar, dizendo que a UE talvez fosse servir carne irlandesa para os representantes do Mercosul. Hogan é originário da Irlanda, país que mais faz campanha contra o acordo birregional, precisamente por causa do temor de perder fatias do mercado de carne bovina.

Uma delegação de pecuaristas irlandeses voltou a denunciar o que diz ser impacto negativo da negociação, estimando que o preço da carne bovina poderá cair 16% e custar € 5 bilhões aos produtores europeus (Assessoria de Comunicação, 30/1/18)

FS Bioenergia anuncia duplicação da 1ª usina de etanol de milho do Brasil


FS Bioenergia anuncia duplicação da 1ª  usina de etanol de milho do Brasil

A FS Bioenergia, a primeira usina de etanol 100% do milho do Brasil, anuncia a duplicação da planta de Lucas do Rio Verde. Com obras já iniciadas, a companhia realizará um investimento de R$350 milhões, gerando 720 empregos diretos e indiretos na ampliação. A planta, inaugurada em agosto de 2017, vem apresentando bons resultados e desenvolvimento, e vem surpreendendo positivamente tanto nas vendas de DDGS e etanol quanto na distribuição dos mesmos.

“Somos pioneiros na produção de etanol 100% do milho no Brasil e estamos extremamente satisfeitos com os resultados que obtivemos desde a inauguração da planta, em agosto de 2017. Com a ampliação da usina poderemos acompanhar a crescente demanda por nossos produtos, além de colaborar ainda mais com o desenvolvimento econômico e social do estado do Mato Grosso e do País”, afirma Henrique Ubrig, presidente da FS Bioenergia.

Com a ampliação da planta, a previsão é que sejam moídas 1 milhão e 300 mil toneladas de milho por ano, levando a uma produção anual, após o término das obras, de 530 milhões de litros de etanol, 400 mil toneladas de farelo de milho, 15 mil toneladas de óleo de milho e capacidade de cogeração de energia de 132MW/h, suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 55 mil habitantes.

Com a produção do farelo de milho, o chamado DDG (grãos secos por destilação, na sigla em inglês), há um aproveitamento de 100% da matéria prima utilizada na planta, tornando-a sustentável, além de rentável em diversas frentes de mercado. Ainda com foco em sustentabilidade e meio ambiente, a FS Bioenegia participará da formação de uma floresta de 30 mil hectares de eucaliptos plantados a fim de assegurar o fornecimento de biomasssa, principal fonte de energia das instalações da companhia.

A planta conta com equipamentos de última geração, que opera por meio de um circuito fechado. Para trabalhar com essa tecnologia, a FS Bioenergia capacitou todos os funcionários da planta, investindo no desenvolvimento do seu capital humano e agregando valor à mão de obra local.

O crescimento da demanda de etanol no Brasil tende a continuar forte neste ano, com uma expectativa de crescimento de 30%, segundo o Banco Pine. Um reflexo desse cenário é a aprovação do programa RenovaBio, em dezembro do ano passado. Por meio dessa movimentação de mercado, a FS Bioenergia reforça seu compromisso de ajudar a atender à crescente demanda pelo combustível no País e se aproximar ainda mais do principal estado produtor de milho do Brasil (Setor Energético, 30/1/18)

Etanol de milho avança no Centro-Oeste



O Centro-Oeste encontrou no etanol um caminho para verticalizar parte de sua crescente produção de milho, que em sua maior parte vai para exportação. Agricultores, usinas de cana e investidores estrangeiros estão tirando do papel projetos de usinas do biocombustível à base do cereal que deverão acrescentar mais de 1 bilhão de litros de capacidade até 2019, volume equivalente a quase um mês de consumo de etanol hidratado (usado diretamente nos tanques dos veículos) no país.

Ao menos seis usinas do gênero deverão ser construídas ou ampliadas em 2018 na região, a partir de cerca de R$ 2 bilhões em investimentos. Quando todas estiverem operando a pleno vapor, sua demanda por milho deverá superar 3 milhões de toneladas por ano, ou cerca de 6% da safra do Centro-Oeste. Hoje, as usinas que usam milho para fabricar etanol demandam aproximadamente 1 milhão de toneladas – 2% da oferta da região.

O número de projetos deverá aumentar, já que há três usinas de cana (duas em Mato Grosso e uma em Goiás) realizando estudos para apostar no etanol de milho e um grupo de produtores goianos com a mesma intenção.

"Para os próximos cinco anos, acredito que deveremos estar com 3 bilhões de litros de etanol de milho por ano, pelo que temos levantado com os empresários. As usinas estão em implantação ou com projetos ‘flex’, que já usam a cana e incluirão o milho como matéria-prima", afirma Ricardo Tomczick, presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).

Essa onda é impulsionada pela abundância de milho, pela queda dos juros e pelas boas perspectivas para o consumo de etanol combustível no país. Nos últimos meses, a demanda tem crescido porque os motoristas estão trocando a gasolina, mais cara, pelo etanol hidratado. Mas as perspectivas são de que a retomada do crescimento, aliada ao incentivo oferecido pelo programa RenovaBio, alavanquem o consumo de combustíveis como um todo.

"A queda dos juros é importante porque o setor é de capital intensivo", diz Paulo Motta Júnior, CEO da CerradinhoBio. A empresa vai erguer, ao lado de sua usina de cana em Chapadão do Céu (GO), uma unidade de etanol de milho com capacidade para até 230 milhões de litros por safra a partir de 550 mil toneladas de milho, além de 150 mil toneladas de DDG (subproduto do processamento do milho que é utilizado como ração).

Com aporte de R$ 280 milhões – 70% captados com bancos -, a companhia aproveitará parte da estrutura existente, como a energia gerada do bagaço de cana. Segundo Luciano Fernandes, sócio e presidente do conselho, a companhia quer aproveitar a "vocação" para grãos da região, que registra um dos maiores rendimentos de milho do país.

Mas o principal polo de etanol de milho deverá ser também no maior produtor nacional do grão: Mato Grosso. O Estado abriga quatro usinas de etanol, três delas "flex". A única que usa só milho é a da FS Bioenergia, que começou a operar em julho e acabou de começar a expandir sua capacidade, segundo Henrique Ubrig, presidente da companhia.

A empresa investirá R$ 350 milhões no novo projeto, para duplicar a estrutura e retirar gargalos industriais. Segundo Ubrig, surpresas positivas surgiram no primeiro semestre de operação, como um bom mercado para a venda de DDG e uma demanda aquecida em Paulínia (SP).

A demanda por DDG foi o chamariz para que o pecuarista Marcos Cerqueira cogitasse investir na área. Seu projeto, a Santa Clara Álcool de Cereais, foi elaborado quatro anos atrás, mas houve atrasos no licenciamento ambiental, e a construção deverá ter início apenas neste ano.

Cerqueira construirá a usina em Vera (MT), colado a Sorriso, que terá capacidade menor que a das demais, mas poderá usar outros grãos além do milho, como sorgo granífero e arroz quebrado – que não vai para consumo humano. Ele não revelou o valor do aporte, mas disse que 65% dele será com capital próprio.

O perfil de investidores é tão diversificado que na lista há até cooperativas de produtores originalmente criadas para comercializar insumos. Uma delas é a catarinense Coprodia, que já tem uma usina de cana em Campo Novo do Parecis (MT) e começou a construir ao lado uma usina de etanol de milho com aporte de R$ 400 milhões.

Outra é a Alcooad, formada por 15 produtores de grãos ligados à Cooperativa Agroindustrial Deciolândia (Cooad), que está buscando capital com fundos constitucionais do governo para iniciar as obras este ano. Eles estimam um investimento de R$ 450 milhões para erguer uma usina capaz de produzir 200 milhões de etanol a partir de 500 mil toneladas de milho. "Para os produtores, a usina é uma opção a mais de cliente", afirma Marcelo Alves, diretor da Alcooad.

Um dos projetos ‘greenfield’ mais adiantados está em Sinop (MT), onde a paraguaia Inpasa está investindo R$ 500 milhões em uma unidade já anunciada pelo governador Pedro Taques como a maior usina de etanol de milho do país.

"Usineiros de cana de Mato Grosso estão fazendo cálculos para ver se compensa processar milho, já que o retorno do investimento é rápido, de três anos", diz Glauber Silveira, vice-presidente da Abramilho, que representa produtores de milho (Assessoria de Comunicação, 30/1/18)


Oferta adicional terá de ser vendida a outros mercados


A expansão da oferta de etanol no Centro-Oeste gerada pelos investimentos em curso ou projetados não será totalmente absorvida pela demanda regional, o que forçará as empresas a buscarem novos mercados para seu produto.

"O problema aqui não é produzir etanol. É como levá-lo a outros mercados a preços competitivos", diz Jorge dos Santos, diretor executivo do Sindalcool-MT, que representa as usinas mato-grossenses.

O consumo de etanol hidratado dos três Estados do Centro-Oeste e do Distrito Federal representa cerca de 13% do total nacional. O auge foi em 2015, quando alcançou 2,3 bilhões de litros – abaixo da capacidade instalada prevista para operar em 2019, de mais de 3 bilhões de litros.

Enviar o etanol para o Sudeste, por exemplo, esbarra nos elevados custos logísticos, enquanto buscar um caminho para o Norte ainda é difícil pela falta de infraestrutura. Segundo Santos, o frete atualmente para Paulínia (SP) está em torno de R$ 0,31 por litro, quase 20% do preço do etanol. "O frete tem que ser no máximo 5%, senão não compensa".

Os investidores em etanol de milho estão buscando formas para lidar com o problema. A CerradinhoBio já utiliza um terminal próprio de transbordo ferroviário para escoar o etanol que produz a partir da cana pela ferrovia entre Rondonópolis e Santos, da Rumo.

Já a FS Bioenergia quer insistir em uma saída para o Norte, apostando na pavimentação da BR 163 para alcançar o porto de Miritituba (PA), no Tapajós. "Talvez dê até para chegar ao Nordeste via cabotagem", afirma Henrique Ubrig, presidente da empresa. Embora tenha escoado parte de sua produção para Paulínia, Ubrig concorda que o frete ainda é "caro"


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