Maior varejista do mundo, a rede americana busca um sócio para a sua operação no Brasil. Saiba quem está no páreo
Desde que desembarcou no Brasil, em 1995, a rede
americana Walmart alterna fases de investimentos pesados em expansão com
momentos de indefinição, fechamentos de lojas e seguidos resultados
deficitários, especialmente nos últimos anos. No início de dezembro,
esse histórico de contrastes foi reforçado. O grupo anunciou um aporte
local de R$ 1,5 bilhão, a integração de suas lojas offline e online e,
ao mesmo tempo, passou a conviver com os rumores de que iria deixar o
País, conforme antecipou a coluna MOEDA FORTE, do redator-chefe Carlos
Sambrana, no portal da DINHEIRO, em dezembro de 2017. Na semana passada,
as dúvidas em relação ao futuro da companhia no mercado brasileiro
vieram novamente à tona, com as especulações de que a empresa está
buscando um sócio para tocar a operação.
A relação de potenciais interessados no ativo estaria
restrita a um grupo de fundos americanos de private equity. Um dos nomes
que desponta nas negociações com o Walmart é o Advent. Com assessoria
do Goldman Sachs, a lista também inclui os fundos Catterton, Carlyle,
General Atlantic, GP Investments e Acon. Procurado, o Walmart afirmou
por meio de sua assessoria de imprensa que não comenta especulações. O
mesmo direcionamento foi adotado por todas as outras companhias citadas.
Conforme apurou a DINHEIRO, as conversas mantidas pelo
Walmart ainda são muito preliminares. A fatia que a companhia está
disposta a oferecer ainda não está definida. A expectativa dos analistas
é que a empresa venda uma participação minoritária para manter o
controle do negócio. Seja qual o formato, os especialistas apontam os
fundos para os quais um eventual acordo faria mais sentido. O Catterton é
um desses nomes, pelo fato de ter em seu portfólio marcas Premium, como
a rede varejista brasileira St. Marche. “É uma marca complementar, com
um público e formatos distintos ao do Walmart, o que ajudaria a rede a
fortalecer sua presença em todo o varejo alimentar”, diz Douglas
Carvalho, sócio-fundador da consultoria Target Advisor.
O Advent é mais um forte candidato. Com um histórico de
aportes em marcas como a Restoque, o fundo acumulou conhecimento sobre o
varejo brasileiro e seria um bom parceiro para oxigenar a gestão do
Walmart no Brasil. Entre os desafios da operação da rede americana, os
especialistas apontam a lentidão para unificar os canais online e
offline e para integrar as aquisições realizadas no País. “A grande questão é se os recursos injetados em um acordo vão ficar por aqui ou na matriz”, diz Eduardo Yamashita, diretor do Grupo Gouvêa de Souza.
Mesmo com um faturamento no Brasil de R$ 29,4 bilhões em
2016, último ano em que a rede divulgou dados locais, a subsidiária tem
dificuldade para fazer frente ao Carrefour e ao Grupo Pão de Açúcar,
líderes do varejo alimentar no País. “A operação dá prejuízo há muitos
anos. No Brasil, O Walmart patina, patina e não sai do lugar”, afirmou
um ex-alto executivo do Walmart, em entrevista recente à DINHEIRO. Os
analistas destacam ainda que a gigante americana, sob o comando do CEO
Doug McMillon, está concentrando suas forças no mercado americano, onde
tem conquistado bons avanços, especialmente em inovações e no campo
digital. Nesse contexto, a busca por um sócio seria, no momento, a
melhor alternativa para o Walmart ganhar fôlego e tempo para se
reestruturar no Brasil, sem maiores riscos. “E, lá na frente, caso a
operação esteja redonda, as opções são diversas”, diz Yamashita, do
Gouvêa de Souza. “Eles podem recomprar sua fatia. Ou mesmo vender um
ativo muito mais valorizado.”
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