A fabricante de aviões americana Boeing e a brasileira
Embraer estão perto de chegar a um acordo para criar uma nova empresa,
que fabricará apenas os aviões comerciais da empresa nacional e na qual o
governo terá voz, indicou nesta terça-feira (6) à AFP uma fonte próxima
à negociação.
As duas fabricantes ajustaram seu projeto, anunciado há
pouco mais de um mês, para conseguir autorização das autoridades
brasileiras, preocupadas com um eventual controle da Boeing sobre as
atividades militares da Embraer.
As linhas gerais do acordo preveem que a Boeing detenha de
80% a 90% do controle acionário desta nova empresa, cuja sede poderia
ser em Chicago, como a companhia americana.
As operações militares da Embraer continuarão sob controle brasileiro, indicou a fonte, que pediu anonimato.
A Boeing apresentou suas propostas ao governo brasileiro,
que manteria uma “golden share” (“ação de ouro”), ou seja, direito a
veto sobre decisões estratégicas da nova companhia.
“As negociações avançam em boa direção”, acrescentou a fonte, ao comentar que o governo brasileiro tinha gostado da proposta.
Contactada pela AFP, a Boeing preferiu não comentar o
acordo. “Não temos informações, nem confirmação”, disse um porta-voz da
Embraer.
Às 15H20, a ação da Boeing em Wall Street subia 1,88%, e a da Embraer, 5,44%.
As ações do grupo nacional também avançaram 3,78% na Bovespa, enquanto o Ibovespa subiu 1,42%.
– Recuperar terreno –
“Sabemos que o governo brasileiro informou certos temores e
trouxe perguntas que respeitamos. Estamos trabalhando nas opções
possíveis”, declarou no fim de janeiro o CEO da Boeing, Dennis
Muilenburg, durante a publicação dos resultados anuais. “Sou otimista
sobre um possível acordo, mas ainda há trabalho a fazer”, acrescentou.
Após o anúncio do início das negociações em dezembro, o
governo brasileiro rapidamente indicou que estava decidido a manter seu
poder de veto em nome da soberania nacional. Entretanto, a associação da
Embraer com um grupo estrangeiro não foi recusada.
A Embraer, terceira maior fabricante de aviões do mundo, com
faturamento anual de quase 6 bilhões de dólares e 16 mil funcionários,
foi privatizada em 1994, mas o governo conservou a “golden share” para
intervir em questões estratégicas.
A empresa tem uma gama de aviões civis e militares, bem como
jatos executivos. Em seu importante setor de defesa, tem modelos como o
A-29 Super Tucano para missões de ataque leve e treinamento avançado e o
KC-390 de transporte tático e logístico de tropas e reabastecimento em
voo, que deve chegar ao mercado neste ano.
Assumir o controle dos aviões comerciais da Embraer
permitiria à Boeing acrescentar à sua carteira aeronaves com capacidade
de até 150 assentos, recuperando terreno nos voos de meia distância em
relação à fabricante europeia Airbus, que anunciou em meados de outubro
uma associação estratégica com a canadense Bombardier nos aviões
CSeries.
Em 2013, a Embraer lançou a família de aviões E-Jets E2,
nova geração de aparatos cuja entrada em serviço é esperada para 2018.
Eles são futuros concorrentes dos CSeries.
“Acreditamos que a Boeing se beneficiará muito entrando em
um segmento do mercado de aviões comerciais, onde não está presente”
(aviões com menos de 150 assentos), avaliou Jim Corridore, especialista
da CFRA Research.
https://www.istoedinheiro.com.br/boeing-e-embraer-se-aproximam-de-acordo-para-avioes-comerciais/
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