Fibria e Suzano, duas gigantes do setor de papel e celulose, voltam a conversar sobre uma possível fusão. Há mais ganhos que prejuízos nessa união
Dez bilhões de reais equivalem ao lucro somado de
Santander, Magazine Luiza e Ultrapar em 2017. É esse montante que os
analistas projetam em ganhos de sinergia de uma possível fusão entre
Fibria e Suzano, duas gigantes do setor de papel e celulose, em até
cinco anos. Na semana passada, as empresas confirmaram ter voltado à
mesa de negociação, depois de encerrada uma aproximação que se estendeu
por todo o segundo semestre do ano passado. Enquanto o grupo Paper
Excellence desembolsava R$ 15 bilhões pela brasileira Eldorado, do Grupo
J&F, Fibria e Suzano analisavam a melhor maneira para se unir.
Naquele momento, o principal entrave era o controle da nova
companhia. A família Feffer, da Suzano, não aceitava ceder, o que
afastou os Ermírio de Moraes, donos da Votorantim e principais
acionistas da Fibria. Agora, os Feffer parecem dispostos a promover o
encaixe das peças. “As empresas são complementares e a fusão cria valor
para os acionistas”, diz Daniel Domeneghetti, CEO da DOM Strategy
Partners.
A fusão entre as empresas favorece a Suzano, que tem metade
da capacidade de produção de celulose da Fibria (veja quadro abaixo). A
insistência da família Feffer, agora, é justamente pela chance de criar a
maior companhia de papel e celulose do mundo, com baixa alavancagem,
sem perder uma posição relevante do negócio. Nos últimos 15 meses, a
companhia vem realizando uma série de mudanças para melhorar a percepção
do mercado sobre seu valor. Um dos pontos sensíveis era a governança
corporativa, pois havia dúvida sobre a posição dos controladores.
Para dar transparência, a Suzano migrou para o Novo
Mercado da B3, o que mostra a família Feffer com 57% do capital. Só
nessa transformação, o valor de mercado quase dobrou, para R$ 24,9
bilhões. E fez a distância para a Fibria diminuir, principalmente com
relação a uma possível troca de ações. “Ainda não achamos que
as nossas ações representam o valor real da companhia”, disse Walter
Schalka, presidente da Suzano, para analistas, indicando que podem subir
mais. Procuradas, Fibria e Suzano não deram entrevista.
Os investidores aprovaram a volta das negociações. As ações
tiveram um desempenho semelhante na semana passada, com alta de 12,2%
para a Suzano e de 13,2% para a Fibria. “Gostamos da geração de valor
que vem da consolidação e vemos que todas as ilações do mercado envolvem
a Fibria”, afirmou Marcelo Castelli, presidente da Fibria, na
divulgação de resultados. A família Feffer já desenhou sua oferta: troca
de ações e uma recompensa financeira para os Ermírio de Moraes, que
estão com as peças na mão para completar o quebra-cabeça.
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