terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

As peças encaixam


Fibria e Suzano, duas gigantes do setor de papel e celulose, voltam a conversar sobre uma possível fusão. Há mais ganhos que prejuízos nessa união

Crédito: Fatido
Quase lá: Marcelo Castelli, da Fibria (à esq.), e Walter Schalka, da Suzano, podem ajudar a criar a maior empresa de papel e celulose do mundo (Crédito: Fatido)


Dez bilhões de reais equivalem ao lucro somado de Santander, Magazine Luiza e Ultrapar em 2017. É esse montante que os analistas projetam em ganhos de sinergia de uma possível fusão entre Fibria e Suzano, duas gigantes do setor de papel e celulose, em até cinco anos. Na semana passada, as empresas confirmaram ter voltado à mesa de negociação, depois de encerrada uma aproximação que se estendeu por todo o segundo semestre do ano passado. Enquanto o grupo Paper Excellence desembolsava R$ 15 bilhões pela brasileira Eldorado, do Grupo J&F, Fibria e Suzano analisavam a melhor maneira para se unir.

Naquele momento, o principal entrave era o controle da nova companhia. A família Feffer, da Suzano, não aceitava ceder, o que afastou os Ermírio de Moraes, donos da Votorantim e principais acionistas da Fibria. Agora, os Feffer parecem dispostos a promover o encaixe das peças. “As empresas são complementares e a fusão cria valor para os acionistas”, diz Daniel Domeneghetti, CEO da DOM Strategy Partners.

A fusão entre as empresas favorece a Suzano, que tem metade da capacidade de produção de celulose da Fibria (veja quadro abaixo). A insistência da família Feffer, agora, é justamente pela chance de criar a maior companhia de papel e celulose do mundo, com baixa alavancagem, sem perder uma posição relevante do negócio. Nos últimos 15 meses, a companhia vem realizando uma série de mudanças para melhorar a percepção do mercado sobre seu valor. Um dos pontos sensíveis era a governança corporativa, pois havia dúvida sobre a posição dos controladores.

Para dar transparência, a Suzano migrou para o Novo Mercado da B3, o que mostra a família Feffer com 57% do capital. Só nessa transformação, o valor de mercado quase dobrou, para R$ 24,9 bilhões. E fez a distância para a Fibria diminuir, principalmente com relação a uma possível troca de ações. “Ainda não achamos que as nossas ações representam o valor real da companhia”, disse Walter Schalka, presidente da Suzano, para analistas, indicando que podem subir mais. Procuradas, Fibria e Suzano não deram entrevista.


Os investidores aprovaram a volta das negociações. As ações tiveram um desempenho semelhante na semana passada, com alta de 12,2% para a Suzano e de 13,2% para a Fibria. “Gostamos da geração de valor que vem da consolidação e vemos que todas as ilações do mercado envolvem a Fibria”, afirmou Marcelo Castelli, presidente da Fibria, na divulgação de resultados. A família Feffer já desenhou sua oferta: troca de ações e uma recompensa financeira para os Ermírio de Moraes, que estão com as peças na mão para completar o quebra-cabeça.


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