Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
São Paulo – “De repente surgiu o agronegóciona
minha carreira. Um headhunter me liga e pergunta se eu conhecia a
Agropalma”. Neste momento, em 2016, que a gerente executiva de RH,
Marcella Novaes pensou pela primeira vez na vida em trabalhar para uma
empresa do agronegócio.
Naquela ocasião, ela estava atuando na área de mineração e no seu currículo
trazia passagens na indústria de tecnologia e varejo. “Ir para a
mineração já foi uma disruptura, ir para o agronegócio foi outra”, conta
a executiva.
A diferença é que a mineração havia sido um passo sonhado, planejado e
fruto de um interesse pessoal, enquanto a migração da executiva para o
agronegócio foi uma consequência do poder de atração de um setor que
responde sozinho por mais de 20% do PIB. Vale lembrar que a empresa eleita em 2018 a melhor para trabalhar no Brasil pelo GUIA VOCÊ S/A, a São Martinho, é do agronegócio.
“A remuneração
e o projeto na Agropalma me atraíram”, diz Marcella. Como gerente de RH
da Agropalma, a missão principal oferecida à executiva foi a de
redefinir a cultura da companhia produtora de óleo de palma. Pertencente
ao conglomerado Alfa – dono do Banco Alfa, da C&C, Hotel
Transamérica, La Basque, entre outras – a empresa buscava uma
identidade corporativa única e marcante.
Confira as médias salariais oferecidas atualmente pelo setor de
agronegócio para gerentes e diretores segundo a consultoria de
recrutamento EXEC:
Tamanho da empresa
Média salarial para gerente
Média salarial para gerente sênior
Média salarial para diretor
Médio porte
12 mil reais a 18 mil reais
18 mil reais a 22 mil reais
28 mil reais a 35 mil reais
Grande porte
18 mil reais a 25 mil reais
25 mil reais a 32 mil reais
35 mil reais a 60 mil reais
Atração em alta nos últimos três anos
Movimentos de carreira como o de Marcella crescem no Brasil.
Monitoramento feito pela EXEC com 2.750 profissionais em cargos de
gerência sênior e diretoria detectou um aumento progressivo na
movimentação de executivos oriundos de outras indústrias para posições
de liderança nas empresas do agronegócio nos últimos três anos.
Entre setembro de 2015 e 2016 o percentual de profissionais que
migraram de outras indústrias representou 12% das contratações para
cargos de liderança no agronegócio.
No mesmo intervalo, entre setembro de 2016 e o mesmo mês de 2017,
subiu para 18%. Entre setembro de 2017 e setembro de 2018 bateu a marca
de 20%.
Colecionando recordes em exportações bilionárias – e na participação
no PIB brasileiro, o agronegócio destoa do restante da economia e
precisa de novos perfis profissionais para manter seu protagonismo.
A crise econômica e a redução nos preços das commodities no mercado
internacional estimularam a competitividade e a inovação, o que causou e
ainda vem causando profunda renovação nas lideranças, segundo a sócia
da EXEC, Camila Marion.
“O segmento do agronegócio apresentava um perfil sempre mais
conservador em relação às pessoas, mas diante de tantas mudanças e
transformações que estão ocorrendo no mercado global, precisou agilizar a
renovação”, diz Camila.
Buscar pessoas com experiências internacionais e de outros mercados e
setores tem sido estratégia recorrente. “Na Agropalma, desde que eu
entrei temos atraído mais profissionais de multinacionais”, diz
Marcella. Com carreira desenvolvida gigantes como Coca-Cola, Nokia e
Dow, a executiva só vê ganhos em conectar esses novos líderes aos
funcionários de carreira na Agropalma.
“Temos muitos profissionais que entraram como jovens aprendizes e
estão até hoje e, aqui, eles têm reconhecimento por tempo de casa. É a
nossa realidade. Mas precisava dar uma mexida. Esses contrapontos são
interessantes e a diretoria entende isso. O pensamento retilíneo, que
era mais comum, passou a não ser porque trouxemos pessoas com esse
perfil diferente ”, conta.
As portas de entrada do agronegócio (para quem vem de outros setores)
A renovação na liderança, no entanto, se dá fora do ambiente técnico
do agronegócio, que exige, obviamente, profissionais com formação e
histórico no setor. Os novos gerentes e diretores têm sido requisitados
para atuar nas áreas, administrativas, financeira, de RH, segurança,
meio ambiente.
No caso de Marcela, um recrutador a procurou, mas gerentes de nível
sênior e diretores podem cadastrar o currículo no site da EXEC. O estudo
da consultoria mostra que entre junho de 2015 e 2016, proporção de
profissionais de outros setores nas posições de apoio nas empresas
clientes do setor de agronegócio era de 45% de profissionais de outras
áreas contra 55% de executivos com histórico de carreira no setor.
No mesmo intervalo, entre junho de 2016 e junho de 2017 a proporção
ficou entre 58% e 42%. Já entre junho do ano passado e junho de 2018 os
percentuais passaram a ser de 70% contra 30%.
A idade média dos líderes das áreas de apoio das empresas do
agronegócio também diminuiu. Em setembro desse ano, 60% dos líderes têm
entre 35 e 45 anos, 28% têm mais de 50 anos. Em 2015, essa proporção era
de 42% para 52%.
Espaço, criado em parceria com a ABDI, poderá ser usado por prefeitos de todo o Brasil
Da Redação
redacao@amanha.com.br
Um laboratório que está em
instalação no Parque Tecnológico Itaipu em parceria com a Associação
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) vai servir como vitrine
das tecnologias que podem ser implantadas para tornar as cidades
inteligentes. Prefeitos de todo o país poderão visitar o espaço e ver de
perto benefícios, por exemplo, da iluminação pública inteligente, com
sensor de wi-fi e tiro, e do monitoramento por drones. A inauguração do
Laboratório Vivo de Cidades Inteligentes está marcada para o dia 12 de
dezembro. A intenção é que a demonstração de tecnologias inovadoras
possa auxiliar os gestores públicos na tomada de decisão em relação aos
melhores investimentos que podem ser feitos em benefício do
desenvolvimento dos municípios. As cidades inteligentes utilizam
tecnologias para um aproveitamento mais eficiente dos recursos
disponíveis, com o menor impacto ambiental possível, e melhorar a
qualidade de vida dos cidadãos.
O
Laboratório Vivo do PTI vai envolver um conjunto amplo de atores,
formado por empresas, centros de tecnologia e pesquisa, pessoas e seus
dispositivos, a fim de disseminar os conceitos e as soluções das cidades
inteligentes. O novo laboratório, que está sendo instalado no Edifício
das Águas do PTI, vai funcionar como uma plataforma em que serão
testadas e certificadas as soluções para as cidades inteligentes. No
espaço também serão customizados sistemas para a gestão dos dispositivos
usados nessas cidades. As tecnologias já existentes no PTI, como o
sistema de compartilhamento de veículos elétricos, as bicicletas
compartilhadas e sensores inteligentes ligados à Internet das Coisas
(IoT) serão integradas no novo Laboratório, por meio da construção de
uma Central de Comando e Controle Operacional (CCO).
O
objetivo do PTI e da ABDI é, a partir do próximo ano, organizar
caravanas de prefeitos para conhecer tecnologias e conferir a
confiabilidade de sistemas como o de iluminação inteligente e o de
compartilhamento de carros e de bicicletas no Laboratório. Por isso, as
instituições já estão em contato com a Confederação Nacional dos
Municípios (CNM) e com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP). “Uma cidade
mais conectada, com melhor utilização dos recursos e pensamento
sistêmico, permite ao poder público prover mais e melhoradas soluções
aos cidadãos”, afirma Jorge Augusto Callado, diretor superintendente do
PTI. “As experiências da população com os serviços das cidades passam a
ser mais ágeis e com soluções completas, diminuindo filas e burocracias e
melhorando a gestão do município e seus equipamentos”, exemplifica o
diretor.
As
mulheres dos EUA casadas com homens investigados – ou denunciados – por
crimes do colarinho branco vêm aprendendo uma lição providencial: a de
que a primeira medida que devem tomar, quando a notícia da provável
condenação cai como uma bomba em suas vidas, é contratar um advogado
próprio. Antes que fiquem privadas de seus direitos.
Nos EUA e em
alguns outros países do mundo, isso acontece com frequência, diz a
escritora Lisa Lawler, que fundou o Projeto Mulheres do Colarinho Branco
(The White-Collar Wives Project). Mulheres perdem casas com tudo o que têm dentro, carros, alianças de casamento e outros bens que teriam chance de conservar.
Em
um caso recente, uma mulher se divorciou do marido após saber que ele
fora denunciado por corrupção. No divórcio, como é de praxe, ela ficou
com metade do fundo de aposentadoria do casal. Mas o dinheiro, que
pertencia apenas a ela, foi confiscado. Provavelmente, ela não teve um
advogado para defendê-la.
“Essas mulheres, ainda que inocentes, se
veem em um pântano jurídico, econômico e psicológico, no qual não sabem
como navegar. Elas enfrentam uma crise de identidade, porque não sabem
mais nem mesmo quem são”, diz Lisa Lawler, que começou a escrever um
blog para “mulheres do colarinho branco”, como ela mesma.
Ela
também escreveu o e-book “Guia de sobrevivência das mulheres do
colarinho branco: O que esperar quando seu marido é denunciado por um
crime do colarinho branco” (The White-Collar Wives Survival Guide: What
to Expect When Your Husband Is Prosecuted for a White-Collar Crime).
A
advogada Guinevere Moore, sócia da banca Johnson Moore, de Chicago, e
conselheira da ABA (American Bar Association), aconselha as “mulheres do
colarinho branco” a contratar seus próprios advogados imediatamente
após saberem que seus maridos estão em apuros com a justiça.
Ela
afirma que há medidas críticas que precisam ser tomadas para proteger
uma “mulher inocente”, incluindo responsabilidades tributárias (que é de
sua área de especialização), segundo o Jornal da ABA.
“Não venda
nada, não transfira bens em seu nome, em nome do marido ou em nome do
casal para terceiros, sem antes falar com seu advogado”, ela recomenda.
“Não dá para fazer operações escondidas, para enganar os investigadores,
porque elas sempre deixam pistas fáceis de seguir. Faça as coisas
legalmente, para proteger seus ativos tanto quanto possível e evitar a
ruína financeira”.
Segundo a advogada, muitas mulheres pensam que
contratar um advogado próprio as coloca contra seus maridos. “Mas isso
não é verdade. Contratar um advogado coloca a mulher e o marido (além de
filhos) em uma posição melhor, porque ela pode proteger ativos que o
marido não pode”, ela afirma.
O Projeto Mulheres do Colarinho
Branco, segundo Lisa Lawler, vem se focando mais nos efeitos colaterais,
muitas vezes negligenciado, da condenação de maridos corruptos. “Essas
mulheres são tratadas como bens móveis, sem qualquer legitimidade
jurídica para defender e reter a parte de propriedades não contaminadas
pela acusação de corrupção contra seus maridos”.
Ela acredita que
há outros tipos de crime que resultam na prisão do marido e deixam a
mulher inocente em um “pântano jurídico e econômico”. Também nesses
casos, ela deve contratar um advogado. E, em qualquer dos casos, deve
buscar ajuda de um grupo de apoio para conseguir enfrentar melhor
estigmas sociais, especialmente os que afetam as crianças nas escolas.
O
estudo “Pais atrás das grades: o que acontece com seus filhos?” revelou
que, nos EUA, mais de 5 milhões de crianças têm pais que foram para a
cadeia ou prisão. E que, provavelmente, elas experimentam outros eventos
traumáticos em algum ponto da vida, mais problemas emocionais e mais
problemas na escola.
João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
A
melhoria do desempenho e dos resultados e a nova maneira de pensar a
relação com o cliente garantiram o prêmio ao diretor-presidente do
Bradesco
“Minha função ganhou mais
propósitos. Melhorar o desempenho do banco é minha obrigação, mas nós,
brasileiros que lideramos grandes empresas, também temos de ser mais
ativos para melhorar o País” - Octavio
de Lazari Júnior: novo foco é vender produtos para os 28 milhões de
clientes que não possuem contas-correntes
A gravata que Octavio De Lazari Júnior, o diretor-presidente
do Bradesco, veste na foto ao lado, é uma deferência aos leitores da
DINHEIRO. Há alguns meses, toda a alta cúpula do banco foi dispensada de
vestir o acessório — uma liberalidade impensável para o fundador Amador
Aguiar. “Agora só usamos gravatas quando temos reuniões com alguma
autoridade”, diz Lazari.
Usar gravata pode ser um assunto secundário. No entanto, é apenas uma
das muitas mudanças que vêm ocorrendo na Cidade de Deus, sede do
Bradesco, em Osasco, região metropolitana de São Paulo. Há pouco menos
de um ano na presidência, Lazari vem derrubando alguns dogmas, sobretudo
na forma de encantar os clientes. E os resultados são claros. Nos três
primeiros trimestres de 2018, a última linha do balanço exibiu um lucro
líquido recorrente de R$ 15,7 bilhões, alta de 11,1% em relação ao mesmo
período de 2017. O Bradesco emprestou mais: nesses nove meses, foram
concedidos R$ 523 bilhões em empréstimos, ante R$ 487 bilhões entre
janeiro e setembro do ano passado. Também emprestou melhor: nesse
período, a provisão para devedores duvidosos – a fatia dos empréstimos
que são considerados praticamente perdidos – caiu 29%, de R$ 15,2
bilhões em 2017 para R$ 10,8 bilhões neste ano. Com tudo isso, a
rentabilidade patrimonial anualizada no terceiro trimestre foi de 19%,
um ponto percentual acima da média dos trimestres anteriores. “E eu já
avisei que, a partir de agora, 19% ao ano é o piso, é o mínimo
aceitável”, diz Lazari. Esses resultados garantiram ao executivo de 55
anos de idade e quase 40 de banco o prêmio de EMPREENDEDOR DO ANO de
2018.
Para manter os lucros em ascensão, Lazari está promovendo alterações
profundas na maneira de tratar a freguesia. “Antes o banco era um
couraçado e os clientes navegavam ao redor dele. Agora, colocamos o
cliente no centro e pensamos o tempo todo como podemos atender melhor às
necessidades dele.” Como essas inovações dependem bastante de
tecnologia, as portas de abriram para quem pode desenvolver soluções.
Por meio da InovaBra, misto de aceleradora e incubadora, já são 160 as
fintechs e startups que auxiliam no desenvolvimento de produtos e
serviços, especialmente para os celulares. No início do segundo
trimestre, o Bradesco começou a distribuir seguros pelos celulares. E os
resultados surpreenderam. “Esperávamos vender 250 mil apólices, mas
vendemos 500 mil”, diz Lazari. “Ninguém imagina que alguém vai contratar
um seguro odontológico às três horas da manhã do sábado, mas acontece.”
Assim como nos seguros, os empréstimos concedidos por meio de celulares
também vem crescendo aceleradamente.
Segundo o presidente, na média são concedidos 80 mil financiamentos
para pessoas físicas nos fins de semana, 40 mil por dia. Às
sextas-feiras, são fechados de 28 mil a 30 mil negócios desse tipo. A
lógica é simples. Pedir dinheiro emprestado não é uma situação
agradável. Se o cliente puder fazer isso sem ter de conversar com um
gerente, fica mais fácil. “E aos fins de semana as pessoas têm mais
tempo e tranquilidade para calcular se o total é adequado, se o prazo é o
melhor e se as parcelas cabem no bolso.” O banco inovou também na
maneira de conceder empréstimos imobiliários. Em vez do arranjo
habitual, em que um gerente analisava a papelada de cada mutuário em
potencial, agora os processos passam por uma estrutura semelhante à das
linhas de montagem. Com isso, o prazo habitual de 60 dias para aprovação
de um pedido caiu à metade, e o banco concedeu R$ 7,2 bilhões nesses
financiamentos nos três primeiros trimestres.
A maior alteração foi criar novas formas de a clientela se relacionar
com o Bradesco. Desde sua fundação, a meta era conquistar correntistas.
Deu certo: hoje, são 27 milhões de contas-correntes ativas. Porém, de
sua experiência na seguradora, Lazari percebeu um potencial
não-explorado muito grande. Os computadores da Bradesco Seguros têm 50
milhões de pessoas em sua base de dados. Desses, 28 milhões não têm
contas-correntes, mas possuem apólices de seguro, planos de previdência
ou de capitalização. “A conta-corrente deixou de ser a única chave para o
cliente entrar no banco”, diz o executivo. “Podemos nos relacionar com
eles de várias maneiras, sem que eles sejam obrigados a abrir uma
conta.” Por isso, no início do terceiro trimestre foi criada uma
diretoria estatutária focada apenas em não-correntistas. E os
prognósticos são animadores. “Quantas empresas começam com uma base de
28 milhões de clientes para trabalhar?”, pergunta o executivo.
O mercado concorda com o otimismo. No ano, até o dia 28 de novembro,
as ações do banco subiram 26,6%, dez pontos percentuais acima do Índice
Bovespa e um ponto percentual mais que o índice setorial do mercado
financeiro. Segundo Tatiana Brandt, analista da Eleven Financial, o
banco tem sido muito bem-sucedido em ampliar a concessão de empréstimos
e, ao mesmo tempo, manter baixos tanto os custos quanto as provisões
para devedores duvidosos. “A qualidade das novas safras de crédito é
superior à das anteriores, algo fundamental para a sustentação dos
resultados futuros”, escreveu ela em um relatório do início de novembro.
Ela recomenda a compra dos papéis, com um preço-alvo de R$ 42,00,
representando uma alta potencial de 9,3%.
Quinto presidente do banco em 75 anos, Lazari cumpriu a trajetória
habitual. Começou a trabalhar no Bradesco, seu único empregador, aos 15
anos como contínuo, em boa parte por pressão familiar. O palmeirense
Lazari treinava nas categorias de base da Sociedade Esportiva Palmeiras,
mas seu pai preferia vê-lo seguir uma carreira menos incerta. Assim
como Luiz Carlos Trabuco Cappi, seu antecessor no cargo, passou por
vários postos até ascender ao comando da seguradora, divisão estratégica
para garantir os resultados em anos difíceis. O bom trabalho o
capacitou para a presidência entre os sete vice-presidentes executivos.
Mesmo admitindo que a nova função ampliou uma jornada de trabalho já
extensa, Lazari se diz animado. “Minha função ganhou mais propósitos.
Melhorar o desempenho do banco é minha obrigação, mas nós, brasileiros
que lideramos grandes empresas, também temos de ser mais ativos para
melhorar o País.”
“A transição do tijolo para o click está acelerada”
O diretor-presidente do Bradesco entende que novas tecnologias,
capazes de melhorar produtos e serviços, são hoje cruciais para a boa
performance de um banco. Sua resposta é o Inovabra, que abriga 160
startups. “As fintechs não são concorrentes, são parceiras”, afirma
Lazari
Quando o sr. assumiu a presidência, em março, o sr. disse que
sua função era preservar o que precisava ser preservado e adaptar o que
precisava ser adaptado. Como isso está funcionando na prática?
A transição do tijolo para o click está acelerada. Não é por acaso. É
uma consequência dos passos e das mudanças que implantamos para isso
pudesse acontecer. Um bom exemplo é a Inovabra, que é um ecossistema
criado para promover a inovação dentro do Bradesco. Há muita coisa lá.
Temos 160 startups desenvolvendo novas tecnologias para melhorar
depressa os produtos e serviços que precisamos entregar para nossos
clientes.
O que mudou?
Nossa maneira de construir produtos e serviços. Antes era desenvolvido
pela área de TI, agora que faz são as pessoas que vão vender os produtos
e serviços do banco. Passamos a olhar o Bradesco sob a ótica do
cliente, o que propiciou uma mudança muito grande na qualidade. Há
vários exemplos. O cliente pode customizar os APPs como quiser. Também
criamos um portal para microempreendedores individuais, os MEIs. Hoje, o
empreendedor entra no portal que desenvolvemos e pode contratar um
contador ou baixar um programa de controle de estoque, ou fazer um custo
de educação financeira no Sebrae. Com nossos parceiros, desenvolvemos
isso em apenas 90 dias. Também reduzimos o prazo de concessão de
empréstimos imobiliários. Antes a aprovação demorava de 60 a 70 dias,
hoje sai em 30 dias. Colocamos especialistas em uma esteira para
analisar a documentação, e a contratação ficou mais ágil. Já concedemos
R$ 7,2 bilhões em novos empréstimos neste ano.
O banco está usando os conceitos de marketplace?
A indústria financeira e especialmente o Bradesco enfrentam um grande
desafio. Temos quatro gerações de clientes, dos baby boomers até os
millenials. Como distribuir centenas de produtos para uma base tão
diversificada? Optamos por colocar tudo no celular e o cliente contrata
quando tiver tempo. A seguradora vendeu 500 mil itens por celular, o
dobro do que havíamos previsto. Temos clientes que compram planos de
seguro odontológico às 3 horas da manhã de um sábado. Não era algo que
estávamos esperando, mas aconteceu. Atualmente, um terço dos empréstimos
é concedido via celular. Já concedemos mais empréstimos nos fins de
semana do que nos dias úteis. São 28 mil concessões em uma sexta-feira, e
40 mil no sábado e outros 40 mil no domingo.
Por que isso acontece?
O fim de semana é a hora que a pessoa tem tranquilidade para consultar o
sistema, estudar a proposta, avaliar se o prazo ou o valor são os mais
adequados. E isso evita que o cliente tenha aquele constrangimento de
ter de pedir o crédito. O cliente se sente empoderado, protagonista do
que quer fazer com a própria vida.
A parceria com as fintechs é para evitar que elas se tornem concorrentes?
As fintechs não são os concorrentes que tememos. Elas são muito mais
parceiras que podem nos ajudar a encontrar soluções mais rápidas do que
concorrentes. A minha preocupação é com as big techs, com Amazon,
Google, Facebook. Essas é que são concorrentes pesadas. Seu poder de
distribuição é grande. E a partir do momento que tudo é eletrônico, elas
podem vir disputar nosso mercado.
Essas empresas oferecem muito risco ao negócio?
Oferecem um risco de médio a alto. Elas têm tamanho e tecnologia e têm
acesso a bases muito amplas de clientes. Temos de nos adaptar, mudar o
modelo de negócios para poder concorrer. Mas eu sempre lembro as pessoas
que banco, crédito e dinheiro dependem de confiança. Se nós tivermos a
sabedoria de entender as necessidades de cliente e atendê-las com
conveniência, vamos continuar no mercado. Por exemplo, criamos uma área
exclusiva para não-correntistas no banco. Assim, quem não tem
conta-corrente poderá ser atendido.
Para vender o que?
Esse é o desafio. Temos 27 milhões de correntistas. A conta corrente é a
chave para a entrada no banco, mas ela é só um dos produtos do banco. A
partir de agora, não mais. Na seguradora há 50 milhões de segurados,
mas apenas 22 milhões são correntistas do Bradesco. Temos 28 milhões de
pessoas que já tem relação, seja por meio de um seguro, de um plano de
capitalização. Eu preciso estar perto deles. Claro que vou continuar
querendo abrir contas, mas esses clientes poderão entrar no banco pelo
CPF, pelo CNPJ. Eles terão um marketplace para se relacionar com o
banco, sejam ou não correntistas.
Qual seu prognóstico para 2019?
Estamos otimistas. As pessoas que vêm sendo indicadas para a equipe
econômica têm opiniões acertadas e ponderadas. A pauta é extensa. Temos
de fazer uma reforma da previdência, uma reorganização tributária para
gerar empregos. Mas eu converso com analistas internacionais, e todos
querem investir no Brasil. O País é estratégico para a economia mundial.
O sr. está prestes a completar seu primeiro ano na presidência do banco. O que mudou na sua vida?
Estou trabalhando mais, mas estou tão feliz quanto antes. A maior
mudança é perceber o quanto o nosso país é importante não só para os
brasileiros, mas também para a economia mundial. Os propósitos da minha
jornada aumentaram. Melhorar o desempenho do banco é minha obrigação,
fui escolhido para isso. Mas eu acredito que nós, brasileiros que
lideram grandes empresas, temos de ser mais protagonistas. Temos de ser
mais presentes, mais ativos no contato com os governos, para poder
melhorar o País. Para que esse crescimento que se espera não seja mais
um voo de galinha.
Uma vivência bem sucedida supera qualquer argumento lógico
Por Letícia Polydoro
Amo filmes. Herdei esse gosto
do meu pai. Filme bom não tem gênero ou época. Resiste ao tempo,
garantindo algumas horas de verdadeira transcendência. Destaco aqui um
em especial, trata-se de uma animação da qual vou relatar uma cena: um
dos personagens, um homem sisudo, respeitado e conhecido, entre outras
características por ser muito mal humorado, entra num restaurante. O
chef pergunta o que ele deseja, ao que o senhor responde algo como
"Surpreenda-me!". O chef retorna com um prato tradicional da cultura
local. Inicialmente nosso personagem olha com desdém pela trivialidade
da escolha. Ao engolir a primeira garfada, um fenômeno acontece. Em uma
fração de segundo, esse senhor é transportado para o passado, vendo-se
criança na cozinha de sua casa materna enquanto a mãe lhe entrega o
mesmo prato. Ao usufruir do aroma, do sabor, das cores, ele experimenta
uma sensação esquecida no tempo. A experiência é tão sublime, que a
fisionomia do personagem se transforma imediatamente, fazendo dele, em
uma fração de segundos, um amável senhor de idade.
Quantos
de nós já não passamos por algo semelhante? Em algum momento, sem
aviso, somos surpreendidos por alguma imagem, vivência, sensação que não
sabemos explicar, mas nos trazem, em menor ou maior grau, alguma
satisfação. A isso chamamos de "experiência", e é esse o enfoque deste
novo blog. Uma experiência bem sucedida supera qualquer argumento
lógico. Ela nos cativa pela emoção, nos torna fiéis seguidores. Uma vez
tendo "A" experiência, não só queremos passar por ela de novo, como
divulgamos com entusiasmo a toda a nossa rede de conhecidos. Em
contrapartida, uma experiência ruim pode ser ainda mais impactante,
chegando até mesmo a destruir reputações que levaram anos para serem
construídas.
Quando
estamos falando de business, estamos também tratando de relações
interpessoais. Todo e qualquer negócio, seja ele B2B ou B2C, é firmado
entre pessoas. Gente como a gente. Já houve uma época em que
conseguíamos deter algum diferencial competitivo que nos sobressaia da
concorrência: algum produto exclusivo, uma tecnologia inovadora, ou
mesmo muito dinheiro para investir pesado em propaganda para que todos
acreditassem que éramos os melhores. Mas o mundo mudou. É difícil hoje
em dia ser proprietário de um produto 100% exclusivo, as tecnologias
estão cada vez mais acessíveis, e as redes sociais estão aí para
divulgar — para o bem ou para o mal — pontos de vista muito diferentes
do que a gente gostaria sobre o nosso negócio: não temos mais controle
sobre os meios de divulgação.
Em meio a esse cenário, a
saída não é tão difícil: temos de voltar ao básico, sermos verdadeiros,
pensar como pessoas. Para prosperar, tem de se ter um propósito. E, em
consonância com esse propósito, proporcionar a melhor experiência.
Quando entramos em um shopping, por exemplo, com inúmeras opções
equivalentes em funcionalidade e preço, optamos por aquelas alinhadas ao
nosso propósito que nos proporcionam a melhor experiência. Simples
assim. Por que em nosso próprio negócio haveria de ser diferente?
Mas
o que significa proporcionar a melhor experiência? Aí é que a
brincadeira começa a ficar bacana, pois existe ainda muita coisa que
pode ser realizada nesta direção. Se focarmos no indivíduo, nos
colocarmos no lugar dele, nos dispusermos a fazer esse exercício de
empatia, poderemos ver onde estão as maiores frustrações e onde estão as
melhores oportunidades. Resolver uma fila de espera, simplificar uma
compra, dar acesso a novos perfis de consumidores antes excluídos, são
alguns exemplos de soluções simples que podem fazer uma grande diferença
nos resultados de seu negócio.
Retomando
a cena do filme Ratatouille (pronto, revelei o nome do filme. Quem
ainda não viu, recomendo), o surpreendente estava justamente no básico,
um simples prato tradicional preparado cuidadosamente foi capaz de gerar
uma experiência transformadora. E você, o que tem para oferecer?
A carga tributária atingiu 32,43% de tudo o que o país
produz – Produto Interno Bruto (PIB), em 2017. A informação foi
divulgada hoje (3) pela Receita Federal. É o maior índice em quatro
anos.
Em relação a 2016 (32,29%), a carga tributária aumentou 0,14 ponto
percentual. De acordo com a Receita, a variação resultou da combinação
dos acréscimos em termos reais (descontada a inflação) de 0,99% do PIB e
de 1,4% da arrecadação tributária nos três níveis de governo.
O PIB no ano de 2017 apresentou aumento em relação ao ano anterior,
alcançando aproximadamente R$ 6,56 trilhões. E a arrecadação chegou a R$
2,13 trilhões.
Dentre os tributos federais, os que mais contribuíram para o aumento
da carga tributária foram os programas de Integração Social (PIS) e de
Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e a Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), responsáveis pelo
crescimento de 0,21 ponto percentual. Segundo a Receita, o acréscimo
decorreu principalmente da elevação das alíquotas sobre combustíveis
(gasolina e diesel).
Já as maiores reduções se devem ao Imposto de Renda sobre a Pessoa
Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL),
responsáveis por um decréscimo de 0,35 ponto percentual. Isso ocorreu
porque, em 2016, houve aumento da arrecadação com o Regime Especial de
Regularização Cambial e Tributária, conhecido como Lei da Repatriação.
Esse regime permitiu a regularização de recursos, bens ou direitos
remetidos ou mantidos no exterior ou repatriados por residentes ou
domiciliados no país, que não tinham sido declarados ou que tinham sido
declarados incorretamente. No total, em 2016 foram arrecadados R$ 23,5
bilhões.
Quanto aos tributos estaduais, houve acréscimo de arrecadação em
relação ao ano anterior do Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e
Serviços (ICMS) de 0,12 ponto percentual.
Medida demorará mais de um ano para ser implementada
Por Agência Brasil
redacao@amanha.com.br
Os gastos feitos em moeda
estrangeira nos cartões de crédito internacionais terão seu valor fixado
em reais pela taxa de conversão vigente no dia de cada gasto realizado.
A medida foi anunciada pelo Banco Central (BC) e passa a valer a partir
a partir de 1º de março de 2020. Dessa forma, afirma o BC, o cliente
ficará sabendo já no dia seguinte quanto vai desembolsar em reais,
eliminando a necessidade de eventual ajuste na fatura subsequente. “A
medida aumenta a previsibilidade para os clientes em relação ao valor a
ser pago, evitando o efeito da variação da cotação da moeda estrangeira
entre o dia do gasto e o dia de pagamento da fatura”, explicou o BC, em
nota. Além disso, acrescenta o BC, a medida eleva a transparência e a
comparabilidade na prestação do serviço, padronizando as informações
sobre o histórico das taxas de conversão nas faturas que terão de ser
divulgadas em formato de dados abertos, de forma que os rankings de
taxas possam ser estruturados e divulgados.
Para
a sistemática de fixação do valor em reais na data do gasto, a fatura
terá de apresentar, além da identificação da moeda, a discriminação de
cada gasto na moeda em que foi realizado e o seu valor equivalente em
reais e as seguintes informações adicionais: data, valor equivalente em
dólares (quando a moeda usada na compra for diferente da divisa
norte-americana) e a taxa de conversão do dólar para o real. De acordo
com a circular, as instituições poderão ofertar ao cliente sistemática
alternativa de pagamento da fatura pelo valor equivalente em reais no
dia de seu pagamento. Nesse caso, regulariza a circular, o cliente terá
de aceitar “expressamente” essa opção.
Segundo
o presidente do BC, Ilan Goldfajn, a medida demorará mais de um ano
para ser implementada pelas instituições financeiras. “Algumas
instituições já oferecem, outras ainda precisam mudar o sistema. O
consumidor vai se sentir mais confortável em saber na hora da compra
quando ele gastou. É algo que facilita a vida do cidadão”, destacou.