Mesmo após seis quedas consecutivas, o dólar começou a sessão no
território negativo, influenciado pelo exterior, onde as moedas de
países exportadores de commodities eram favorecidas pela alta do preço
do petróleo nos mercados internacionais.
A baixa do dólar, no entanto, foi perdendo fôlego no Brasil, com
investidores à espera das medidas do governo na área de arrecadação, que
servirão como complemento ao novo arcabouço fiscal anunciado na semana
passada.
Após oscilar durante boa parte do dia perto da estabilidade, o dólar à
vista fechou cotado a 5,0704 reais na venda, em variação positiva de
0,01%.
Na B3, às 17:33 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro
vencimento subia 0,09%, a 5,0915 reais. No início da sessão, às 9h08
(horário de Brasília), o dólar marcou a mínima de 5,0385 (-0,62%), em
sintonia com o exterior, onde a divisa dos EUA também cedia ante outras
moedas de exportadores de commodities.
O movimento era influenciado pela alta nos preços do petróleo, após a
Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados,
incluindo a Rússia, anunciarem cortes extras na produção de cerca de
1,16 milhão de barris por dia (bpd) no domingo.
“Pela manhã, até achei que o dólar ia cair um pouco, mas depois ficou
praticamente na estabilidade. Na verdade, o mercado está esperando para
ver o que vai acontecer com o arcabouço fiscal”, comentou o gerente de
câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel.
Battistel lembra que, além das dúvidas sobre a arrecadação que
sustentará o arcabouço, a proposta ainda precisará passar pelo Congresso
e está sujeita a mudanças.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia prometido para esta
semana a apresentação de medidas “saneadoras” que poderão sustentar o
novo arcabouço. Em entrevista à GloboNews, o ministro afirmou nesta
segunda-feira que a reforma tributária –outra prioridade do governo
Lula– busca “cobrar de quem não paga” impostos, o que deve elevar a
receita e contribuir para o cumprimento dos objetivos fiscais previstos
no novo arcabouço recém-apresentado pelo governo.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse pela manhã que não
concorda com “as avaliações negativas de que o PIB vai crescer zero não
sei das quantas, 0,1%”. Segundo ele, o PIB crescerá “mais do que os
pessimistas estão prevendo”.
Em meio às expectativas, o dólar até chegou a marcar a máxima de
5,0842 reais (+0,28%) às 16h, mas também não teve fôlego para sustentar
cotações mais altas, retornando para perto da estabilidade.
No exterior, a divisa norte-americana seguia com baixas firmes ante outras moedas.
Às 17:33 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da
moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,88%, a
102,030.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap
cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de maio.
(Por Fabrício de Castro)