Mesmo com corte na Selic, Brasil ainda é o segundo país que melhor
remunera investimentos em renda fixa entre os países emergentes.
(Crédito: Freepik)
Nesta
quarta-feira, 31, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco
Central do Brasil (BC) realizou um novo corte na taxa básica de juros, a
Selic. Essa é a quinta redução seguida no índice e analistas preveem
novos cortes nas próximas reuniões. Mas, afinal, com a taxa atual em
11,25% ao ano, onde estão boas alternativas de investimentos?
Para
especialistas do mercado financeiro, mesmo com o corte progressivo da
taxa Selic, o Brasil continua remunerando bem os investidores. Segundo o
CEO da Multiplike, Volney Eyng, o País ainda é o segundo que melhor
remunera na comparação com outros países emergentes, perdendo apenas
para o México.
Ele explica que com a taxa Selic em 11,25%, os
investimentos em renda fixa acumulam uma perda de 37% em rentabilidade
no último ano. Ainda assim, há muitas oportunidades em detrimento da
renda variável.
“O
Brasil tem a segunda maior taxa de juros real do mundo, perdendo apenas
para o México, com 6,49%. A nossa está em 5,95%. Historicamente, os
países emergentes e os países do BRICS precisam pagar uma taxa maior,
visto que são economias menos desenvolvidas. Esse
panorama é bom para o investidor e obriga a renda fixa a remunerar bem.
O juro real é a taxa Selic descontada a inflação, e isso é o que
literalmente o investidor acaba ganhando líquido, sem perder o poder de
consumo”, diz Eyng.
Para o
economista, a renda fixa ainda está na preferência dos investidores,
embora tenha perdido rentabilidade, devido à proteção que oferece.
“Com
os juros sendo reduzidos, a renda variável tende a ganhar escala, mas,
por enquanto, o investidor tem buscado proteção e isso o leva à renda
fixa. Os títulos de dívida do governo são um bom ativo”, comenta.
Ainda
de acordo com Eyng, investidores devem recorrer aos ativos que contam
com garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ou investir em títulos
públicos. “Os mais sofisticados podem buscar Fundos de Investimentos em
Direito Creditório (FIDC)”, destaca.
Alternativas de investimentos
Na
avaliação do sócio da gestora de recursos Equus Capital, Felipe
Vasconcellos, para os investidores mais conservadores, títulos de renda
fixa, especialmente os pré-fixados, podem ser uma boa alternativa,
especialmente se considerarmos o cenário de que a Selic vai seguir na
sua trajetória de queda, chegando num piso de 9% ou, em um cenário mais
otimista, de 8,5% a 8%.
“No
entanto, partindo dessa mesma premissa, essa queda nas taxas de juros
pode impulsionar o retorno de ativos tidos como mais arriscados, como
ações e ativos ilíquidos, com fundos de private equity ou de venture
capital. Um investidor com uma visão de longo prazo, com uma tolerância
de risco um pouco maior, deveria aproveitar esse momento para montar
posições nesse tipo de ativo”, analisa.
Segundo
o economista e CEO da Corano Capital, Bruno Corano, não é porque os
juros caíram, por enquanto, um pouco, que o juro real que a Selic
oferece deixou de ser interessante. Ainda assim, ele recomenda algumas
alternativas.
“Primeiro,
vale trabalhar na curva longa dos juros por meio dos títulos do Tesouro
e, segundo, ficar muito atento para os ativos de renda variável, que
têm mais volatilidade e seguem com uma janela de oportunidade. A questão
é ter habilidade para selecionar. Estamos falando sobre ações, FIIs e de vários outros títulos de renda absolutamente variável com marcação a mercado”, indica.
Questionado
se ativos de risco podem ganhar maior atratividade com a queda da
Selic, Corano confirma e acrescenta que o cenário pode ficar ainda mais
vantajoso se a taxa básica de juros dos Estados Unidos cair nos próximos
meses.
“Já
começou o que o brasileiro gosta de chamar de rally, um aquecimento bem
forte em dezembro, que foi demonstrado por vários ativos, em particular
na bolsa brasileira. Essa movimentação deve seguir conforme os juros se
movimentarem. Especialmente quando os juros americanos apresentarem a
primeira queda”, afirma.
Diferenças entre Renda Fixa e Renda Variável
Renda
fixa e renda variável são duas categorias de investimentos que se
diferenciam principalmente em relação à previsibilidade dos rendimentos.
Na
primeira, os investimentos são conhecidos por oferecerem retornos mais
previsíveis, pois os investidores geralmente conhecem antecipadamente a
forma como os rendimentos serão calculados. Ela oferece uma taxa de
juros fixa ou variável, geralmente definida no momento da aplicação. Os
títulos de renda fixa incluem CDBs, Tesouro Direto, Letras de Crédito,
entre outros. Em geral, a renda fixa é considerada menos arriscada do
que a renda variável, mas os retornos também podem ser mais moderados.
Já
a renda variável tem como característica principal investimentos
sujeitos as mudanças do mercado, com rendimentos não previsíveis. O
valor dos ativos pode variar significativamente ao longo do tempo.
Diferentemente da renda fixa, não há garantia de retorno. Os
investimentos em renda variável incluem ações, fundos imobiliários,
opções, commodities, entre outros.
Entretanto, a renda variável
pode oferecer retornos mais significativos, mas isto está associado a um
maior risco de perda, pois os preços dos ativos podem ser influenciados
por diversos fatores, incluindo condições econômicas, políticas e de
mercado.