segunda-feira, 1 de julho de 2024

Tragédia no RS reforça necessidade de resiliência financeira, afirma diretora do BC

 

Mulher que chega à chefia tem o papel de puxar, estender a ...

A diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Carolina de Assis Barros, disse nesta segunda-feira, dia 1º, que a tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul reforça a importância de se atingir resiliência financeira.

A afirmação consta em um discurso da diretora em evento da Global Partnership for Financial Inclusion (GPFI), uma iniciativa do G20. O discurso, em texto, foi enviado pela assessoria do BC, já que o encontro, em Fortaleza (CE), é fechado à imprensa.

“A resiliência financeira deve ser, mais do que nunca, um resultado chave buscado por meio de esforços globais relacionados à inclusão financeira e ao bem-estar financeiro”, diz um trecho do discurso.

Ela lembrou que mais de 94% da atividade econômica do Rio Grande do Sul foi afetada pelas enchentes e que o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, deve continuar fechado até dezembro. “Infelizmente, sabemos que essa catástrofe não é um caso isolado”, disse.

Barros elencou três iniciativas da GPFI para criar um ecossistema inclusivo e sustentável, que permita às famílias e empresas atingirem a resiliência financeira, a estabilidade e o bem-estar financeiro.

Um dos pontos citados pela diretora foi a preparação de um novo plano de ação para financiar micro, pequenas e médias empresas. Segundo Barros, isso inclui endereçar a “percepção enganosa” de um maior risco associado a elas, adequando serviços financeiros às suas necessidades e melhorando a disponibilidade de dados confiáveis.

“Superar esses desafios requer esforços conjuntos de governos, instituições financeiras e empreendedores”, ela disse.

Outro ponto, segundo a diretora, é avançar na “última milha” da inclusão financeira, criando produtos e serviços com responsabilidade e proteção aos consumidores. Em terceiro, ela citou a importância de se considerar o bem-estar financeiro como um guia para a inclusão financeira.

Cenário para o Brasil é sólido, mas gastos preocupam, diz economista do JP Morgan

 


Cassiana Fernandez, economista-chefe do banco para Brasil e América Latina, conversou com exclusividade com a IstoÉ Dinheiro

 

 

A Selic não deve trazer novidades até o final de 2025. Assim avalia a economista-chefe do JP Morgan, Cassiana Fernandez sobre a taxa básica de juros, que, em suas projeções, deve ficar em 10,50% até o final do próximo ano. Isso porque, o próprio BC indicou no comunicado da mais recente reunião do Copom que, “em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 4,0% para 2024 e 3,1% para 2025”.

O que deve continuar mexendo no cenário econômico brasileiro, para ela, é como o governo vai fazer essa “passagem” entre uma situação avaliada por ela como positiva – “os fundamentos da economia brasileira estão bastante sólidos”- para um crescimento do PIB, redução de gastos, redução da dívida pública e a forma de distribuição desse crescimento no país.

Cassiana afirma que o país começou o ano com um momento bastante construtivo para a economia. Com a inflação na meta, com espaço para o BC cortar juros, e com as contas externas muito sólidas. Mas, de abril para cá, alguns eventos importantes ocorreram, que levaram a uma reversão do cenário de 2023.

“Não foi um ator específico, foi uma combinação de todas as coisas acontecendo em sequência em pouco espaço de tempo. Dois meses muito quentes”.

Primeiro, houve uma mudança no cenário externo; o Fed [banco central dos EUA] ia começar a cortar juros em março, mas depois chegou a cogitar um movimento até de alta.

Teve a intervenção direta na Petrobras, como foi comunicada a distribuição de dividendos, a mudança da meta de 2025 – “a equipe econômica surpreendeu e conseguiu manter a meta de 24”.

E aí a decisão dividida do Copom. “Isso foi um agente relevante para o mercado, porque colocou em dúvida a condução da política monetária, até pela forma como tudo foi comunicado; isso em um cenário externo mais difícil, principalmente de 2024-2025 para frente. Acabou levando a uma depreciação da moeda, então coloca em dúvida sobre a dinâmica da inflação”, diz.

E, o outro evento relevante, as enchentes no Rio Grande do Sul. “Um estado responsável por 15% da nossa produção agrícola, [há a expectativa] sobre o que vai acontecer com os preços das commodities, qual vai ser o impacto em atividade econômica e em relação à demanda do aumento dos gastos públicos – o que é justificável”.

E no aumento de gastos que pairam as expectativas sobre o Brasil. “Em alguma coisa vai ter que ceder, pois, cumprindo as regras atuais, seguindo essa dinâmica que estamos vendo [de aumento de gastos], vai precisar cortar outros gastos e começa a ficar preocupante, até o curto prazo.”

Confira a seguir os principais pontos da entrevista:

No balanço entre os dados econômicos, e as expectativas e incertezas do mercado, como avalia a economia brasileira hoje?

Os fundamentos da economia brasileira estão bastante sólidos. O crescimento econômico, o mercado de trabalho bastante sólido, a dinâmica da inflação favorável… o próprio BC fala isso, e, principalmente, a dinâmica das contas externas. Então, os números são bastante sólidos. Até o endividamento das famílias chegou a cair.

Pelos fundamentos da economia, pelo menos até agora, não justifica essa piora na performance do desempenho dos ativos brasileiros.

Quando olhamos o horizonte de investimentos, e quando olhamos médio prazo, também tem muitas oportunidades [para o Brasil], não só a discussão geopolítica, a segurança energética, alimentar, o potencial do Brasil na produção de commodities, tanto em energia, como agricultura, discussão de transição enérgica… há um potencial enorme de investimentos. E olhando o balanço setor privado, os balanços das empresas privadas, não estão tão alavancadas. Ainda é um cenário bastante sólido. Mas ainda temos problemas.

Primeiro, a dívida pública, ainda muito alta. Depois, o crescimento potencial, se haverá, e, então, a distribuição desse crescimento como será.

Temos que analisar a situação como estará em 1-2-3 anos. O problema é essa travessia, se vamos conseguir entregar todo esse potencial, desses investimentos, se vamos materializar isso. E daí a dinâmica no curto e médio prazo para frente começa a chamar a atenção.

O mercado começa a ver uma piora muito grande em relação à percepção da condução da política econômica como um todo, e qual é a sustentabilidade desse cenário que hoje é construtivo. A piora foi principalmente no campo das expectativas.

Mas, por outro lado, tem a questão fiscal, que dá o contrapeso negativo…

Do ponto fiscal, o que incomoda, é que o crescimento real, mesmo que os números fiscais acabaram surpreendendo positivamente, mas foi mais do lado da receita, por mais que o país tenha distorções em relação à arrecadação. O que incomoda é que os gastos, principalmente os mandatórios, que para mudar, precisam de emenda constitucional, que estão crescendo a um ritmo mais forte, gastos com Previdência, Educação e Saúde.

E o que fazer diante desse desafio de impulsionar crescimento, ao mesmo tempo cortar gastos e cumprir com as metas fiscais?

Em alguma coisa vai ter que ceder, pois, cumprindo as regras atuais, seguindo essa dinâmica que estamos vendo [de aumento de gastos], vai precisar cortar outros gastos e começa a ficar preocupante, até o curto prazo.

Por exemplo, a ajuda ao Rio Grande do Sul. Ninguém vai questionar essa ajuda, esse ‘aumento de gastos’. Mas o ponto é saber que em momento de bonança, tem que deixar espaço para as adversidades, ter espaço para política fiscal no contraciclo.

O que deixa os economistas mais preocupados, é que quando está bem, quando tem choque positivo, não vê a dinâmica melhorar nos momentos positivos. Não pode justificar que não cumpriu a meta porque deu ajuda.

A partir de todo esse contexto, vê positivamente a mais recente decisão do Copom, de manter a taxa de juros em 10,50% ao ano?

Nas condições que tinha, foi a melhor decisão possível – e muito bem comunicada. Voltar a ter unanimidade foi muito importante, não só no voto em si, mas no diagnóstico da economia.

O discurso público dos membros desde a última reunião já indicava que eles estavam mais alinhados, e tinham percebido as consequências da reunião dividida.

E vemos a taxa em 10,5% até o final de 2025. O próprio BC coloca que as projeções para a inflação de preços administrados são de 4,4% em 2024 e 4,0% em 2025. ‘Em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 4,0% para 2024 e 3,1% para 2025‘, diz o comunicado. Logo, se mantiver nessa constante, de 10,50% isso entregaria uma inflação no final de 2025 de 3,1%.

E o dólar para o final deste ano ao redor dos R$ 5,30.

E para os juros nos EUA?

O banco hoje espera um corte em novembro. Ainda temos maior resiliência da inflação, portanto os juros ficarão mais altos.


sexta-feira, 28 de junho de 2024

Programa de transição energética em MG concentra R$ 58 bi em investimento, diz MME

 

Curso para concurso MME - Ministério de Minas e Energia ...

O Ministério de Minas e Energia informou nesta sexta-feira, 28, que o chamado “Circuito Mineiro de Investimentos em Transição Energética” concentra R$ 58 bilhões em aportes que estão sendo feitos nas seguintes áreas: energia elétrica renovável, biocombustíveis e novas linhas de transmissão. O ministro Alexandre Silveira acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agenda no Estado de Minas Gerais.

Desse total, cerca de R$ 31 bilhões estão sendo aplicados neste ano para a geração de energia renovável, abrangendo cidades como Arinos, Jaboticatubas, Montes Claros, Uberaba e outras.

Os aportes em linhas de transmissão somam R$ 23 bilhões em Minas Gerais, que, segundo o Planalto, podem gerar 40 mil empregos para Minas Gerais. O governo considera leilões de transmissão em 2023 e 2024.

Já os R$ 4 bilhões adicionais são para projetos de biometano e etanol em cidades como Limeira do Oeste e Sacramento. Nesse caso, não foi informada a data de início da destinação de recursos.

Nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo federal destinou R$ 565,4 bilhões para a transição e segurança energética, com destinações de recursos já em andamento.

O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou que o Tribunal de Contas da União (TCU) deve terminar em outubro uma auditoria para esmiuçar o nível de maturidade de iniciativas governamentais para a transição energética no país, incluindo o Novo PAC.

Ação da Nike desaba após previsão de queda em vendas e com avanço de novas marcas

 


Logo da Nike em New York

 

As ações da Nike recuavam 15% nas operações pré-mercado nesta sexta-feira, 28, com a previsão de uma queda nas vendas anuais amplificando preocupações de investidores sobre o ritmo dos esforços da gigante do vestuário esportivo para conter perdas de participação de mercado para marcas emergentes como On e Hoka.

A empresa projetou na quinta-feira uma queda percentual de meio dígito na receita fiscal de 2025, em comparação com as estimativas dos analistas de um aumento de quase 1%, pressionando também ações de rivais e varejistas de roupas esportivas na Europa, Reino Unido e EUA na sexta-feira.

A varejista britânica de roupas esportivas JD Sports chegou a cair 6,6% e a Puma da Alemanha perdeu 4%, enquanto a Adidas ficou estável após subir brevemente quase 2%.

Na visão de Tom Nikic, analista da Wedbush, as ações da Nike podem continuar a ser penalizadas até que novas inovações de produtos realmente comecem a se manifestar e a administração recupere a confiança dos investidores.

A Nike reduziu o número de marcas com excesso de oferta, incluindo o Air Force 1, para conter o agravamento do declínio nas vendas, como parte de um plano de corte de custos de 2 bilhões de dólares lançado no final do ano passado.

A companhia deve lançar este ano uma versão Air Max e Pegasus 41 com entressola de espuma feita de ReactX para aumentar a sustentabilidade, respondendo às preocupações com a estagnação da inovação.

A empresa estava “também acelerando as reduções planejadas para nossas três maiores franquias… embora tenhamos trabalho a fazer, estamos muito focados em dimensionar a novidade para compensar essa redução planejada”, disse o presidente-executivo John Donahoe em uma teleconferência após divulgação de resultados.

Avanço de marcas emergentes

As novas marcas de artigos desportivos, incluindo Hoka, Asics, New Balance e On, representaram 35% da participação de mercado global em 2023, em comparação com os 20% detidos durante o período 2013-2020, de acordo com um relatório de pesquisa da RBC divulgado em junho.

“Eles sabem onde estão os problemas, mas estão tendo problemas agora para gerar demanda e será um período de transição que levará algum tempo em diferentes mercados”, disse David Swartz, analista da Morningstar.

A participação de mercado da Nike nos EUA na categoria de calçados esportivos caiu para 34,97% em 2023, de 35,37% em 2022 e 35,40% em 2021, de acordo com GlobalData.

Equatorial é única a formalizar proposta por Sabesp em privatização, diz fonte

 


Reuters

 

© Reuters

© Reuters

 

(Reuters) -A Equatorial Energia (BVMF:EQTL3) foi a única a formalizar uma proposta pela posição de acionista de referência no processo de privatização da Sabesp (BVMF:SBSP3), informou uma fonte com conhecimento do assunto nesta quarta-feira.

Na semana passada, fontes afirmaram à Reuters que a empresa de saneamento Aegea e a Equatorial estavam entre os investidores interessados na oferta de ações que privatizará a Sabesp.

O Valor Econômico noticiou primeiro a desistência da Aegea, citando fontes, acrescentando que o motivo foi uma das cláusulas da oferta, que impôs a "poison pill", que impede que um sócio se torne majoritário por meio de uma oferta hostil.

O Estado de São Paulo prevê privatizar a Sabesp por meio de um "follow-on" inteiramente secundário realizado em duas etapas. A gestão estadual pretende manter participação minoritária na companhia e encontrar um "investidor estratégico" para adquirir fatia de 15%, que deverá ser mantida até o final de 2029.

Procuradas, a Equatorial e a Aegea não comentaram o assunto.

O Estado de São Paulo, que coordena o processo de desestatização da Sabesp, disse em nota que os finalistas para a tranche prioritária de ações e seus preços só serão divulgados na próxima sexta-feira.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier; reportagem adicional de Andre Romani, Luana Maria Benedito e Patrícia Vilas BoasEdição de Alexandre Caverni)

Juiz aceita pedido de recuperação judicial de construtora Odebrecht Engenharia

 


Antigo logo da Odebrecht, atual Novonor

 

A Justiça de São Paulo aceitou o pedido de recuperação judicial da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), construtora do grupo Novonor (ex-Odebrecht). Com a decisão, todas as cobranças e execuções contra a empresa foram suspensas por 180 dias.

Segundo a empresa, o “foco central é reestruturar US$ 4,6 bilhões em passivos financeiros e operacionais, além de operações antigas dentro do mesmo grupo”.

Ao dar entrada no pedido, a OEC alegou que o setor das grandes construções vem sendo afetado pela redução de investimentos em obras públicas e pela restrição de crédito a empresas do ramo. Os efeitos da Operação Lava Jato e da pandemia da covid-19 também foram citados como causas para o aumento do passivo.

Segundo a empresa, a recuperação judicial é “indispensável” para um “processo célere, organizado e controlado de reestruturação de passivos, reorganização de atividades e readequação de estruturas do grupo”.

Após entregar demonstrativos contábeis, o relatório do passivo e a relação nominal completa dos credores, a OEC teve o pedido foi deferido.

A decisão é do juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2.ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. Ele nomeou uma administradora judicial, que tem 30 dias para apresentar o primeiro relatório.

A OEC afirma que a decisão foi negociada com seus maiores credores financeiros e ocorre no âmbito de uma reorganização financeira que exige um financiamento previsto na lei de recuperação judicial, o debtor in possession (DIP). O valor do empréstimo DIP é de R$ 650 milhões.

A própria Odebrecht entrou em recuperação judicial em 2020. Os processos são independentes.

COM A PALAVRA, A OEC

No dia 27 de junho de 2024, a OEC iniciou etapa formal para reestruturação de passivos e viabilização de aporte de caixa, por meio de recuperação judicial, visando a equalização da sua estrutura de capital. A iniciativa visa permitir o equacionamento da dívida e, ao mesmo tempo, incrementa seu fluxo de caixa dentro de um contexto favorável de retomada dos investimentos no setor de infraestrutura e construção pesada, que já se reflete no novo ciclo de crescimento da companhia.

A reestruturação foi concebida com perímetro restrito ao ambiente Brasil. O processo não afeta a rotina operacional dos contratos em curso ou a execução de novos. Atualmente, a OEC possui 31 obras ativas, sendo 21 no Brasil e 10 no exterior, empregando mais de 15 mil profissionais diretos e indiretos, com uma carteira de projetos assinados de US$ 4,6 bilhões, podendo superar US$ 5 bilhões no presente ano. De 2020 a 2023, a ampliação média anual da carteira de projetos foi de 60%, marca que será superada no exercício atual.

O formato para viabilizar a concessão do crédito por investidor financeiro foi o financiamento na modalidade DIP Financing (debtor-in-possession), um aporte de caixa que ocorre num ambiente protegido sob supervisão judicial. O financiamento em negociação pode chegar a R$ 650 milhões, e será destinado para: (i) equacionar o endividamento existente; (ii) reforçar o fluxo de caixa da OEC; e (iii) fomentar suas atividades, com a injeção de liquidez para financiar projetos, obter garantias e assegurar capital de giro para viabilizar a conquista de novos projetos.

Tendo em vista as negociações prévias com parte expressiva dos principais credores financeiros, a recuperação judicial poderá ser implementada de forma mais célere e controlada, em prazo inferior àquele usualmente necessário em iniciativas desse porte. “O foco central é reestruturar US$ 4,6 Bi em passivos financeiros e operacionais, além de operações antigas dentro do mesmo grupo (intercompany)”, detalha Lucas Cive, CFO da empresa.

“Esta estrutura mostrou-se como a mais apropriada para adequação dos passivos e viabilização de uma captação de novos recursos”, afirma Maurício Cruz Lopes, presidente da OEC. “A iniciativa fortalece a OEC não apenas nos projetos em andamento e na conquista de novos, como também no atendimento a credores e fornecedores”. A formatação da reestruturação e da parceria para aporte de caixa é resultado de um amplo planejamento construído com a participação de algumas das mais experientes assessorias especializadas, como Lazard, Cleary Gottlieb, E. Munhoz Advogados, RK Partners e Stocche Forbes Advogados.


Campos Neto: quando se eleva gasto, sobe a percepção de risco sobre sustentabilidade da dívida

 

Banco Central e o superministro Campos Neto: a granada | Opinião

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira, 28, que as expectativas são muito importantes para a formação de preços e que esse é um tema que ainda não está bem entendido. Ele participa do Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal.

“O canal de expectativas se mostrou cada vez mais importante e presente nas economias modernas. Quando a gente aumenta o gasto público, existe maior percepção de risco sobre a sustentabilidade da dívida. O governo precisa pagar juros cada vez maiores para tornar essa dívida atrativa. Você tem aquele aumento do prêmio de risco que leva a aumento dos juros futuros”, disse.

Ele prosseguiu avaliando que quando há uma percepção de desconfiança sobre as contas públicas, isso também gera uma desancoragem, presente nas expectativas de inflação e juro longo. “É a partir das expectativas de inflação que empresas e famílias tomam decisões de investimento e poupança e que mercados definem preços”, observou.

Para o presidente do BC, as expectativas são variáveis fundamentais no regime de metas de inflação. “Por isso a importância da ancoragem das expectativas de inflação, tornando o ambiente econômico mais estável, previsível e atrativo aos investidores”, afirmou.

Para ele, os governos e bancos centrais devem atuar juntos para fortalecer fundamentos macroeconômicos, com políticas críveis. O papel do governo seria de facilitador do investimento privado, fortalecendo o livre mercado. “Intervenções públicas sobre a economia geram distorções, ineficiência na alocação de recursos e menor crescimento”, pontuou.

O presidente do BC defendeu que a sustentabilidade fiscal é fundamental para estabilidade de preços e redução de juros. “Embora aumento de gastos do governo tenham benefícios iniciais, os custos a serem pagos no longo prazo são altos e impactam negativamente o investimento e crescimento”, afirmou.

Para ele, o crescimento sustentável precisa de mais investimento e menos consumo e investimento privado consciente.

Ele ainda alertou que conviveremos com um período mais juros e mais dívida por mais tempo globalmente, ainda um reflexo dos gastos maiores no período da pandemia da covid-19. Isso aumenta a fragilidade de mercados e exige uma atenção especial para sustentabilidade da dívida pública.

Intervenção de governos via crédito subsidiado

O presidente do Banco Central também afirmou que a intervenção de governos via crédito subsidiado beneficia empresas maiores, mas que nem sempre isso é feito de forma mais eficiente. “Quando o governo entra muito em crédito subsidiado, não tem efeito tão eficaz para investimento”, disse.

Campos Neto lembrou que quando o crédito subsidiado cresce muito, gera um efeito sobre a taxa neutra de juros. Ele observou que o BC recentemente revisou essa taxa no Brasil e que vários países estão discutindo o tema.

Os comentários foram feitos na esteira de uma constatação de que o mercado de capitais tem importância para melhorar a eficiência de alocação de recursos. “Governos e bancos centrais precisam deixar claro que os mercados têm de operar de formas mais livres”, disse.

Ele também apontou que é um problema quando setor público é muito grande no mercado, porque tira informação do preço. “Os preços são importantes para quem faz política econômica entender de onde está vindo o problema”, disse.