segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Padilha diz que governo fará esforço concentrado para aprovar tributária e fechar desoneração

 

Deputado Federal Alexandre Padilha - Portal da Câmara dos ...

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o governo busca avançar nesta semana a votação do segundo projeto da regulamentação da reforma tributária e avançar no acordo para compensar a renúncia fiscal com a desoneração da folha de pagamento de 17 setores econômicos e de pequenas e médias prefeituras beneficiados pela medida, com a volta dos trabalhos no Legislativo. De acordo com o ministro, a expectativa é de votar o segundo projeto de regulamentação da tributária nos próximos dias na Câmara.

A declaração do ministro se deu após reunião que ocorreu na manhã desta segunda-feira, 12, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e líderes do governo no Congresso. Participaram, além de Padilha, os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Laércio Portela (Secom).

A agenda foi de coordenação do governo para organizar a semana, com o retorno das atividades na Câmara e no Senado. De acordo com o ministro, Lula reforçou que não só a coordenação política e os líderes, como os ministros também devem ter interlocução com o Congresso para garantir o esforço concentrado na aprovação das pautas econômicas.

“A expectativa que o governo tem dessa semana do esforço concentrado da Câmara e do Senado é que a gente continue avançando nas pautas que ajudam o Brasil a manter essa retomada do crescimento econômico, a redução do desemprego, o controle da inflação”, comentou Padilha a jornalistas. “Que a gente possa votar, esta semana ainda, o segundo projeto de lei da regulamentação da reforma tributária, que está na Câmara, que teve uma discussão bastante rica durante o primeiro semestre.”

Segundo Padilha, já há um acordo entre os líderes sobre o projeto de regulamentação da reforma tributária. “Vamos trabalhar para votar esta semana”, reforçou. Na Câmara, o ministro também deu destaque para a conclusão da votação da Medida Provisória (MP) do Programa Acredita.

Já no Senado, o chefe das Relações Institucionais disse que as prioridades são o projeto de lei (PL) dos “combustíveis do futuro”, o programa de apoio à transição energética e todo o debate sobre o mercado de crédito de carbono. “Prioridade absoluta nossa”, comentou.

O ministro também comentou sobre a discussão com o Senado para compensar a renúncia fiscal com a desoneração da folha de pagamento de 17 setores econômicos e de pequenas e médias prefeituras beneficiadas pela medida.

Segundo Padilha, com a volta dos trabalhos no Senado, a expectativa é que a discussão avance. “Nós estamos incorporando todas as sugestões feitas pelo Senado. A ideia é que todas as sugestões sejam incorporadas no relatório do senador Jaques Wagner”, comentou.

Como mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na semana passada, o governo avançou na discussão do tema, mas só quer fechar um acordo depois de acertar também com a Câmara dos Deputados. Nesta segunda-feira, Padilha confirmou que a articulação sobre o projeto não deve ser só com o Senado, mas também com a Câmara sobre qualquer tipo de mudança.

Governo deve rever crescimento do PIB para acima de 2,5%, diz Haddad

 


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento do G20 no Rio de Janeiro

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que a pasta deve elevar em breve sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto em 2024, atualmente em 2,5%.

A afirmação foi feita em evento da Warren Investimentos, do qual Haddad participou virtualmente.

No mês passado, o ministro já havia afirmado que a projeção deveria ser revista para cima, mas o ministério atualizou seus parâmetros macroeconômicos em seguida mantendo o dado em 2,5%, após Haddad ter dito que pediu cautela à área técnica, apesar de dados econômicos que considerava positivos.

Empresa de patinetes elétricos Whoosh anuncia plano de R$ 50 milhões para operar em SP até fim do ano

 


Patinetes elétricos da empresa Whoosh (Crédito: Divulgação/Whoosh )

 

A Whoosh, empresa multinacional de micromobilidade, anunciou investimentos de R$ 50 milhões em expansão de suas atividades para a cidade de São Paulo. Atualmente, a companhia disponibiliza patinetes elétricos em Florianópolis, Porto Alegre e Rio de Janeiro e informa 300 mil clientes já ativos nas três capitais.

“Nosso objetivo em desembarcar nossas patinetes em São Paulo, ainda em 2024, é trazer a mobilidade sustentável e eficiente para um número crescente de brasileiros”, afirma o CEO da Whoosh Brasil, Francisco Forbes.

A nova soma será a maior já investida em uma única cidade pela empresa, que já colocou mais de R$ 70 milhões em sua operação no Brasil. A segunda cidade com maiores investimentos foi o Rio de Janeiro, com R$40 milhões.

A estratégia na capital paulista envolverá conectar os patinetes ao sistema de transporte público, principalmente ao Metrô de São Paulo. Os pontos exatos no entanto ainda estão em discussão com a prefeitura da cidade.

“Nossas patinetes desempenham um papel crucial na redução do trânsito, diminuição da poluição sonora e mitigação do efeito de calor urbano. Isso torna as cidades mais agradáveis e melhora a qualidade de vida dos cidadãos de forma geral”, defende o CEO sobre a conexão com o governo local.

Como é o serviço

O aluguel dos patinetes, com funcionamento de 24 horas por dia, tem custo de R$ 2 para desbloqueio do equipamento, mais R$ 0,80 por minuto de uso. O pagamento é feito via cartão de crédito ou Pix. Para acessar, é necessário baixar o aplicativo da Whoosh, disponível para Android e IOs.

A empresa desembarcou primeiro em Porto Alegre, em outubro de 2023. De lá pra cá, foram realizadas 23.914 corridas na capital gaúcha, por mais de 80 mil usuários, totalizando mais de 1 milhão de quilômetros rodados. No Rio de Janeiro, a empresa desembarcou em junho e registrou mais de 50 mil viagens por 20 mil usuários em menos de um mês.

Outras empresas se deram mal no país

A Whoosh não é a primeira companhia a instalar patinetes na paisagem urbana de São Paulo. Entre as empresas que tentaram e falharam estão:

  • A estadunidense Lime, que desembarcou do país em 2020 e seis meses após chegar, suspendeu as operações no contexto da pandemia
  • A Grow, surgida da fusão da Yellow e da Grin em 2019, que teve falência decretada em 2023, após três anos de um processo de recuperação judicial

As dificuldades em geral passam pelos custos com manutenção dos equipamentos, constantes de furtos e vandalismo. Além disso, há as complicações devido a acidentes de trânsito, que incluem até mortes.

A estratégia da Whoosh

Para contornar os problemas de segurança dos equipamentos, a Whoosh aposta em uma equipe de monitoramento 24 horas. “Os agentes de campo estarão ativos em toda a cidade”, afirma, em nota.

Já para proteger o usuário, são feitas campanhas de educação no trânsito em parceria com prefeituras e autoridades de trânsito locais. A empresa afirma também que exige que, antes do primeiro aluguel, os usuários consultem um material educativo sobre as regras de uso do equipamento no trânsito.

Os patinetes tem ainda um limite de velocidade de 20 quilômetros por hora e um sistema que busca reduzir a velocidade automaticamente em vias congestionadas. O veículo também não está liberado para circular em todos os lugares e, caso saia das rotas permitidas, emite um aviso sonoro e trava automaticamente.

Scotiabank compra fatia de 14,9% na KeyCorp, por US$ 2,8 bilhões

 


O banco canadense Scotiabank fechou um acordo para a compra de uma fatia de 14,9% na KeyCorp, por US$ 2,8 bilhões, como parte de uma estratégia para fortalecer sua presença nos EUA.

A KeyCorp, holding com sede em Cleveland, Ohio, opera cerca de 1.000 agências em 15 estados americanos e possui US$ 187 bilhões em ativos. A empresa oferece serviços bancários comerciais e de varejo, assim como consultoria e serviços de investimento.

Embora não atue em varejo nos EUA, o Scotiabank opera no mercado americano por meio de seus braços de serviços financeiros.

Em comunicado nesta segunda-feira, o Scotiabank detalhou que pagará US$ 17,17 por ação para assumir a participação na KeyCorp em duas etapas, começando com uma fatia inicial de 4,9% no final de agosto.

A expectativa é que a segunda parte do investimento seja concluída após aprovação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e cumprimento de outras condições até o primeiro trimestre de 2025.

Em Nova York, a ação da KeyCorp saltava 12,8% às 11h07 (de Brasília), enquanto a do Scotiabank (que é listado como Bank of Nova Scotia na Nyse e em Toronto) caía 4,3%.

Fundos imobiliários de papel são destaque entre maiores retornos em 2024; veja ranking

 


Pessoa em frente a prédio em construção no Rio de Janeiro

Os fundos de investimento imobiliário (FIIs) “de papel” foram o destaque durante os primeiros sete meses do ano, apontam especialistas e um levantamento exclusivo feito a pedido do site IstoÉ Dinheiro.

FII de papel é a nomenclatura informal para os fundos que investem em outros ativos de investimento imobiliário, ou seja, em seu portfólio estão Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ou fundos de fundos. Também podem ser chamados de FIIs de títulos e valores mobiliários (TVM).

Já fundos de tijolo tiram seus rendimentos de imóveis físicos, incluindo shoppings, lajes corporativas e galpões de logística. Há ainda fundos de características híbridas.

“Quando você tem uma Selic mais alta você tem uma tendência de maior de volatilidade, uma fuga do investidor dos fundos de tijolo”, explica o responsável por fundos imobiliários da Nomos, Tiago Waldeck. “Eles vão para onde tem uma segurança maior, seja para renda fixa ou fundos de recebíveis, que vão receber dividendos maiores.”

Confira os destaques dos fundos imobiliários em 2024 até o último dia 8 de agosto, segundo levantamento feito por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria. Os dados consideram o “total return”, ou seja, o retorno com valorização e reinvestimento de dividendos dos ativos:

Cenário de incerteza para os FIIs

Economista e investidor da Corano Capital, Bruno Corano afirma que os FIIs prosperaram nos últimos anos, porém o cenário pode mudar devido a fatores de crise que se avolumam para as finanças.

“A gente tem hoje uma economia global altamente endividada, juros altos em várias partes do mundo que concorrem com os brasileiros, a economia americana em desaceleração e conflitos geopolíticos”, lista.

Corano destaca também fatores internos à economia brasileira. “A lição de casa interna não vem sendo feita”, diz. “O Brasil tem uma ineficiência fiscal explícita, e os cortes anunciados de R$ 15 bilhões são absolutamente insuficientes.”

O economista destaca no entanto que há fundos que podem aguentar melhor o cenário de crise. “Depende da avaliação papel a papel. Tem FIIs que são mais instáveis ou não estão tão bem lastreados.”

Sobre o ranking, o gestor afirma também que é importante avaliar o retorno dos FIIs em relação à inflação e ao benchmarking de cada um para saber se o resultado foi de fato satisfatório.

Juros altos favorecem FIIs de papel

As incertezas, ao pressionar os juros para cima, acabam por favorecer os fundos imobiliários que investem em outros ativos financeiros. “Eles são mais defensivos. Historicamente eles têm uma volatilidade menor e distribuem um dividendo um pouco maior”, afirma Waldeck.

Waldeck destaca porém que é preciso avaliar se os ativos na carteira destes fundos são de fato resilientes. Por isso, afirma que sua gestora busca apenas fundos que investem em títulos high grade, ou seja, classificados por agências de risco como com baixo potencial de calote.

O analista de investimentos também aponta para a importância de diversificar a carteira de investimentos e comprar também bons FIIs que possuem na carteira imóveis físicos.

“Tem bons fundos de tijolo como shoppings e galpões que pagam bons proventos onde você consegue ter um ganho de capital”, diz. “Estamos alocando em fundos de qualidade de tijolos que vão trazer um retorno de capital pra gente no médio e longo prazo.”

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Congresso diz que Dino ‘extrapolou’, pede que STF libere emendas e quer nas mãos de Moraes

 

 Flávio Dino

 

 

O Congresso pediu ao Supremo Tribunal Federal que revogue decisão do ministro Flávio Dino que estabeleceu critérios para o pagamento do espólio orçamento secreto – esquema revelado pelo Estadão – e impôs transparência e rastreabilidade como condição para o pagamento de emendas de comissão. Para o Senado, a decisão foi tomada com base em “premissas equivocadas” e extrapolou o julgamento da Corte máxima que deu fim ao orçamento secreto. Os parlamentares querem inclusive que parte da ação seja tirada de Dino e redistribuída ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

O recurso foi assinado nesta quinta-feira, 8, e questiona em especial dois pontos da decisão de Dino: a determinação de que todas as emendas devem ter “absoluta vinculação federativa” – quando um parlamentar só pode indicar os repasses para o Estado pelo qual foi eleito; e a suspensão de pagamentos que não sigam “prévia e total transparência e rastreabilidade”.

De acordo com o Senado, a imposição sobre a “vinculação federativa” acaba por “restringir indevidamente o caráter nacional” do mandato de deputados e senadores. Já a ordem para barrar repasses do espólio do orçamento secreto sem transparência “prejudica os destinatários das políticas públicas”, alegam os parlamentares sob a indicação de que já adotaram as medidas para garantir a rastreabilidade dos pagamentos.

Para o Congresso, os pedidos que levaram Dino a proferir a decisão, na quinta-feira passada, implicaram em um despacho que “extrapola” o julgamento do STF sobre o orçamento secreto, estipulando, de forma monocrática, “novas e amplas obrigações para o Poder Legislativo”. Os parlamentares pedem inclusive que os trechos da ação que não tratam das emendas de relator – mecanismo principal do orçamento secreto – sejam tirados das mãos de Dino.

O argumento é o de que a decisão do STF que deu fim ao esquema revelado pelo Estadão versou somente sobre as chamadas RP9, sendo que o despacho de Dino versou também sobre as emendas de comissão. O Congresso sustenta que já tramita no gabinete de Moraes um processo que teria conexão com o questionamento sobre as emendas de comissão e, por isso, tal trecho do processo tem de ser redistribuído.

Para Dino, as emendas de comissão estão sendo divididas sem publicidade sobre os critérios de divisão dos recursos e sobre quais parlamentares indicaram as verbas para cada projeto, obra ou município. Por essa falta de controle e transparência, elas são abarcadas pelo comando da Corte máxima.

O Congresso contesta a alegação, argumentando que a discussão e aprovação de tais emendas “se dão de forma pública, no âmbito de reunião deliberativa específica”. Segundo o parlamento, “inexiste qualquer elemento de ‘orçamento secreto’ no que diz respeito à aprovação das emendas apresentadas pelas comissões da Câmara e do Senado”.

A alegação acaba por contrariar as informações prestadas pela Câmara durante a reunião técnica que discutiu a consolidação das informações sobre o orçamento secreto. Na ocasião, a Casa disse que “não tem como colaborar” com os dados dos “patrocinadores” das emendas de comissão. O argumento é o de que a “figura do patrocinador” das emendas de comissão “não existe” na Casa. “Tem a informação nas atas parlamentares que indicam as emendas de comissão, mas não para quais beneficiários são destinadas”, sustenta a Câmara ao STF.

Durante a audiência, os representantes da Câmara dos Deputados também argumentaram que as Comissões da Casa publicam atas sobre a aprovação das emendas, que trariam informações sobre “os parlamentares que indicam as emendas de comissão”.

Estas indicações, no entanto, se referem a emendas genéricas, de abrangência nacional e de valor relativamente alto. Cada comissão tem direito a oito emendas, sendo quatro de apropriação (isto, indicando recursos). Dizem apenas em qual ação orçamentária o dinheiro será usado, sem detalhar qual obra, projeto ou município receberá qual montante.

Dólar fecha semana com queda acumulada de 3,43%, cotado a R$ 5,51; Ibovespa sobe

 


Esta é a menor cotação da moeda desde 17 de julho, enquanto principal índice da B3 acumula alta semanal de 3,8% na semana e encerra dia no maior patamar desde fevereiro

 

 

notas de dolar enroladas

O dólar à vista emplacou nesta sexta-feira, 9, a quarta sessão consecutiva de queda ante o real, chegando a oscilar abaixo dos R$ 5,50 durante o dia, com as cotações refletindo novamente a busca por ativos de risco em todo o mundo.

A moeda norte-americana à vista fechou o dia em queda de 1,05%, cotada a R$ 5,5151. Esta é a menor cotação de fechamento desde 17 de julho, quando encerrou em R$ 5,4850. Veja cotações.

Com o recuo dos últimos quatro dias, o dólar à vista acumulou baixa de 3,43% na semana. Foi a primeira queda semanal após três semanas consecutivas de ganhos.

Às 17h05, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,38%, a R$ 5,5285 na venda.

E o Ibovespa engatou a quarta alta consecutiva nesta sexta-feira e fechou na máxima desde o final de fevereiro, acima de 130 mil pontos, em meio à repercussão de uma bateria de balanços corporativos, com Vivara e Lojas Renner entre os maiores ganhos após resultados trimestrais acima das expectativas de analistas.

Na contramão, Petrobras encerrou em baixa, um dia após reportar o primeiro prejuízo trimestral em quase quatro anos, além de ter cortado previsão de investimentos e anunciado R$ 13,57 bilhões em remuneração a acionistas, utilizando para o pagamento R$ 6,4 bilhões das reservas de capital.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou em alta de 1,52%, a 130.614,59 pontos, maior patamar de fechamento desde 27 de fevereiro (131.689,37), acumulando um acréscimo de 3,78% na semana, após três semanas acumulando sinal negativo.

Na máxima do dia, chegou a 130.631,17 pontos. Na mínima, a 128.661,52 pontos. O volume financeiro no pregão somou R$ 26,6 bilhões.

O dólar no dia

A semana foi marcada por forte volatilidade nos mercados globais, que se refletiu nos negócios também no Brasil. Na segunda-feira, os receios de que os EUA possam estar a caminho de uma recessão fizeram o dólar chegar a ser cotado a 5,86 reais durante o dia.

Desde terça-feira, no entanto, novos dados sobre a economia norte-americana reduziram a expectativa por uma recessão iminente nos EUA, o que fez os investidores retomarem a busca por ativos de maior risco, como ações e moedas de países emergentes como o real, o peso chileno e o peso mexicano.

O enfraquecimento do iene ante o dólar em sessões anteriores era outro fator, apontado por profissionais do mercado, para que as moedas de emergentes como o real tenham se fortalecido nos últimos dias. O movimento interrompeu desmontagens de operações de carry trade que, nas últimas semanas, vinham penalizando as divisas de emergentes.

No carry trade, investidores tomam recursos em países como o Japão, onde as taxas de juros são baixas, e reinvestem em países como o Brasil, onde a taxa de juros é maior. Na desmontagem destas operações, o real vinha sendo penalizado.

Nesta sexta-feira, a busca por risco deu novamente o tom nos mercados globais, o que fez o dólar cair ante a maioria das demais divisas.

“Iniciamos a semana com um sentimento muito ruim em relação à recessão nos EUA, mas isso deu uma normalizada, o que se reflete nos juros e no câmbio”, comentou durante a tarde Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, ao avaliar a queda firme do dólar ante o real e o fechamento da curva de juros brasileira nesta sexta.

“Por mais que ainda tenha problemas fiscais, o Brasil ainda é um país com entrada de capital estrangeiro”, acrescentou.

Neste cenário, o dólar oscilou em baixa durante toda a sessão. Após marcar a cotação máxima de 5,5552 reais (-0,33%) às 9h05, pouco depois da abertura, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,4917 reais (-1,47%) às 14h19. Depois de tocar abaixo dos 5,50 reais, no entanto, a moeda recuperou um pouco de força.

A baixa firme do dólar era vista também no exterior em relação às divisas de países emergentes e ante uma cesta de moedas fortes. Às 17h22 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,14%, a 103,140.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.

Também pela manhã, com efeitos reduzidos no câmbio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o índice oficial de inflação, o IPCA, subiu 0,38% em julho, registrando a maior taxa desde fevereiro, após alta de 0,21% em junho. No acumulado de 12 meses até julho, o IPCA teve alta de 4,50%, ficando no teto da meta de inflação do Banco Central.

Os números vieram um pouco acima das expectativas apontadas por economistas em pesquisa da Reuters, de aumento de 0,35% em julho e de alta de 4,47% em 12 meses.

O dia do Ibovespa

O cenário externo favorável a ativos de risco endossou a performance das ações brasileiras, com alta nos pregões em Wall Street, recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, avanço do petróleo. A queda do dólar ante o real e o alívio na curva de juros no Brasil reforçaram o tom positivo.

A equipe da Santander Asset Management afirmou que segue com posicionamento neutro na bolsa brasileira, conforme carta mensal enviada a clientes.

Eles avaliam que tanto o valuation das empresas como as projeções de lucros seguem construtivos, podendo sustentar uma eventual alta do Ibovespa. No entanto, ponderam que o patamar elevado de juros no Brasil e nos EUA retira a atratividade por investimentos em ativos de risco.

“Ainda não observamos um fluxo relevante do investidor estrangeiro na bolsa local e seguimos com poucos gatilhos que possam impactar positivamente o Ibovespa no curto prazo”, afirmaram, chamando ainda a atenção para incertezas em relação à política fiscal.

Na pauta doméstica, o IPCA acelerou mais do que o previsto no mês passado, com alta de 0,38%, colocando a taxa em 12 meses em 4,50%, no limite da meta de inflação perseguida pelo Banco Central, o que referenda perspectivas de manutenção da taxa Selic em patamar restritivo, com risco de aumento.

Para o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, o IPCA contribui para a percepção de que o processo desinflacionário no Brasil será, de fato, mais desafiador e reforça a cautela externalizada pelo Banco Central, bem como a expectativa de que a Selic permaneça em 10,5% até o fim do ano.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN caiu 0,92%, após prejuízo líquido de 2,6 bilhões de reais no segundo trimestre, seu primeiro resultado negativo desde o terceiro trimestre de 2020, principalmente por impactos tributários e cambiais. Em termos recorrentes, teve lucro de 15,7 bilhões de reais, abaixo do esperado no mercado. A Petrobras também cortou previsão para investimentos em 2024, mas sem efeito na curva de produção. Analistas do UBS BB chamaram a atenção para o uso da reserva de capital para o pagamento de dividendos ordinários, avaliando que tira referência para previsões e adiciona incerteza sobre yields. O CFO da companhia disse que a estatal poderá distribuir dividendos extraordinários ao fim do ano se o caixa ficar acima do necessário para a empresa.

– VIVARA ON disparou 7,38%, marcando uma máxima desde meados de março, tendo no radar resultado do segundo trimestre com lucro líquido de 210,96 milhões de reais, quase o dobro do montante registrado um ano antes e maior do que projeções no mercado. A companhia também reportou uma expansão de 23,9% no Ebitda ajustado, para 164 milhões de reais, com a margem nessa métrica passando de 23,6% para 25%.

– LOJAS RENNER ON saltou 6,55%, alcançando uma máxima em três meses, reagindo ao lucro líquido de 315 milhões de reais no segundo trimestre, que superou as previsões de analistas. As vendas no conceito mesmas lojas cresceram 2,7% ante tombo de 6,8% no segundo trimestre de 2023.

– B3 ON avançou 5,9%, um dia após reportar lucro líquido recorrente de 1,23 bilhão de reais nos meses de abril a junho deste ano, alta de 5% ano a ano, contra expectativa média de analistas consultados pela LSEG de lucro de 1,17 bilhão de reais no período. A receita líquida cresceu 10,2%. A companhia ampliou programa de recompra em até 110 milhões de ações.

– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 2,7%, em sessão positiva para o setor no Ibovespa, com BANCO DO BRASIL ON valorizando-se 1,37% e SANTANDER BRASIL UNIT fechando em alta de 1,38%. BRADESCO PN avançou 2,46%, tendo ainda como pano de fundo acordo com a John Deere Brasil S.A, que prevê um aporte de capital para deter 50% de participação do Banco John Deere, a fim de fortalecer seu posicionamento nos setores de agronegócio e construção. BTG PACTUAL UNIT, que divulga balanço na próxima semana, encerrou com acréscimo de 0,35%.

– CYRELA ON ganhou 5,42%, após a construtora divulgar avanço de 47% no lucro líquido do segundo trimestre em relação ao reportado no mesmo período do ano passado, para 412 milhões de reais, acima das previsões de analistas. O CFO da companhia disse que a Cyrela tem observado uma alta nos custos de construção, tema que é visto com preocupação pela liderança, mas isso não deve impactar as margens futuras.

– ALPARGATAS PN cedeu 4,35%, mesmo após divulgar lucro líquido de operações continuadas de 23,4 milhões de reais no segundo trimestre, revertendo prejuízo apurado um ano antes.

– YDUQS ON recuou 3,46%, após divulgar uma queda de 22,5% no lucro líquido do segundo trimestre em relação ao apurado no mesmo período do ano passado, para 24,8 milhões de reais. Excluindo efeitos não recorrentes, o lucro subiu 9,1%.

– ASSAÍ ON perdeu 1,72%, enquanto agentes analisavam o balanço do segundo trimestre, que mostrou queda de 21,2% no lucro líquido do segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, para 123 milhões de reais.

– VALE ON terminou com variação positiva de 0,37%, seguindo o tom mais positivo na B3, em dia de desempenho misto do minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais negociado em Dalian, na China, fechou com acréscimo de 0,27%, enquanto o vencimento de referência em Cingapura caiu 0,78%