Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Brasília,
27 – O Brasil poderá exportar erva-mate, DDGs (grãos secos de
destilaria, subproduto do etanol de milho) e ração compactada de feno
para novos mercados, informaram os Ministérios da Agricultura e das
Relações Exteriores, em nota conjunta. As aprovações sanitárias foram
recebidas pelo governo brasileiro nesta sexta-feira, 27.
“Essas
aberturas de mercado contribuirão para aumentar o fluxo comercial com
esses três importantes destinos e reafirmam a confiança internacional no
sistema de controle sanitário do Brasil”, destacaram as pastas.
Angola
e Coreia do Sul abriram seus mercados para a erva-mate brasileira. A
Rússia autorizou a entrada de embriões ovinos do Brasil.
O Reino
Unido e o México liberaram a importação de DDGs do Brasil. Para o
México, o Brasil poderá exportar também farinha e “pellets” (ração
compactada) de feno para alimentação animal.
Além
disso, Angola, Coreia do Sul, México e Reino Unido deram aval para flor
seca de cravo da Índia e fibra de coco do Brasil – utilizado na
indústria da construção e da manufatura.
No ano, o País acumula 138 aberturas de mercado para produtos agropecuários, chegando a 216 desde 2023.
São
Paulo, 27 – A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo assinou, na noite de da quinta-feira, 26, protocolo de
intenções com o Instituto Presbiteriano Mackenzie com o objetivo de
incrementar a pesquisa agrícola paulista e desenvolver o setor
agropecuário.
Entre as ações previstas estão um projeto de
qualificação e formação especializada de estudantes universitários para
atender as demandas do setor agrícola e a transferência de conhecimento
por meio de estágio, disse a pasta em nota.
Conduzir
a empresa ao protagonismo na produção de metais que farão a transição
energética, com a sustentabilidade integrada aos processos, e buscar
novos mercados para reduzir a dependência da economia chinesa estão
entre as prioridades de Gustavo Pimenta, novo CEO da empresa
Gustavo Pimenta, CEO da Vale (Crédito: José Palma)
Editora Trêsi
Por Regina Pitoscia
Gustavo Pimenta é
um mineiro de 46 anos, casado, pai de dois filhos e torcedor do
Atlético Mineiro. O perfil poderia ser o de um cidadão comum, mas não é.
Em 1º de outubro ele assume a posição de presidente da Vale, a terceira maior empresa privada do País e uma das maiores mineradoras do planeta. A posse antecipada em
três meses demonstra seu prestígio junto ao Conselho de Administração,
que aprovou seu nome por unanimidade e tratou de encurtar o processo de
sucessão, como forma de fazer frente às pressões políticas de grosso
calibre. O presidente Lula tentou sem sucesso emplacar Guido Mantega, ministro da Fazenda em seus dois primeiros mandatos, no comando ou como conselheiro da companhia.
A
mineradora trata o tema com tranquilidade. Afirma que o executivo foi
eleito após um rigoroso processo de seleção, calcado em padrões
internacionais e seguindo o Estatuto Social da empresa, as políticas
corporativas, o regulamento interno e a legislação cabível. Tudo dentro
de “alto nível de integridade, transparência e robustez da governança da
Vale”.
O currículo de Pimenta, que contempla experiência
global nos setores financeiro, de energia e mineração em grandes
empresas, e sua atuação na empresa, desde 2021, como vice-presidente
executivo de finanças e relações com os investidores,
permitiram tratar de assuntos centrais a questões espinhosas da Vale e o
credenciam para o cargo. A antecipação de sua posse sinaliza que ele
está preparado e traz segurança. Como vem de dentro, não terá de passar
por períodos de adaptação. A vida da empresa deve passar a fluir melhor.
Mas nem por isso espera-se que ele vá navegar por águas calmas. • Ao
contrário, de imediato terá de colocar um ponto final a um capítulo
triste e trágico na história da Vale, que se arrasta por quase nove
anos: o rompimento da barragem do Fundão em Mariana, em novembro de
2015, que causou mortes – além de prejuízos ambientais incalculáveis (a
Vale era sócia do empreendimento). • Agora, empresa e governo parecem estar prestes a fechar um acordo de repactuação da reparação dos danos. • O governo espera receber, no mínimo, R$ 100 bilhões no prazo de 12 anos. • Mas
as condições não estão costuradas, porque a companhia ofereceu um valor
inferior e propôs um prazo de liquidação mais elástico, de 20 anos.
Especialistas
não consideram essa dívida uma preocupação do ponto de vista
financeiro, já que a empresa tem histórico de boas condições de caixa e
não deverá ter problemas em quitar os pagamentos. Entendem, no entanto,
que o acerto já passou da hora pelo passivo de imagem que isso traz à
companhia diante do mercado, de investidores e do próprio governo. “A
finalização dessa questão pode ser vista como um ponto de partida para o
retorno de novos investimentos na Vale nos próximos anos”, afirma Bruno Carlos de Souza, doutor em controladoria e ciências contábeis e CEO da consultoria Souza Maas.
As
questões dos passivos ambientais, relativos tanto a Mariana como a
Brumadinho (barragem que se rompeu em 2019), não são riscos relevantes
na opinião de João Daronco, analista da Suno. Ele é um
especialista no tema desde a época de faculdade, sua tese versa sobre
barragens de minério de ferro. Segundo ele, a Vale vem fazendo pesados
investimentos no descomissionamento das barragens, quer dizer,
construindo novas estruturas de modo a torná-las mais seguras e evitar
novos desastres. “Vejo a empresa preocupada com esse aspecto, mais
bem preparada e embasada cientificamente com o objetivo de reduzir esse
tipo de risco nos últimos anos. Mas ele ainda existe, porque são
barragens construídas há décadas e o processo não é simples.”
Outro assunto urgente e que deve ser definido até o fim do ano refere-se às negociações,
também com o governo, para a renovação da concessão de ferrovias. A
discussão gira em torno de R$ 10 bilhões para a manutenção de contratos
que permitam o escoamento de seus produtos sem entraves. Como se vê,
existe uma necessidade premente para que Pimenta e sua direção crie
canais de interlocução com o governo de forma a garantir andamento dos
negócios da companhia.
“Ele
vai precisar de um jogo de cintura para lidar com o governo, porque a
atividade de mineração depende de concessões públicas, ambientais, de
exploração e operação de ferrovias, e acredito que ele tenha essa
habilidade”, afirma Rafael Panonko, consultor independente.
Até porque algumas arestas devem ser aparadas com o próprio presidente
Lula, que não consegue mais influenciar como gostaria nas decisões
internas da companhia, como já foi no assado.
A Vale não tem um acionista majoritário que concentre o poder de tomadas unilaterais de decisão: • 91,3% do capital da empresa está nas mãos do setor privado, • e 8,7% pertencem ao fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ. • Além do que 73% estão pulverizados entre acionistas na bolsa de valores.
O RISCO CHINA
A
maior ameaça às operações e resultados da companhia vem da China, seu
principal e maior comprador do minério de ferro. Panonko estima que mais ou menos 50% da produção da Vale é consumida pelos chineses especialmente
na construção civil. Como a atividade econômica do país asiático vem
desacelerando nos últimos dois anos, com empresas do setor imobiliário
em situação difícil, a incerteza é grande em relação aos desdobramentos
para a companhia brasileira.
Paulo Vicente, doutor em Administração de Empresas, mestre em Administração Pública e professor da Fundação Dom Cabral,
alerta que metade do aço produzido no mundo vem dos chineses. “Se a
China entra em crise, todo mundo entra em crise, se ela espirrar é
preciso dizer saúde!”
O professor explica que a população chinesa
parou de crescer, está na descendente. De 1,4 bilhão de pessoas,
atualmente, o país deve chegar a 600 milhões até o fim deste século. “As
mulheres pararam de ter filhos, com um encolhimento muito forte da
população. E aí não haverá mais tanta necessidade de projetos de
infraestrutura nem de casas, com queda na demanda de ferro.” Além
disso, o professor pontua que a China está ficando cada vez mais
beligerante e agressiva com seus vizinhos. De uma hora para outra,
poderá entrar em guerra com um deles. Taiwan e Filipinas são dois alvos possíveis.
Tanto Daronco, da Suno, como Panonko acreditam que esse risco está superdimensionado. É clara a dependência da Vale em relação à China,
concordam todos eles, mas o analista da Suno afirma que hoje há uma
migração no consumo de aço pela China – de vergalhões usados na
construção para aço plano, empregado na produção no setor automotivo,
bens de consumo, geladeira e eletrodomésticos entre outros. “Pode haver um impacto sim nos resultados da empresa, mas marginal”, pondera Daronco.
Para
contornar e neutralizar eventual queda da economia chinesa, o professor
da FDC acredita que a saída é a Vale encontrar novos clientes
potenciais. “Para reduzir o risco, é preciso diversificar o
portfólio de cliente. Mas onde se achará outra China? Não tem. Tem a
Índia, que está crescendo, mas ela terá de promover uma reurbanização e
não será o que a China foi nos últimos 25, 30 anos.”
O
crescimento do PIB chinês em 2024 deve ficar em 4,9%. Em2025, será de
4,4%. Depois, deve ficar ao redor de 4%, nos cálculos da economista e consultora da Tendências Yasmin Riveli.
São números mais baixos do que os registrados pelo país entre 2021 e
2019 (acima de 7% ao ano). Ela relata que as mineradoras surfaram e
foram beneficiadas pelas altas ondas de crescimento chinês, e chama a
atenção para outro fator de relevância para a Vale: a produção do minério de ferro de qualidade.
Especialmente o minério de ferro extraído de Carajás, no Pará, é de
muito boa qualidade, acima da média de mercado de 62%. E,
principalmente, como é compatível com métodos de produção mais limpos,
essa extração exige menos carvão para a produção de ferro e aço. Por
isso mesmo, sua demanda tem potencial de crescimento. É mais indicado na
transição energética.
Esse diferencial coloca a Vale e o País em vantagem competitiva em relação à Austrália,
que tem as maiores mineradoras, mas conta com um minério de ferro de
qualidade inferior. Daronco aponta para o desafio de longo prazo para a
Vale é ajustar sua dinâmica de atuação: entrar em novos mercados, que
estão na Ásia, como Índia e Indonésia.
A Austrália leva vantagem na logística pela
proximidade geográfica com esses países, mas a Vale deve ganhar na
qualidade de sua commodity e cobrar um prêmio por isso – o que tende a
influenciar os seus resultados.
Para a transição energética, a Vale já se encontra bem posicionada em dois dos principais metais – ferro e níquel –,
pontua Vicente, da FDC. Mas terá de olhar ainda para o lítio e cobalto
usados em baterias, além de cobre, que vai nos condutores. Também deverá
se voltar para o alumínio. São os seis principais metais que levarão a
uma energia mais limpa.
ENTREVISTA Gustavo Pimenta, CEO da Vale
“A demanda global por aço continuará aumentando com o crescimento da população e da economia”
Gustavo
Pimenta se preparou nos últimos dias para assumir a cadeira de CEO da
gigante Vale, que deve acelerar a produção de minerais que vão fazer a
transição energética. Nessa entrevista concedida com exclusividade à
DINHEIRO, por escrito, ele conta quais serão suas estratégias para
manter a companhia como protagonista no setor global de mineração.
O que considera ser seu principal desafio ao assumir o comando da empresa?
A Vale tem uma posição única como provedora de minério de ferro de alta
qualidade e de minerais críticos, ambos fundamentais para a transição
energética global. Nesse sentido, um dos principais desafios
será acelerar o desenvolvimento do nosso portfólio de produtos para
atendar a essa demanda crescente. E isso só será possível com
um olhar muito integrado sobre a sustentabilidade e uma relação de
confiança e parceria com nossos diversos públicos de relacionamento. Não
tenho dúvida de que seremos capazes de alcançar tais objetivos e, com
isso, reposicionar a Vale novamente como um grande orgulho nacional.
Quais são as estratégias para contornar o desaquecimento da economia chinesa? A China seguirá sendo o maior produtor de aço do mundo e um grande parceiro comercial da Vale. O
que observamos neste momento é uma mudança no padrão de demanda por aço
e, consequentemente, de minério de ferro, com uma redução da
participação do mercado imobiliário chinês e um crescimento relevante da
demanda para manufatura. Isso tem ajudado a suavizar o efeito sobre os preços internacionais.
Mas estão em busca de outros mercados?
Temos visto uma crescente demanda em novos mercados, tanto no Sudeste
Asiático quanto no Oriente Médio, esse último se beneficiando de acesso a
gás natural competitivo. Nossa visão é de que, no médio e longo prazos,
a demanda global por aço seguirá crescendo com aumento populacional e o
desenvolvimento econômico. E esse crescimento será voltado a uma produção de aço com menor pegada de carbono, o que para a Vale é muito benéfico, uma vez que continuamos a ter o minério de ferro de melhor qualidade do mundo.
Como a empresa deve se posicionar na corrida de metais para a transição energética?
No ano passado, tomamos a decisão de dar mais autonomia e foco no nosso
negócio de metais de transição energética. Estou muito animado com o
resultado dessa decisão e a evolução da Vale Base Metals de lá para cá.
Nosso grande objetivo é crescer esse negócio, de forma sustentável e
competitiva, principalmente no cobre, em que temos muitos recursos e
reservas a serem desenvolvidos. A demanda por esses minerais de transição será enorme e o maior desafio está no crescimento da oferta. Temos
uma oportunidade única de nos posicionar como um dos grandes produtores
de metais de transição energética do mundo, e essa será uma prioridade
da companhia nos próximos anos.
Como a empresa deve se engajar nas iniciativas que o governo propõe para enfrentar o agravamento da crise climática? Sem mineração não existe transição energética.
Todas as soluções que hoje conhecemos para reduzir a pegada de carbono
do mundo passam pelo minério de ferro de alta qualidade e por minerais
críticos. Nosso grande risco, como indústria, é não conseguir ofertar
esses minerais no tempo e na forma que o mundo necessita. Isso passa,
necessariamente, por acelerarmos nossa jornada em direção à mineração do
futuro, fortalecendo nossas ações sustentáveis e auxiliando nossos
clientes com produtos que reduzam a pegada de carbono na produção do
aço.
A empresa já iniciou esse caminho? Essa
tem sido uma grande prioridade dentro da Vale. No ano passado, por
exemplo, demos um passo importante ao garantir 100% de energia renovável
para produção de eletricidade e seguimos trabalhando fortemente para
acelerar a redução da pegada de carbono na própria operação e na cadeia
de produção.
Quanto
menor for a taxa de juro, melhor será para todas as áreas da economia. A
afirmação é do presidente da República em exercício e ministro do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ao ser
perguntado, na sede da B3, se a elevada taxa de juro impacta
negativamente o setor de infraestrutura e a participação de interessados
nos leilões de privatização e concessões que o País pretende fazer.
“Quanto à taxa de juros, quanto menor ela for, melhor para todo mundo”,
reforçou Alckmin, que esteve na sede da B3 nesta quinta-feira, 26, para
acompanhar o leilão da Rota dos Cristais.
O leilão foi vencido pela francesa Vinci Highways, estreante em concessões de rodovias federais no Brasil.
A
empresa arrematou a concessão da BR-040/GO/MG, conhecida como Rota dos
Cristais em um leilão com quatro participantes, acima da média recente,
ao fazer uma oferta que embute desconto de 14,32% sobre a tarifa básica
de pedágio estipulada. O valor base era de R$ R$ 0,1447/km para pista
simples e R$ 0,1882/km para pista dupla, com date base de julho de 2023.
Alckmin
comemorou o resultado, prevendo melhoras no trecho concedido, futuro
aumento no escoamento de produtos para exportação e mais ingresso de
divisas para o País.
Ainda
sobre a taxa de juro, Alckmin disse que o governo está fazendo a parte
dele para criar condições para que a Selic possa cair a patamares
menores e repetiu o que disse na Fiesp na segunda-feira: “O governo está
comprometido com o arcabouço fiscal e isso nos levará a taxa de juros
menores.”
Empresa vai desinvestir no setor de tintas (Crédito: Divulgação)
Bruno Pavani
A
empresa química Basf anunciou que fará um desinvestimento no setor de
tintas decorativas e que procura um novo investidor para as marcas
Suvinil e Glasu.
Em nota
publicada, a companhia alemã afirma que a decisão obedece a uma
estratégia global da empresa, focando no gerenciamento ativo do
portfólio para gerar valor.
“Essa
decisão estratégica visa aproveitar o momento de mercado e os fortes
resultados do negócio no Brasil. O desinvestimento representa uma
oportunidade para um novo dono investir no valor contínuo e no
crescimento do negócio de tintas decorativas”, afirma a nota.
A empresa também afirmou que o desinvestimento não vai afetar os clientes e colaboradores.
“Estamos
totalmente comprometidos com nossos clientes e continuaremos a
atendê-los com paixão inabalável. Durante todo o processo, manteremos os
altos padrões de qualidade e serviço que já são marcas registradas de
Suvinil e Glasu”, afirmou Marcos Allemann, Vice-presidente de Tintas
Decorativas da BASF Coatings.
A
estratégia da marca é dividir os setores em que atua entre negócios
principais, que envolve químicos, materiais, soluções industriais e
nutrição e cuidados; e negócios independentes,
que atendem indústrias específicas e envolvem catalisadores ambientais e
soluções metálicas, materiais para baterias, tintas e soluções para
agricultura.
H&M apresentou números com vendas trimestrais abaixo do esperado (Crédito: Mike Segar/REUTERS)
Do Brazil Journali
A
H&M vai abrir sua primeira loja no Brasil dentro do Iguatemi Faria
Lima — ocupando um espaço de 1,3 mil metros quadrados num dos shoppings
mais premium do País.
Ciro Neto, o vp comercial do Iguatemi, disse
ao Brazil Journal que a loja deve abrir no segundo semestre de 2025,
depois das reformas necessárias. As conversas com a varejista sueca
começaram há mais de um ano.
“A
chegada da H&M reforça o nosso posicionamento junto às principais
marcas internacionais no Brasil,” disse Ciro, lembrando que nos últimos
anos o Iguatemi atraiu as primeiras lojas no Brasil da Loewe e da Le
Labo, além das primeiras flagships da Balenciaga e da Tiffany’s.
Cinco meses após as enchentes que atingiram em cheio o Rio Grande do Sul, as chuvas voltaram a preocupar os gaúchos nesta semana.
Várias regiões do estado estão lidando com com tempestades isoladas,
chuvas persistentes, rajadas de vento intensas e alagamentos pontuais.
Pelo menos 800 pessoas estão fora de suas casas e há rodovias
bloqueadas.
A chuva intensa acende um alerta que é o principal ponto de apreensão entre moradores, empresários e a comunidade gaúcha: se
as precipitações forem altas, há chance de haver novos alagamentos que
destruirão o que está sendo reconstruindo a duras penas?
A reportagem do Negócios em Luta
(especial da EXAME para acompanhar a reconstrução do estado) esteve no
Rio Grande do Sul na última segunda-feira, 23, e ouviu de mais de um
articulador empresarial que, por enquanto, as medidas de prevenção estão
andando de lado.
A
maior preocupação, pelo menos em Porto Alegre, é pela dragagem do
Guaíba. Com as chuvas intensas de maio, entulhos de diversas regiões do
Estado acabam “estacionando” no fundo do rio, que perdeu profundidade.
Ou seja, em novas chuvas, o Guaíba, por estar mais raso, precisa encher
menos para transbordar.
O alerta já vem sendo motivo de discussão há algumas semanas. Recentemente, em entrevista à EXAME, o CEO da Lojas Renner, Fábio Faccio, já falava sobre o assunto.
“A
dragagem tinha que ter começado no dia seguinte. Qualquer país no
mundo, no minuto seguinte, você veria 10 dragas no Guaíba. Eu ainda não
vi nenhuma”, disse.
Apesar
das novas preocupações, diversas iniciativas estão trabalhando para uma
reconstrução de maior prazo. Uma delas vem de uma das maiores famílias
do Estado, os Gerdau Johannpeter, fundadores da produtora de aço
Gerdau.
Com
o instituto familiar Helda Gerdau e com o braço de responsabilidade
social da própria empresa, 75 milhões de reais já foram doados. Um dos
principais produtos é o Regenera RS, um fundo filantrópico para atuar na
reconstrução do Estado. Já foram captados
38 milhões de reais no projeto, sendo 10 milhões de reais aportados
pela Gerdau e outros 20 milhões de reais, pela própria família Gerdau
Johannpeter.
Confira a entrevista com a presidente do Instituto Helda Gerdau, Beatriz Johannpeter.
Como a família está trabalhando para ajudar a reerguer o Rio Grande do Sul?
A
Gerdau tem um instituto que é da empresa, e o familiar, Helda Gerdau,
que eu presido. Essas duas organizações, no momento da calamidade,
resolveram criar um fundo filantrópico à parte. Naquele momento de
extrema necessidade — e nós, como uma família de raiz gaúcha —,
entendemos que seria preciso de algo mais estruturado. Havia muitos
potenciais financiadores que também queriam ajudar. Foi quando criamos o
fundo e partimos para um movimento mobilizador, com uma coalizão de
investidores. É um fundo que já nasceu com 30 milhões de reais para
investimento filantrópico e hoje tem em torno de 40 milhões de reais. O
nome é Regenera RS.
Em quais projetos vocês investem?
Atuamos
em quatro áreas: habitação, educação, soluções urbanas e apoio a
pequenos negócios. Em todo estado, em qualquer região afetada pelas
calamidades. Num primeiro momento, foi mais voltado para habitação,
construção de casas. Depois, também ajudando a secretaria de Educação.
Depois, estruturamos melhor o fundo, com uma governança independente, um
conselho consultivo multi-stakeholder e com comitês técnicos
participando e ajudando a avaliar onde destinar o dinheiro. A ideia é
que seja um fundo com capacidade para dar apoio por dois anos.
A ideia é que o fundo também consiga acompanhar as obras?
Sim,
por isso é um fundo de longo prazo. Mas também queremos deixar
registrado o aprendizado. Essas calamidades estão se repetindo em
diferentes locais, e precisamos aprender com as práticas que estamos
adotando. A ideia é usar 30% do fundo para questões bem emergenciais e o
resto num plano mais estruturado de recuperação do Estado. Até agora,
já aplicamos 8 milhões de reais.
Nesses
primeiros 100 dias, quais foram os principais aprendizados de como será
o processo de reconstrução do Estado? Está no ritmo que vocês
gostariam?
O
que aprendemos agora é que, passado esse período, já está mais difícil
captar recursos, porque já aconteceram outras calamidades no país
depois, como os incêndios e a seca de agosto e de setembro. Também houve
redução na cobertura do assunto, mas os desafios seguem gigantescos. O
recurso filantrópico ajuda, mas é muito pequeno para fazer a
transformação que o Estado precisa. Como instituto, vamos ajudando
outras frentes também, programas de crédito para PMEs, iniciativas de
consultorias para pequenos empresários. Casamos recursos financeiros com
outros tipos de capitais, com outras iniciativas, porque senão fica
muito limitado. Vamos fazendo co-investimentos e trabalhando juntos. Por
isso também estruturamos uma governança independente para cuidar do
fundo e visualizar esses projetos que podem incentivar uma construção a
longo prazo.
A ideia é também conseguir fazer um trabalho preditivo, não só correr atrás do prejuízo.
Exatamente.
Por isso que nosso fundo se chama Regenera. A gente se inspirou na
regeneração. Outras emergências vão surgir e precisamos pensar
diferente.
Pode dar alguns exemplos de investimentos que já foram feitos pelo fundo?
Um
grande exemplo que acabamos de entrar é na construção da primeira
Favela 3D da Gerando Falcões no Rio Grande do Sul. Já tinham conversas
mesmo antes da calamidade, mas seriam em áreas diferentes. Agora, em
função da calamidade, se escolheu que será na cidade de Eldorado do Sul,
que foi muito atingida. O fundo Regenera é um dos apoiadores, entrando
com 1 milhão de reais. E o Instituto Helda Gerdau vai entrar, também,
com outro um milhão de reais. E não se trata apenas de um projeto de
habitação, mas de empregabilidade, de acolhimento na primeira infância,
na geração de renda. É uma mandala de oportunidades.
Do que o Rio Grande do Sul precisa agora?
Somar
esforços. Poder público, empresas e organizações sociais precisam unir
esforços. Ninguém vai resolver as questões sozinho. É preciso ouvir as
necessidades das comunidades, buscar os recursos adequados. Mas sem
dúvida, o que mais precisamos agora é articulação para construir
soluções que realmente façam a diferença, que possam dar conta das
necessidades mais imediatas, mas que também levem em consideração o que
pode vir pela frente.
Confira outras iniciativas da Gerdau
Educação
Reconstrução da Escola Municipal Liberato Salzano, em Porto Alegre, em parceria com Ambev e execução da Brasil ao Cubo.
Iniciativa
para reformar 13 escolas públicas (municipais e estaduais) nas cidades
de Sapucaia do Sul, Charqueadas e São Jerônimo.
Apoio
financeiro, via fundo RegeneraRS, ao Projeto de Volta Para a Escola,
liderado pela ONG União BR. O objetivo é reequipar as cozinhas das
escolas estaduais.
Sob
a liderança do MBC – Movimento Brasil Competitivo, estamos apoiando uma
consultoria que está realizando um trabalho técnico junto a Secretaria
de Estado de Educação, para construção do plano de retomada das aulas em
todo o Rio Grande do Sul.
Habitação
Gerdau
e a ONG Gerando Falcões se uniram na criação de um fundo destinado a
mobilizar recursos financeiros com foco em habitação no Rio Grande do
Sul. A Gerdau fez um aporte de R$ 5 milhões, destinado para moradias
temporárias. Dentre as ações está a disponibilização de 100 Unidades
Habitacionais de Emergência no Centro Humanitário de Acolhimento de
Canoas, em parceria com agência da ONU, a ACNUR.
Apoio financeiro para o projeto de construção de 50 casas definitivas em steelframe, em parceria com o Sinduscon-RS.
Apoio
no Projeto Legado Habitação RS para construir 500 novas casas, em
parceria com a União BR, com doação de aço Gerdau para a base das
moradias.
Infraestrutura
Reforma do telhado do Hospital Regional de São Jerônimo.
Apoio financeiro e doação de aço para a reconstrução da ponte do Arroio Curupa, na cidade de Agudo.
A
Gerdau se juntou à Corsan (Aegea) na instalação temporária de uma
Estação Móvel de Tratamento de Água no terreno da unidade Riograndense,
em Sapucaia do Sul. A ETA móvel com capacidade de uma vazão de 20 litros
de água por segundo ou 1,7 milhão litros por dia, atuou nas primeiras
semanas suprindo a demanda de água potável para a cidade.
Parceria com a Randoncorp para doação de aço e reconstrução de 10 pontes na região da serra gaúcha.
Doações
Encaminhamos
um volume importante de doações às comunidades (cestas básicas,
colchões, kits de higiene, produtos de limpeza, cobertores, entre outros
itens), e envio de água potável para apoiar as comunidades onde temos
presença. Já foram doadas mais de 60 toneladas de alimentos, mais de 68
mil itens de limpeza e higiene e mais de 50 mil litros de água mineral.
Realizamos
uma campanha de doação de recursos financeiros, convidando os
colaboradores no Brasil para participar. O valor arrecadado de R$ 68 mil
foi dobrado pela Gerdau e repassado ao Banco Social da FIERGS
(Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.
Programa
de Voluntariado Gerdau: Contamos com a mobilização de colaboradores e
colaboradoras das nossas unidades que atuaram de forma voluntária para
apoiar de forma emergencial a população do Rio Grande do Sul, dedicando
seu tempo para auxiliar no recebimento, separação e entrega de nossas
doações à população gaúcha
Empreendedorismo
Apoio
financeiro ao projeto ProLata Cooperativas para a doação de
equipamentos operacionais em duas organizações de cooperativas situadas
em Porto Alegre.
Apoio financeiro para a reforma do Instituto Caldeira.