Os bilionários norte-americanos já estão na poeira, quando comparados com os da APAC, que engloba a “Grande China”
A indústria asiática ocupa 
cada vez mais espaços comerciais no mundo, desde que a China iniciou seu
 processo de Reformas em 1980. Segundo estudo de 2010 da Organização 
Mundial do Comércio (OMC), a Ásia respondia por 14% das exportações 
mundiais em 1948, tendo mais do que dobrado a sua participação em 2009, 
para 29,4% do total. E a China foi de 0,9% para 9,9%, sendo o seu maior 
salto nos anos 2000. Na sua publicação “Examen Estadístico del Comercio 
Mundial 2018”, disponível aqui,
 a OMC informa que a China respondeu em 2017 por 13% do total das 
exportações mundiais, com US$ 2,22 trilhões – e um superávit de US$ 
421,4 bilhões.
Esses números impressionam ainda mais quando
 comparados com os de 2004, ano no qual a China era o terceiro maior 
importador e exportador do mundo, com 5,9% e 6,5% de participação, 
respectivamente. Naquele ano, a Alemanha detinha 10% das exportações 
mundiais e os EUA 9,0% – e este respondia também por 16% das 
importações, seguido à distância pelos alemães, com 7,6%. Importante 
registrar que Hong Kong e Taiwan, considerados pela China como 
integrantes do país, já pontuavam em 11º lugar e 15º lugar entre os 
maiores comerciantes do mundo, com 2,9% e 2% nas exportações, e 2,9% e 
1,8% nas importações. 
É
 importante lembrar desses fatos e conhecer os informes da OMC de 2017 e
 2018 sobre o comércio mundial “Comercio, tecnologia y empleo” e “El 
futuro del comercio mundial: cómo las tecnologías digitales están 
transformando el comercio mundial”, disponíveis aqui,
 para se entender melhor o que está acontecendo e para onde vão a 
indústria, a inovação e o comércio mundiais nos próximos anos – e como 
tudo isso tem impactado e impactará ainda mais a indústria, empregos, 
salários, renda e arrecadação tributária no Brasil.
A Inovação
 entrou definitivamente nesse processo, e avança rápido em toda a Ásia e
 mais rápido ainda e em maior escala na China – cuja indústria cresceu 
6,5% em 2017 e deverá avançar 6,1% neste ano, de acordo com o boletim 
“World Manufacturing Production – Statistics for Quarter II, 2018”, da 
Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (Unido) –, 
que passou do 22º lugar mundial em Inovação, em 2017, para o 17º em 
2018, na 11ª edição do “World Innovation Index” (Índice Mundial de 
Inovação), da OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual),
 e já está no 28º lugar (avanço significativo, em relação ao 54º lugar 
em 2006) no Ranking Global de Competitividade, do Fórum Econômico 
Mundial. 
Escala e Inovação na indústria turbinam 
principalmente a economia da China, cuja meta modesta para os próximos 
30 anos é tornar-se a maior potência tecnológica do mundo. Essa soma de 
inovação industrial e grande escala é responsável pelo surgimento de 200
 bilionários na China, de 2012 para 2017, e 357, de 2006 para 2017, 
totalizando 373 neste ano, segundo o estudo “Billionaires report 2018”, 
da PwC-UBS disponível aqui.
 É tão grande o destaque para o “fenômeno China”, que a publicação deste
 ano intitula-se “New Visionaries and the Chinese Century”, e sua 
principal promessa é que os bilionários asiáticos ultrapassarão os 
bilionários norte-americanos até 2021.
Crises mundiais à 
parte, os novos 332 bilionários de 2017 agregaram 19% à riqueza já 
existente, que atingiu o recorde de US$ 8,9 trilhões. Desses novos 
bilionários, 107 são chineses, cuja riqueza somada cresceu 39%, de 2016 
para 2017, atingindo US$ 1,2 trilhão. Hoje, a China tem 20% dos 
bilionários do mundo. Aumentou lá e diminuiu nos Estados Unidos: apenas 
53 novos em 2017, contra 87 em 2012. Diferença qualitativa importante 
entre os bilionários dos dois países: os norte-americanos têm, em média,
 quase dez anos a mais do que os chineses (56 anos de idade média). 
Esses
 dados todos são interessantes para se avaliar o “mahjong” da 
geopolítica mundial, no qual o presidente dos EUA joga com uma 
estratégia muito própria. Talvez por ser muito duro de engolir o enorme e
 tão veloz crescimento econômico e comercial da Ásia, e em particular o 
da China. O fato é que os 585 bilionários dos EUA (eram 443 em 2012) já 
estão na poeira, quando comparados com os 814 da APAC – que engloba a 
“Grande China” (China continental, Taiwan e Hong Kong), com seus 475, 
mais os 43 da Oceania e os 296 do Sul e Leste da Ásia (Singapura, 
Malásia, Tailândia, Índia, Japão, Coréia do Sul, Filipinas e a 
Indonésia).
Toda essa situação, que antigamente era denominada
 “briga de cachorro grande”, afeta – ou pode afetar – muito o Brasil já 
em 2019, em todos os setores da economia: minérios e agronegócio à 
frente, enquanto exportadores; indústria e serviços, nos dois lados da 
balança comercial; e o comércio varejista enquanto grande importador. 
Na
 relação com a China, a nossa fraqueza é a indústria, dada a 
“desindustrialização” ocorrida a partir dos anos 1990. Câmbio, juros 
altos e logística precária encarecem os produtos brasileiros, 
deixando-nos sem condições de ofertar preços competitivos a nível 
internacional. Talvez a solução para a indústria seja o Brasil se aliar 
ao maior importador e concorrente da China, como alguns estão propondo, 
estilo “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, ou o 
contrário: buscar mais investimentos e tecnologia com os chineses para 
reindustrializar o país, com indústrias e ferrovias modernas e condições
 de financiamento semelhantes às dos países desenvolvidos. 
http://www.amanha.com.br/posts/view/6680