Plataformas e corretoras oferecem Certificados de Operações Estruturadas para clientes de varejo. Compensa?
Investimentos que misturam títulos de renda fixa com ações e
opções, os Certificados de Operações Estruturadas (COEs) caíram no
gosto do público. No ano passado, segundo a B3, foram emitidos R$ 11
bilhões nesses papéis. Segundo estimativas do mercado, cerca de R$ 3
bilhões em novas emissões chegaram ao mercado no primeiro trimestre. O
que contribuiu para esse crescimento foi o movimento das corretoras e
plataformas eletrônicas de distribuição de investimentos, que estão
tornando os COE mais acessíveis. Antes restritos a investidores com pelo
menos R$ 50 mil disponíveis, essas aplicações agora podem ser
adquiridas por até R$ 1.000. Vale a pena investir?
Para entender o que são esses investimentos é preciso voltar um pouco
no tempo. Como instrumento específico, os COE foram regulamentados em
2016. No entanto, aplicações parecidas surgiram no início da década
passada. Eram os chamados fundos de investimento com capital garantido.
Eles destinavam-se a investidores que queriam ganhar com ativos de
risco, como ações ou moedas, mas sem colocar seu capital em risco. Para
permitir isso, os COE montam estruturas um pouco mais complexas. A maior
parte do capital investido vai para papéis de renda fixa muito seguros,
como títulos do Tesouro. O rendimento do dinheiro neles aplicado é
garantido e bastante previsível, o que permite preservar o principal
investido. A parcela restante do capital é dedicada a ativos de alto
risco, cujo potencial de ganho compensa os eventuais prejuízos.
Por exemplo, se os juros forem de 10% ao ano, o gestor de um COE vai
aplicar 91% do dinheiro do investidor em um título de baixo risco com
essa rentabilidade. Os 9% restantes vão para aplicações de risco. Mesmo
que a estratégia falhe e os 9% sejam perdidos, o rendimento do dinheiro
restante vai preservar o capital principal. “Esse tipo de aplicação
atrai mais interesse em tempos de volatilidade nos mercados”, diz
Marcelo Missioneiro, chefe da mesa de operações estruturadas da Nova
Futura Investimentos. “Notamos um forte aumento da demanda,
especialmente com a manutenção da taxa Selic no patamar atual.” Com a
Selic mais baixa, o investidor tem menos desvantagens em se expor a um
eventual período de rentabilidade zero se puder, em contrapartida,
surfar na volatilidade dos ativos de risco. Na ponta do lápis, o custo
de oportunidade é de 6,5% ao ano. “É um bom percentual, mas é muito
menos do que os 14% de dois anos atrás”, diz Rafael Giovani, diretor de
distribuição da corretora Necton.
Os COE que oferecem exposição a empresas internacionais vêm se
tornando populares. A plataforma Easynvest, por exemplo, está oferecendo
um COE que investe nas ações da Amazon, Microsoft, Anglo American e
CVS. Com duração de dois anos, o investimento inicial é de R$ 1.000. “A
possibilidade de investir em ações de fora com valores pequenos atrai
muitos investidores”, diz Fabio Macedo, diretor comercial da empresa.
Segundo Macedo, o maior desafio é educar os investidores para eles
entenderem as características desse produto. “O volume no Brasil é
pequeno, mas em mercados mais maduros, como Estados Unidos e Europa, o
volume de COE é gigantesco.” O maior atrativo para o investidor é a
possibilidade de diversificação, apostando, por exemplo, na oscilação
dos preços de commodities como ouro ou petróleo, e na variação das taxas
de câmbio.
EM FATIAS Em geral, os certificados são emitidos por
bancos, que montam operações estruturadas de grande porte e cobram uma
taxa de administração pelo serviço. Os bancos têm sido reticentes em
divulgar esses percentuais, mas em geral as taxas oscilam ao redor de 2%
do total. Percentuais superiores tornam os produtos menos competitivos.
Uma vez estruturado, o certificado é dividido em fatias menores, que
são distribuídas pelos portais e corretoras. A contraparte do risco é o
banco. “O COE tem características parecidas com as aplicações de renda
fixa”, diz Giovani, da Necton. “Se o banco tiver problemas de solvência,
o investidor do COE será afetado.”
https://www.istoedinheiro.com.br/quer-ser-socio-dele-com-r-1-000/
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