segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Oriente Médio é mina de ouro para os fornecedores internacionais de alimentos




Só nos Emirados, segunda economia da região do Golfo, atrás apenas da Arábia Saudita, o consumo de alimentos movimentou US$ 7,7 bilhões no ano passado e pode chegar a US$ 9 bilhões em 2013, de acordo com ela.

Os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), segundo a ministra, importam cerca de 90% dos alimentos que consomem. Isso se deve à pouca área cultivável, escassez de água e a uma população jovem e crescente.

Qasimi reiterou que as importações de alimentos pelo bloco deverão mais do que dobrar até 2020, ultrapassando US$ 53 bilhões anuais.

Nesse sentido, ela ressaltou que o setor representa “mais do que um negócio” para a região, é algo vital que coloca a questão da segurança alimentar no topo das preocupações locais. O GCC é formado por Arábia Saudita, Emirados, Catar, Bahrein, Kuwait e Omã.

“Ao longo dos próximos anos eu espero que, além de falar sobre negócios, nós possamos descobrir como fazer esta indústria prosperar para atender as aspirações do povo árabe”, destacou a ministra.

“Eu espero que vocês (empresários) consigam incluir temas essenciais neste diálogo, como sustentabilidade, segurança e comunidade”, acrescentou.

Além da importância como mercado consumidor, Qasimi destacou o papel dos Emirados como entreposto comercial do ramo, sendo o primeiro reexportador mundial de arroz e forte também nas áreas de café, chá e açúcar.
Tanto que o comércio exterior destes produtos movimenta no país muito mais do que o consumo local.

Segundo a ministra, a corrente comercial de alimentos movimentou US$ 80,4 bilhões nos Emirados nos últimos cinco anos, um avanço de 84% em relação ao período anterior. As importações responderam por US$ 59,2 bilhões.

É de olho nesta “mina de ouro” que estão as empresas que participam da Gulfood, uma das feiras de negócios mais movimentadas da região.

É difícil andar pelos corredores do Dubai World Trade Centre sem esbarrar em algum brasileiro de vez em quando.

O Brasil participa da mostra desde 2007 e este ano está presente com mais de 50 expositores de diferentes áreas da indústria de alimentos e bebidas.

Câmara de Comércio Árabe Brasileira tem um estande em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos

(Apex).

Primeira  vez

Além dos expositores tradicionais, o mercado aquecido atrai novos fornecedores, como é o caso do Equador, que participa da mostra pela primeira vez com um pavilhão.

O país abriu em outubro do ano passado um escritório comercial em Dubai e a presença na Gulfood é a primeira promovida pelo órgão em um evento do gênero. 
“É estratégico para o Equador entrar em novos mercados internacionais”, declarou o chefe do escritório, Hussam Hassan, palestino nascido no Iraque, que viveu no país sul-americano e fala espanhol fluentemente.

“Por isso resolvemos participar da Gulfood”, acrescentou. Em sua avaliação, estar nos Emirados facilita o acesso a outras nações emergentes, especialmente do Oriente Médio e África. Hassan conhece bem a comunidade de negócios da região, pois até há pouco tempo trabalhava na Dubai Exports, agência de promoção de exportações do emirado.

A presença equatoriana começa pequena, com quatro empresas, mas com um visual bonito, o que inclui expositores trajando chapéus Panamá, que, apesar do nome, são produzidos no Equador.

As companhias presentes são a Nirsa, de atum, a Earth Fructifera, de frutas e vegetais, a Banalight, que produz purês de banana e manga, e a Pacari, de chocolates.

Hassan concorda com o diretor da feira, Mark Napier, que em entrevista à ANBA publicada no último domingo, disse que há um aumento do interesse pela culinária sul-americana no Oriente Médio.

“Os alimentos, vegetais, frutas, de melhor qualidade, são da América do Sul”, destacou. Ele disse ainda que a facilitação do comércio de itens perecíveis entre as duas regiões, por meio da abertura de linhas aéreas diretas, também incentiva esta demanda.

Fonte: Anba



Brasil precisa de R$ 600 bi em 5 anos para rodovias, ferrovias, portos e aeroportos








 Bernardo Figueiredo (foto), presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que faz parte do grupo de técnicos de confiança da presidenta Dilma, em seus encontros fechados com empresários e grupos de investidores para expor os projetos de infra-estrutura do governo, tem deixado as plateias impressionadas com um número colossal: os próximos cinco anos vão exigir de R$ 500 bilhões a R$ 600 bilhões para cobrir o déficit de investimentos em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.

Tanto na exposição de Figueiredo na Confederação Nacional da Indústria quanto na Fiesp, ambas realizadas na semana passada, os representantes do setor privado deixaram claro que estão dispostos a participar das concessões e arrendamentos, mas disseram que não têm como cacifar investimentos tão vultosos.

Afirmaram em coro que um investimento desse nível só será possível com o apoio do BNDES. Figueiredo concordou com a presença do banco estatal, mas explicou que o governo não pretende jogar todo o peso da conta nas costas do da instituição pública de fomento.

Alguns dos empresários presentes ao encontro em Brasília e em São Paulo argumentaram que, sem o BNDES, o setor privado não assumirá sozinho o encargo pelos projetos. E lembraram que os grandes bancos privados brasileiros não se dispõem a financiar obras de infra-estrutura com longo prazo de maturação.

Também disseram a Figueiredo que o retorno com tarifas e pedágios não é suficiente para cobrir custos de grandes projetos de rodovias e ferrovias, por exemplo.

O presidente da EPL ouviu atentamente as ponderações, reafirmou que o déficit de infra-estrutura do país hoje está em torno de R$ 500 bilhões, mas insistiu que não se pode esperar que o BNDES assuma todos esses riscos.

O investimento é grande demais até mesmo para o banco de desenvolvimento, cujo desembolso anual nos anos recentes girou em torno de R$ 100 bilhões.

Figueiredo anunciou que aproveitará o road show dos projetos de infra-estrutura que será feito em março em Nova York para visitar Washington, onde tentará convencer o Banco Mundial (Bird) a financiar parte do pacote de infra-estrutura.

E confirmou que o governo decidiu tornar mais atraentes as condições dos editais de privatização.

A taxa de retorno dos projetos de rodovias e ferrovias passará de 5% para 15% e o prazo das concessões e arrendamentos será ampliada de 30 para 35 anos.

Com isso, o governo espera tornar o negócio mais seguro e lucrativo.
Diante da cifra recorde de R$ 500 bilhões, a presidenta Dilma ainda vai decidir se anuncia o pacote de uma tacada só em maio ou o faz de maneira fatiada em quatro blocos, com apresentação em maio, junho, julho e agosto.

Todos os editais serão publicados este ano.
Uma decisão, porém, já foi tomada: Dilma reativou o Conselho Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Conit), que terá seis membros do governo, seis do setor privado e seis representantes de trabalhadores.
O Conit também será presidido por Bernardo Figueiredo.



Consultoria – uma tradição humana



 
A consultoria  surgiu através das relações humanas. É uma troca de conhecimento  de qualquer assunto que requeira prudência e reflexão e uma resposta  mais adequada, um conselho ou de forma mais complexa, porém menos objetiva, de um parecer.
Podendo assim  concluir que a consultoria constitui-se na transição do conhecimento e da experiência de um homem em prol de um objetivo humano. Essencialmente, é busca constante do saber preparado para o benefício de outrem. Nas belas palavras de Peter Becker "A consultoria em sua melhor forma é um ato de amor: o desejo de ser genuinamente útil aos outros. Usar o que sabemos, ou sentimos, ou sofremos no caminho para diminuir a carga dos outros.".

Consultoria enquanto atividade profissional

Consultoria é o serviço de apoio aos gestores ou proprietários de empresas, para auxiliar nas tomadas de decisões estratégicas, com grande impacto sobre os resultados atuais e futuros da organização.
O foco da consultoria é definir a melhor alternativa de ação num ambiente de negócios repleto de incertezas, riscos, competição e possibilidades desconhecidas, que representam para os gestores da empresa um problema complexo e de grande importância.
Existem dois tipos de consultoria: a Consultoria Interna e a Consultoria Externa:
1 - Consultoria Interna - Normalmente feito por empregado dentro da empresa , ou seja,  faz parte da estrutura organizacional e está inserido em sua cultura e valores.
2 - Consultoria Externa  ou Autônoma) -  Será um empregado de uma  de consultoria externa  contratado pela empresa para  ajudá-los numa situação especifica e geralmente trabalha em equipe com outros consultores de outras especialidades em uma empresa de consultoria com denominação "Consultores Associados". Muitos autores consideram apenas o segundo  como Consultor efetivamente.
Consultoria e seu enfoque   
Como podemos observar a informação, hoje, está disponível  à todos no mercado. E há muita informação disponível. Umas não custam nada, além da dedicação e do tempo de procurá-las na biblioteca da esquina, ou na Internet. Já, outras, custam muito caro, haja vista o preço cobrado por uma McKinsey, a maior empresa de consultoria do mundo.
A informação sozinha  e esparsa,  não agrega muito valor. É necessário ter uma visão sistêmica das inter-relações entre as diversas informações, compondo um corpo de conhecimento. É necessário agregar ao conhecimento a capacidade de ação na facilitação da obtenção dos resultados esperados pelos clientes.
A consultoria começa com explicações ao cliente sobre benefícios, necessidades, métricas, e outros aspectos do trabalho  e termina, com novas explicações sobre benefícios, necessidades e desejos.
Enfim, é um mercado de prestação de serviço em grande crescimento no país, sendo que em sua grande maioria de consultores são hoje pessoas aposentadas ou acima da faixa etária de 40 anos que não estão conseguindo retornar ao mercado de trabalho e  possuem grande conhecimento técnico e experiência e estão criando esse nicho de mercado, tão necessária nesse mundo competitivo de negócios.
Esilda Alciprete
Advogada Empresarial e Consultora de Negócios Internacionais 

AVANÇOS ILUSÓRIOS

Estas tendências, entre outras, segundo ele, são desindustrialização; reprimarização das exportações; maior dependência tecnológica; desnacionalização; perda de competitividade internacional; crescente vulnerabilidade externa estrutural; maior concentração de capital e política econômica marcada pela dominação financeira.

Até mesmo no campo social o professor da UFRJ vê ilusão onde o governo vende “conquistas notáveis”. Para ele, as políticas distributivas não atingem a estrutura de concentração de riqueza e não alteram a distribuição funcional da renda (salários versus juros, lucros e aluguéis). No que se refere ao desenvolvimento social, tomando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) como referência, Gonçalves constata “a total ausência de ganhos do país relativamente ao resto do mundo”.

O Brasil Negativado também aparece em outro importante indicador de desempenho econômico, a inflação. Durante os governos petistas a taxa média de inflação é 6,1% (preços ao consumidor). Segundo o estudo, a taxa de inflação no Brasil é maior do que média mundial em 6 anos e maior do que a mediana mundial em 9 anos.

A melhora na distribuição de renda, na visão de Gonçalves, não é vigorosa ou sustentável em decorrência da própria natureza do modelo de desenvolvimento, que envolve trajetória de desempenho fraco e instável. Ele alega que os indicadores capturam fundamentalmente os rendimentos do trabalho e os benefícios da política social, e a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD), que serve de base para o cálculo dos indicadores de desigualdade, subestima os rendimentos do capital (juros, lucros e aluguéis).

Segundo o estudo, a distribuição da riqueza, muito provavelmente, não se alterou tendo em vista a vigência de elevadas taxas de juros reais no governo Lula, o reduzido crescimento do salário médio real, a concentração de capital e a ausência de medidas que inibam práticas comerciais restritivas (abuso do poder econômico) das grandes empresas.

Também como exemplo de concentração de capital e de riqueza, Gonçalves ressalta que no início do século XXI o valor dos ativos totais dos 50 maiores bancos era igual aos ativos totais das 500 maiores empresas; em 2011 os ativos dos 50 maiores bancos eram 78% mais elevados do que os ativos das 500 maiores empresas.

A base de dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com coeficientes de Gini (que mede a desigualdade) num painel de 110 países mostra que, apesar de haver queda da desigualdade na América Latina na primeira década do século XXI, os países da região continuam com os mais elevados indicadores de desigualdade de renda no mundo.

Em meados desta década, lembra Reinaldo Gonçalves, 4 entre os 5 países com maior desigualdade estão na região (Colômbia, Bolívia, Honduras e Brasil). No conjunto dos 10 países mais desiguais, há 8 países latino-americanos. Segundo o levantamento, o Brasil experimentou melhora marginal na sua posição no ranking mundial dos países com maior grau de desigualdade entre meados da última década do século XX e meados da primeira década do século XXI, saiu da 4ª posição no ranking mundial dos mais desiguais para a 5ª posição.

Gonçalves ressalta que os avanços que ocorrem no Brasil não implicam ganhos em relação ao resto do mundo durante os governos petistas. Ele toma como exemplo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do PNUD. Embora ao longo do período 2000-11 o IDH do Brasil tenha aumentado de 0,665 em 2000 para 0,718 em 2011, este mesmo fenômeno ocorreu com a maioria dos países. Em consequência, destaca Gonçalves, não há mudanças nas diferenças entre o IDH do Brasil, que se manteve praticamente estável (70ª posição) durante os governos petistas, e a média dos IDHs dos outros países.

Merval Pereira
O Globo

Petrobrás vai a China para evitar atraso na produção

Petrobras transferiu para o exterior parte das obras de, pelo menos, quatro plataformas para o pré-sal da Bacia de Santos

Petrobras (Foto: Rede Globo)

Preocupada em acelerar a produção de petróleo e temendo atrasos na entrega de equipamentos, a Petrobras transferiu para o exterior parte das obras de, pelo menos, quatro plataformas para o pré-sal da Bacia de Santos. Contratados por mais de US$ 2 bilhões e regras de conteúdo local de até 70% para estimular a indústria local, os serviços foram iniciados na Indonésia e no estaleiro Cosco, em Dalian, na China.
No Brasil, o cronograma estava atrasado por deficiências nos estaleiros Inhaúma (RJ) e Rio Grande (RS). Uma parte trabalhosa do processo (troca de chapa), intensiva em mão de obra, será transferida para a China, com possível redução de postos de trabalho no Brasil.
 
Serão feitos no Cosco uma parcela da transformação (conversão) de três navios em plataformas (P-75, P-76 e P-77) para a área da cessão onerosa, que produzirá até 5 bilhões de barris no pré-sal. Também serão feitos no estaleiro chinês estruturas do casco de uma plataforma replicante (que repete exatamente o projeto de outro equipamento) para o pré-sal de Santos. "Claramente este é um movimento da Petrobrás para poder acelerar o desenvolvimento dos campos", disse o presidente da Odebrecht Óleo e Gás, Roberto Ramos.
A Petrobras também negocia no exterior para afretar (alugar), e não construir, as cinco plataformas (FPSOs) extras para a área da cessão onerosa. O afretamento facilita o cumprimento de meta de conteúdo local, pois a embarcação é computada dentro do cálculo para todo o sistema.
A petroleira diz que não há decisão sobre afretamento. Mas o jornal O Estado de S. Paulo apurou que pelo menos duas unidades são negociadas com a SBM, de Mônaco, e com a Modec, japonesa. Fontes do setor dão como certo que haverá descumprimento de conteúdo local nas obras subcontratadas ao estaleiro Cosco. A Petrobrás, que precisará prestar contas à Agência Nacional do Petróleo (ANP), nega. "Não haverá descumprimento", afirma, em nota.
O grupo EEP, do estaleiro Inhaúma, responsável pela conversão das P-74, P-75, P-76 e P-77, também afirma que cumprirá o conteúdo local estabelecido no contrato com a Petrobrás, prevendo até 35% de realização no exterior.
Se extrapolar os limites de conteúdo local na conversão, a compensação terá de ser feita na fase de montagem da planta industrial na plataforma (integração). "O conteúdo local é muito mais influenciado pela construção dos módulos e equipamentos para o processamento do petróleo", diz a petroleira.
A decisão da Petrobras de recorrer à China já mostra que a companhia não está disposta a correr o risco de retardar o aumento de sua produção por causa dos atrasos da indústria nacional. O governo usa os contratos da Petrobras para reativar o setor naval. Mas, para acelerar o processo foi necessário fazer as encomendas antes de os canteiros para as obras (dos estaleiros) estarem prontos. Com o avançar dos projetos, os gargalos da indústria nacional ficam mais evidentes.
A Petrobras reconhece que houve uma mudança de estratégia por causa da falta de disponibilidade dos dois estaleiros. No caso da plataforma replicante, parte do casco será feita no Cosco por causa do atraso nas obras de construção dos cascos, a cargo da Engevix, no Estaleiro de Rio Grande. A Engevix não comentou. O contrato inclui oito cascos replicantes e soma US$ 3,1 bilhões.
O diretor de Engenharia da Petrobras, José Figueiredo, esteve na China no fim de janeiro para vistoriar as obras e se certificar de que estão no prazo. Já foi iniciada no Cosco a troca de casco, limpeza e construção de módulos de acomodação, entre outros serviços, para as P-75 e P-77.
A P-76 passa por limpeza na Indonésia e depois segue ao Cosco. Os três navios nem sequer estiveram no Brasil, foram da Malásia direto para Indonésia e China. Apenas a P-74 segue o processo de conversão no estaleiro Inhaúma, no Rio. As quatro plataformas da cessão onerosa, juntas, serão responsáveis por até 600 mil barris/dia, equivalente a 30% da atual produção da Petrobras. Estão programadas para entrar em 2016 e 2017 nos Campos de Franco 1, 2 e 3 e de Nordeste Tupi.
 
Concorrência
Segundo colocado na disputa para a conversão dos quatro navios para a área da cessão onerosa, o presidente da Andrade Gutierrez Óleo e Gás, Paulo Dalmazzo, diz que um descumprimento das regras de conteúdo local seria ilegal. "Perdemos a concorrência por oferecer preço maior, pois iríamos fazer no Brasil. Para fazer no exterior teríamos conseguido preço melhor do que o do vencedor. A Petrobras não pode rasgar uma concorrência."
O consórcio formado pela Odebrecht, UTC e OAS, reunido no EEP-Inhaúma, venceu o contrato das quatro conversões com US$ 1,753 bilhão. A Andrade Gutierrez ofertou US$ 580 milhões a mais.
A ANP disse que, pelas regras contratuais, iniciará a fiscalização somente ao final de cada módulo da etapa de desenvolvimento. Se ao final da fiscalização for apurado o não cumprimento da meta estabelecida no contrato a Petrobrás será multada, informa a agência.
(*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)

Posso Licenciar Minha Propriedade Industrial?


A licença da propriedade industrial não só é possível como, em muitos casos, recomendável e até mesmo necessária.

Os registros de propriedade industrial (patentes, desenhos industriais e marcas) são ativos de uma empresa como quaisquer outros, apesar de sua natureza intangível. Assim, eles podem ser emprestados, alugados e vendidos. No jargão técnico, a venda de um direito de propriedade industrial é chamada de “cessão” e a locação de “licença”.

O prazo da licença não pode ultrapassar o da validade do registro. No caso de patentes, esse prazo é de 15 ou 20 anos contados do depósito do pedido de registro no INPI, dependendo se for um modelo de utilidade ou uma patente de invenção. Os desenhos industriais têm validade de até 25 anos. Já as marcas vigoram por 10 anos e podem ser renovadas por períodos iguais e sucessivos, indefinidamente. As licenças podem ser gratuitas ou remuneradas, neste último caso mediante pagamento de um royalty estabelecido em valor fixo ou variável, em função do volume de vendas dos produtos comercializados pelo licenciado que incorporam a tecnologia, design ou marca. 

Normalmente, a remuneração variável é fixada em valor unitário por produto ou em percentual sobre o preço de venda. É comum estabelecer um royalty mínimo, semestral ou anual, em valores progressivos, uma vez que a lógica diz que as vendas aumentam com o passar do tempo.


É importante que o titular do direito tenha controle sobre os produtos fabricados pelo licenciado para zelar que a qualidade destes esteja de acordo com os padrões por ele determinados e desejados. Por isso, sempre recomendo que seja incluída uma cláusula nos contratos estabelecendo que o licenciador deve aprovar, antecipadamente, cada lote de produto que será colocado no mercado pelo licenciado. O contrato também deve prever se o licenciado poderá tomar medidas contra eventuais infratores em seu próprio nome. Em caso positivo, deverá comunicar previamente ao titular do direito cada violação constatada.

A lei exige que o contrato seja averbado no INPI para produzir efeitos em relação a terceiros. Assim, nos contratos remunerados a dedução, pelo licenciado, dos royalties pagos como despesas operacionais está condicionada a essa formalidade. Da mesma forma a disposição que confere ao licenciado direito de agir contra infratores. Os contratos gratuitos, a principio, não precisam ser averbados. A lei também dispensa essa formalidade para que os documentos de venda emitidos pelo licenciado sejam aceitos como prova de uso da patente, desenho ou marca, no caso de alguém requerer a sua caducidade.

Esses são os pontos básicos que todos que forem licenciar a sua propriedade industrial devem considerar. Evidentemente, outras questões específicas devem ser analisadas caso a caso.
Outra questão que vale a pena comentar é a razão pela qual – e as vantagens – de se licenciar a propriedade industrial. Nos contratos com o exterior, são três os motivos que vislumbro como mais relevantes: a) interesse do titular do direito no mercado do território do licenciado; b) redução de custos dos produtos em função da fabricação local; e c) proteção do registro da patente, design ou marca, através de seu uso efetivo no território. Esses mesmos critérios se aplicam nos contratos de licença internos. É fundamental, contudo, definir claramente a área geográfica para a qual a licença está sendo concedida, tanto para fins de fabricação como de comercialização, caso ela não abranja todo o país.

A licença constitui, portanto, uma ferramenta para gerar receita, aumentar a produção com menor custo e, especialmente no caso das marcas, difundí-la no mercado.
Concluindo, a licença da propriedade industrial não só é possível como, em muitos casos, recomendável e até mesmo necessária, sempre tendo em mente que o segredo do seu sucesso passa pela elaboração de um contrato que confira ao titular do direito garantias e proteção adequadas.
 
Fernando Jucá é advogado, especialista em registro, licenciamento, patentes e direitos autorais. É sócio do Mesquita Ribeiro, Tavares e Jucá Advogados.
 

Recursos genéticos destinados à produção de alimentos poderão ter regras próprias


Marcos Magalhães

Os recursos genéticos destinados à produção de alimentos poderão ser regidos por regras diferentes daquelas estabelecidas para o uso industrial. Esse é o objetivo do Projeto de Lei do Senado (PLS) 15/2013, de autoria da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que será analisado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). A proposição, apresentada no início desse mês, aguarda abertura de prazo para recebimento de emendas e indicação de relator.

O projeto será depois examinado pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e, em decisão terminativa, pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).

A proposta modifica o artigo 3º da Medida Provisória 2186-16, que regulamenta desde 2001 o acesso a recursos genéticos. Segundo o texto em vigor, a medida provisória não se aplica ao patrimônio genético humano. O projeto de Kátia Abreu abre outra exceção, ao estabelecer que a medida provisória não se aplica “aos recursos genéticos objeto do Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura (TIRFAA)”, promulgado em 2008.

Na justificação de seu projeto, a senadora observa que a biotecnologia – que classificou como “conjunto de técnicas que utilizam ou transformam o material de organismos vivos para desenvolver novos processos e produtos em benefício dos seres humanos” – tem como principal fonte de matéria prima a biodiversidade. Por isso, diz ainda, o acesso ao patrimônio genético “ganha destaque no universo da bioeconomia e traz com ele as questões relacionadas à repartição de benefícios”. A seu ver, porém, é necessário que recursos genéticos destinados à produção de alimentos tenham tratamento diferenciado daqueles destinados ao uso industrial.

A autora do projeto recorda que o Brasil já ratificou o TIRFAA, que trata apenas de alimentação e agricultura, e assinou, em 2011, o Protocolo de Acesso e Repartição de Benefícios Advindos da Biodiversidade, conhecido como Protocolo de Nagoia. Se o TIRFAA já possui uma regra conhecida de repartição de benefícios, argumenta a senadora, ainda existem dúvidas sobre como será feita a cobrança de benefícios pelo Protocolo de Nagoia e quem serão os beneficiários. O texto desse protocolo foi submetido ao Congresso Nacional para ratificação e está em tramitação na Câmara dos Deputados (MSC 245/2012).

Como o Brasil é um grande produtor rural e utilizador de recursos genéticos provenientes de outros países, na agricultura e na pecuária, observa a autora, seria preocupante a indefinição de como será aplicado o Protocolo de Nagoia. Ela propõe que, no âmbito doméstico, exista uma convivência harmônica entre o protocolo e o TIRFAA.

- É fundamental que o Poder Público defina a forma como disciplinará o tema no âmbito doméstico. Uma definição prévia seguramente tornará menos polêmica a tramitação do Protocolo de Nagoia no Congresso Nacional e contribuirá para viabilizar um entendimento a respeito da revisão da estrutura normativa doméstica que atualmente regulamenta o acesso ao patrimônio genético, ao conhecimento tradicional associado e a repartição de benefícios – afirma Kátia Abreu.

Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)