Os atuais movimentos migratórios estão relacionados, entre
outros motivos, a razões econômicas muito fortemente ligadas à crise de
2008. Mas o poder de atração da mídia e a facilidade possibilitada pelos
meios de comunicação não devem ser desprezados.
Para a professora de comunicação e pesquisadora em migrações
transnacionais, Denise Cogo, “os fatores econômicos, tais como a busca
de trabalho e a fuga de situações de pobreza, são importantes
impulsionadores dos fluxos migratórios globais, o que ajuda a entender
porque esses fluxos têm se dirigido prioritariamente aos chamados países
e regiões de maior desenvolvimento como América do Norte e Europa
Ocidental, ou, ainda, o Oriente Médio e alguns países asiáticos como
Japão”.
As migrações transnacionais, explica a pesquisadora, são uma
experiência humana e um fenômeno sociocultural, econômico e político que
conformam a história de nossas sociedades. Os movimentos e fluxos
migratórios são dinâmicos e assumem especificidades em diferentes etapas
e contextos históricos, podendo ser mais permanentes ou transitórios.
Múltiplos fatores vêm colaborando para impulsionar fluxos e ciclos
migratórios em todo o mundo tais como as guerras, os regimes
ditatoriais, as crises econômicas, os desastres ambientais, as políticas
de incentivo ou repressão às migrações por parte de Estados e governos.
As próprias redes migratórias operam também como espaços de interação
sociocomunicacional entre os migrantes, podendo colaborar para a
constituição, ampliação ou reforço de determinadas rotas e movimentos de
migração entre nações ou regiões.
Como exemplo contemporâneo desses fluxos, podemos lembrar o papel
preponderante desempenhado pelos imigrantes turcos na reconstrução da
Alemanha no período pós-guerra. Outro exemplo é o da Espanha, que se
constituiu por muito tempo como um país de emigração em decorrência da
pobreza, desemprego e de episódios como a Guerra Civil e a ditadura
franquista, que impulsionaram o exílio de espanhóis.
Posteriormente, a
partir do final dos anos 1990 até 2008, especialmente a partir da
criação da União Europeia, a Espanha se tornou um dos principais países
receptores de imigrantes no contexto europeu e internacional, passando a
abrigar populações de várias nacionalidades oriundas, dentre outros, da
América Latina, de países árabes, da Ásia e do próprio Leste Europeu,
atraídas especialmente pelas oportunidades econômicas e de trabalho em
setores como o da construção civil.
Com a crise econômica desencadeada em 2008 e que vem afetando, de
modo importante, os Estados Unidos e os países da Europa, a Espanha e
outras nações europeias, como Portugal e Grécia, voltaram a ser países
com significativa emigração ao mesmo tempo em que países da América do
Sul como Brasil e Argentina vão vivenciando um crescimento dos fluxos
migratórios oriundos da Europa, Estados Unidos e da América Latina.
Um dos fluxos migratórios recentes e que vêm se intensificando no
Brasil é o dos haitianos que começaram a chegar ao país após o terremoto
que atingiu o país em 2010. Dados do Ministério do Trabalho revelam
que, em 2012, cresceu em 3,5% os vistos de trabalho concedido a
estrangeiros no Brasil, números que não incluem imigrantes que não
dispõem de autorizações ou vistos de trabalho e aqueles que não
conseguiram a regularização jurídica no país.
Novo cenário
Nesse novo cenário de crise global, avalia Cogo, devemos levar em
conta o retorno significativo de imigrantes sul-americanos, dentre os
quais se situam brasileiros que compõem contingentes de imigrantes de
retorno de países como Portugal, Estados Unidos e Japão, contextos que
se transformaram nos principais destinos da migração brasileira no
exterior. Por conta desse crescimento da imigração para o Brasil e do
retorno de brasileiros, o governo, os movimentos migratórios e
organizações de apoio às migrações passaram a discutir a necessidade de
definição de políticas migratórias que atendam às necessidades de
inserção desses novos fluxos que chegam ao país uma vez que a imigração é
regida, ainda, pelo Estatuto do Estrangeiro criado na época da
ditadura.
Ela lembra, ainda, que fatores econômicos, tais como a busca de
trabalho e a fuga de situações de pobreza, são importantes
impulsionadores dos fluxos migratórios globais, o que ajuda a entender
porque esses fluxos têm se dirigido prioritariamente aos chamados países
e regiões de maior desenvolvimento como América do Norte e Europa
Ocidental, ou, ainda, o Oriente Médio e alguns países asiáticos como
Japão.
Por outro lado, a produção e circulação de informação, assim como a
confiabilidade atribuída a tais informações, é uma das dinâmicas
historicamente presentes na trajetória dos migrantes e as redes
migratórias transnacionais. As interações comunicacionais interpessoais
foram e são imprescindíveis para a circulação e intercâmbio dessas
informações no interior dos grupos de referência dos migrantes.
O pesquisador Oswaldo Truzzi observa que, nas migrações do final do
século XIX, os contatos pessoais assumiam maior importância do que as
informações não pessoais como fontes de informação para aqueles que
desejavam migrar. Segundo o autor, a pessoa ou família que pensava em
migrar tendia a confiar mais nas informações fornecidas, ao vivo ou por
carta, por um parente, vizinho ou amigo, por exemplo, que nos folhetos
de propaganda distribuídos por um agente recrutador, cujos lucros
dependiam apenas do número de indivíduos que conseguisse colocar a bordo
de um vapor.
Assim, analisa Cogo, nas últimas décadas, esse cenário se reconfigura
com a intensa presença e consumo das tecnologias da comunicação – como a
internet e o telefone celular –, que vêm colaborando para um
reordenamento territorial das experiências dos migrantes em âmbito local
e global e nas experiências do transnacionalismo migrante e das redes
migratórias.
Como assinala o pesquisador Alejandro Portes, embora existam, na
história das migrações, exemplos de transnacionalismo, o fenômeno
recebeu um forte impulso com o advento das tecnologias na área dos
transportes e das telecomunicações, que vieram facilitar enormemente a
comunicação rápida das fronteiras nacionais e a grandes distâncias.
Pesquisador do tema das migrações, Rogerio Haesbaert situa igualmente na
maior velocidade dos meios de transporte e no acesso às tecnologias da
comunicação os fatores primordiais que impulsionaram experiências de
multiterritorialização relacionadas preponderantemente aos movimentos
migratórios e, que, de certa forma reconfiguraram, ao longo do século
XX, a dinâmica socioespacial e geográfica contemporânea, possibilitando
aos migrantes a vivência concomitante de pertencimento a distintos
territórios.
Sociedade de consumo
“Sem dúvida, no contexto da sociedade de consumo, eu preferiria falar
de sociedade da informação, a facilidade de contato e interação,
através das tecnologias da comunicação, com um intenso e acelerado fluxo
de imagens, representações e imaginários sobre modos de vida de
diferentes culturas, sobre os cenários e conjunturas políticas e
econômicas de nações e regiões, fatores que podem motivar o desejo de
migrar, favorecer o conhecimento sobre possíveis lugares de migração,
contatar com migrantes e redes migratórias etc..” afirma ela.
Pesquisas acadêmicas e reflexões geradas no contexto de pastorais e
organizações de atendimento às migrações já começam a evidenciar que,
nos fluxos recentes de imigrantes haitianos para o Brasil, não se pode
desprezar a força de imagens do nosso país como “potência econômica”,
das oportunidades de trabalho possibilitadas pelos grandes eventos como a
Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Isso se evidencia em expectativas
expressas por imigrantes haitianos sobre o Brasil como destino
migratório, ainda que essas expectativas não se cumpram necessariamente.
Expectativas que podem estar relacionadas ao consumo das tecnologias
midiáticas por parte desses imigrantes que possibilitam interações com o
Brasil previamente à emigração, ou às interações cotidianas da
população haitiana com brasileiros integrantes da Missão das Nações
Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah).
“Evidentemente que isso não nos leva a desconsiderar outros fatores
que colaboram nesses processos migratórios como a necessidade de emigrar
desencadeada pela situação de precariedade vivenciada pelos haitianos,
agravada com o terremoto que assolou o país em 2010 ou, ainda, o contato
com redes migratórias de outros haitianos já estabelecidos no Brasil
assim como a ação das máfias de migrante que atuam para que essa
migração se concretize”
Portanto, explica Cogo, essa relação entre impulso à migração e
sociedade de consumo ou sociedade da informação não pode ser vista de
modo causal, uma vez que os migrantes, embora condicionados por
diferentes estruturas e fatores – econômicos, políticos, sociais e
culturais –, são também sujeitos de suas próprias histórias migratórias e
atuam, com o capital material e simbólico de que dispõem, de modo ativo
na constituição de seus próprios processos migratórios nos quais
concorrem a mediação ou não desses imaginários sobre os lugares de
emigração.
As motivações para migrar são frequentemente multifatoriais.
Múltiplas variáveis e com pesos distintos concorrem na decisão e
implementação dos processos migratórios. A questão da clandestinidade é
uma dessas variáveis que assume várias dimensões, derivando seja das
políticas e leis migratórias mais ou menos restritivas, seja da presença
de máfias que sustentam a migração clandestina, ou ainda do interesse
de empresários e governos em manter a mão de obra de menor custo de
imigrantes etc.
De fato, se, na análise das relações entre mídias e migrações,
adotarmos o entendimento proposto por Bakhtin da linguagem como matéria
social e dialógica, expressão simbólica ou representativa dos conceitos,
preconceitos e valores, que resulta senão da convivência e embates
coletivos entre os sujeitos situados social e historicamente, poderemos
entender que tanto as migrações (como experiência humana e fenômeno
social) quanto os meios de comunicação (como espaços simbólicos de
construção, visibilidade e circulação de ideias e imagens) não são fatos
dados, mas produtos da ação humana que se constituem na linguagem
através de espaços de interação verbal ocupadas por diferentes sujeitos.
As categorias e conceitos, como as próprias noções relacionadas com
as migrações, que resultam das disputas e relações de poder que envolvem
desses diferentes sujeitos ocupantes destes espaços de interação, não
são portanto apenas descritivos, mas também constitutivos e explicativos
da realidade social. Com base nesse entendimento, pesquisas acadêmicas
realizadas em diferentes contextos nacionais têm se ocupado, já há
alguns anos, em refletir sobre a crescente presença de representações
midiáticas criminalizadoras das migrações contemporâneas através da
frequente associação dos migrantes a “problemas, ameaças e conflitos”
ou, ainda, a “ilegalidade”.
Tais representações têm contribuído para fixar sentidos e compor um
tipo de memória sobre as migrações transnacionais que não favorece o
entendimento da alteridade migratória e nem colabora para as relações
interculturais e processos de cidadania das migrações. No caso do
Brasil, com o crescimento da imigração internacional para o país, mais
recentemente podemos observar também que a mídia vem atuando na
construção do conceito de “imigração qualificada” ou de “mão de obra
qualificada,” para fazer referência a imigrantes portadores de níveis
diferenciados de escolaridade e especialização profissional, assim como
de padrões de desenvolvimento econômico e social das nações das quais
procedem – especialmente as europeias -, os quais estariam preparados
para ocupar postos de trabalhos carentes de mão de obra no Brasil.
Na construção da noção de “imigração qualificada”, a mídia não deixa,
assim, de atualizar sentidos em torno dessa memória sobre um “ser
europeu” ou uma “europeidade” a partir da construção da qualificação da
nova imigração procedente da Europa em contraponto a não qualificação e,
às vezes, conflitividade em que aparecem enquadrados os imigrantes
oriundos de outros contextos, como América Latina e África, alguns dos
quais já presentes no Brasil anteriormente a esse novo fluxo migratório
europeu. Claro que, nesse processo, a mídia não está sozinha, mas outras
instituições, como as governamentais, desempenham um papel importante
nessa construção.
Disputas de hegemonia
Precisamos entender, insiste a pesquisadora, que essas tendências de
criminalização das migrações disputam hegemonia com outras narrativas
sobre as migrações que são construídas e circulam em diferentes
contextos.
Em primeiro lugar, porque o universo das mídias é homogêneo. Em
segundo lugar, porque no atual cenário da chamada sociedade em rede as
disputas narrativas sobre fenômenos e experiências sociais, tais como as
migrações, são favorecidas pelo próprio advento das mídias digitais
como internet e de suas características como a hipertextualidade, a
multimidialidade, a interatividade que possibilitam processos
transmidiáticos e transnarrativos que vão compor fluxos do que alguns
pesquisadores vêm chamando de “conversações públicas” em torno do tema
das migrações, contribuindo para pluralizar os imaginários e memórias
sobre as migrações contemporâneas e inserir, na agenda pública, demandas
relacionadas aos direitos humanos dos migrantes.
Nesse contexto, os próprios migrantes, suas redes, associações e as
organizações de apoio às migrações vêm fazendo amplo uso das mídias
digitais e impressas – seja produzindo meios de comunicação próprios e
se aproveitando de espaços como a das redes sociais, conforme pudemos
ver em nossa última pesquisa em que estudamos dez experiências de
produção midiática de imigrantes latino-americanos nas cidades de Porto
Alegre, São Paulo, Buenos Aires, Lisboa e Barcelona. Ao usar as mídias,
os imigrantes que pesquisamos buscam construir, organizar e dar
visibilidade pública às suas lutas por direitos humanos e cidadania em
âmbito local e global, exercitando o que denominamos de cidadania
comunicativa das migrações latino-americanas.
Com diferentes usos das mídias, os imigrantes promovem uma
articulação identitária da diáspora latino-americana dispersa pelo
mundo; atribuem visibilidade à diversidade que compõe a própria cultura
latino-americana; esforçam-se por constituir um campo discursivo
contra-hegemônico de construção midiática das migrações transnacionais
em contraposição à criminalização das migrações e usam essas mídias para
constituir estratégias de mobilização no campo das políticas
migratórias nacionais e supranacionais relacionadas às demandas por
cidadania universal das migrações, buscando a universalização dos
direitos sociais e políticos para além do pertencimento a territórios
nacionais.
Experiências
Outra experiência recente de apropriação da internet é o da Plataforma “No nos vamos nos echan”,
criada e mantida por jovens espanhóis e que vem se capilarizando por
vários espaços da internet como um esforço de articulação à diáspora
espanhola juvenil, dentro e fora do espaço da internet, em torno do
debate, denúncia e busca de alternativas acerca do que esses jovens
denominam de exílio forçado da juventude espanhola que decorre da crise
econômica vivida pela Espanha.
No último dia 9 de abril, o grupo convocou uma manifestação pública
em capitais de países para onde emigraram jovens espanhóis (Paris,
Bruxelas, Buenos Aires, etc.) utilizando redes sociais como Facebook,
Twitter, YouTube, etc. Em seu site o grupo disponibiliza um mapa
interativo onde os jovens imigrantes podem propor breves relatos sobre
sua condição de imigrantes e de precariedade juvenil através do
preenchimento de um formulário que inclui, dentre outros, dados como
nome, idade, em que país vive, situação laboral, profissão, história de
precariedade, condição de migração forçada, desejo de retorno, etc.
Interessante que aqui poderíamos falar de jovens que lutam pelo direito à
não migração ou pelo menos pela construção de um espaço de autonomia
juvenil que possibilite vivenciar a imigração como um desejo ou projeto.
“Na perspectiva de colaborar para o deslocamento da dimensão
criminalizadora que vem pautando a cobertura das migrações
contemporâneas e contribuir com subsídios para comunicadores e
jornalistas que atuam na cobertura da realidade das migrações
transnacionais em crescimento no Brasil, lançamos recentemente o Guia das migrações transnacionais e diversidade cultural para comunicadores
– migrantes no Brasil, que está disponível em versão online para
download gratuito e em versão impressa.
Este guia é produto de um
trabalho de mais de dois anos que buscou dar aplicabilidade para mais de
dez anos de pesquisas sobre o tema das mídias e migrações. Foi
elaborado em parceria com a jornalista e pesquisadora Maria Badet, que
reside em Barcelona e em colaboração com um grupo de investigadores de
universidades nacionais e internacionais, sendo editado pelo Instituto
de la Comunicación da Universidade Autônoma de Barcelona e pelo
Instituto Humanitas com o apoio do CNPq.
Abordando as dinâmicas de cidadania intercultural e sua relação à
questão migratória, Denise Cogo explica que é necessário fazer uma
diferenciação entre migração como experiência humana e o caráter social e
jurídico que vai assumir essa migração em uma etapa da nossa história. A
figura social e jurídica do imigrante-emigrante não existiu desde
sempre, mas se consolidou no contexto de criação dos Estados-nação e do
nacionalismo na América e na Europa no século XX, como uma categoria
definidora daquele que abandona um país para se estabelecer em outro e
que se torna alvo de vigilância e controle de Estados e governos.
No entanto, como experiência humana, as migrações não se desenrolaram
e nem se desenrolam limitadas a esse espaço “objetivo”, de caráter
institucional e soberano vinculado à ideia de nação, ou seja, as
migrações se constituem também por sua dimensão humana e subjetiva de
movimento e ação que implica a vivência de múltiplas territorialidades e
experiências simbólicas em torno das quais o ser cidadão, para os
imigrantes, não tem a ver unicamente com os direitos reconhecidos pelo
Estado ou com modos de pertença a uma nacionalidade, mas com práticas
sociais e culturais que vão sendo gestadas pelos próprios migrantes em
seus processos cotidianos de trânsito e/ou permanências em contextos
diferenciados que envolvem os lugares de origem com o de destino.
As dimensões jurídicas (relacionadas à obtenção de documentação para
permanência) assim como a dimensão material e econômica (relacionada a
trabalho, moradia, etc.) são fundamentais para a constituição dos
processos de cidadania dos migrantes, mas não esgotam o espectro das
subjetividades que compõe as experiências migratórias.
Teorias da cultura
Nessa perspectiva, no marco das teorias da cultura e do
multiculturalismo, a interculturalidade, destaca ela, é um conceito útil
para que nos indaguemos sobre a necessidade de os migrantes serem
reconhecidos como sujeitos de direitos sociais e culturais nas múltiplas
dimensões que compõem sua subjetividade, e não apenas econômica ou
jurídica.
Embora muitos governos e instituições tendam a enfatizar quase
que exclusivamente uma dimensão economicista das migrações quando, por
exemplo, restringem com leis a circulação de pessoas ou quando promovem a
chamada “migração qualificada”, os migrantes, suas redes e organizações
têm se empenhado em forjar espaços de diálogo que permitam a produção
de um “lugar” ou uma “ética” não assimilacionista que seja capaz de
fazer convergir dimensões culturais e identitárias universais e/ou
particulares relacionadas tanto aos contextos de origem quanto de
destino dos migrantes.
Podemos dizer, conclui a pesquisadora, que a cidadania intercultural
se evidencia no desejo e esforço dos migrantes de serem compreendidos
como Outro em sua cultura, de gestarem espaços para a expressão de sua
diversidade histórica e cultural na expectativa de que suas experiências
identitárias não sejam geradoras de desigualdades de situações e
oportunidades. A própria luta pela chamada cidadania universal tem
servido para evidenciar o quanto os migrantes são vistos como
pertencendo a outro governo e com lealdade a outra soberania.
(A partir da entrevista concedida por e-mail a IHU On-Line – 15/04/2013)