quarta-feira, 8 de maio de 2013

DAS DIFICULDADES DO BRASIL PARA SE ABRIR SOBRE O MUNDO

 

 

Brasil quer limitar a entrada de imigrantes com pouca qualificação. Mas, ao mesmo tempo, não consegue atrair profissionais altamente qualificados. O país segue sem política migratória nem objetivos claramente definidos. Atraso, burocracia, desrespeito aos direitos humanso e até à Constituição continuam a regra na questão migratória. 

Em meio à crise recente causada pela entrada maciça de estrangeiros no Brasil pela fronteira com a Bolívia, no Acre e à discussão sobre a necessidade de atrair mão de obra qualificada de estrangeiros para suprir a demanda do mercado, a criação de uma política migratória – que ainda não existe no Brasil – está parada.
Atualmente, a lei 6.815, de 1980, conhecida como Estatuto do Estrangeiro, estabelece as condições de entrada e permanência de estrangeiros no País. Criada durante o governo militar, a lei é considerada defasada pelos setores do governo responsáveis pela regularização dos migrantes.

Paulo Abrão, secretário nacional de Justiça, afirmou em recente declaração à BBC Brasil que o “atual Estatuto do Estrangeiro não atende sequer aos dispositivos presentes na Constituição de 1988″, que prevê acesso universal à educação e à saúde. “Ele possui uma lógica repressiva que é a doutrina da segurança nacional.”

O estatuto afirma que a “segurança nacional” é considerada prioridade ao analisar a concessão de visto e permanência a um estrangeiro. Por isso, vistos não devem ser concedidos ao cidadão considerado “nocivo à ordem pública ou aos interesses nacionais”.

A lei também proíbe que estrangeiros realizem atividades políticas (punidas com prisão e expulsão do País) e permite que o Ministério da Justiça impeça a realização de conferências, congressos e “atividades culturais e folclóricas” de estrangeiros, “sempre que considerar conveniente aos interesses nacionais”.

“A legislação vigente faz com que algumas instituições tenham uma postura muito dura em relação ao tema migratório”, avalia Paulo Sérgio de Almeida, presidente do Conselho Nacional de Imigração (CNIg, órgão do Ministério do Trabalho).

“Hoje você tem a situação de que os imigrantes chegam ao País e precisam se registrar junto à Polícia Federal, que tem um viés muito forte de fazer verificações sobre a pessoa e pode ser muito dura”, acrescenta. “Isso é feito em obediência à lei, mas quando você faz uma política, determinadas posturas talvez muito duras de servidores que estão cumprindo a lei podem melhorar.”

Atraso

O projeto de lei que deveria reformular e atualizar o Estatuto, elaborado em 2005, tramita na Câmara dos Deputados desde 2009 e ainda não há previsão de quando irá para a votação no plenário.

“Quanto mais o tema ganha relevância no cenário nacional, mais premente fica a modificação e aprovação desse projeto, então já estamos com alguns anos de atraso”, afirmou o presidente do CNIg à BBC Brasil.

Para o secretário nacional de Justiça, no entanto, o projeto apresenta avanços na garantia de direitos aos migrantes, mas já está desatualizado em relação ao atual cenário da migração no Brasil.

Abrão diz que um grupo composto por representantes do Ministério da Justiça, do Itamaraty, do Ministério do Trabalho e da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) prepara um novo plano de reformulação do Estatuto do Estrangeiro, que ainda não tem data para ser apresentado.

O atual projeto de lei incorpora pela primeira vez a garantia de direitos à saúde, à educação e a benefícios trabalhistas aos estrangeiros no Brasil. No entanto, o texto ainda não contempla acordos para facilitar a migração de cidadãos dos países do Mercosul e de outros países sul-americanos, a maioria ratificados pelo Brasil a partir de 2008 e já em vigor.

Burocracia

Outras resoluções do CNIg, criadas para diminuir a burocracia na concessão de vistos temporários e permanentes de trabalho, também estão ausentes do projeto, apesar de já serem colocadas em prática.

Um segundo problema, segundo Paulo Abrão, é que a nova lei, se aprovada, manteria o atual mecanismo de gestão da migração no Brasil. Atualmente, os ministérios do Trabalho, das Relações Exteriores e da Justiça – em parceria com a Polícia Federal – cuidam de diferentes aspectos do processo, o que aumenta a burocracia e a lentidão dos trâmites.

O secretário nacional de Justiça e o presidente do CNIg acreditam que o novo projeto também falha ao não incorporar a convenção internacional da ONU sobre a proteção dos direitos dos trabalhadores migrantes e suas famílias, que foi assinada pelo Brasil, mas ainda não foi aprovada pelo Congresso.

A convenção garante a proteção dos trabalhadores estrangeiros contra o trabalho escravo e contra o risco de prisão por não cumprir obrigações de contrato. O documento da ONU, criado em 1990, também estabelece que os trabalhadores migrantes e suas famílias devem ter direitos trabalhistas e acesso a cuidados médicos urgentes, mesmo que estejam em situação irregular no País.

A aprovação da convenção começou a tramitar na Câmara dos Deputados em 2010, mas aguarda até hoje a criação de uma comissão especial para agilizar sua votação.

Proposta engavetada

A política nacional de migração – que estabelece diretrizes para a atuação de todos os órgãos do governo sobre o tema – é prevista no projeto de lei que está na Câmara, mas nunca foi adotada oficialmente pelo Brasil.

Um documento chegou a ser elaborado e aprovado pelo CNIg em 2010, mas, segundo Paulo Sérgio de Almeida, “está em tramitação até hoje, porque não teve a concordância de todos os órgãos para que pudesse ser promulgado”.

A proposta do CNIg considera os acordos internacionais mais recentes assinados pelo Brasil e garante direitos aos trabalhadores migrantes. O presidente do órgão afirma, no entanto, que a mudança na legislação atual é essencial para que a política, se aprovada, tenha efeito.

“O foco da política é considerar os direitos humanos e sociais dos migrantes como direitos que devem ser respeitados”, diz. “Ela também prevê a concessão de vistos rápida, simples, com menos burocracia e custos razoáveis, e a legislação de hoje cria diversos entraves.”

Em dezembro de 2012, o projeto de lei elaborado em 2005 chegou à Comissão de Relações Exteriores e Segurança Nacional, onde deve ser analisado até agosto, de acordo com a deputada Perpétua Almeida (PCdoB -AC), relatora da comissão. Depois disso, o texto ainda precisará passar pelo crivo da Comissão de Constituição e Justiça antes de ser encaminhado para a votação.

Imigrantes pouco qualificados dividem governo

Enquanto isso, setores do governo brasileiro concordam sobre a necessidade de atrair estrangeiros altamente qualificados em caráter temporário e permanente para o país, mas divergem quando se trata da mão de obra pouco qualificada.

De acordo com o governo, as autorizações de trabalho para estrangeiros com baixa escolaridade aumentaram 246% nos primeiros nove meses de 2012 em relação ao mesmo período em 2011.

O aumento expressivo do número de refugiados que entrou no país nos últimos anos, muitos com pouca ou nenhuma qualificação profissional formal, também gerou debates sobre a absorção dessa mão de obra pelo mercado de trabalho brasileiro.

Em levantamento divulgado no fim de abril, o Conare (Comitê Nacional para Refugiados), do Ministério da Justiça, afirmou que o número de estrangeiros que solicitam refúgio no Brasil mais que triplicou nos últimos três anos. Em 2012, mais de 2 mil pessoas pediram refúgio no país, contra 566 em 2010 e 1,1 mil em 2011.

‘Embora haja um aumento substancial de pedidos, percebemos que muitos estrangeiros têm buscado o refúgio para imigrar por novas oportunidades de vida. No entanto, o refúgio é aplicado apenas para casos de perseguições’, afirmou o presidente do Conare e secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão. Se as condições para a entrada e permanência no Brasil fossem mais simples, como em outors países, teria menos solicitações de refugio.

Limite

O secretário de Ações Estratégicas do governo, Ricardo Paes de Barros, defende a criação de limites para a admissão de estrangeiros pouco qualificados e refugiados no país. ‘Acho que o Brasil tinha que ter uma cota humanitária – e o Canadá tem, por exemplo’, disse à BBC Brasil.

Para os imigrantes menos qualificados, segundo Barros, um processo seletivo deveria ser adotado – para garantir que o Brasil receba somente ‘as pessoas que estão realmente em uma situação ruim’.

A SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República) está elaborando um diagnóstico da migração no Brasil, além de propostas específicas para a atração de imigrantes qualificados e para admissões ‘humanitárias’.

‘Estamos falando do humanitário no sentido amplo da palavra. Não é só o refugiado, pode ser um trabalhador não qualificado ou pouco qualificado que está disposto a vir para o Brasil, apesar de o Brasil não estar precisando daquela mão de obra’, disse à BBC Brasil.

O secretário ressalta, no entanto, que o principal foco é a elaboração de propostas para uma política de atração de profissionais de alta qualificação – cujas especialidades não possam ser encontradas no Brasil.

‘É para esse tipo de mão de obra que nós queremos eliminar todos os entraves possíveis. Queremos que eles possam vir a qualquer hora, carregá-los no colo.’

Absorção pelo mercado

Abrão, do Conare, defende que é preciso dar mais atenção à importância da mão de obra pouco qualificada que entra no país ao elaborar leis e políticas migratórias.

‘O que a SAE está fazendo é um trabalho importante para o país, que é a averiguação de lacunas de mão de obra de altíssima qualificação e que hoje atravancam o desenvolvimento de diversos setores econômicos. Mas isso por si não é a política migratória do país, esse é apenas um aspecto’, disse à BBC Brasil.

Para Paulo Abrão, setores econômicos importantes para o país estão absorvendo mão de obra pouco qualificada ‘com naturalidade.’

Ele cita o exemplo dos haitianos que têm entrado no Brasil pela fronteira com o Acre e têm sido, desde o início de 2012, recrutados por empresas de todo o país – em especial nos Estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Rondônia.

‘Isso tem feito com que cada vez mais os empresários aproveitem essa mão de obra, que é animada, são pessoas com muita disposição ao trabalho, que querem contribuir para o desenvolvimento do país’, afirma.
A força tarefa do governo federal no Acre, que dá documentos aos estrangeiros, também intermediou o recrutamento de mão de obra haitiana para frigoríficos, obras da construção civil, serviços de instalação elétrica e outros.

Dos cerca de 6,5 mil haitianos que entraram no país por Brasileia, o governo do Acre estima que 4,3 mil deixaram a cidade já contratados. Os haitianos, no entanto, tiveram a possibilidade de deixar o Acre mais rapidamente para trabalhar do que migrantes de outras nacionalidades.

‘Para todas as nacionalidades, há essa intermediação de mão de obra, mas para os haitianos o processo de regularização é simplificado, porque uma resolução prévia do CNIg (Conselho Nacional de Imigração) já os considera com um visto humanitário, que dá a eles uma condição imediata de residência permanente. Para as demais nacionalidades, se aplica a lei ordinária’, afirma o secretário.

Segundo o Conare, o Brasil tinha até março 4.262 refugiados reconhecidos, a maioria angolanos, colombianos e congoleses. Até o momento, cerca de 9 mil haitianos foram regularizados.

Na OMC, Reino Unido declara apoio ao Brasil para Conselho da ONU

 
 
 
 
Por Assis Moreira | Valor
 
O Reino Unido agora insiste na afirmação de que apoia o Brasil para ter assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, depois da campanha dura que fez contra o candidato do Brasil para dirigir a Organização Mundial do Comércio (OMC), que foi eleito ontem.

A embaixadora britânica Karen Pierce, na defensiva, foi uma das últimas a deixar hoje o plenário do Conselho Geral da OMC, que tem 159 paises.

Indagada pelos jornalistas sobre a razão de ter feito uma campanha considerada "sabotagem" contra Roberto Azevêdo, ela retrucou dizendo  que tal afirmação não era verdade e que talvez tenha havido má compreensão da situação.

A embaixadora disse que o Reino Unido escolhera seu candidato, mas que nunca ameaçou com "preferência negativa", significando veto, e que está "muito contente de trabalhar com Azevêdo na OMC".
Karen considerou uma "pena" a percepção disseminada de que o Reino Unido fizera campanha, e que isso possa afetar "as excelentes relações bilaterais".

Ela insistiu que o Brasil "merece um maior papel na cena internacional", e reiterou que o Reino Unido apoia a demanda brasileira para ter assento no Conselho de Segurança da ONU, que é uma espécie de diretório politico do planeta.

O Reino Unido, na verdade, ameaçou vetar dentro da UE um eventual consenso em torno do nome de Azevêdo, e virou o jogo na ocasião a favor do candidato mexicano Herminio Blanco, que acabou obtendo os 28 votos europeus.

Ainda assim, o mexicano perdeu e os britânicos agora mostram-se 'entusiasmados' com Azevêdo.

BRASIL OFERECE BOLSAS DE DOUTORADO PARA ESTRANGEIROS

Brasil oferece 60 bolsas de doutorado para formação de estudantes estrangeiros. Candidatos às áreas de ciências agrárias, ciências biológicas, medicina , química, engenharias, ciência da computação, física, astronomia e oceanografia, entre outras, podem se inscrever.

Estão abertas as inscrições para a chamada pública que permite a jovens pesquisadores estrangeiros, provenientes de países em desenvolvimento, cursar parte de sua formação no Brasil. As modalidades beneficiadas são doutorado sanduíche, com 30 vagas, doutorado pleno, com 20 vagas, e pós-doutorado, com 10 vagas.

As áreas de interesse, que terão propostas aprovadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Academia para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS, sigla em inglês), são: ciências agrárias; ciências biológicas; medicina e ciências da saúde; química; engenharias; matemática e probabilidade e estatística; ciência da computação; física; astronomia e geociências, e oceanografia.

A academia será responsável por financiar as despesas como custeio de passagens e auxílios com visto e instalação. O CNPq será responsável pela mensalidade. Há ainda outros instrumentos inclusos, mas o candidato deve ficar atento às especificidades dos recursos financeiros e itens pagos para cada modalidade.

O idioma de ensino dos cursos no Brasil é o português, mas existe a possibilidade de que instituições de pesquisa exijam determinado nível de proficiência em outros idiomas para permitir a continuidade do curso. Para os candidatos aprovados nas modalidades doutorado pleno e doutorado sanduíche, a introdução ao curso deve ser planejada para o início dos semestres acadêmicos nas instituições brasileiras.

Bolsas

A bolsa de doutorado pleno é destinada aos pesquisadores que não possuem diploma de doutorado e desejam cursar um programa de pós-graduação brasileiro, avaliado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com nota 5, 6 ou 7. A duração máxima desta modalidade é de 48 meses.

A bolsa de doutorado sanduíche destina-se àqueles pesquisadores que já estão matriculados em um curso de doutorado no país de origem há um ano e desejam obter experiência internacional em um programa de pós-graduação brasileiro avaliado pela Capes como 5, 6 ou 7. O período de duração da bolsa varia entre 6 a 12 meses.

Já a bolsa de pós-doutorado é direcionada aos pesquisadores estabelecidos e empregados no país de origem, que desejam realizar pesquisa em um programa de pós-graduação brasileiro avaliado pela como 5, 6 ou 7. O período de duração da bolsa também é de 6 a 12 meses.

Doutorado

O curso de doutorado faz parte da pós-graduação stricto sensu, ou seja, é voltado para a carreira acadêmica, para pesquisadores e formação de professores. O processo de seleção é realizado de acordo com cada faculdade, mas, na maioria das vezes, o primeiro passo para o candidato é montar um projeto de pesquisa e submetê-lo a análise da instituição. Se aprovado, são aplicados exame de língua estrangeira, prova escrita e entrevista.

Durante o doutorado, cuja duração média é de quatro a cinco anos, o aluno frequenta as aulas, desenvolve a tese com o acompanhamento de um orientador e apresenta o projeto para uma banca examinadora, composta por cinco membros. Como o trabalho de pesquisa é mais extenso do que o projeto elaborado no mestrado, o curso exige ainda mais dedicação e conhecimento profundo a respeito do tema.

Os programas de doutorado são avaliados e classificados pela Capes que, junto ao CNPq, também fornece cota de bolsas a faculdades, que são distribuídas aos alunos através de processo seletivo.

(Portal Brasil - 03/05/2013)

Roberto Azevêdo defende o combate ao protecionismo

Por Assis Moreira | Valor
 
GENEBRA - Em sua primeira entrevista como diretor-geral eleito da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo alertou para as tendências protecionistas num cenário de desaceleração persistente da economia global.

Luke Macgregor/Reuters

O diretor-geral, que assumirá o posto em agosto, reiterou que desde a crise iniciada em 2008, “tendências protecionistas emergiram e continuam. Precisamos combatê-las”, estimando que o risco vem de todas as regiões.

Ele observou que a tarefa número 1 da OMC é promover liberalização comercial, e enfrentar o protecionismo é parte dessa prioridade. “É o que temos feito, os 159 países membros. Temos diferentes visões sobre como fazer isso”.

Em sua avaliação sobre o comércio global, Azevêdo alertou que a “OMC está num estágio muito crítico. O pilar de negociação está completamente paralisado” e que isso impede que disciplinas para as trocas globais sejam atualizadas para corrigir o fosso com o mundo real.

Ele reiterou que sua prioridade será tentar desbloquear a Rodada Doha. “No momento, (a discussão) não é sobre o que queremos, mas para salvar o que temos”, afirmou o diretor-geral da OMC sobre o sistema multilateral de comércio.

Para Azevêdo, a conferência ministerial da OMC em Bali (Indonésia), em dezembro, é fundamental para socorrer o sistema multilateral, e dar “resultados substantivos” afim de permitir que os países voltem a se engajar na Rodada Doha.

Para ele, é preciso também ampliar a agenda comercial, mas notou que os países sequer começaram a discutir isso, por causa do bloqueio de Doha. A nova agenda poderia incluir o que membros já têm abordado, como taxa de câmbio, clima, energia etc.

Com a sala de reuniões da missão brasileira lotada de jornalistas internacionais, Azevêdo manifestou sua gratidão pelo empenho do governo brasileiro em sua campanha, a começar pela presidente Dilma Rousseff, ministro Antonio Patriota, diplomatas, colegas que trabalharam na campanha.

Falta trigo no Mercosul e preços sobem 37% no ano; pão pode ficar mais caro



 
 
A crônica dependência brasileira da importação de trigo está se tornando um problema maior neste ano. 
A indústria moageira enfrenta queda na produção interna e em um período de grande comprometimento com contratos antecipados de exportação. 
A situação só tende a melhorar depois de agosto, com a safra no Paraná.
Nos países do Mercosul, tradicionais fornecedores de trigo para o Brasil, a oferta também diminuiu e a alternativa é importar dos EUA. 
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), regulamentou no mês passado a isenção de cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) sobre a importação de 1 milhão de toneladas de trigo. 
Para alguns  moinhos, a conta está saindo 10% mais alta, mesmo com esta isenção da TEC válida até 31 de julho. 
A retirada temporária do imposto atendeu a um pedido dos moinhos, que importam cerca de 50% do trigo que processam, ou aproximadamente 5 milhões de toneladas por ano. 
Em 2012, além da frustração da safra brasileira, a Argentina, que é o principal fornecedor, também colheu menos e grande parte do cereal foi de qualidade inferior por causa do excesso de chuvas.
O risco agora é que, com a pressão da alta do dólar e a falta de trigo no Brasil e em países vizinhos, ocorra aumento de preço na indústria de pães, massas e biscoitos.
O Sindicato da Indústria de Trigo do Estado, afirma que o preço do grão subiu nos últimos dois meses, quando deveria ficar mais barato.
Fonte: redação, com agências.

BNDES estuda regras mais seguras para atrair investidores estrangeiros


 
 
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho (na foto com o senador Lindberg Faria), disse nesta quarta-feira (8/5) no Senador que os investimentos estrangeiros de longo prazo, a partir de debêntures, serão a principal via de participação do setor privado nos projetos e obras prioritárias para o país. 
 
Segundo ele, o banco está estudando ações para tornar o cenário mais seguro e atrativo para os investidores internacionais.
 
“Estamos empenhados em fortalecer e criar condições mais seguras para os investidores estrangeiros, principalmente para os tradicionais que não são propensos a correr muitos riscos”, garantiu. Segundo ele, o BNDES já patrocinou mais de 400 projetos de infraestrutura no Brasil sem dificuldades.  
 
“Estamos analisando cláusulas que protejam o investidor estrangeiro e temos feito interlocução ativa no exterior com investidores interessados. Acho que esse mercado vai ser a grande via de participação do setor. Antes do crédito bancário serão as debêntures”, apostou Coutinho. 
 
As debêntures funcionam como títulos que o setor privado emite. Os papéis representam dívidas de empresas que se comprometem a quitar com juros e prazo definidos, e, com o dinheiro da venda, conseguem financiar obras e projetos.  
 
O governo criou uma série de estímulos para atrair o interesse do setor privado. Uma delas foi a isenção do Imposto de Renda para as empresas que aderirem, mas a iniciativa não decolou. Durante uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal, Coutinho garantiu que o BNDES está preparado para oferecer as taxas e condições que foram anunciadas para alavancar o programa de investimentos em logística no país. 
 
Segundo ele, a participação do setor privado é fundamental para que os projetos ganhem as proporções e os resultados esperados. “Nossa expectativa é que os leilões de rodovias, portos e aeroportos sejam muito disputados, [que] os leilões dos trechos ferroviários atraiam muitos investidores.
 
De nossa parte, ofereceremos financiamento de longo prazo e vamos fortalecer a estrutura de capital dos investidores privados”, acrescentou, destacando que o banco tem mantido essa dupla agenda voltada para o setor. Coutinho explicou que o BNDES internacional, instalado em Londres, tem essa função entre seus objetivos.
 
Segundo ele, a expectativa é que essa unidade seja usada para captar recursos estrangeiros com taxas mais baixas, gerir ativos de interesse do país e funcionar como fonte de interlocução para atrair investimento principalmente para a área de logística no país. “Esses objetivos mais do que justificam que o banco tenha janela de operação internacional”, avaliou.
 
 
 Fonte: Agência Brasil

OMC vive situação crítica e está paralisada, diz novo diretor-geral



BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA
 Folha de S.Paulo

Atualizado às 13h18.

O novo diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, disse nesta quarta-feira, em entrevista coletiva, que a situação da entidade é crítica. Ele foi eleito na terça (7), derrotando o mexicano Herminio Blanco.
"A OMC está num estágio muito crítico. Nós costumamos dizer isso, mas é verdade mesmo. As negociações estão completamente travadas. Há uma paralisia clara no sistema."

Ele disse que se empenhará para recuperar a importância da organização como mecanismo para facilitar as relações multilaterais. 

"Ou as bases mudam, ou o mundo vai avançar e a OMC vai ficar para trás. É isso que nós temos que evitar", afirmou. "Na minha visão, estamos correndo risco de perder um mecanismo muito valioso".

O embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevêdo, anuncia candidatura à diretoria-geral da OMC, em janeiro Leia mais
 
Segundo Azevêdo, a OMC não consegue avançar devido ao fracasso na Rodada Doha, de liberalização do comércio global. Ele colocou a retomada das reuniões de negociação como "prioridade número um". 

"Resolvendo a rodada Doha, vamos destravar a organização e tirá-la da paralisia em que ela se encontra nos últimos cinco anos. Temos que achar uma solução o mais rápido possível". 

O brasileiro prometeu empenho para combater o protecionismo e disse que o trabalho deve começar antes de sua posse, em 1º de setembro, para evitar o fracasso da conferência de Bali, em dezembro. 

"Não sei o estágio em que estaremos até lá. Muita coisa vai acontecer. Espero encontrar o paciente com o coração batendo e respirando". 

APOIO
 
Mais cedo, os embaixadores dos Estados Unidos e da União Europeia prometeram apoiar a gestão do brasileiro. Os países desenvolvidos votaram no candidato mexicano, Herminio Blanco. Azevêdo foi eleito com apoio da China e das nações emergentes. 

"É um dia muito bom para a OMC como instituição. Nos estamos muito felizes em fazer parte do consenso por Azevêdo", disse o embaixador americano Michael Punke. 

"Achamos que ele será um diretor-geral muito bom, e vamos trabalhar junto com ele. Nós apoiamos o consenso", acrescentou. 

A embaixadora do Reino Unido, Karen Pierce, disse esperar que a articulação do seu país para que a UE votasse em Blanco não atrapalhe as relações britânicas com o Brasil. 

Ela afirmou que a irritação do governo brasileiro com Londres deve ser um "mal-entendido". "Temos uma relação muito forte com o Brasil. Seria uma pena. Se isso for verdade, é um mal-entendido", disse. 

OMC
 
O brasileiro Roberto Azevêdo, 55, foi eleito na terça-feira (7) como diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio). É a primeira vez em que um latino-americano é eleito para um mandato completo de quatro anos. 

Na última fase da disputa, Azevêdo derrotou o mexicano Herminio Blanco, 62, e trouxe ao Brasil uma de suas maiores vitórias diplomáticas. A decisão foi tomada em Genebra (Suíça) com a participação dos 159 países que integram a entidade. 

O diplomata começou a carreira no Itamaraty em 1984 e foi o principal assessor econômico do então chanceler Luiz Felipe Lampreia de 1995 a 1997. Participou, em 2001, da criação da Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty, que dirigiu por quatro anos. 

Em 2005, ele se tornou o chefe do departamento econômico do ministério e, de 2006 a 2008, foi subsecretário geral de assuntos econômicos. 

Foi em 2009, quando já estava à frente da representação na OMC, que o órgão autorizou o Brasil a retaliar os EUA pelos subsídios ao algodão. 

O Brasil ganhou papel predominante na OMC a partir de 2003, durante o governo Lula (2003-2010), e se tornou um dos maiores negociadores junto da UE, do Japão, da China, da Índia, dos EUA e da Austrália. 

O país defende um enfoque gradual para derrubar barreiras comerciais e um grande papel para o governo na regulação do comércio, o que já provocou queixas de países ricos, como os EUA e o Japão, e de companheiros emergentes, como a China e a Coreia do Sul.