terça-feira, 16 de julho de 2013

Surge, enfim, o nome da mudança

O milagre da onda de passeatas foi a reabilitação dele, o filho do Brasil, o homem, o mito: Luiz Inácio da Silva

GUILHERME FIUZA

A revolta das ruas produziu um milagre. Não as votações espasmódicas do Congresso Nacional, nem a revogação de aumentos das tarifas de ônibus. Esses foram atos oportunistas, que logo sumirão na poeira da história, embora tenham sido celebrados como vitórias revolucionárias. O milagre também não foi a reação do governo Dilma Rousseff, que propôs ao país um plebiscito para reformar a política. Outros governantes já usaram alegorias para embaçar o debate. Como a alegoria de Dilma é especialmente fajuta, não será comentada neste espaço. O milagre da onda de passeatas foi a reabilitação dele – o filho do Brasil, o homem e o mito, Luiz Inácio Lula da Silva. 

A opinião pública brasileira é um show. A pesquisa Datafolha que registrou queda na avaliação do governo Dilma quase à metade revelou que, hoje, a eleição presidencial iria para o segundo turno. A não ser que Lula entrasse no páreo. Aí ele seria eleito em primeiro turno. O povo, revoltado com tudo isso que aí está, puniu Dilma nas pesquisas porque quer mudança. E sua opção de mudança é Lula. Viva o povo brasileiro!

A pesquisa revelou mais. Quem teria, hoje, o melhor preparo, entre os candidatos, para resolver os problemas econômicos do Brasil? Em primeiro lugar, disparado: Lula. É um resultado impressionante. A maioria do eleitorado deve estar escondendo alguma informação bombástica. Devem ter algum segredo, guardado a sete chaves, sobre o novo Lula. Diferentemente do velho, esse aí não deve ter nada a ver com Dilma, Guido Mantega, Gilberto Carvalho, José Dirceu, enfim, a turma que estourou as contas nacionais para bancar o populismo perdulário.

Não, nada disso. O novo Lula – esse que a voz do povo descobriu e não quer nos contar – é um administrador moderno, implacável com o fisiologismo. Um Lula que jamais daria agências reguladoras de presente a Rosemary Noronha, para ela brincar de polícia e ladrão com os companheiros (é bem verdade que a polícia só chegou ao final da brincadeira). Esse Lula, que hoje seria eleito para desenguiçar a economia brasileira, sabe que politizar e vampirizar uma Anac compromete o serviço da aviação. O povo foi às ruas por melhores serviços de transportes, e o novo Lula não faria como o velho Lula – aquele que transformou as agências do setor num anexo do PT e seus comparsas. Jamais.

O povo brasileiro é muito sagaz. Descobriu o que nem um sociólogo visionário descobriria: o sujeito que pariu Dilma, montou seu modelo de administração e dá pitaco nele até hoje fará tudo completamente diferente, se for eleito presidente em 2014. Quem poderia supor uma guinada dessas? Só mesmo um povo sacudido pela revolta das ruas faria essa descoberta genial. O grande nome da oposição a Dilma é Lula. É ele quem saberá levar as finanças nacionais para onde Dilma, segundo a pesquisa, não soube levar. O eleitor brasileiro é, desde já, candidato ao Prêmio Nobel de Economia por essa descoberta impressionante.

Como se sabe, Lula manteve a política econômica de Fernando Henrique – até porque seu partido não tinha política de governo, não tinha projetos administrativos (continua não tendo), não tinha nada. Para manter a militância acesa, o ex-operário assumiu a Presidência criticando o Banco Central. Auxiliado pelo vice José Alencar, inaugurou o primeiro governo de oposição da história. (Longe dos holofotes, pedia pelo amor de Deus para o BC continuar fazendo o que estava fazendo, já que ele não entendia bulhufas daquilo.) A conjuntura internacional foi uma mãe para o filho do Brasil, e ele torrou o dinheiro do contribuinte na maior festa de cargos e propaganda já vista neste país. Lançou então a sucessora, que fez campanha dizendo que o PT acabara com a inflação.

O único erro de cálculo dos companheiros foi esquecer que a desonestidade intelectual tem pernas curtas. E a conta do charuto do oprimido chegou: eis a inflação de volta. (Ao negar esse fato, Mantega foi convidado pelo companheiro Gilberto Carvalho a dar um passeio na feira.)

Mas vem aí o novo Lula, ungido pela sabedoria das massas, para salvar a economia brasileira. Qual será seu segredo? Será a substituição de Guido Mantega por Marcos Valério? Pode ser. Até porque o país não suporta mais amadorismo.

O marciano, o Brasil e Aristóteles

16 de julho de 2013
Autor: Denis Rosenfield  
 
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A presidente, com humildade, deveria ter reconhecido desde o início os seus erros e os de seu antecessor, resgatando o princípio de não contradição e a clareza e a distinção de ideias

Um marciano desembarcou no Planeta Terra e, desta vez, optou por conhecer o Brasil. Há muito tempo atrás, antepassados seus, tinham visitado a Grécia clássica. Lá tomaram conhecimento da filosofia de Aristóteles que os apaixonou. Levaram, inclusive, os manuscritos mais elaborados para seu planeta, deixando para os terráqueos o duro trabalho de edição de suas obras por séculos a fio.

Particularmente, tinham sido atraídos pelo princípio de não contradição, que passou a ser ensinado em todas as escolas. Mais especificamente, qualquer político deveria fazer provas duríssimas, aplicando esse princípio aos assuntos públicos. Afinal, tratava-se de algo maior: a prevalência do bem comum.

Nosso amigo marciano ficou, então, surpreso com o que estava ocorrendo em nosso país, pois tudo o que via percebia como uma infração às regras mais elementares da lógica e, neste sentido, de como entendia a política. Nas manifestações da última quinta feira, anunciada como “greve geral” ou como “dia nacional de lutas”, ele não conseguia compreender o que bem podia significar uma “greve” de movimentos sociais “organizados”, como CUT e MST, aparelhados pelo PT e financiados pelos governos petistas, contra o próprio governo petista. Traduzindo em miúdos, isto significa uma “greve” do PT contra o PT. O princípio de não contradição estaria sendo infringido!

Como podia acontecer que, no décimo terceiro ano de um governo petista, o PT se sentisse tão incomodado com o seu próprio governo. Cansado de si mesmo? Desorientado consigo? O que diriam, então, os cidadãos confrontados com tal confusão? Como pode alguém fazer oposição a si mesmo?

Ficou particularmente intrigado com uma expressão de muito uso no governo do ex-presidente Lula e posta à prova no da presidente Dilma. Trata-se de uma tal de “herança maldita”. Não conseguia bem perceber o que significava. Em sua formação intelectual, além de Aristóteles, tinha lido muito Descartes, quando de outra incursão de seus antepassados ao Planeta Terra. Tinha aprendido com o filósofo francês um critério de verdade baseado na clareza e distinção das ideias. Lógico como era, tratou de aplicar esse critério à expressão “herança maldita”.

Ora, qual não foi a sua estupefação ao constatar que o que o ex-presidente Lula considerava como herança “maldita” de seu antecessor tinha sido “bendita”, assegurando-lhe o êxito de seu primeiro mandato. Ficou sabendo que o primeiro governo petista tinha mantido as linhas básicas de sua política econômica e, mesmo, social. Tinha tucanado. A lógica do governo teria sido uma, a retórica outra. Ou seja, fazia uma coisa e dizia outra. Não há princípio de não contradição que resista, além do problema de ordem propriamente moral de não reconhecimento.

Perseguindo ainda a clareza e a distinção das ideias, terminou por compadecer-se com a presidente Dilma, pois ela se encontrou em uma sinuca de bico. Do ponto de vista moral, teve uma atitude digna ao qualificar a herança de seu antecessor como “bendita”, quando, na verdade, ela é “maldita”. Está agora recolhendo os seus frutos que crescem nas ruas em manifestações autônomas. O seu discurso está, neste sentido, impregnado de contradições, apesar de ter, no início de seu mandato, mantido a coerência ao ter reconhecido o legado do ex-presidente Fernando Henrique. Aliás, de sua própria iniciativa, fez uma “faxina ética”, tendo depois recuado ao seguir novamente o seu antecessor.

Contudo, os dilemas de nosso marciano não pararam por aí. Seus princípios e critérios não cessavam de ser postos à prova — e que provação! Não conseguia entender o que o governo e o PT entendiam por “movimentos sociais” quando confrontou duas manifestações, a monstro de duas semanas atrás e a esquálida desta última quinta, tendo sido esta uma caricatura daquela.

Em uma manobra de grande inabilidade, o governo federal partiu para a cooptação e a burocratização de movimentos autônomos .
 

Ele próprio, apenas poucas décadas atrás, tinha entrado em contato com outro grego, naturalizado francês, de nome Cornelius Castoriadis. Em privado, era chamado Corneille, porém isso também o confundia por lembrar o célebre dramaturgo francês. O problema, porém, não era esse. O que estava em questão era a distinção feita por esse filósofo entre “autonomia” e “heteronomia”.

Autonomia designava movimentos populares autônomos, genuínos, que brotavam da sociedade por ela mesma, lutando contra governos que os oprimiam ou não atendiam às suas reinvindicações. Heteronomia, por sua vez, significava movimentos controlados por aparatos partidários e burocráticos, de uso corrente na esquerda, cujo objetivo consistia precisamente em substituir e aniquilar uma manifestação independente da sociedade civil.

Ora, as manifestações de duas semanas atrás se caracterizaram, precisamente, por serem autônomas, nascidas do próprio seio da sociedade civil, ultrapassando qualquer “aparelho” que tenha procurado controlá-las. Foi um espetáculo de liberdade. Uma expressão da mais legítima indignação com distintos governos de diferentes partidos, sejam eles do PT, PMDB ou PSDB, tanto no nível federal, quanto estadual e municipal.

Em uma manobra de grande inabilidade, o governo federal e o PT, em vez de procurarem atender a uma indignação generalizada dos cidadãos brasileiros, partiram para a cooptação e a burocratização de movimentos autônomos. Colocaram em pauta a heteronomia. Sindicatos financiados com recursos públicos e movimentos sociais organizados como o MST, também financiados pelo governo, usurparam a bandeira da liberdade e da moralidade. O resultado foi um fiasco total. Ruas comparativamente vazias, burocratização das marchas, uniformização dos discursos e indignação fingida.

A presidente, com humildade, deveria ter reconhecido desde o início os seus erros e os de seu antecessor, resgatando o princípio de não contradição e a clareza e a distinção de ideias. Poderia ter aberto um novo caminho. Nosso amigo marciano, por sua vez, confuso, preferiu voltar ao seu planeta. Pelo menos lá reina a coerência e a racionalidade.

Fonte: O Globo, 15/07/2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

BNDES adiou cobrança de contratos bilionários de empresas de Eike Batista

15 de julho de 2013 | 2h 06

EDUARDO BRESCIANI / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
 
Contratos de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sofreram alterações para beneficiar empresas de Eike Batista. As mudanças adiaram prazos, estenderam recursos e relaxaram exigências. Documentos enviados ao Congresso e obtidos pelo 'Estado' mostram que foram firmados 15 contratos no valor de R$ 10,7 bilhões com empresas do grupo de janeiro de 2009 a dezembro de 2012 com juros baixos, garantias em ações das próprias companhias ou bens que ainda seriam adquiridos.

Uma das prorrogações foi assinada a apenas quatro dias do prazo em que a empresa deveria ter feito o pagamento. Em 15 de setembro de 2012 a UTE Parnaíba, que tem a MPX como sócia, deveria ter pago ao BNDES R$ 242,7 milhões. No dia 11 de setembro de 2012, porém, um aditivo mudou o pagamento para março de 2013.

O adiamento ocorreu também em contrato de R$ 240 milhões firmado em dezembro de 2009 com a empresa UTE Porto de Itaqui Geração de Energia S.A., que tem a MPX como sócia. O contrato original previa amortização equivalente a cinco parcelas em junho de 2012, mas um aditivo postergou a quitação em 13 meses.

Outro acordo, com a Porto do Pecém Geração de Energia, na qual a MPX está envolvida, o BNDES prorrogou a exigência de desempenho técnico em seis meses: de dezembro de 2011 para junho de 2012.

Juros baixos. No entanto, as vantagens oferecidas a projetos ligados ao empresário não se resumem a adiamentos. O maior dos contratos individuais entre BNDES e empresas de Eike, de R$ 1,4 bilhão, foi firmado em julho de 2009 para a implantação de uma termoelétrica dentro do complexo industrial de Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), que tem como acionista a MPX. 

A unidade está em operação e, segundo o contrato, os pagamentos do financiamento do BNDES serão realizados até junho de 2026. Os juros cobrados são de 2,77% ao ano acima da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 5% ao ano. A taxa é inferior à Selic, que foi elevada pelo Banco Central para 8,5% ao ano na semana passada, usada pelo Tesouro para levantar recursos no mercado. 

Há taxas de juros ainda mais favoráveis ao grupo. Em dezembro de 2009, um contrato de R$ 407,7 milhões com a LLX Sudeste para a compra de equipamentos para a construção do porto de Sepetiba, em Itaguaí (RJ), tem juros fixos de 4,5% ao ano. Na época da assinatura do contrato, a Selic era em 8,75%. O BNDES justifica que, em linhas específicas, outras empresas também receberam juros subsidiados (leia mais abaixo). 

Garantias. As garantias também chamam a atenção. Penhor de ações das próprias companhias, cartas de fiança assinadas por empresas do grupo e bens que ainda seriam comprados estão entre as garantias ofertadas pelo grupo EBX.

Num contrato que assina como pessoa física, no valor de R$ 1,344 bilhão, para a construção de um estaleiro pela OSX, Eike oferece entre as garantias dividendos uma de suas empresas, com sede na Holanda. Firmado em 2012, o contrato prevê amortizações a partir de 2016 e pagamento até 2034.
Projetos de infraestrutura, como estaleiros, usinas e portos, geralmente são financiados no longo prazo. No caso de Eike, a maior parte dos empréstimos vence na próxima década.

Ações da Embraer atingem maior patamar desde março de 2008


Por Daniela Meibak | Valor
Embraer/Divulgação

SÃO PAULO  -  As ações da fabricante de aeronaves Embraer atingem o maior patamar desde março de 2008, quando considerados valores em reais, corrigido pela inflação. Sem correção, o preço seria o maior valor histórico do papel.

Os ativos estão entre as maiores altas neste ano da BM&FBovespa. Em 2013 a companhia acumula uma valorização de quase 50%, enquanto o Ibovespa recua quase 24%.

Hoje a Embraer divulgou dados de entregas e pedidos. No segundo trimestre de 2013 a empresa registrou uma carteira de US$ 17,1 bilhões e 366 pedidos até junho, na comparação com 200 unidades no mesmo período do ano passado, perfazendo US$ 12,9 bilhões. A reação do mercado era positiva, com uma alta de 0,99% das ações ordinárias por volta das 15h50, a R$ 21,41.

Pedidos

A Embraer mostrou recuperação na sua carteira de pedidos firmes, na opinião de analistas. Os números são destaque, na opinião da equipe de análise da Concórdia. A corretora afirmou que a empresa tem apresentado boa recuperação em sua carteira após o período de redução no valor consolidado, que aconteceu em função da crise econômica global e problemas enfrentados pelo setor aéreo.

“Além disso, a companhia segue focada no desenvolvimento de produtos e serviços voltados ao segmento de defesa e segurança, que vem ganhando representatividade em seu resultado consolidado e possui boas perspectivas futuras”, afirma a corretora. A equipe lembra que a Embraer tende a se beneficiar com a recente variação cambial, uma vez que sua receita é auferida em dólares e apenas parte de seus gastos estão expostos à moeda.

Segundo Sandra Peres, da Coinvalores, os dados vieram positivos e ficaram acima do que era esperado. Para a analista, a surpresa ficou com os jatos executivos. As entregas no segmento subiram 45% no trimestre e avançaram 24,24% nos seis meses iniciais de 2013. Ela explica que o desenvolvimento dos países emergentes está trazendo uma demanda maior por jatos executivos, para realizar pontes aéreas sem depender da aviação comercial.

O Citi está no lado mais pessimista e afirma que a qualidade das entregas foi fraca, com de 22 jatos comerciais no trimestre, ante a estimativa de 27 unidades pelo banco. O analista Stephen Trent afirma que a dependência da empresa com uma única companhia aérea não tem precedentes.

A Embraer, segundo o relatório do banco, tem 38% da sua carteira de pedidos firmes na aviação comercial vindos da SkyWest, com grande parte dessas ordens sem geração de receita por pelo menos sete anos. “Sete anos é muito tempo para uma companhia aérea, é quase uma eternidade.”

Uma estratégia de negócios para salvar Brasília e o Brasil


Marcos Morita,
Giancarlo Liguori/Shutterstock


Imagine a situação. Você foi contratado para fazer o diagnóstico em uma instituição centenária, com capital 100% brasileiro e sede em Brasília, cuja imagem encontra-se arranhada e desgastada, detectada em pesquisas realizadas em âmbito nacional. Sua estrutura é burocrática, hierárquica, centralizada, fechada e pouco transparente, cuja ênfase está nas regras e procedimentos. O foco de seu trabalho, por sua vez, parece ser mais interno, em defesa dos próprios interesses, que externo, avaliando e propondo soluções às demandas de seus clientes. 

Outro indicador decepcionante encontrado foi com relação à produtividade por executivo, considerada baixa por qualquer prisma que se considere. Como exemplo, em uma área de vendas este critério pode ser medido através do faturamento, lucro ou margem per capita. Talvez a culpa esteja em seu sistema de remuneração que não incentiva a premiação por resultados, ou seja, tanto faz apresentar ou não resultados que o gordo contracheque estará garantido no final do mês. 

Não bastasse a falta de cobrança e os altos salários para o padrão brasileiro, a lista de benefícios é extensíssima: auxílio-moradia, carro alugado, tanque cheio, assistência médica ilimitada, contas em restaurantes, diárias em hotéis, passagens aéreas, dentre outros. Não há também descontos por atrasos ou faltas, as quais não precisam ser comprovadas por atestados ou preenchimento de formulários. Já é algo cultural os corredores da empresa estarem vazios às segundas e sextas-feiras. 

Seu modelo de contratação e demissão é considerado único dentre as empresas avaliadas. Uma vez contratados, o que na empresa é realizado através de uma cerimônia de posse, têm garantidos quatro anos de carteira assinada, com possibilidades ínfimas de demissão, seja ou não por justa causa. Os casos de demissão voluntária são desconhecidos, o que não surpreende, considerando a relação custo versus benefício. Por fim, vale a pena mencionar a definição de posse: estado de quem possui uma coisa, de quem a detém como sua ou tem gozo dela.

Para gozar desta mamata não são necessários testes ou exames específicos, tampouco cursos de especialização, pós-graduação, mestrado ou experiência prévia. Já passaram por lá cantores, artistas, jogadores de futebol e até palhaços, com ou sem propostas ou objetivos definidos. Apesar do espaço democrático, tomar posse em uma cadeira não é nada fácil para os que não possuem popularidade conseguida em outros campos. Coligações, grupos de apoio e interesses, muitos interesses em jogo. O conflito entre público e privado é inevitável, assim como a ética, que caminha no fio da navalha.

Deitados em berço esplêndido estavam até as últimas semanas, empurrando com a barriga como se diz no ditado popular. Os movimentos das ruas mudaram tudo isso, ameaçando mexer no queijo conseguido a tão duras penas. Para manter o “status quo” foram obrigados a sair da zona de conforto, desengavetando, votando, aprovando ou reprovando medidas necessárias e urgentes. Não obstante a surpresa da mídia e da sociedade com a velocidade de resposta, nada mais fizeram que trabalhar duro como qualquer trabalhador que dizem representar. 

Enfim, mudanças neste sistema são inevitáveis, sejam através de plebiscitos ou referendos, cujas discussões acaloradas envolvem juristas por todo o país. Como especialista em estratégias empresariais, esperaria que esta reforma política deixasse não só o Congresso, mas as instituições ora questionadas mais inovadoras, produtivas, abertas, modernas, flexíveis, vivas e extrovertidas, adaptando-se e ajustando-se rapidamente as demandas externas, o que passa necessariamente por uma revisão em seu modelo de gestão. 

Gostem ou não, senadores, deputados e vereadores deverão agir como os ratinhos Haw, Sniff ou Scurry, adaptando-se, agindo ou se antecipando às mudanças. A vida que tinham como o ratinho Hem, esperando pelo queijo, está com os dias contados. Assim esperam todos os brasileiros, estejam ou não protestando nas ruas.

BC reduz custo para que financeiras tragam recursos de filiais para o Brasil



 
 
O Banco Central (BC) definiu mais uma medida para estimular a entrada de dólares no país e, por consequência, ajudar a conter a alta da moeda americana. 

O procedimento, divulgado na noite de ontem (11) no sistema de informações do BC, modificou o cálculo do requerimento de capital para cobrir riscos de exposição em moeda estrangeira, ouro, ativos e passivos sujeitos à variação cambial.
 
Na prática, a decisão reduz o custo para que as instituições financeiras tragam recursos de filiais no exterior para o país. A norma entrou em vigor imediatamente. De acordo com o BC, a medida não reduz “a prudência e a solidez do sistema financeiro”.
 
Para o BC, as regras prudenciais brasileiras “continuam significativamente mais conservadoras que o padrão internacional”. O governo também anunciou, recentemente, outras medidas para suavizar a alta do dólar. No último dia 3, o BC eliminou as restrições de prazos para que os exportadores financiem pagamentos antecipados
 
Antes, os exportadores que quisessem antecipar o recebimento das receitas com as vendas para o exterior poderiam pegar empréstimos de até cinco anos. O BC derrubou esse limite, permitindo que financiamentos de prazos mais longos sejam concedidos, o que aumenta a oferta de dólares no mercado, empurrando a cotação para baixo.  
 
O BC também retirou o depósito compulsório sobre a posição vendida de câmbio. Com isso, os bancos deixaram de recolher à autoridade monetária parte dos valores aplicados em apostas de que o dólar vai cair. 
 
Outra atuação do BC é por meio de operações de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro. Além dessas ações do BC, o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os estrangeiros que aplicam em renda fixa no Brasil. Antes, a alíquota era 6%. 
 
Outra mudança foi a isenção de IOF, que era cobrado, com alíquota de 1%, sobre a venda de moeda estrangeira no mercado futuro.
 

 Fonte: BC e Agência Brasil

Dilma quer mais comércio do Mercosul com países da AL e da União Europeia



 
 
A presidente Dilma, afirmou nesta sexta-feira (12/7), em Montevidéu, que o Mercosul possui uma estrutura econômica diversificada e deve ter uma política comercial e externa que reflita as potencialidades da região.
 
 “Uma nova agenda de inserção externa para o bloco poderia contemplar cronogramas mais acelerados para a negociação comercial entre o Mercosul e outros países da América do Sul e a União Europeia, além de negociações, no âmbito do subcontinente, em serviços e investimentos entre as nossas economias”, afirmou. A presidenta participou da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada, em Montevideu, no Uruguai.

Dilma defendeu a transformação da cooperação entre Mercosul e África numa questão estratégica nessa nova agenda. Para ela, os cinco países integrantes do Mercosul devem estabelecer uma estratégia de integração que contemple a presença competitiva do bloco no mundo e esteja em sintonia com o desenvolvimento das populações locais. 
 
Ao comentar a ampliação do bloco, que iniciou tratativas para a adesão da Bolívia, a presidente disse que a entrada da Venezuela no Mercosul, há pouco menos de um ano, trouxe ganhos “econômicos e de escala” para todos os países do grupo. “A Venezuela amplia a capacidade do Mercosul de irradiação para o norte do continente e em direção ao Caribe à América Central”, disse. 
 
 A Venezuela assumiu a Presidência Pro-Tempore do Mercosul durante a reunião.A presidente ponderou, no entanto, que ainda há uma tarefa importante a realizar: o regresso do Paraguai ao bloco, com a posse do presidente eleito Horacio Cartes. “O país e o povo paraguaio são partes essenciais no destino do Mercosul. Queremos tê-los de volta. Essa é uma tarefa que será perseguida por todos nós”, afirmou.

A 45ª Cúpula do Mercosul terminou com a adesão de um novo membro, a Bolívia, e três duras declarações: todas elas políticas e relacionadas ao escândalo de espionagem, desencadeado pelas revelações Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa que prestava serviço para a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA).O Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Venezuela e Bolívia convocaram para consulta seus embaixadores nos quatro países europeus que proibiram o avião do presidente boliviano Evo Morales de sobrevoar seus territórios, no último dia 2 de julho.
 
 Havia a suspeita infundada de que Snowden estava a bordo do avião presidencial.O americano, que está há quase três semanas no setor de trânsito do Aeroporto Internacional de Moscou, é procurado pela Justiça norte-americana, desde que revelou à imprensa que o governo dos EUA monitora telefonemas e e-mails de cidadãos comuns, empresas e funcionários públicos de vários países – inclusive do próprio Estados Unidos. 
 
Quando Evo Morales visitou a Rússia, surgiram rumores de que ele estava transportando Snowden para a Bolívia. Portugal, a Espanha, Itália e França proibiram o avião do presidente de sobrevoar seus territórios, que teve que fazer um pouso não programado na Áustria, onde permaneceu durante13 horas.
 
 “Mesmo que ele [Snowden] estivesse dentro do avião, não se podia fazer isso. Violar tratados internacionais jamais foi feito antes em tempos de paz”, disse a presidenta Dilma Rousseff, em entrevista à imprensa, após o encontro com os presidentes do Mercosul. 
 
Convocar embaixadores “para consultas”, na linguagem diplomática, é uma forma de manifestar um profundo mal-estar. Os presidentes do Mercosul também pediram explicações dos embaixadores europeus em seus países, além de exigir desculpas públicas. 
 
As revelações de Snowden foram motivo de outra declaração dura, que não só condena os atos de espionagem como pede à Organização das Nações Unidas que adote normas para impedir que um país viole a soberania de outro e a privacidade de seus cidadãos.  
 
“É necessário que haja uma discussão sobre segurança”, disse Dilma, na entrevista. “Eu sou amplamente favorável e defendo com unhas e dentes as redes sociais como conquistas para a liberdade de expressão e a democratização de todas as posições. 
 
O Estado não pode usar isso para ser o grande irmão que fiscaliza tudo, que vê tudo e que inibe as pessoas”, disse.Segundo Dilma, o argumento de que é necessário monitorar vidas alheias para combater o crime e o terrorismo é “inaceitável” e incompatível com as garantias democráticas. 
 
Os presidentes do Mercosul também defenderam o direito de um país conceder asilo. Essa posição foi uma resposta às pressões exercidas pelos Estados Unidos a países que ofereceram abrigo político a Snowden – entre eles, a Bolívia, Venezuela e Nicarágua. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, lembrou que o asilo político salvou muitos perseguidos das ditaduras militares latino-americanas. 
 
 “Quando falamos nessas resoluções, sabemos do que estamos falando porque vivemos histórias trágicas e sangrentas”, disse Cristina, em seu discurso.Unidos na sua ação internacional, os países do Mercosul ainda não conseguiram solucionar um problema interno: a reincorporação do Paraguai, um dos quatro membros fundadores, junto com o Brasil, a Argentina e o Uruguai.  
 
O país foi suspenso há um ano, depois da destituição do então presidente Fernando Lugo. O impeachment-relâmpago foi criticado pelos governos da região, que suspenderam o Paraguai do Mercosul até a posse do presidente eleito, Horacio Cartes, no próximo dia 15 de agosto.“Todos nós nos comprometemos a comparecer à posse de Cartes”, disse Dilma.  
 
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro – que assumiu a presidência pro tempore do Mercosul – declarou em seu discurso que quer resolver qualquer mal-entendido com os paraguaios. Mas ele foi considerado “pessoa não grata” pelo Congresso paraguaio, que o acusa de ter interferido nos assuntos internos do país, durante o processo de impeachment de Lugo.Cartes, apesar de dizer que o Paraguai tem interesse de voltar ao Mercosul, não aceita que a Venezuela ocupe a presidência pro tempore do bloco.  
 
opinião pública paraguaia e o Partido Colorado, ao qual Cartes pertence, consideram que foram punidos sem razão, uma vez que a Constituição paraguaia prevê o impeachment de um presidente. 
 
Fonte: Agência Brasil