quinta-feira, 2 de junho de 2016

Governo Dilma aniquilou MCMV para mais pobres, diz ministro






Roberto Stuckert Filho/PR/Fotos Públicas
Dilma entrega unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida na Bahia
Minha Casa, Minha Vida: no ano passado, o governo contratou apenas 1.188 moradias do faixa 1, ante 132.615 unidades habitacionais em 2014
 
 
Murilo Rodrigues Alves, do Estadão Conteúdo


Brasília - O ministro das Cidades, Bruno Araújo, disse que o governo da presidente afastada Dilma Rousseff é o responsável pela suspensão das contratações da faixa do Minha Casa Minha Vida (MCMV) que contempla a população mais pobre, que ganha até R$ 1,8 mil.

"Fica claro que o governo afastado aniquilou os recursos e tem sido o meu diálogo com o Ministério da Fazenda no sentido de reduzir o dano que o governo anterior causou à população mais pobre tirando os recursos do faixa 1", disse Araújo, em entrevista coletiva na qual fez um diagnóstico da "herança maldita" em que encontrou o ministério.

A chamada faixa 1 é a que atende as famílias que ganham até R$ 1,8 mil por mês. Para esse público, o governo chegava a bancar até 95% do valor do imóvel.

Como o jornal O Estado de S. Paulo antecipou em julho de 2015, as contratações da faixa 1 foram suspensas ainda no governo da presidente afastada e permanecem assim.

No ano passado, o governo contratou apenas 1.188 moradias do faixa 1, ante 132.615 unidades habitacionais em 2014 e 399.219 moradias em 2013. Neste ano, não houve nenhuma contratação.

Araújo não soube dizer quando as contratações serão retomadas, tendo em vista a frustração de recursos da União para o valor tão alto de subsídios. "A pergunta que fazemos é: onde está o dinheiro?", disse.

O ministro disse que o programa bateu o recorde de contratações em 2013 porque queria ter muitas inaugurações no ano seguinte, às vésperas da campanha à reeleição.

Para este ano, o Minha Casa Minha Vida tem orçamento de R$ 11,7 bilhões, dos quais R$ 6,8 bilhões são da União e R$ 4,8 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Esses recursos, porém, serão usados para o pagamento das obras das moradias que já foram contratadas.

Segundo levantamento do ministério, 51,2 mil moradias destinadas às famílias com renda mensal de até R$ 1,8 mil estão com as obras paralisadas. Outras 67,2 mil unidades estão concluídas, mas não foram entregues ainda por questões burocráticas.

Nas outras duas faixas do programa, destinadas à população que ganha até R$ 3,6 mil e R$ 6,5 mil, foram contratadas 204,4 mil unidades até o fim de maio, de acordo com os dados do ministério.

Essa parcela do programa não está paralisada porque o grosso dos subsídios é bancado com recursos do FGTS. Apenas 10% do subsídio do faixa 2 sai dos cofres da União.

O ministro disse que essa parcela dos subsídios vai continuar sendo bancada com o dinheiro do orçamento da União, embora as construtoras e incorporadoras tenham pedido que o FGTS ficasse responsável pela totalidade dos subsídios dessa faixa.



DeVry anuncia compra da Faculdade Imperatriz, no Maranhão






Wikimedia Commons
Imperatriz (MA)
Imperatriz (MA): Facimp tem cerca de 2 mil alunos e oferece 10 cursos de graduação
 
Juliana Schincariol, da REUTERS

Rio de Janeiro - A DeVry fez acordo para aquisição da Faculdade Imperatriz (Facimp), na cidade de mesmo nome no Maranhão, cinco meses após ter anunciado a compra do Grupo Ibmec, informou a companhia nesta quarta-feira.

A Facimp tem cerca de 2 mil alunos e oferece 10 cursos de graduação.
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O valor do negócio, a décima primeira aquisição da companhia no Brasil, não foi divulgado.

A iniciativa integra o projeto de expansão da DeVry Brasil pelo interior dos Estados brasileiros, iniciada com a aquisição da DeVry Unifavip, em Caruaru (PE), em 2012.

Segundo a DeVry, há planos de expandir os cursos oferecidos pela instituição, com foco em engenharia e saúde. A companhia também disse que fará "investimentos significativos" na infraestrutura da instituição.

Em dezembro, a companhia anunciou a compra de 96,4 por cento do Grupo Ibmec, na maior aquisição já realizada no Brasil pela companhia norte-americana, que avaliou a renomada empresa de educação superior em cerca de 700 milhões de reais.


PIB 1º tri 2016 – O Brasil voltou 5 anos no tempo

Alexandre Cabral


01 junho 2016 | 17:12 


Hoje (01/06) foi divulgado o resultado do PIB brasileiro do primeiro trimestre de 2016 e tivemos uma queda de 0,3% em relação ao último trimestre de 2015. Se a comparação for com o primeiro trimestre de 2015, a queda foi de 5,4%. E recuamos 4,7%, se acumularmos os últimos 4 trimestres. Portanto, o PIB no governo Dilma deu marcha à ré e estamos agora no mesmo patamar de cinco anos atrás. Em outras palavras, a variação do PIB da era Dilma ficou zerada (só pegar os dados divulgados hoje pelo IBGE).

Temos coisas boas e ruins para analisar a partir desses números. E esse é o objetivo deste texto.

Introdução

PIB: Produto Interno Bruto, mede a produção de bens e serviços no País.
Quem divulga: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O que me deixou preocupado
O PIB do setor agrícola registrou queda de 0,3% no 1º trimestre de 2016, em relação ao 4º trimestre de 2015. E caiu 3,7%, na comparação entre o 1º trimestre de 2016 e o 1º trimestre de 2015. Trata-se de um setor que segurou a nossa economia no ano passado. Você pode me falar: “mas e o efeito do verão no PIB do setor agro?”. Eu te respondo: crescemos 4,9% em 2015; +2,8% em 2014; e 2,2% em 2013 – para citar apenas alguns números. No primeiro trimestre, temos a grande colheita da safra do verão. Esse resultado deveria ser bem melhor. Fui investigar o porquê desse número ruim e descobri:

– Queda na produção anual do fumo (- 20,9%), arroz em casca (- 7,6%) e milho (- 5,0%). Além do desempenho ruim desses itens, as principais safras do verão demonstraram queda na produção. Problemas climáticos prejudicaram demais o campo. Uma exceção foi a soja, com alta de 1,3%.
Olha que coisa curiosa: aumentamos a produção de soja, mas ocupamos uma área plantada muito maior. Por que isso é ruim? Porque estamos produzindo mais, mas com uma produtividade menor por hectare. Isso não é bom. Perdemos eficiência.
Portanto, temos que olhar com carinho para um dos setores que seguraram a nossa economia no ano passado. O desempenho do setor agro preocupa.

Qual foi o grande destaque positivo
O setor exportador, com as seguintes variações: + 6,5% na comparação com o 4º trimestre de 2015; ou + 13,0% em relação ao 1º trimestre de 2015. Com ajuda substancial da desvalorização do real e da exportação de bens do setor agropecuário, metalurgia, petróleo e derivados e veículos automotores.

Vejo então que esse trabalho do governo (mais especificamente do Banco Central) de manter o real/dólar na casa de R$ 3,60 tem dado certo (falo isso há mais de três meses). A exportação está segurando a nossa economia. Muitos vão me perguntar sobre inflação cambial. Respondo: a maior parte já foi repassada. Não se esqueça de que estamos com essa cotação há um bom tempo. O único aspecto ruim desse setor é que podemos estar exportando produtos que poderiam ser ofertados internamente. Como estamos preferindo exportar a mercadoria, a diminuição do produto para o consumo interno pode estar forçando a alta de preços. Quem sabe a exportação não é um dos motivos pelos quais a inflação de alimentos não cede? Para se pensar com carinho.

Aí o governo tem que decidir: exportação para impulsionar a economia ao custo de um pouco de inflação, ou diminuir a inflação e aumentar o desemprego? Eu, no lugar do governo, preferiria a primeira opção. E você?

E o consumo das famílias, como foi?
O consumo das famílias foi responsável por 64% do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2016. E tivemos queda nesse setor, com: -1,7% na comparação com o 4º trimestre de 2015, ou -6,3% em relação ao 1º trimestre de 2015. Aqui acho que todos já sabem os motivos, pois estão sentindo no dia a dia: inflação, desemprego, redução/encarecimento do crédito e diminuição da renda do trabalhador.

Na minha opinião, este deveria ser o principal foco de preocupação do governo. Seria o meu. Talvez sejam esses consumidores que poderiam novamente tirar a economia do atoleiro.

O que mais vemos no dia a dia e também teve desempenho ruim
O Comércio. Esse setor foi bem mal e isso é fácil de perceber apenas andando nas ruas. Hoje o principal contratante no Brasil é o “aluga-se” ou, quem sabe, o “vende-se”. Por que isso? O consumidor sumiu, pelos motivos já explicados no item anterior. Olhando para os números, a queda foi de -1,0% em relação ao 4º trimestre de 2015 e de -10,7% na comparação com o 1º trimestre de 2015. O cenário adverso é muito visível também nos números do desemprego: nos primeiros 3 meses de 2016, mais de 168 mil postos de trabalho foram fechados. No acumulado dos últimos 12 meses, o corte foi de 270.905 vagas (sempre considerando emprego com carteira assinada).

Já falei algumas vezes isso aqui: é um círculo vicioso. Se não tenho para quem vender, a minha empresa não arrecada. Se não arrecada, eu não consigo pagar os meus funcionários. Solução? Demissão. Não estou dizendo aqui que os empresários são culpados, longe disso! Estou dizendo que eles estão sentindo na carne a paralisia do País.

E qual a notícia boa?
Podemos estar chegando perto do fundo do poço. Perto, mas não ao fundo ainda. Isso ocorre por alguns motivos:
– A economia mundial ainda está aquecida o suficiente para manter as nossas exportações em excelentes patamares. Já estivemos em situação melhor, mas não podemos reclamar.
– O afastamento da Dilma fez com que os empresários olhassem para o Brasil de outro modo. Não pelo fato de ter entrado o Temer, mas, sim, por ter saído a Dilma. Sem contar que a atual equipe econômica é de uma qualidade que há muito tempo não vemos.

– Nosso PIB já caiu demais. Então a base comparativa dos números é cada vez menor.
– A queda da economia em 2016 deve ser menor que a do ano passado. Isso é muito bom. Acredito que, com esses dados, a nossa economia caia neste ano algo entre 2,90% e 3,10%, considerando que a equipe do Meirelles fica no comando. Se a Dilma voltar, tudo piora novamente.


Conclusão


A economia na era Dilma parou no tempo e está entregando o País – em dados do PIB – como recebeu. Isso é péssimo. Perdemos o bonde da história, porque o mundo cresceu durante esse período. Falar em motivos que levaram a esse cenário é “chover no molhado”, mas podemos destacar alguns: gasto maior que a receita; segurar inflação via decreto; demorar a reagir quando a economia começou a demonstrar fraqueza, sempre dando desculpas de que o mundo ia mal (e ele não ia); não apoiar a própria equipe econômica (a Dilma simplesmente não gostava do Levy); o escândalo da Lava Jato, que paralisou várias grandes empresas. E parem com essa história que o Moro está prejudicando Brasil e que, se não fosse a Lava Jato, não teríamos crise. Pelo amor de Deus! Preferem que o País cresça às custas de uma roubalheira generalizada? Eu não.

O que esperar? Como disse anteriormente, 2016 vai ser um ano ruim, mas deve ser melhor que o ano passado. Infelizmente, como a ociosidade do setor produtivo está muito grande, acho que o desemprego neste ano ainda aumenta e devemos ter resultado pior que em 2015. A economia deve voltar a respirar, mas via aumento de produção na economia que estão ociosas. Ou seja, não significa que, nesse primeiro momento, iremos contratar.

E a inflação? Acho que o problema de 2016 serão os alimentos. Um dia escrevo sobre esse tema.
As informações e opiniões expressas neste blog são de responsabilidade única do autor.

 http://economia.estadao.com.br/blogs/economia-a-vista/pib-1o-tri-2016-o-brasil-voltou-5-anos-no-tempo/

Serra sinaliza que país pode se afastar da OMC após criticas







Ueslei Marcelino / Reuters
Novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, dia 18/05/2016
José Serra: ele criticou então os subsídios agrícolas em países desenvolvidos, afirmando que contribuíram para abalar a credibilidade da OMC
 
Andrei Netto, do Estadão Conteúdo


Paris - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, questionou nesta quinta-feira, 2, a legitimidade da Organização Mundial do Comércio (OMC) e sinalizou que o país pode se afastar do organismo, "tomando novos caminhos".

A manifestação foi feita em uma minirreunião ministerial da entidade realizada em Paris. Para o chanceler, a instituição enfrenta imobilismo, falhou em derrubar os subsídios e barreiras sanitárias e fitossanitárias e ao apostar na Rodada Doha - o que leva o Brasil a condicionar seu engajamento a avanços objetivos.
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As críticas foram feitas na sede da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), na capital francesa, onde durante dois dias ministros de Economia e de Relações Exteriores de mais de 40 países estiveram reunidos.

Na minirreunião da OMC estavam presentes representantes de cerca de 20 nações, incluindo grandes exportadores mundiais, como Brasil, Argentina, México, Estados Unidos e China.

Em seu discurso, realizado a portas fechadas para a imprensa, Serra reconheceu que o Brasil enfrenta uma crise econômica causada em especial por fatores políticos internos, mas reiterou que o novo governo está tomando medidas para "corrigir desequilíbrios macroeconômicos" e "criar condições para o crescimento".

"Nesse processo", sustentou, "o comércio internacional e investimentos vão desempenhar um importante papel".

Serra criticou então os subsídios agrícolas em países desenvolvidos, afirmando que eles contribuíram para abalar a credibilidade da OMC.

"A proibição de subsídios de exportação para produtos agrícolas evitou a perda total da credibilidade do pilar de negociação da OMC. No entanto, a capacidade da OMC para permanecer um fórum significativo de negociação ainda está em questão", disse.

O chanceler reiterou que o Brasil "valoriza" a entidade, mas alegou que "a experiência dos últimos 10 anos não se mostrou recompensadora".

"Nós não fomos capazes de corrigir a assimetria em setores e o acesso entre produtos agrícolas e industriais. Não fomos capazes de corrigir as preocupações de países em desenvolvimento no sentido de facilitar sua participação crescente no comércio internacional", disparou.

Foi então que Serra sinalizou o desengajamento em relação à organização - embora nos bastidores assessores do ministro reiteraram que não há hipótese de desligamento da OMC.

"Se as coisas não funcionaram do jeito que tentamos, nós estamos prontos para novos caminhos, à medida que os problemas importantes para nós continuam na mesa", justificou.

Serra exortou os colegas a estipularem um quadro de trabalho até a próxima reunião ministerial da OMC, que acontecerá no final de 2017. O encontro deverá, diz o chanceler, servir como um ponto de partida para "um processo de eliminação passo a passo das distorções".

"Se nós prezamos a OMC, devemos multiplicar os esforços para fazê-la funcionar", reiterou, criticando a Rodada Doha - sem mencioná-la textualmente.

"Em vez do modelo de uma grande rodada, talvez nós devamos tentar ter um fluxo contínuo de resultados nas reuniões ministeriais sucessivas a cada dois anos. O que o Brasil não pode ter na OMC é paralisia."

As críticas de Serra vieram a público no momento em que sua gestão tenta acelerar as negociações bilaterais das quais o país participa - em especial o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Na segunda-feira, 30, o chanceler disse que cobraria avanços objetivos em uma reunião bilateral com a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, reclamando em especial da falta de ofertas relativas a produtos como carnes e etanol.

"A União Europeia ainda está pendente de entregar partes de suas conclusões. Em geral no Brasil e na América Latina tem gente que diz que o acordo União Europeia-Mercosul não sai por causa do Mercosul. A bola agora está nos pés da União Europeia, e principalmente na questão agrícola", alegou.

Na reunião bilateral, Cecilia Malmström teria reconhecido o problema, mas justificou que a agricultura europeia enfrenta crise, em parte causada pelas sanções mútuas com a Rússia.

Ainda em Paris, Serra frisou que poderia acelerar as conversas com o Canadá e os Estados Unidos de forma a pressionar a UE.

"Vamos insistir nas possibilidades de expansão do comércio com os Estados Unidos e Canadá, até como fator para estimular mais a União Europeia a se apressar. Do contrário, muita coisa poderá ser feita com Estados Unidos e Canadá", disse Serra.

Comissão do Impeachment acelera e votação pode ser em julho






Reprodução/YouTube
Dilma Rousseff concede entrevista a Glenn Greenwald do site The Intercept, primeira depois de seu afastamento no processo de impeachment 19 de maio
Dilma Rousseff: o cronograma sugerido por Anastasia, que ainda precisa ser votado pela comissão do impeachment no Senado
 
 
Da REUTERS


Brasília - Diante da redução de prazos para a apresentação das alegações finais da acusação e da defesa, a nova etapa do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, a chamada pronúncia, deve ir a votação no plenário do Senado entre 12 e 13 de julho, segundo previsão do relator do processo, senador Antonio Anastasia (PMDB-MG).

O cronograma sugerido por Anastasia, que ainda precisa ser votado pela comissão do impeachment no Senado, pode sofrer alterações, uma vez que a data de votação da pronúncia no plenário do Senado depende de agendamento do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que conduz o processo de julgamento, em consonância com o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
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Mais cedo nesta quinta-feira, o presidente da comissão do impeachment no Senado, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), reduziu o prazo para que tanto a acusação quanto a defesa de Dilma apresentem suas alegações finais, na prática acelerando a tramitação do processo em 20 dias.

Brasil deve impedir Venezuela de assumir Mercosul, diz fonte







Norberto Duarte/AFP
Bandeiras do Mercosul
Mercosul: pela ordem alfabética seguida pelo Mercosul, a Venezuela seria o próximo país a assumir a presidência do bloco, depois do Uruguai
 
Da REUTERS


Brasília - O governo brasileiro discute a possibilidade de impedir que a Venezuela assuma a presidência pro-tempore do Mercosul no final deste mês, uma forma de evitar fortalecer o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse à Reuters uma fonte do Palácio do Planalto.

De acordo com a fonte, não há ainda um definição das ações do Brasil e nem houve um debate com os demais membros do bloco –-Argentina, Paraguai e Uruguai-– sobre o tema, mas há uma “disposição” no governo do presidente interino Michel Temer de agir contra a possibilidade.

Pela ordem alfabética seguida pelo Mercosul, a Venezuela seria o próximo país a assumir a presidência do bloco, depois do Uruguai, na cúpula prevista, por enquanto, para o dia 24 deste mês.

“Não há uma proposta ainda do que será feito, mas a disposição do governo é impedir que a Venezuela assuma”, disse na quarta-feira a fonte, que pediu anonimato.

As duas maneiras para impedir a transferência da presidência seriam que a cúpula não fosse realizada, o que manteria o Uruguai à frente do bloco, ou que a Venezuela fosse suspensa, a partir da invocação do Protocolo de Ushuaia, a cláusula democrática do Mercosul – uma possibilidade que aumentou consideravelmente nas últimas semanas.

Caso ocorra, a cúpula do Mercosul poderá ser a primeira viagem internacional de Temer como presidente interino.

De acordo com a fonte palaciana, Temer admite ir à reunião em Montevidéu "se for para ter uma solução" para a situação da Venezuela. "Se for apenas para ficar debatendo, ele não irá", disse a fonte. 

A solução seria uma decisão sobre a suspensão do país.

Na semana passada, o governo paraguaio pediu ao Uruguai a realização de uma reunião emergencial de chanceleres do bloco para discutir a situação da Venezuela, o que deve ocorrer na semana que vem. Fontes do governo brasileiro confirmaram à Reuters que o país pedirá que se analise a suspensão da Venezuela e que, se houver avanço nessa possibilidade, o Brasil não agirá para evitar que isso aconteça.

“É muito cedo ainda para se saber como as coisa vão caminhar, mas o governo brasileiro não irá agir para defender esse governo venezuelano, isso é certo”, disse a fonte.

Há no Palácio do Planalto uma expectativa que a pressão sobre a Venezuela leve Maduro a concordar com a realização do referendo revogatório –-que daria à população o poder de dizer se o presidente continua ou se novas eleições devem ser chamadas--, o que possivelmente daria vitória à oposição.

Até agora, no entanto, Maduro não tem dado sinais de que pode ceder. Ao contrário, ameaça apresentar uma emenda ao Conselho de Ministros que permitiria dissolver a Assembleia Nacional, majoritariamente oposicionista, em 60 dias, o que poderia dar ainda mais força à intenção de suspender o país do Mercosul.

Na avaliação de um diplomata ouvido pela Reuters, a situação da Venezuela mudou consideravelmente no Mercosul com a alteração dos governos da Argentina e Brasil, somando-se ao Paraguai.

Segundo a fonte, mesmo o Uruguai, ainda com governo levemente de esquerda, dificilmente agiria para evitar a suspensão do governo de Maduro – haja vista a decisão do secretario-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, ex-chanceler uruguaio, de invocar a Carta Democrática da organização contra o país.

A discussão sobre o futuro da Venezuela no bloco ainda é incipiente, mas a posição brasileira já é clara.

“O Brasil não vai interferir nas questões internas da Venezuela como Maduro fez com o Brasil, mas isso não impede que aja dentro do âmbito das organizações internacionais”, disse a fonte palaciana.

Em Paris, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, foi econômico nas declarações sobre a Venezuela. Lembrou que há várias iniciativas na OEA e que o Brasil defenderá aquela em que houver maior possibilidade de consenso.

Ao mesmo tempo, no entanto, o governo brasileiro deixa claro de que lado está ao articular a visita ao Brasil de Henrique Capriles, principal nome da oposição venezuelana, como confirmou à Reuters uma fonte diplomática.

Ainda sem data, a visita está em negociação. O governador do Estado de Miranda, que voltou às ruas em uma tentativa de aparecer novamente como possível candidato da oposição à Presidência venezuelana, deverá ser recebido por Serra, pelo Congresso e possivelmente pelo próprio presidente interino Michel Temer.

OCDE: recessão no Brasil deve continuar em 2017






O relatório revela que o desemprego tende a aumentar ainda mais
Por Agência Brasil 

 OCDE: recessão no Brasil deve continuar em 2017

Relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta quarta-feira (1) descreve que a economia global está “presa em uma armadilha de baixo crescimento”. Para a entidade, a situação exigirá uma utilização mais abrangente das políticas fiscais, monetárias e estruturais para retomar o crescimento. Sobre o Brasil, a OCDE afirma que a recessão da economia brasileira deve ficar ainda mais forte este ano, e persistir em 2017, no contexto de “elevadas” incertezas políticas e das contínuas revelações sobre corrupção "que estão minando a confiança dos consumidores e dos negócios".

Dados da organização apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) deve recuar 4,3% este ano e 1,7% em 2017. Em 2015, a OCDE estimou a contração de 3,9%, valor acima do registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou uma queda de 3,8%. “O crescimento é plano nas economias avançadas e diminuiu em muitas das economias emergentes, que têm sido a locomotiva global dessa crise”, analisou Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, ao abrir a reunião anual do Conselho Ministerial da Organização, em Paris. “É urgente uma ação política global para garantir a saída deste caminho de crescimento decepcionante e impulsionar as nossas economias aos níveis que salvaguardem padrões de vida para todos", ressaltou. 

O relatório revela que, com o encolhimento da economia no Brasil, o desemprego tende a aumentar ainda mais. Já a inflação, vai voltar gradualmente à meta conforme os efeitos das altas dos preços administrados e da depreciação da moeda se dissipam, e a fraqueza da economia se expande. “As profundas divisões políticas têm reduzido as chances de qualquer impulso notável sobre as reformas políticas no curto prazo e a dívida pública bruta continua a aumentar. Melhorias na confiança dependerão da capacidade das autoridades de implementar um ajuste fiscal significativo, incluindo medidas para garantir a sustentabilidade do sistema de pensões, e uma nova onda de reformas estruturais”, descreve o documento.

Na visão da OCDE, o aumento da produtividade dependerá de reformas para aumentar a concorrência, reduzir as barreiras comerciais e os encargos administrativos e simplificar os impostos indiretos.


Situação global
 

O documento também chama a atenção para uma série de riscos de deterioração na economia global. Um dos alertas é quanto à votação no Reino Unido para deixar a União Europeia (UE), o que provocaria efeitos negativos econômicos no local, outros países europeus e no resto do mundo. A OCDE afirma ainda que a incerteza econômica que dificulta o crescimento do comércio terá efeitos globais mais fortes se, de fato, o Reino Unido sair da União Europeia. A saída provocaria volatilidade nos mercados financeiros. A previsão, neste cenário, é que em 2030, o PIB do Reino Unido seja 5% menor do que se o país permanecer no bloco.