segunda-feira, 4 de julho de 2016

Segunda maior em startups, Israel agora tenta criar gigantes





ThinkStock
Startup; reunião
Startups: segunda maior potência mundial, Israel está na mira de grandes empresas de tecnologia
 
Claudia Tozetto, do Estadão Conteúdo
enviada especial, do Estadão Conteúdo


Tel Aviv - Num café no centro de Tel Aviv, a segunda maior cidade de Israel, Liat Hertanu envia e-mails e mensagens por meio do WhatsApp enquanto conversamos.

Em poucos minutos, ela já havia me apresentado virtualmente a quase uma dezena de empreendedores israelenses. Um deles está do outro lado do salão, aguardando ela terminar o café para mais uma sessão de aconselhamento.
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Todas essas pessoas são mais que contatos do ecossistema local de startups perdidos na agenda do smartphone.

"A maioria dos meus amigos são empreendedores", diz ela. "Todo mundo por aqui está tentando criar uma startup à noite, nos finais de semana."

Liat não é exceção. Após passar quatro anos com sua família nos Estados Unidos, ela voltou à terra natal para criar a própria startup.

"Eu havia me tornado mãe e, como sempre trabalhei em startups, me sentia sobrecarregada", conta.

Em 2013, ela e o marido criaram um aplicativo de calendário chamado de 24Me, um assistente pessoal inteligente. Hoje, com uma equipe de seis pessoas, o app já superou a marca de 1 milhão de usuários no mundo.

A startup já recebeu um valor significativo de investidores - a empresa não revela o valor exato. A segunda rodada de investimentos deve acontecer em breve, quando Liat lançar uma nova versão do aplicativo.

Agora, além de "arranjar" tempo para os usuários fazerem o que gostam, o calendário permitirá a contratação de pessoas para cuidar de tarefas, como levar as roupas à lavanderia. "Vamos conectar as pessoas a prestadores de serviço locais", afirma Liat.

Entrar no espaço dos assistentes pessoais é uma briga e tanto para uma pequena startup como a 24Me. Esse terreno vem sendo ocupado por sistemas desenvolvidos pelas principais gigantes do setor de tecnologia: Apple, Facebook, Google e Microsoft têm aplicativos do gênero que se valem da inteligência artificial - e da integração com serviços de terceiros - para funcionar. Liat não se intimida.

"Cada uma dessas empresas desenvolveu assistentes baseados em determinados serviços, como a busca ou aplicativo de mensagens", diz a israelense.

"Nós acreditamos que o assistente deve estar no calendário." O caminho da 24Me é longo, mas a ambição é grande, assim como a de muitas outras startups fundadas no país.

Conhecida pelo apelido de "nação das startups", Israel reúne atualmente cerca de 6 mil empresas de tecnologia em estágio inicial, de acordo com estimativas de fontes consultadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Sozinho, o número pode ser considerado pequeno, já que é pouco superior ao total de startups em operação no Brasil - são 4,1 mil, de acordo com dados divulgados em janeiro pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups).

Porém, ele se torna impressionante quando comparado à população israelense, de cerca de 8 milhões de habitantes, número inferior ao da cidade de São Paulo.

"Perdemos apenas para o Vale do Silício", diz o israelense Uri Levine, cofundador do aplicativo de navegação em mapas Waze (ler entrevista abaixo).

O serviço, que hoje reúne mais de 50 milhões de usuários no mundo, foi vendido em 2013 para o Google por quase US$ 1 bilhão.
 

Máquinas


A principal razão para o sucesso do ecossistema de startups de Israel tem a ver com a jornada que os jovens enfrentam muito antes de pensar em empreender.

O serviço militar é compulsório - a nação está rodeada por adversários desde que declarou sua independência, em 1948. O Exército pinça as mentes mais brilhantes todos os anos para as unidades estratégicas.

A principal delas é chamada de 8200 e cuida da inteligência e cibersegurança. Lá, os escolhidos recebem treinamento altamente especializado e têm acesso a informações estratégicas.

Após o período obrigatório, nem todos seguem carreira no Exército. "Entre 3 mil e 5 mil técnicos são despejados no mercado todo o ano", explica Fiona Darmon, sócia do fundo de venture capital JVP, baseado na capital Jerusalém.

"Essas pessoas saem do Exército com experiência e conhecimento em alta tecnologia. Elas são ‘máquinas’."

Bastam alguns minutos de conversa com empreendedores das mais variadas startups para descobrir que muitos deles começaram a vida militar na 8200. A estimativa é de que mais de mil empresas tenham sido criadas só por ex-integrantes dessa unidade. A lista inclui Levine, do Waze, que passou pela unidade como desenvolvedor.

"Me ajudou a ter habilidades de pesquisa e desenvolvimento muito cedo", conta. Gil Shwed, presidente executivo da Check Point, empresa israelense que inventou o firewall - software de segurança que atua como uma barreira de proteção entre computadores e a internet -, os fundadores da Mirabilis, empresa que deu início à era dos mensageiros instantâneos como o ICQ, também começaram na 8200.
 

Na mira de gigantes


A avalanche de recursos humanos qualificados que chega ao mercado não passa despercebida para as grandes empresas de tecnologia. Gigantes como HP, IBM e Microsoft têm centros de pesquisa e desenvolvimento no país.

Elas são responsáveis por grande parte dos investimentos em P&D feitos em Israel, que chegam a 4,5% do PIB, segunda maior taxa do mundo segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

"Dois terços do valor investido em P&D em Israel vem de fora", explica Isaac Ben-Israel, diretor do principal centro de pesquisa em cibersegurança do país.

Construir um negócio que atrai a atenção de gigantes globais já é uma grande conquista, mas está deixando de ser a meta principal no país.

Mais capitalizadas, por meio de aportes estrangeiros, essas startups têm mais chance de seguir o próprio caminho. É o caso do Moovit, app de rotas de transporte público. A empresa já foi assediada várias vezes por multinacionais de tecnologia.

"Desejo que possamos continuar independentes", diz Nir Erez, presidente executivo da Moovit. "Será recompensador se o Moovit mudar o mundo, sem precisar ser parte de uma grande companhia."
 

Educação


O futuro parece guardar ainda mais êxitos para as startups de Israel, mas há uma preocupação unânime entre empreendedores: a educação.

"Graças à extensiva atividade em Israel nas últimas duas décadas, tivemos conquistas extraordinárias", afirmou o presidente do conselho da autoridade de inovação de Israel, Avi Hassom, em um relatório divulgado na semana passada.

"Mas parece que estamos alcançando nosso teto de vidro."

Ele se refere à previsão do Ministério da Economia e Indústria israelense de que vai faltar mais de 10 mil engenheiros e programadores em Israel na próxima década.

O "apagão" será resultado da queda no número de pessoas que fazem graduação na área de exatas: em 2004, eles representavam 14% do total de formandos, mas o número caiu para 8,4% em 2014.

Esse pode ser o principal obstáculo para manter o ritmo de crescimento no setor de alta tecnologia. E pode pôr em risco pela primeira vez o título de "nação das startups" se nada relevante for feito.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Aché compra laboratório Tiaraju e avança em fitoterápicos




Lailson Santos/EXAME.com
Aché
Aché: com aquisição, empresa entrará no segmento de cosméticos à base de nutrientes
 
 
 
 
São Paulo - A farmacêutica Aché acaba de comprar o laboratório gaúcho Tiaraju, voltado à produção de medicamentos fitoterápicos.

O valor da aquisição não foi divulgado, a empresa afirmou apenas que o montante está dentro dos investimentos previstos para 2016, que devem totalizar 160 milhões.
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Com a operação, ela passa a deter as marcas de 12 novos remédios.

"Isso possibilitará ao laboratório buscar a liderança neste segmento, por meio de lançamentos de produtos diferenciados que completarão nosso portfólio inovador, que é reconhecido por médicos e pela população", disse Paulo Nigro, presidente da companhia, em nota.

"Nossa equipe está totalmente focada em colocar a serviço do Aché nossa expertise em mais de 25 anos no segmento, desenvolvendo produtos inovadores e de alta qualidade”, completou Antonio Rigon, fundador do Laboratório Tiaraju.

De acordo com dados fornecidos pela Aché, o mercado de produção de medicamentos à base de plantas movimentou 1,1 bilhão de reais no Brasil em 2015.

Com a compra, a empresa também deve lançar oito novos nutracêuticos, compostos de nutrientes que agem como remédios, até o ano que vem. A estratégia vai possibilitar que ela dobre o faturamento nesse nicho, ampliando sua participação em um mercado de 1,3 bilhão de reais.

Além disso, o investimento no Tiaraju vai possibilitar a entrada da Aché no segmento de nutricosméticos que, segundo ela, movimenta 360 milhões de reais no país.

"Lançaremos, a partir do início de 2017, uma linha completa de nutricosméticos, trazendo produtos com formulações inovadoras", disse Nigro.
 

Histórico


A Aché começou a fazer pesquisas com plantas em 1980. Em 2005, lançou o Acheflan, primeiro fitomedicamento 100% desenvolvido no país, de acordo com a farmacêutica.

Ela entrou no setor de nutracêuticos em 2011, quando firmou parceria com a inglesa Oxford Pharmascience para trazer suplementos alimentares ao país. Hoje, estão em seu portfólio os rótulos Inellare, Cativa, Collestra e Dose D, por exemplo.

A companhia brasileira trem quatro complexos industriais: em Guarulhos (SP), São Paulo (SP), Londrina (PR) e Anápolis (GO). Ela possui quase 4.500 colaboradores e fabrica 316 marcas de 762 tipos de remédio.

Presidente da WTorre é conduzido em nova fase da Lava Jato





Fernando Moraes/Veja
Sede da WTorre, na capital paulista
WTorre: sede da empresa foi alvo de buscas da PF na operação Lava Jato
 
Fausto Macedo, do Estadão Conteúdo
Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo
Julia Affonso e Vitor Tavares, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O empresário Walter Torre Júnior, presidente da empreiteira WTorre, é alvo da Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato. Nesta segunda-feira, 4, o juiz federal Sérgio Moro determinou a condução coercitiva de Walter Torre e buscas à sede da empresa.

Segundo a força-tarefa da Polícia Federal e da Procuradoria da República, a WTorre teria recebido uma propina de R$ 18 milhões para abandonar a licitação do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).
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Segundo os investigadores, a WTorre Engenharia e Construção S/A (WTorres), que não havia participado de ajustes, resolveu ingressar no certame e apresentou proposta de preço, de R$ 858.366.444,14, cerca de R$ 40 milhões inferior ao da proposta apresentada pelo Consórcio Novo Cenpes (de R$ 897.980.421,13).

Léo Pinheiro, da OAS, acertou com Walter Torre R$ 18 milhões para ele desistir de obra no Cenpes. "As empresas que formavam o Consórcio Novo Cenpes ofereceram então vantagem indevida de R$ 18 milhões para que a WTorre não aceitasse reduzir seu preço junto à Petrobrás, enquanto, concomitantemente, o Consórcio renegociaria e reduziria o preço para abaixo da proposta da WTorre", assinalam os investigadores.

De acordo com a Operação Abismo, o portador da proposta da propina ao dirigente da WTorre, Walter Torre, e ao executivo da mesma empresa, Francisco Geraldo Caçador, teria sido José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, dirigente da OAS.

"Aceita a propina, a WTorre retirou-se do certame e o Consórcio Novo Cenpes acabou, de fato, negociando com a Petrobras e reduziu sua proposta de preço, para R$ 849.981.400,13, e ficou com o contrato, assinado em 21 de janeiro 2008 (contrato 0800.0038335.07.2)", destacam os investigadores.

Assinaram o contrato José Carlos Vilar Migo, pela Petrobras, como gerente de implementação para o Cenpes, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, pela Construtora OAS e pelo próprio Consórcio Novo Cenpes, Roberto José Teixeira Gonçalves, pela Carioca Engenharia, Genésio Schiavinato Júnior, pela Construbase Engenharia, Álvaro José Monnerat Côrtes, pela Schahin Engenharia, e Celso Verri Villa Boas, pela Construcap CCPS Engenharia.

Os fatos foram relatados pelos executivos da Carioca Engenharia, na colaboração premiada e no acordo de leniência da empresa.

Na decisão que determinou a condução coercitiva de Walter Torre, o juiz federal Sérgio Moro assinalou. "Alguma prova de corroboração da fraude na licitação e pagamento de propina a WTorre pode ser encontrada já nas circunstâncias da licitação e da contratação. Em especial, chamam a atenção especificamente atas de duas reuniões havidas na Petrobras, em 14 de setembro de 2007 e em 19 de setembro de 2007, acerca da negociação do contrato para a obra do Cenpes."

Após a licitação, a Petrobras tem por praxe convocar a primeira colocada, no caso a WTorre, para negociar o valor da proposta, a fim de obter um preço ainda melhor.

"Nessa linha, foi marcada reunião com a WTorre para 19 de setembro de 2007. Entretanto, mesmo antes, em 14 de setembro de 2007, a OAS, como representante do Consórcio Novo Cenpes, procurou a Petrobras para ofertar renegociação do valor de sua proposta, o que foi inicialmente refutado por contrariar a praxe de negociar primeiro com a vencedora da licitação."
 

Defesa


O Grupo WTorre esclarece que a empresa não teve participação na obra de expansão do Centro de Pesquisas da Petrobras; que não recebeu ou pagou a agente público ou privado nenhum valor referente a esta ou a qualquer outra obra pública.

O Grupo WTorre forneceu a documentação referente ao orçamento desta licitação que ainda se encontrava na empresa e segue à disposição das autoridades.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Quem é o Coronation, fundo com ações da Estácio e da Kroton



Thinkstock
Educação, sala de aula
Sugestão: oferta da Kroton “representa a opção preferível para acionistas da Estácio no longo prazo", afirmou fundo
São Paulo – Com o anúncio de que a Estácio aprovou a proposta de aquisição pela Kroton, o fundo de investimentos Coronation está duplamente feliz.
Ele é acionista das duas companhias de educação e chegou a apoiar a oferta de aquisição da Kroton, em detrimento da proposta da Ser Educacional, que também estava na disputa.

O fundo de investimentos da África do Sul detém 10,3% das ações da Estácio e 4,5% da Kroton, segundo o jornal Valor Econômico.

A oferta da Kroton “representa a opção preferível para acionistas da Estácio no longo prazo", afirmou em comunicado, dizendo que “possui uma quantidade de ações suficientes para solicitar a convocação de uma assembleia.”

O fundo ainda “gostaria de alertar a administração da Estácio a não exigir um prêmio injustificado que colocasse a operação proposta pela Kroton em risco”.

Além da participação nas empresas brasileiras de educação, o fundo ainda tem participações na Naspers, grupo de mídia da África do Sul, no buscador chinês Baidu, na indiana Tata Motors e na holandesa Heineken.

A China é responsável por 21,7% da exposição de seus ativos, seguida da Índia e do Brasil. A África do Sul é o quarto país onde eles têm maior exposição.

O fundo foi criado em 1993 e, hoje, administra US$ 41 bilhões em ativos. Em sua cultura empresarial, ele destaca que os seus funcionários detêm 25% da companhia.

O Coronation se descreve como “uma casa de investimentos voltada ao longo prazo e à valorização. Nossa experiência em mercados emergentes nos proporcionou uma base excelente de treinamento para investimentos disciplinados em ambientes altamente voláteis”.

Para que o fundo invista em uma empresa, 40% do seu faturamento precisa ser em mercados emergentes.

 

Outros acionistas em comum


Ele não é o único acionista com participação nas duas empresas. Juntas, elas têm dez acionistas comuns.
Estes, que são de fundos estrangeiros a bancos de investimentos, possuem 46% da Estácio e, ao mesmo tempo, 32% da Kroton. Entre eles, estão Oppenheimer, BlackRock, Coronation e Capital World Investors.

O Oppenheimer Funds é o maior acionista da Estácio, com 18% de participação. A família da empresa, seguida pelos Zaher e pela Coronation Fund Managers, que possui 10%.

A BlackRock, que gerencia cerca de US$ 4 trilhões em ativos, tem ações de quase 100 empresas brasileiras.

Cyrela vê geração de caixa em risco por cancelamentos





FERNANDO VIVAS
Cyrela na Bahia
Cyrela: até o momento no ano, a Cyrela registrou fluxo de caixa negativo, afirmou diretor financeiro
 
 
Ana Mano, da REUTERS


Rio de Janeiro - A Cyrela Brazil Realty, maior incorporadora do Brasil, pode não gerar fluxo de caixa livre este ano, enquanto luta contra o impacto de cancelamentos de vendas e o pior mercado para o setor imobiliário em décadas, disse à Reuters o diretor financeiro, Eric Alencar.

Até o momento no ano, a Cyrela registrou fluxo de caixa negativo, afirmou Alencar, referindo-se ao dinheiro direcionado aos acionistas e detentores de bônus após a empresa pagar todas as suas despesas operacionais e financeiras. A companhia estima distratos (cancelamentos de vendas) de 25 por cento das vendas totais, o maior nível desde pelo menos 1982.

A companhia, controlada pelo bilionário Elie Horn, teve uma geração de caixa de cerca de 900 milhões de reais no ano passado, com mais da metade vindo no final do ano. "A companhia pode não gerar caixa em 2016", disse Alencar à Reuters esta semana, explicando que os distratos estão afetando sua habilidade de produzir fluxo de caixa livre.

A previsão para geração de caixa em 2017 parece menos desafiadora, acrescentou o executivo, com a volta dos financiamentos bancários e melhora da confiança dos consumidores.

No primeiro trimestre, a Cyrela teve queima de caixa de 13 milhões de reais, de acordo com os relatório do período. A companhia está programada para divulgar os dados do segundo trimestre em 9 de agosto.

Os comentários foram feitos em meio a crescentes preocupações de investidores de que a Cyrela poderia priorizar as aquisições em detrimento do caixa, em um momento em que o Brasil vive a pior recessão em décadas.

Em junho, a Cyrela anunciou um plano de colocar até 100 milhões de reais na rival Tecnisa, uma decisão que analistas da JPMorgan Securities disseram que colocaria em risco a política de geração de caixa.

No entanto, Alencar disse que a Tecnisa foi uma boa oportunidade de investimento já que consumiria apenas uma fração da posição de caixa da companhia, de 2 bilhões de reais. 

O negócio ainda necessita de aprovação regulatória. As ações da Cyrela subiram cerca de 3,5 por cento desde o anúncio sobre a Tecnisa em 26 de junho. Nesta sexta-feira, o papel recuava cerca de 1 por cento na bolsa paulista, ante alta de quase 1 por cento do Ibovespa. 

Quando a Cyrela começar a gerar caixa livre novamente, a direção da empresa vai preferencialmente recomprar ações ou distribuir dividendos, disse Alencar. Ele mencionou compras de terrenos ou pagamento potencial de dívidas como opções adicionais.

As perdas devido ao cancelamento de vendas obrigaram a companhia a provisionar 21 milhões de reais no primeiro trimestre. A companhia realizou a provisão para perdas por sugestão de auditores, disse Alencar.

Com compra da Estácio, Kroton se torna "inalcançável"




Germano Lüders/EXAME
Kroton
Kroton: sinergias com a Estácio podem chegar aos 4 bilhões de reais, segundo analista do Santander
 
 
 
 
São Paulo - Depois de um mês, as conversas para combinar os negócios das duas maiores empresas de educação do país podem ter chegado ao fim.

O conselho de administração da Estácio aprovou nesta sexta-feira (1) as bases financeiras da última proposta feita pela Kroton para comprá-la, ou seja, concordou com o valor que a rival está disposta a desembolsar.

A informação foi antecipada pelo blog Primeiro Lugar, da Revista EXAME.

Outros termos do acordo ainda serão discutidos e uma decisão final não foi tomada. A operação ainda precisaria ser aprovada pela administração de ambas as companhias e por órgãos reguladores.

Pela proposta, a Kroton passaria a deter toda as ações da Estácio, cujos investidores receberiam em troca 1,281 ação ordinárias da compradora, além de dividendos extraordinários no valor de 170 milhões de reais.

Com os bônus, a relação de permuta subiria para 1,322 ação da Kroton por cada papel da Estácio.

É extremamente improvável que a transação seja aprovada sem restrições pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), por conta do potencial de formação de monopólio.

Mas, apenas para dimensionar o tamanho do negócio, se isso acontecesse, as universidades, juntas, teriam cerca de 1,5 milhões de alunos, 1.080 polos de ensino à distância e 213 campi.

As receitas das duas no ano passado, somadas, passam de 8 bilhões de reais e, os lucros, chegam a quase 2,5 bilhões de reais.
 

Inalcançável


Com a aquisição, a Kroton, que já é a maior companhia do setor no Brasil e no mundo, se torna "praticamente inalcançável" pelos competidores locais, nas palavras Alexandre Montes, analista da consultoria de investimentos Lopes Filho.

"A compra é estratégica e cara e, por isso, destrói valor no curto prazo, mas agrega muito no longo. Ela ganha escala, se torna ainda mais gigante, elimina estruturas em duplicidade e passa a não ser ameaçada por mais ninguém", disse.

Bruno Giardino, do Santander, concorda, mas faz ressalvas.

"A Kroton vai usar a escala a seu favor, ter mais eficiência, oferecer preços melhores. É muito difícil que alguém consiga replicar o seu tamanho, mas o mercado de ensino é muito regional, nada garante que ela vai ter as marcas de melhor reputação em todas as cidades que opera", pondera.

A capacidade de agregar valor da operação é confirmada pelo movimento do mercado. Desde o início de junho, quando as negociações começaram, as ações da Estácio subiram 56,17% e, as da Kroton, 22,74%.

Nos cálculos do analista do Santander as sinergias seriam da ordem de 350 milhões de reais por ano, um montante total de cerca 4 bilhões de reais trazido a valor presente.

Segundo ele, para dar sinal verde ao negócio, o Cade pode exigir, principalmente, que as companhias se desfaçam de ativos de ensino à distância.

Juntas, elas concentram 48% das matrículas nessa modalidade, segundo os últimos dados do MEC, de 2014, cedidos por Giardino.

A Ser Educacional, que está na disputa para levar a Estácio com uma proposta no valor de 1 bilhão de reais, poderia vir a comprar os ativos que precisarão ser vendidos.

No campo de educação presencial, os problemas serão mais pontuais e, portanto, mais fáceis de serem solucionados, de acordo com Giardino.

Há 14 cidades em que tanto a Estácio quanto a Kroton têm campi. Em seis delas, conforme as contas do analista, a fatia de mercado de ambas ultrapassa 40%: Santo André (SP), Niterói (RJ), São José (SC), Campo Grande (MS), Macapá (AP) e São Luís (MA).

A análise do Cade, porém, pode considerar a concentração das duas em cada curso, isoladamente. Foi o que aconteceu quando a Kroton comprou a Anhanguera, em 2013.
 

Consolidação


A crise econômica e a consequente queda dos investimentos do país em programas de financiamento, como FIES, tornaram o crescimento das companhias de educação mais difícil.

Com fusões e aquisições, fica mais fácil gerar receita – e lucros. Não à toa, o setor vive uma consolidação.

"A compra da Estácio pode ser um gatilho para que outras transações ocorram no segmento, as empresas tendem a ficar inclinadas a se combinar para se manterem competitivas", diz Giordino, do Santander.

Também não é por acaso que a Kroton fechou o primeiro trimestre com um caixa de 574,4 milhões de reais.

"Ela é capitalizada demais. Se não houvesse esse processo de consolidação do setor, estaria na hora de distribuir dividendos polpudos aos acionistas", diz Montes, da Lopes Filho.

Para os analistas, a possibilidade de a Estácio fechar acordo com a Ser Educacional, que já era pequena porque as sinergias com a Kroton são maiores, diminuiu ainda mais.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

AES nega venda da Eletropaulo, mas muda foco em distribuição


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Eletropaulo: "nossa área de crescimento é a área de geração e serviços... em distribuição nosso objetivo é recuperação de valor", afirmou a AES
 
Da REUTERS


São Paulo - A norte-americana AES não tem intenção de vender a distribuidora de energia elétrica Eletropaulo neste momento, reiterou nesta quinta-feira o presidente da AES Brasil, Julian Nebreda, em conversa com jornalistas durante evento da companhia em São Paulo.

Ele admitiu, no entanto, que o crescimento do grupo AES no Brasil não focará a distribuição de eletricidade, área em que a empresa reduziu a presença com a venda na semana passada de sua controlada AES Sul para a CPFL por 1,7 bilhão de reais.
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"Nossa área de crescimento é a área de geração e serviços... em distribuição nosso objetivo é recuperação de valor", afirmou.

A Eletropaulo, que atende a região metropolitana de São Paulo, área mais rica do país, possui o maior mercado entre as distribuidoras, o que torna a empresa um ativo cobiçado no setor.

Com a venda da AES Sul, rumores já existentes sobre o interesse da AES em se desfazer de seus ativos de distribuição no Brasil cresceram, e a brasileira CPFL e a italiana Enel chegaram a comentar que pretendem fazer ofertas caso a Eletropaulo vá a mercado.

Nebreda afirmou, no entanto, que a AES focará a melhoria das finanças e dos indicadores de qualidade do serviço da distribuidora, que deterioraram-se e afetaram a rentabilidade nos últimos trimestres.

Ele destacou também que considera bons os resultados da elétrica diante do atual quadro de recessão do Brasil.

"A Eletropaulo é uma tremenda empresa. Tivemos a pior crise econômica do país, o aumento de tarifa mais alto da história do país, e os indicadores da empresa pioraram, mas só um pouquinho... o que significa que é uma empresa muito bem administrada, muito boa", afirmou.

Questionado sobre o interesse de concorrentes na elétrica, Nebreda disse que são rumores que acompanha "pelos jornais".
 

GERAÇÃO


No mesmo evento, o presidente da geradora AES Tietê, Ítalo Freitas, disse que a companhia tem avaliado oportunidades de aquisição no mercado, mas descartou interesse em ativos da norte-americana Duke Energy, que assim como ela controla hidrelétricas no Estado de São Paulo.

A Duke pretende vender todos seus ativos no Brasil, que somam cerca de 2 gigawatts em capacidade, em um pacote que inclui usinas em outros países da América Latina, em um total de 4,4 gigawatts.

Segundo Freitas, o negócio não faria sentido porque as empresas têm perfil semelhante, e a AES Tietê busca nesse momento investimentos em energia eólica, solar e termelétrica.

"A gente quer diversificar nossa matriz, reduzindo o risco de portfólio para o investidor da AES Tietê", afirmou. Segundo ele, há diversas empresas tentando vender ativos no setor elétrico e intensas negociações em andamento no mercado, mas compradores e vendedores ainda não alinharam expectativas quanto ao preço.

"Acho que o pessoal ainda está valorizando um pouquinho os ativos, mas estão aparecendo boas oportunidades, estamos analisando uma a uma".