Fernando Moraes/Veja
WTorre: sede da empresa foi alvo de buscas da PF na operação Lava Jato
Fausto Macedo, do Estadão Conteúdo
Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo
Julia Affonso e Vitor Tavares, do Estadão Conteúdo
São Paulo - O empresário Walter Torre Júnior, presidente da empreiteira WTorre, é alvo da Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato. Nesta segunda-feira, 4, o juiz federal Sérgio Moro determinou a condução coercitiva de Walter Torre e buscas à sede da empresa.
Segundo a força-tarefa da Polícia Federal
e da Procuradoria da República, a WTorre teria recebido uma propina de
R$ 18 milhões para abandonar a licitação do Centro de Pesquisas da
Petrobras (Cenpes).
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Segundo os investigadores, a WTorre Engenharia e Construção S/A
(WTorres), que não havia participado de ajustes, resolveu ingressar no
certame e apresentou proposta de preço, de R$ 858.366.444,14, cerca de
R$ 40 milhões inferior ao da proposta apresentada pelo Consórcio Novo
Cenpes (de R$ 897.980.421,13).
Léo Pinheiro, da OAS, acertou com Walter Torre R$ 18 milhões para ele
desistir de obra no Cenpes. "As empresas que formavam o Consórcio Novo
Cenpes ofereceram então vantagem indevida de R$ 18 milhões para que a
WTorre não aceitasse reduzir seu preço junto à Petrobrás, enquanto,
concomitantemente, o Consórcio renegociaria e reduziria o preço para
abaixo da proposta da WTorre", assinalam os investigadores.
De acordo com a Operação Abismo, o portador da proposta da propina ao
dirigente da WTorre, Walter Torre, e ao executivo da mesma empresa,
Francisco Geraldo Caçador, teria sido José Adelmário Pinheiro Filho, o
Léo Pinheiro, dirigente da OAS.
"Aceita a propina, a WTorre retirou-se do certame e o Consórcio Novo
Cenpes acabou, de fato, negociando com a Petrobras e reduziu sua
proposta de preço, para R$ 849.981.400,13, e ficou com o contrato,
assinado em 21 de janeiro 2008 (contrato 0800.0038335.07.2)", destacam
os investigadores.
Assinaram o contrato José Carlos Vilar Migo, pela Petrobras, como
gerente de implementação para o Cenpes, Agenor Franklin Magalhães
Medeiros, pela Construtora OAS e pelo próprio Consórcio Novo Cenpes,
Roberto José Teixeira Gonçalves, pela Carioca Engenharia, Genésio
Schiavinato Júnior, pela Construbase Engenharia, Álvaro José Monnerat
Côrtes, pela Schahin Engenharia, e Celso Verri Villa Boas, pela
Construcap CCPS Engenharia.
Os fatos foram relatados pelos executivos da Carioca Engenharia, na colaboração premiada e no acordo de leniência da empresa.
Na decisão que determinou a condução coercitiva de Walter Torre, o juiz
federal Sérgio Moro assinalou. "Alguma prova de corroboração da fraude
na licitação e pagamento de propina a WTorre pode ser encontrada já nas
circunstâncias da licitação e da contratação. Em especial, chamam a
atenção especificamente atas de duas reuniões havidas na Petrobras, em
14 de setembro de 2007 e em 19 de setembro de 2007, acerca da negociação
do contrato para a obra do Cenpes."
Após a licitação, a Petrobras tem por praxe convocar a primeira
colocada, no caso a WTorre, para negociar o valor da proposta, a fim de
obter um preço ainda melhor.
"Nessa linha, foi marcada reunião com a WTorre para 19 de setembro de
2007. Entretanto, mesmo antes, em 14 de setembro de 2007, a OAS, como
representante do Consórcio Novo Cenpes, procurou a Petrobras para
ofertar renegociação do valor de sua proposta, o que foi inicialmente
refutado por contrariar a praxe de negociar primeiro com a vencedora da
licitação."
Defesa
O Grupo WTorre esclarece que a empresa não teve participação na obra de
expansão do Centro de Pesquisas da Petrobras; que não recebeu ou pagou a
agente público ou privado nenhum valor referente a esta ou a qualquer
outra obra pública.
O Grupo WTorre forneceu a documentação referente ao orçamento desta
licitação que ainda se encontrava na empresa e segue à disposição das
autoridades.
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