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Indústria da borracha: o governo brasileiro, por exemplo, iniciou metade
de todos os casos de antidumping no setor de plásticos e borracha no
mundo, com 57
Genebra - Nos últimos três anos, o Brasil foi o país que mais adotou barreiras antidumping contra produtos importados, somando 15% de todas medidas restritivas estabelecidas pelas diferentes economias.
Quem traz a constatação é o próprio diretor-geral da OMC,
o brasileiro Roberto Azevedo e que, em seu informe publicado nesta
segunda-feira, 25, apela para que governos abandonem as tentações
protecionistas e "resistam" a planos de impor novas medidas.
Entre 2013 e 2015, 112 medidas antidumping foram iniciadas pelo Brasil.
"Isso representa 15% de todas as investigações", apontou a OMC. A
entidade, porém, admite que a tendência no País tem sido de queda. Em
2013, foram 54 investigações, contra 35 em 2014 e 23 em 2015. Ainda
assim, o Brasil ficou na terceira posição no ano passado.
O governo brasileiro, por exemplo, iniciou metade de todos os casos de
antidumping no setor de plásticos e borracha no mundo, com 57. Foram
ainda 22 no setor de produtos químicos.
No período avaliado pela OMC, o segundo governo que mais medidas aplicou
foi o dos EUA, com um total de cem investigações abertas. A terceira
colocação ficou com a índia, com 97 casos, seguida da Austrália, com 52
investigações.
Nos últimos anos, um salto importante foi registrado ainda no Paquistão ou Tailândia.
Nesta segunda-feira, em um discurso perante os membros da OMC, Azevedo
insistiu em pedir para que os governos "resistam às pressões
protecionistas".
"O informe mostra sinais preocupações na taxa de novas medidas
restritivas ao comércio", disse. Segundo ele, a média de novas medidas a
cada mês é a maior desde 2011.
"Esperamos que isso não seja um indicador do que está por vir e
claramente precisamos agir", afirmou. No total, 154 medidas restritivas
foram impostas no comércio mundial entre outubro de 2015 e maio deste
ano.
Isso significou 22 novas barreiras por mês, bem acima das 15 mensais
registradas em 2015. "No atual ambiente, o aumento de restrições
comerciais é a última coisa que a economia global necessita", disse.
Sua preocupação é que tal tendência possa ter um impacto negativo nos
fluxos de comércio, com efeitos no crescimento da economia e na criação
de postos de trabalho.
"Estamos vivendo um período de volatilidade econômica e baixa taxa de
crescimento", disse. "O crescimento do comércio deve ficar abaixo de 3%
em 2016, fazendo do ano o quinto consecutivo com uma expansão abaixo de
3%", alertou o brasileiro.
"Salvo a recuperação imediatamente depois da crise financeira, esse é o
nível mais fraco de crescimento de comércio em 30 anos. Essa situação
exige nossa atenção e ação", insistiu.
Outra preocupação de Azevedo é quanto à retirada de medidas que eram
consideradas como temporárias. Das mais de 2,8 mil restrições criadas
pelos governos de 2008, apenas 25% delas foram suspensas.
"Temos a preocupação relativa ao aumento dos estoques de medidas depois
de 2008", disse o brasileiro. "O informe sugere que essa tendência pode
estar continuando", alertou.
Segundo o levantamento, o estoque subiu em 11% no mesmo período.
"Portanto, o número de medidas adotadas hoje é de pouco mais de 2,1
mil", constatou.
No período avaliado entre o final de 2015 e maio de 2016, a OMC contou
132 barreiras retiradas por diferentes governos, em uma média de 19 por
mês.
Trump
Para Azevedo, a melhor garantia contra o protecionismo é o
fortalecimento do sistema multilateral do comércio. O recado foi dado um
dia depois que Donald Trump, candidato à presidência dos EUA, indicou
que, se eleito, poderia retirar o governo americano da OMC.
O brasileiro não comentou as declarações do americano. "Todos sabemos
que fazer campanha e governar não são as mesmas coisas", disse o diretor
de Comunicações da OMC, Keith Rockwell.
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