Matt Lloyd/Bloomberg
Fitch: para agência, medidas propostas por Temer demonstram boa vontade, mas podem ser insuficientes
São Paulo - Apesar do comprometimento renovado do governo interino de Michel Temer
em focar na consolidação fiscal, as incertezas políticas continuam
altas o suficiente para afetar o conteúdo, escopo e ritmo das reformas,
afirma a Fitch.
Em relatório, a agência de classificação de risco
avalia que as iniciativas anunciadas pelo governo "sugerem uma
tentativa coesa de controlar o gasto público, embora possam não ser
suficientes para atingir uma rápida consolidação fiscal e estabilizar os
crescentes encargos do governo".
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No entanto, a política fiscal "ainda é sujeita ao risco político, uma
vez que a estabilidade e durabilidade da coalizão do governo interino
não é garantida, assim como sua capacidade de implementar reformas
econômicas", afirma o documento. "A popularidade do governo Temer
permanece relativamente baixa e as investigações da Lava Jato são uma
fonte contínua de perturbações política.
Além disso, "a tolerância pública à forte austeridade fiscal pode ser
restringida pela profunda e prolongada contração econômica e também pelo
crescimento do desemprego."
A agência de rating afirma que a aprovação de um novo déficit primário
para 2016, de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB), é um "fraco ponto de
partida" para a consolidação fiscal, e projeta que a relação entre
dívida e PIB suba a 80% em 2017. A dinâmica da dívida não deve se
estabilizar sem o estabelecimento de um superávit primário e de maior
crescimento econômico, nota a Fitch, acrescentando esperar que o País
cresça 0,5% em 2017.
"Uma estabilização política que se traduza em implementação efetiva de políticas e reduza os desequilíbrios macroeconômicos, incluindo a criação de uma maior confiança da estabilização do déficit público, pode estabilizar a perspectiva do rating soberano BB, atualmente negativa. Já a deriva política e a incapacidade de implementar medidas que melhorem a perspectiva das finanças públicas e do crescimento podem ser negativas para a nota de crédito."
(Marcelo Osakabe - marcelo.osakabe@estadao.com)
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