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Lupo: ideia é manter as marcas funcionando separadamente, diz a empresa
Fernando Scheller, do Estadão Conteúdo
São Paulo - A indústria de meias e roupas íntimas Scalina, mais
conhecida pela marca Trifil, foi repassada pelos fundadores da companhia
e por dois investidores
- o fundo de private equity Carlyle e a empresa de investimentos dos
controladores do Grupo Boticário - à rival Lupo. Para os envolvidos, a
operação colocará um ponto final em uma série de conflitos e de
dificuldades comerciais que se arrastam há mais de cinco anos.
A Lupo
confirmou ontem a operação, que ainda depende de aprovação do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A empresa, que fatura cerca
de R$ 670 milhões e tem 320 unidades, disse que a ideia, pelo menos por
enquanto, é manter as marcas funcionando separadamente. A Scalina
adiciona cem pontos de venda à operação da Lupo.
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Quando o fundo Carlyle - um dos mais ativos compradores de empresas no
país, tendo investido em negócios como CVC, TokStok e Ri-Happy, entre
outros - entrou na Scalina, a ideia era mudar o perfil da companhia, que
pertencia à família Heilberg. Na época, faturava cerca de R$ 400
milhões.
A meta era, em poucos anos, elevar a receita para cerca de R$ 1 bilhão e
multiplicar o número de lojas. Porém, a expansão nunca saiu do papel,
nem com a adição dos donos do Boticário - Miguel Krigsner e Artur
Grynbaum - à sociedade, em 2011.
Logo de início, estabeleceram-se conflitos. A família foi retirada do
dia a dia da operação, mas os executivos de mercado ficaram pouco tempo
na companhia. Segundo uma fonte, a saída abrupta dos Heilberg do negócio
teria abalado a relação da Scalina com as lojas multimarca. Embora os
pontos de venda próprios fossem a nova estratégia do negócio, as
multimarcas representavam, à época, o grosso das receitas.
O objetivo do Carlyle era transformar a companhia em um negócio de
varejo; a estratégia nunca foi colocada em prática. Para o fundo, apurou
o Estado, a companhia sofria uma dificuldade clara: a de abandonar a
mentalidade de indústria para priorizar a demanda dos clientes. Outro
projeto aventado foi o oferecimento dos produtos da Scalina nas
plataformas de venda direta do Grupo Boticário, ideia que também não se
materializou.
Com tantos problemas para implantar mudanças, os novos investidores
acabaram por desistir da operação. Já faz ao menos três anos que a
estratégia do fundo era conter as perdas geradas pela operação de meias e
lingeries. A dificuldade era encontrar interessados.
O valor do repasse da Scalina à Lupo não foi revelado, mas fontes dizem
que se trata de uma fração do que os sócios pagaram por suas fatias em
2010 e 2011. Embora o Carlyle nunca tenha divulgado o quanto pagou pela
Scalina, estimativas dizem que o investimento ficou em cerca de R$ 400
milhões.
Procurados, Carlyle e Grupo Boticário não retornaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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