Wilson Dias/Agência Brasil
Eleições: a candidatura de Castro, mesmo sendo peemedebista, está sendo tratada como de oposição
Da REUTERS
Brasília - O Palácio do Planalto decidiu insuflar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara,
apoiada por parte da base governista, para tentar evitar que o
peemedebista Marcelo Castro (PI), ex-ministro da Saúde do governo de Dilma Rousseff, chegue ao segundo turno, informou à Reuters uma fonte palaciana.
A candidatura de Castro, mesmo sendo peemedebista, está sendo tratada
como de oposição pelo Planalto. Fiel a Dilma Rousseff até o final,
Castro terá apoio de boa parte da bancada do PT e também do PDT.
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O ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner trabalhou pessoalmente pela
candidatura do peemedebista, contou uma fonte próxima ao partido.
O Planalto teme sobre as chances de Castro ir ao segundo turno e
terminar derrubando Rogério Rosso (PSD-DF), o candidato apresentado pelo
centrão, formado por mais de 10 partidos, incluindo PTB, PRB, Pros e
PP. Por isso, a decisão de trabalhar por Rodrigo Maia.
“Para o governo tanto faz Maia ou Rosso, os dois são da base. Mas o
Castro virou meio uma candidatura de oposição”, disse a fonte palaciana.
“O presidente (interino MIchel Temer) não está se metendo, mas o entorno
dele está sim trabalhando para levar Maia e Rosso para o segundo
turno.”
Apesar de tentar manter a fachada de que ele próprio não está
interferindo na disputa, na noite de terça-feira, Temer foi pessoalmente
ao jantar de aniversário do ministro da Educação, Mendonça Filho, que
reuniu boa parte das lideranças do PSDB e do DEM em um restaurante de
Brasília.
Temer ficou cerca de meia hora no local, e se reuniu reservadamente com
os presidentes do PSDB, Aécio Neves (MG), e do DEM, Agripino Maia (RN),
para sondar se a chamada antiga oposição –além dos dois partidos, o PPS–
estava realmente fechada pela candidatura de Maia, apoio que já foi
formalmente declarado. Castro anunciou sua candidatura no início da
tarde de terça-feira, à revelia do Planalto.
De 65 votos da bancada, Castro teve 28, e o líder do partido, Baleia Rossi (SP), não conseguiu evitar sua candidatura.
A decisão, no entanto, irritou profundamente os auxiliares mais próximos
de Temer, a ponto de um deles ter afirmado que Castro estava “querendo
sair do partido”.
Oficialmente, no entanto, as declarações eram de que essa era uma mostra
de que o Planalto não influencia na disputa, como disse o próprio
presidente interino.
Há 17 candidatos registrados para a votação marcada para a tarde desta quarta-feira.
O eleito irá comandar a Câmara até fevereiro de 2017, quando terminaria a
presidência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou ao cargo na
semana passada em meio a uma série de denúncias, um processo de cassação
e tendo seu mandato de deputado suspenso pelo Supremo Tribunal Federal
(STF).
O novo presidente terá papel-chave na tramitação das medidas econômicas
propostas pelo governo Temer, especialmente a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) que limita os gastos públicos.
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