terça-feira, 12 de julho de 2016

Fundo americano Catterton negocia compra do St Marche






Divulgação
Imagem do supermercado St Marche do condomínio Habitarte
St Marche: compra pelo fundo americano incluiria o Empório Santa Maria e a participação de 40% no Eataly
 
Mônica Scaramuzzo, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O fundo americano Catterton está em negociações avançadas para a compra do controle da rede varejista St Marche, voltada para classes A e B, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

O negócio incluirá o Empório Santa Maria e a participação de 40% dos acionistas do grupo no Eataly, segundo fontes.
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A expectativa é de que o fundo americano assuma boa parte das dívidas do St Marche, estimadas em cerca de R$ 230 milhões, e fique com até 70% do negócio, que hoje estão nas mãos de cinco investidores brasileiros. Também está previsto um pagamento em dinheiro.

Os outros 30% pertencem ao fundo Laço Managment, family office do investidor americano Malone Mitchell, que deverá manter a participação atual na rede, segundo fontes do mercado financeiro.

Os cinco acionistas brasileiros, entre eles, Bernardo Ouro Preto e Victor Leal (com fatias mais relevantes) e Rodrigo Luna, deverão ser diluídos, mas poderão voltar a comprar até 20% de participação nos próximos anos.

Desde 2015, os sócios do grupo St Marche buscam um investidor para o negócio. O que estava dificultando o avanço das conversas era a complexa composição acionária da varejista.

Fundado em 2002, o grupo St Marche tem 18 unidades. Os principais acionistas das cinco primeiras lojas do grupo são Ouro Preto e Leal. Outros investidores foram entrando no negócio para bancar a expansão, entre eles a Laço Management. "Nem todos têm participações iguais em todas as lojas. 

Essa questão dificultou um acordo", disse outra fonte do mercado financeiro.

A expectativa é de que, com a entrada do novo investidor, a estrutura acionária seja unificada, disseram duas fontes do mercado financeiro. O grupo fatura cerca de R$ 350 milhões.

O banco Itaú BBA está com o mandato de venda do St Marche. Procurados, o banco e a rede varejista não quiseram comentar o assunto. O fundo Catterton e Laço Management não retornaram os pedidos de entrevista.
 

Estreia


O jornal apurou que executivos do Catterton estiveram semana passada no Brasil. Caso o negócio se concretize, será a estreia do fundo no País.

"Eles estão animados e acreditam que, apesar da crise econômica, há espaço para o varejo de alimentos voltado para as classes A e B retomar o crescimento no médio prazo", diz uma fonte do setor financeiro.

Nos EUA, o fundo Catterton tem investimentos em cerca de 100 marcas, com atuação no varejo de alimentos e bebidas, restaurantes e bens de consumo.

Pessoas que estiveram com os executivos desse fundo disseram que eles estão dispostos a olhar outros negócios no Brasil - dentro da área de varejo, incluindo o setor de eletroeletrônicos, que passa por dificuldades.

A rede St Marche foi oferecida a investidores estratégicos no Brasil - entre eles, Carrefour, Grupo Pão de Açúcar e Península, braço de investimentos da família de Abilio Diniz, segundo fontes.

"O problema é que investidores estratégicos não viam possibilidade de retorno no negócio", disse uma fonte. Segundo essa fonte, para o Carrefour, o St Marche, com atuação em São Paulo e Grande São Paulo, é considerado mais elitista.

Para o Pão de Açúcar, por exemplo, era concorrente direto e, neste momento, o grupo tem apostado mais em multicanais e no atacarejo.
 

Baixo desempenho


Fontes de mercado afirmaram ao jornal que o desempenho da rede Eataly estaria muito abaixo do esperado pelos acionistas e que os sócios brasileiros poderiam se desfazer do negócio.

A previsão era trazer a rede ao Brasil em 2014, mas a loja só foi inaugurada no ano seguinte.

"Há espaço para modelos como o Eataly no Brasil, mas a rede entrou no País em um momento delicado da economia brasileira. A localização (na Av. Presidente Juscelino Kubitschek, no Itaim) não é de alta circulação de pedestres, o que limita as vendas", disse uma pessoa familiarizada com o assunto.

Com a crise, a venda de alimentos frescos e de produtos importados foi fraca - o portfólio foi revisto e muitos produtos desapareceram das gôndolas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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