A matriz energética brasileira ficou mais limpa no ano passado,
principalmente com o crescimento significativo do consumo de energia
proveniente de fontes eólicas e do etanol. Simultaneamente, caiu a
demanda por gasolina, informa a Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
que divulgou hoje (22) a edição deste ano do Relatório Síntese do
Balanço Energético Nacional (BEN).
O relatório revela ainda que, no ano passado, o consumo de energia
proveniente de fonte eólica aumentou 77,1% em relação a 2014 e que o de
etanol cresceu 18,6%. Ao mesmo tempo, o consumo de gasolina caiu 9,5%.
A nova edição do relatório apresenta em detalhes a contabilização da
oferta, da transformação e do consumo final de produtos energéticos no
país, tendo por base o ano de 2015. O BEN mostra que a oferta interna de
energia (total disponibilizado no país) atingiu 299,2 milhões de
toneladas equivalentes de petróleo, registrando uma redução de 2,1% em
relação ao ano anterior.
Segundo a EPE, empresa responsável pelo planejamento energético do
país, a queda foi influenciada pelo comportamento da oferta interna de
petróleo e derivados, que caiu 7,2% no período em consequência do
superávit nos fluxos de exportação e importação destas fontes
energéticas.
“Contribuiu ainda para a queda da oferta interna bruta o
enfraquecimento da atividade econômica em 2015, ano em que o PIB
[Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no
país] nacional contraiu 3,8%, segundo o último dado divulgado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]”, ressalta a
empresa.
Em contrapartida, do ponto de vista da energia elétrica, houve
expressivo avanço da participação de renováveis na matriz elétrica de
74,6% para 75,5%, o que é explicado pela queda da geração térmica à base
de derivados de petróleo e pelo incremento da geração à base de
biomassa e eólica.
Esse avanço veio a compensar a redução de 3,2% da energia hidráulica,
com a oferta interna de energia elétrica caindo 8,4 terawatts-hora
(TWh), retração de 1,3% em relação a 2014. Já a geração eólica atingiu
21,6 TWh - crescimento de 77,1% - ultrapassando assim no ano passado a
geração nuclear. A potência eólica atingiu 7.633 megawats (MW), uma
expansão de 56,2%.
Os dados da publicação da EPE confirmam a queda de 1,9% no consumo
final de energia em relação ao ano anterior – nos setores industrial e
de transportes, a variação foi de -3,1% e -2,6%, respectivamente.
Já o setor industrial teve o consumo reduzido em 2,7 milhões de
toneladas equivalentes de petróleo, com impacto da queda do consumo de
carvão vegetal (-6,5%) e de eletricidade (-5%) no setor siderúrgico, e
do bagaço de cana (-3,9%), nesse caso, em decorrência da queda na
produção de açúcar.
Demanda cai no setor de transportes
Ainda em função da crise econômica que o país enfrenta, a demanda
energética caiu 2,3 milhões de toneladas equivalentes de petróleo no
segmento de transportes, principalmente em virtude da queda de 4,3% do
consumo de óleo diesel, consequência da menor atividade do setor de
transporte de carga.
Apesar da retração, um fato positivo é que, no ano passado, houve o
percentual renovável na matriz de consumo do setor de transporte passou
de 18% para 21%. Essa evolução é consequência direta do menor consumo de
gasolina (-9,5%), em parte compensado pelo maior consumo de etanol
(+18,6%).
Em 2015, o total de emissões antrópicas (termo usado em ecologia que
se refere a tudo que resulta da atuação humana) associadas à matriz
energética brasileira atingiu 462,3 milhões de toneladas de dióxido de
carbono equivalente (Mt CO2-eq), contra 485,1 milhões de toneladas
equivalentes verificada em 2014
(Agência Brasil,)
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