sexta-feira, 8 de julho de 2016

Walter Torre fala em "humilhação" de alvos da Operação Abismo. Ele foi um deles




Empresário desabafa em carta a funcionários. WTorre foi acusada de receber R$ 18 milhões em propina

RODRIGO CAPELO

Walter Torres, da construtora WTorre (Foto: Reprodução/Facebook)


Walter Torre, dono da WTorre, cuja condução coercitiva para depor em caso ligado à Operação Lava Jato foi determinada pelo juiz Sergio Moro nesta semana, enviou carta por e-mail a funcionários da empresa em que nega envolvimento em investigação da Polícia Federal.

Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) acusam a WTorre de receber R$ 18 milhões para desistir de uma oferta na obra de ampliação do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes). Na carta, o empresário afirma que "ofereceu o melhor preço e foi pressionado a abrir mão do trabalho pelo simples fato de não pertencer ao cartel". A obra ficou com o Consórcio Novo Cenpes, composto pelas empreiteiras OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Schahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia.

"Tenho dúvidas se o fator 'surpresa' que permeia toda a ação da Justiça nas investigações recentes visa 'preservar provas' ou subjugar e humilhar seus alvos. O espetáculo a que fomos submetidos nesta semana me faz acreditar na segunda hipótese", escreveu Walter.

"Me pergunto qual teria sido a finalidade de mandados de condução coercitiva a que fomos submetidos no dia 4 de julho. Pois, quando houve suspeitas sobre nossa conduta, não me escondi e não me omiti. Compareci ao Congresso Nacional e prestei todos os esclarecimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito, como muitos de vocês devem lembrar", prosseguiu. Ele se refere às perguntas feitas por parlamentares na CPI da Petrobras em setembro de 2015.

O dono da WTorre voltou a dizer que "não faz obras públicas", que "não é empreiteiro" e que "nunca recebeu dinheiro de nenhum governo e não faz parte de clube algum". 

A empresa, procurada por ÉPOCA, afirmou por meio de sua assessoria que não se posicionará sobre a carta e que ela foi endereçada apenas aos funcionários.

Fora do país, Torre ainda não depôs. Seu advogado afirmou que espera o agendamento por parte da delegada do caso. 

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