sexta-feira, 8 de julho de 2016

O que a Danone ganha com a pegada orgânica da WhiteWave





Divulgação
Iogurte Activia, da Danone
Danone: com aquisição, francesa vai dobrar o tamanho de seu negócio na América do Norte
 
 
 
São Paulo - Ao anunciar a compra bilionária da WhiteWave, na quinta-feira (7), a Danone deixou claro o seu objetivo: criar uma líder global que ofereça "opções de comida e bebida saudáveis" aos consumidores.

Mas, além de se consolidar nesse mercado, a francesa também vai dobrar o tamanho de seu negócio nos Estados Unidos – um movimento significativo, já que enfrenta turbulências em mercados importantes como Brasil e Rússia.
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A WhiteWave produz lácteos orgânicos e é forte também no ramo de alimentos de base vegetal alternativos ao leite e ao iogurte.

Seu portfólio inclui "leites", sobremesas e sorvetes feitos à base de soja, amêndoas, aveia, e coco, por exemplo. Também abrange snacks, shakes e suplementos veganos, sem qualquer tipo de proteína animal.

Entre suas marcas mais conhecidas, estão a Silk, So Delicius, Alpro e Vega.

Junto com ela, a Danone vai diversificar seu portfólio e as fontes de receita. No ano passado, metade das vendas da empresa, que somaram 22,4 bilhões de euros, vieram de produtos lácteos frescos.

"(O acordo) vai nos permitir melhorar o perfil de crescimento da Danone e reforçar nossa capacidade de resistência, por meio de uma plataforma mais ampla na América do Norte", disse em nota o presidente do grupo, Emmanuel Faber.

Concluído o negócio, a participação da unidade norte-americana nos negócios totais da Danone, que hoje é de 12%, subirá para 22%.

A transação dará origem a uma das 15 maiores companhias de alimentos e bebidas dos Estados Unidos, líder no nicho de laticínios refrigerados, de acordo com comunicado.

"A Danone é uma empresa única, com capacidades que vão possibilitar que WhiteWave chegar à sua próxima fase de crescimento", pontuou o CEO e presidente do conselho da americana, Gregg Engles.
 

Atalho


Com a crescente busca dos consumidores por alimentos saudáveis e o avanço da concorrência de marcas pequenas, que trabalham com ingredientes "mais naturais", nos Estados Unidos, a Danone e outras grandes fabricantes de lácteos recorreram ao uso de leite orgânico em alguns produtos, segundo o The New York Times.

Porém, para que o leite tenha essa certificação, as vacas produtoras precisam consumir apenas plantas e grãos sem agrotóxicos, o que encarece a produção.

A General Mills, por exemplo, fechou acordo com uma grande cooperativa para ajudar alguns de seus fornecedores a converter terras de agricultura tradicional em orgânica, processo que leva cerca de três anos.

A própria Danone também já tinha tomado medidas para melhorar a qualidade, fixando o preço do leite para alguns fazendeiros parceiros, em troca de que eles garantissem o bem-estar dos animais e adotassem práticas "verdes".

Agora, a empresa resolveu "pegar um atalho" e integrar a seus ativos uma organização com sistema orgânico já consolidado.
 

O negócio


Pelo combinado, a Danone pagará 56,25 dólares por cada ação da WhiteWave, em dinheiro, o que deixa o valor da fabricante em cerca de 12,5 bilhões de reais, incluindo as dívidas.

É a maior aquisição da Danone em quase 10 anos e a primeira sob o comando de Faber, que assumiu a presidência em setembro de 2014.

A operação ainda precisa ser aprovada pelos acionistas da WhiteWave e por órgãos regulatórios. A finalização é esperada para até o fim do ano.

A combinação dos negócios deve gerar sinergias em torno de 300 milhões de dólares até 2020 e acrescer os ganhos da Danone em mais de 10% no primeiro ano após sua conclusão.

O faturamento da WhiteWave foi de 4 bilhões de dólares no ano passado. Ela tem cerca de 5.300 funcionários – a Danone emprega aproximadamente 100.000 pessoas no mundo todo.


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