segunda-feira, 18 de julho de 2016

SoftBank vai comprar empresa de chips ARM por US$ 32 bi






D-Wave Systems Inc.
Chips de computador
Chips: compra da ARM pela SoftBank, se concretizada, será a maior aquisição de empresa de tecnologia da Europa


São Paulo - A companhia japonesa de tecnologia SoftBank anunciou nesta segunda-feira, 18, um acordo para comprar a projetista britânica de chips ARM por 24,3 bilhões de libras - o equivalente a US$ 32,2 bilhões - em dinheiro.

A transação é considerada uma aposta audaciosa de que o segmento de máquinas conectadas à internet vai transformar o grupo japonês.
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A tecnologia da ARM, a maior companhia da área tecnológica em valor de mercado listada na Bolsa de Londres, é usada em processadores que equipam aparelhos de gigantes da eletrônica como Samsung, Huawei e Apple.

Se concretizada, esta deverá ser a maior aquisição de uma empresa de tecnologia da Europa.

Os componentes baseados na tecnologia licenciada pela ARM estão presentes em uma ampla maioria dos celulares inteligentes do mundo e o grupo britânico tem se expandido para outras frentes que incluem dispositivos conectados à internet.

A ARM é considerada como ponto central da mudança da indústria da tecnologia em direção à internet das coisas - omo é conhecida a tecnologia em que aparelhos domésticos, veículos e sensores em edifícios, por exemplo, coletam e trocam dados.

O negócio é o maior já feito pela japonesa SoftBank, que atua nos mercados de tecnologia e telecomunicações. Seus investimentos são os mais variados: tem ativos na operadora norte-americana Sprint, participação na gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba e até investimentos no robô humanóide Pepper. A empresa, porém, não tinha uma grande presença na indústria de semicondutores.

Sob a oferta apoiada pelo conselho de administração da ARM, a SoftBank vai pagar 17 libras por cada ação da empresa britânica, um ágio de mais de 40% sobre o fechamento do papel na sexta-feira, 15. As ações da ARM, logo após o anúncio da compra, disparavam mais de 42%.

"Esta é uma das mais importantes aquisições já feitas e eu espero que a ARM seja um pilar fundamental da estratégia de crescimento da SoftBank", disse o fundador da companhia japonesa, Masayoshi Son, em comunicado.

Son afirmou que quer "cimentar a SoftBank 2.0", recuperar a deficitária Sprint e ainda "trabalhar em algumas ideias loucas". A empresa ainda afirmou que pretende criar 1,5 mil novos postos de trabalho no Reino Unido, além de aumentar contratações no exterior. A empresa também disse que a ARM manteria sua sede em Cambridge.

A aquisição da Sprint por US$ 22 bilhões em 2013 deixou a SoftBank com pesadas dívidas. A empresa tinha endividamento de 11,9 trilhões de ienes no final de março, incluindo 4 trilhões de ienes na Sprint.
 

Brexit


Com a aquisição da ARM, empresa tradicionalmente britânica, representantes do governo do Reino Unido afirmaram que o Brexit não foi negativo para a economia do país.

Novo ministro das Finanças do Reino Unido, Philip Hammond, celebrou a compra. "A aquisição ocorre apenas três semanas após a decisão do referendo", disse ao jornal Financial Times. "Mostra que a Grã-Bretanha não perdeu nada de sua atratividade para os investidores internacionais."

Quando o Reino Unido votou pela saída da União Europeia, muitos especialistas e analistas consideraram que o país perderia seu poder de atrair novos investidores internacionais, com medo de um cenário instável na Grã-Bretanha.

"Eu não fiz o investimento por causa da Brexit. A mudança de paradigma é a oportunidade", disse Masayoshi Son.


Brasileiro não quer se aposentar aos 60, como prevê reforma


Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Publicas
Idoso sentado no banco em um parque
Idoso em parque: expectativa de vida subiu e governo quer estabelecer idade mínima de aposentadoria
São Paulo - A maioria dos brasileiros pretende se aposentar antes dos 60 anos, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada hoje.

21% querem se aposentar antes dos 56 anos e 24% citam o período entre 56 e 60 anos. 17% esperam se aposentar entre os 61 e 65 anos e 7% depois disso.
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14% já são aposentados e 17% não sabem ou não quiseram responder, segundo a pesquisa feita com 
2.792 pessoas em 171 municípios.

Na média, os entrevistados apontaram 60 anos como a idade ideal para a aposentadoria; homens gostariam de se aposentar aos 61, e mulheres aos 59.

Os números apontam dificuldades para o governo do presidente interino Michel Temer, que pretende aprovar uma reforma da Previdência até o final do ano.

O governo criou há 3 semanas um segundo grupo de trabalho para esboçar uma proposta após o primeiro não ter chegado a um consenso. 

De acordo com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, os itens prioritários são definição de idade mínima, diferença entre os sexos e diferença entre as profissões.

Segundo o Datafolha, 53% dos brasileiros são a favor e 43% são contra a idade mínima para aposentadoria, algo já estabelecido na maioria dos países do mundo mas rejeitado pelos sindicatos por aqui.

Para 57% dos entrevistados, a idade mínima poderia ser a mesma para homens e mulheres, enquanto 41% preferem que o limite seja diferente.

O governo fala em estabelecer uma idade mínima de 65 anos para homens e um pouco menos para mulheres. A expectativa de vida do brasileiro é hoje de 75 anos e a Previdência é a maior rubrica de gastos do governo depois do pagamento com juros.

O Brasll já gasta nessa área um percentual próximo do de países muito mais ricos e envelhecidos: 11% do PIB, com previsão de alta para 16% do PIB em 2030 na medida em que a expectativa de vida continue subindo.

 O ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou recentemente que o déficit da Previdência Social no próximo ano será de R$ 183 bilhões, ante uma projeção de R$ 147 bilhões em 2016.


Setor naval entra em colapso e estaleiros fecham no Brasil




Reprodução/Enseada Indústria Naval S.A
Estaleiro Inhaúma
Estaleiro Inhaúma: quatro navios deveriam ter seus cascos convertidos, mas apenas um deles foi feito no Brasil, com atraso de dois anos
 
Sabrina Valle, da Bloomberg


Se existe um setor onde todos os retrocessos políticos e econômicos do Brasil se encontram é o da construção naval.

Um estaleiro do Rio de Janeiro onde a presidente afastada, Dilma Rousseff, certa vez prometeu empregar um exército de peões para produzir plataformas de petróleo feitas no Brasil, está prestes a fechar as portas.
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Dia sim, dia não, 50 trabalhadores em média entregam seus capacetes e são demitidos, segundo o sindicato que os representa. Mais de 5.000 trabalhavam no local no final de 2014 e a expectativa é que até o fim do mês todos tenham ido embora.

O estaleiro Inhaúma é o último a sucumbir a uma crise que eliminou quase metade dos empregos da indústria naval do país nos últimos dois anos, deixando empresas falidas e credores sem pagamento.

Também representa o fracasso dos planos do Brasil de usar o pré-sal para construir quase do zero uma indústria offshore de ponta que competiria com os estaleiros asiáticos e abasteceria a Petrobras.

A estatal, que havia concordado em pagar mais por plataformas nacionais para ajudar a ativar a indústria naval, não obteve desconto ao reenviar os trabalhos para a Ásia.

Os planos de crescimento naufragaram. O preço internacional do petróleo caiu, a petroleira se enterrou sob a maior dívida do setor e virou foco de um megaescândalo de corrupção.

O Brasil entrou em recessão e a presidente que fez as promessas de pleno emprego passa por um processo de impeachment.

“É uma combinação de crise econômica, crise política, baixos preços do petróleo e escândalo de corrupção, tudo junto”, disse o sindicalista Jesus Cardoso, que vem assistindo os trabalhadores do Inhaúma nas demissões.

Quatro navios deveriam ter seus cascos convertidos no estaleiro Inhaúma por US$ 1,7 bilhão e produziriam 600.000 barris por dia, ou cerca de 30 por cento da produção de petróleo do Brasil.

Dois deles foram completamente convertidos pelo COSCO Shipyard Group na China e um terceiro foi enviado ao Brasil somente para os retoques finais.

Apenas um dos trabalhos de conversão, do casco da plataforma P-74, foi feito no Brasil, com dois anos de atraso no cronograma.

Para atender aos planos de expansão da Petrobras, o Inhaúma foi completamente reformado pela empresa que ganhou os contratos de conversão, Enseada Indústria Naval.

Os presidentes da Odebrecht, da OAS e da UTC Engenharia -- que controlam 70 por cento da Enseada -- foram presos e condenados por corrupção.

A Enseada preferiu não comentar sobre o contrato com a Petrobras para obras no Inhaúma devido a um acordo de confidencialidade. A Petrobras não respondeu a um pedido de comentário.

Apenas no Rio e em seu entorno, cerca de dez estaleiros e canteiros de construção próprios da indústria naval fecharam as portas, entraram com pedido de recuperação judicial ou interromperam as operações quando as encomendas desapareceram, disse Cardoso.

Fomento à inovação: visões do Brasil e da Austrália




Processo complexo e burocracia são barreiras a vencer nos dois países


Por Jamile Sabatini Marques*




O impacto da inovação em um país pode ser demonstrado de diversas maneiras, desde sua capacidade de movimentar a economia com a geração de novos empregos ou até pela sua habilidade de estimular o mercado a criar negócios inéditos. Mas como o apoio financeiro concedido às empresas de tecnologia pode contribuir para o desenvolvimento econômico baseado no conhecimento? 

Foi com essa dúvida que, em 2015, embarquei em um voo para o outro lado do mundo, mais precisamente, em Brisbane, Austrália, para ter o privilégio de ser orientada por Tan Yigitcanlar, autor do conceito KBUD [Desenvolvimento Urbano Baseado no Conhecimento], em minha tese de doutorado na Queensland University of Technology (QUT), em cooperação com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Como pode observar, o foco da viagem estava no especialista e não somente no país em que ele está baseado. Estar em outro local me permitiu realizar comparativos com as duas economias sobre as visões das empresas de tecnologia brasileiras e australianas em relação ao fomento à inovação. Mas antes de chegar aos resultados do estudo, quero voltar a 2013, no meu primeiro ano na diretoria de Inovação e Fomento da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), quando formulamos uma pesquisa para medir o quanto as empresas de tecnologia conheciam sobre os recursos para fomento direcionados à inovação existentes no mercado. Para espanto de investidores como governo e bancos, quase a metade (44%) das associadas não conhecem o suficiente as fontes para inovação e fomento disponíveis para o setor no país.

Em minha pesquisa, parti do ponto de que, dentro do framework de KBUD criado por Yigitcanlar, no segmento econômico, ele considerava quatro importantes pilares: Conhecimento, Criatividade, Inovação e Competitividade, mas ainda não incluía o Fomento/Incentivo como base para que haja desenvolvimento baseado no conhecimento. Para contextualizar a importância de inserir o conceito neste framework e sugerir um modelo de fomento às empresas de base tecnológica como estratégia para a promoção do desenvolvimento urbano baseado no conhecimento, submeti algumas companhias australianas ao mesmo questionário feito no Brasil em 2013. No total, 75 responderam. 

Dentre essas, 36,5% afirmaram não ter conhecimento dos recursos de fomento disponíveis para inovação. A maioria (54,4%) afirmou nunca ter se beneficiado desse tipo de recurso. Entre as empresas que tentaram, mas não conseguiram, a maioria entre as australianas e brasileiras aponta o mesmo motivo: processo complexo (47,1%) e burocracia (40,4%). 

Preferencialmente, as empresas no Brasil (77%) e Austrália (62,7%) buscam incentivos à inovação para aplicação em P&D. Entre as linhas de fomento que as australianas gostariam de ter mais informações e se manter atualizadas encontram-se as voltadas a Incentivos Fiscais para Pesquisa e Desenvolvimento (56,5%); Programas para Empreendedores (54,8%) e Fundos de Capacitação (25,8%). Entre as empresas brasileiras de tecnologia, o interesse maior ficou no BNDES (72%); FINEP (66,8%) e Fundos para Pesquisa (44,9%).

No estudo também tive a oportunidade de entrevistar representantes do governo e de entidades representativas do setor de tecnologia nos dois países. No caso da Austrália, a principal questão está na necessidade de promover uma cultura de incentivo à inovação. O país voltou a desenvolver programas de fomento à inovação em 2009, depois de 15 anos sem uma política específica voltada ao tema. A transparência também foi uma necessidade apresentada, pois não estão claros os critérios para participar de certos programas. Das 400 melhores universidades do mundo, 20 estão na Austrália. O compartilhamento dos espaços físicos e laboratórios das universidades com as empresas foi apontado como um fator relevante para incentivar a inovação. Também citaram a necessidade de criação de mais parques tecnológicos e incubadoras. Segundo os entrevistados, esse problema é a razão pela qual o país vem perdendo empreendedores para Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.

No Brasil, pouco se mede sobre o impacto do fomento à inovação, porém em pesquisas anteriores realizadas junto às empresas que receberam recurso público para inovar, o governo obteve o retorno deste incentivo no primeiro ano de programa. As empresas cresceram e algumas passaram a exportar, geraram empregos e melhoraram os benefícios oferecidos para os seus funcionários, tendo como resultado o desenvolvimento econômico baseado no conhecimento. A falta de conhecimento das companhias sobre os benefícios disponíveis demonstra, claramente, a necessidade de divulgação das gestoras de recursos financeiros para estimular e atrair as empresas para adoção desses instrumentos de apoio que poderão ajudar o Brasil a se tornar mais competitivo e deslumbrar novos mercados por meio da inovação e, consequentemente, gerar desenvolvimento econômico.

Enfim, há uma tendência de países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de fomentar a inovação por meio de incentivos fiscais, o qual acaba sendo mais rápido, menos burocrático e mais democrático. Essa seria uma aposta bem acertada do governo brasileiro para elevar os resultados quando tratamos de apoio à inovação, mas o país ainda precisa melhorar nesse quesito, trazendo uma legislação mais clara e simples para que as empresas se beneficiem desses instrumentos. 

*Diretora de Inovação e Fomento da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES). 

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Judicialização da saúde cresce no Brasil – especialmente no Sul





Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina despontam entre os Estados que mais geraram ações judiciais

Por Eugênio Esber


A saúde no Brasil está se tornando cada vez mais um caso para tribunais – especialmente na região Sul. O crescimento das ações tem se baseado, principalmente, no modelo de pagamento chamado “depósito em conta judicial”, que avançou 227% entre 2012 e 2015, gerando mais de R$ 440 milhões em despesas da União. Essa modalidade consiste na transferência de recursos públicos para que o próprio paciente compre os medicamentos que necessita, e que não encontra no SUS. Entre 2012 e 2014, o Estado que mais recorreu à Justiça em busca de medicamentos foi o Rio Grande do Sul. A lista dos cinco Estados que mais originaram ações judiciais desse tipo contra a União para ter acesso a medicamentos inclui, ainda, Paraná e Santa Catarina (veja ranking a seguir). 



De onde vêm as ações judiciais (2012-2014)
Percentual de cada Estado no valor gasto pelo Ministério da Saúde por decisão da Justiça

Estado
% sobre o valor total
Pos. ranking
RS

18,87
MG

18,70
RN

12,13
PR

10,34
SC

8,76


A Interfarma, entidade que reúne os laboratórios farmacêuticos que atuam no Brasil, avalia que o grande problema de se conseguir ações na justiça para compra de medicamentos é que não é possível aplicar os descontos nos valores, obrigatoriamente praticados em outras situações de compras públicas. Dessa forma, o governo deposita para o paciente um valor que pode ser até 170% superior ao que pagaria. Na entrevista concedida ao Portal AMANHÃ, Pedro Bernardo, diretor de Acesso da Interfarma, sustenta que o fenômeno da judicialização prejudica a gestão da saúde no país.

O que a Interfarma descobriu sobre o fenômeno da judicialização da saúde?
Entre as pessoas que estão recorrendo à justiça há um grupo importante em busca de algum medicamento que está incorporado ao SUS, mas que, por alguma razão, momentânea ou não, está em falta no sistema. As pessoas vão lá no SUS buscar um produto que regularmente buscavam ou que deveria estar disponível e não está, e então recorrem à justiça. E há um outro grupo de pessoas que estão em busca de um medicamento que ainda não têm registro no Brasil. São produtos que ainda estão em fase de estudos e, por isso, ainda não foram registrados no Brasil, mas que por alguma razão são de conhecimento de médicos que acompanham tais estudos e começam a prescrever. E aí começa a existir a judicialização porque os produtos não estão disponíveis na rede do SUS. E nem poderiam, na medida em que ainda não obtiveram registro no Brasil. Nós entendemos que um produto só pode estar disponível quando foi concluído todo o processo de pesquisa e registro. E há, ainda, um outro grupo que tem um peso muito grande nas ações judiciais. 

Que grupo é este?
São as pessoas que estão em busca de produtos que já estão registrados no Brasil ou na maioria dos países, medicamentos eficazes, com eficácia comprovada, e que ainda não estão disponíveis. Isto é, não estão incorporados ao SUS para distribuição. Os médicos têm conhecimento da eficácia desses produtos e os prescrevem para pacientes que estão necessitando do medicamento. Mas o produto não está incorporado ao SUS. Grande parte dos valores envolvidos nas causas judiciais dizem respeito a este tipo de situação. 

Qual a solução, neste caso, além de recorrer à justiça?
Nós entendemos que este tipo de medicamento deveria ser objeto de maior diálogo entre governo, os médicos, os pacientes e a própria indústria para que o produto viesse a ser incorporado pelo governo e disponibilizado através do SUS. Porque esses produtos são necessários para uma parcela importante da população. E, se fossem incorporados, via compras públicas, teriam um custo muito menor para o Estado do que tem hoje, quando o governo fornece através de judicialização.

Como assim?
Olha nós tivemos exemplos de produtos que foram incorporados pelo SUS e o governo passou a gastar menos do que quando o paciente conseguiu o medicamento via ação judicial. Vejamos os produtos para hepatite C, por exemplo. No momento em que o produto foi incorporado, o governo e chamou o setor produtivo e fez um acordo para fornecimento de médio e longo prazos. Assim, a indústria pôde se programar para produzir em grande escala, obtendo uma redução de custo neste processo, repassando esta economia ao preço. Deste modo, o governo negocia um preço de aquisição muito inferior àquele que terá de pagar se o produto for adquirido pelo paciente por uma decisão judicial. 

O governo tem recursos para incorporar novos medicamentos à lista do SUS?
A gente entende é que hoje há uma restrição orçamentária muito grande em todas as áreas do governo federal, dos governos estaduais e nos municípios. Esta é mais uma razão para que o diálogo aconteça. É preciso que todos que estão envolvidos neste processo discutam esta questão com muita responsabilidade para que juntos nós todos encontremos um caminho bom, uma solução. Porque esta situação atual, de judicialização crescente da saúde, é ruim para todo mundo. É ruim para o governo, que paga mais caro, como nosso estudo demonstra. Ela é ruim para a indústria porque desorganiza a produção, desorganiza tudo na indústria. Ela é ruim para os pacientes, porque tem de ir à justiça, e parte deles não tem acesso à Justiça, por alguma razão. E é ruim para os médicos. Em resumo, é ruim para todo mundo. Então, isso só se resolve através de um diálogo.

A Interfarma tem procurado o governo para discutir esta questão?
Procurar, temos procurado. Uma coisa que a gente pôde observar aqui, no caso do medicamento, é que ele representa bem menos que 8% com despesas com saúde. Ou seja, de todas as despesas com saúde, o medicamento corresponde a menos de 8%. E se submete – o que está certíssimo – a Comissão de Incorporação do SUS, a avaliação de tecnologia, a estudos econômicos que determinarão se será ou não incorporado. É um debate enorme. Que, eu repito, é correto fazer. Mas a questão é que não vejo nada disso para os outros 92% das despesas com saúde, e aí entram serviços, consultas, ambulatórios hospitalares... Tudo isso corresponde a 92% das despesas com saúde e eu não vejo nenhuma comissão de incorporação, de avaliação destes gastos, nada disso. 

É uma desproporção?
Parece que todo problema está nos 8%, enquanto nos 92% que não tem problema, está tudo bem. Daí você vai ao hospital e vê que está faltando leito, que este ou aquele serviço não está disponível, que a conta que você paga é enorme... Acho que essa preocupação de avaliar gastos tem de ser estendida para toda a área da saúde. É muito importante fazer essa avaliação. Nós, da indústria, já somos submetidos a tudo isso há muito tempo, com avaliações bem rigorosas, com o desafio de provar que é o produto é eficaz, é melhor que o outro, é mais barato ... E se você não consegue convencer a Comissão que incorpora o produto ao SUS, ele não é incorporado e o paciente vai buscar na Justiça, a um custo bem maior para o governo. 


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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Dona da Trifil quer vender empresa para a Lupo, dizem fontes





EXAME
Meias da Trifil
Trifil: grupo Carlyle tenta vender a Scalina, dona da marca, há três anos, desde que a economia brasileira começou a desacelerar
 
Da REUTERS


São Paulo - O grupo de private equity Carlyle Group está em conversas para vender sua participação na fabricante de moda íntima Scalina, seguindo a uma série de contratempos que levaram a uma reeestruturação de dívida, disseram três fontes com conhecimento do assunto.

De acordo com duas das fontes, que falaram sob condição de anonimato, a Carlyle e seus parceiros na dona da famosa marca de lingerie Trifil, incluindo o milionário Artur Grynbaum e a família Heilberg, que fundou a empresa, concordaram em colocar a Scalina à venda após renegociações com credores.
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Sob os termos do plano, os recursos obtidos com o negócio serão usados para ajudar a pagar parcela de 160 milhões de reais em empréstimos que a Scalina tomou junto ao Itaú Unibanco, Santander Brasil e Banco do Brasil, disseram as fontes.

Como parte do acordo, os bancos irão contabilizar perdas sob o principal da dívida, acrescentaram as fontes.

Representantes dos bancos se recusaram a comentar o assunto, assim como Scalina, Carlyle, Grynbaum e os Heilberg.

Carlyle, Grynbaum e os Heilbergs, que possuem cada um cerca de um-terço da Scalina, estão em conversas avançadas para vender a empresa para a rival Lupo, disseram as fontes.

O valor do negócio e uma série de detalhes contratuais estão sendo negociados, segundo as fontes. A Lupo também não quis comentar o assunto.

As roupas íntimas da Scalina são vendidas em cerca de 100 lojas franqueadas da marca Scala, presentes em shoppings em todo o Brasil. A companhia emprega mais de 4.500 pessoas e tem três fábricas.

A Lupo, de controle familiar, vende roupas íntimas masculinas e femininas, além de roupas esportivas e outros assessórios, em mais de 300 lojas.

Em 2010, quando o Carlyle comprou 51 por cento da Scalina, a receita da empresa estava crescendo a um ritmo anual de 20 por cento.

Mas um ano depois, quando a estratégia de varejo da empresa naufragou, o grupo de private equity permitiu que um novo grupo investidor sob liderança de Grynbaum injetasse dinheiro na Scalina em troca de uma participação minoritária na companhia.

O Carlyle vem tentando vender a Scalina há três anos, desde que a economia brasileira começou a mostrar sinais de desaquecimento, disseram as fontes ouvidas pela Reuters.

China aprova fusão da Chinatex com a Cofco





Kim Kyung-Hoon / Reuters
Bandeira nacional chinesa vista em distrito financeiro em Pequim. 21/01/2016
China: a fusão já era esperada como parte do esforço para melhorar a competitividade do gigantesco e ineficiente setor de empresas estatais
 
Da REUTERS

Pequim - O Conselho de Estado da China aprovou a fusão da trading de grãos e produtos têxteis Chinatex Corp com a maior processadora e comercializadora de grãos do país, a Cofco, disse uma autoridade do país nesta sexta-feira.

A Chinatex irá tornar-se uma subsidiária da Cofco após a fusão, segundo a comissão que administra ativos estatais. Tanto Chinatex quando Cofco são empresas estatais.
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A fusão já era esperada como parte do esforço da China para melhorar a competitividade do seu gigantesco e ineficiente setor de empresas estatais.

O lucro total de entidades estatais controladas pelo governo central caiu 3 por cento na primeira metade do ano, segundo um relatório oficial divulgado na quinta-feira.

A Cofco está se reestruturando à medida que integra o negócio de comercialização de grãos adquirido da Noble no ano passado. A estatal também mira mais aquisições no exterior.