Eztower: Torre B do empreendimento já está 65% alugada para grandes empresas, como Coca-Cola e Amil (Divulgação)
São Paulo – No meio da crise que vem abalando o setor de construção no país, a
Eztec resolveu colocar em prática o que chamou de negócio com característica oportunista.
Procurada por muitos investidores estrangeiros interessados em
comprar imóveis e terrenos para alugar terceiros, a empresa decidiu
fazer ela mesma o que os possíveis clientes queriam.
Os resultados devem começar a aparecer no balanço até o primeiro
semestre de 2017, mas hoje 65% da torre B do EZ Towers, maior complexo
comercial da empresa, formado por duas torres de 26 pavimentos de
escritórios cada, em região nobre de São Paulo, já está alugada.
Coca-Cola
e Amil são alguns dos inquilinos que podem engrossar as receitas da
empresa em estimados R$ 60 milhões no próximo ano. A Torre A foi vendida
para o grupo São Carlos, do empresário
Jorge Paulo Lemann, em 2013, por cerca de R$ 600 milhões.
A companhia recebeu cerca de dez propostas de compra, mas deixou claro que só fechará se valer a pena.
“Tinha muita empresa estrangeira querendo comprar o negócio achando
que estamos com a corda no pescoço e não estamos”, disse Ernesto Zarzur,
presidente do conselho da Eztec em evento nesta semana.
Para ele, a experiência ensinou que todas as crises econômicas são
cíclicas e as empresas melhor preparadas sabem sair delas ilesas. “Somos
umas delas”, afirmou.
Para o próximo ano, a incorporadora estuda criar uma empresa de
propriedades para reunir todos cerca de 80 imóveis e terrenos que hoje
possui nesta condição.
Com foco em projetos comerciais de alto padrão, a operação seria uma
subsidiária da Eztec, com a possibilidade de ser separada da holding no
futuro.
Novos caminhos
Além das locações, a Eztec estuda há mais de um ano outras maneiras de fazer negócios. Uma delas é construir para o programa
Minha Casa Minha Vida, do governo federal.
Três empreendimentos dentro desse perfil já estão sendo feitos pela
empresa na capital paulista e mais dois devem ser lançados em 2017.
Serão unidades construídas dentro das características do programa,
apartamentos de cerca de R$ 220.000,00 e de até 40 metros quadrados.
Mas localizados em regiões privilegiadas dentro da região
metropolitana de São Paulo, como o Centro da cidade, e com boa estrutura
de lazer e qualidade de
construção.
Com um banco R$ 700 milhões em terrenos já pagos, a companhia promete
lançar em 2017 mais do que neste ano. O foco será mais amplo:
apartamentos para o público de média, média alta e alta renda na região
metropolitana de São Paulo.
“Garanto para vocês que quem lançar no ano que vem venderá 40% no
chão e o restante durante a obra”, disse Zarzur. No entanto, acredita,
será preciso ter preços mais agressivos.
O plano é dar descontos maiores para clientes que possam dar entradas
maiores e ajustar as parcelas restantes dentro das possibilidades
financeiras deles.
Com isso, os descontos de preços devem ser maiores, mas a margem de
rentabilidade fica garantida, ainda que seja menor – de 20% em vez de
35%.
“Vamos lançar com força e na hora certa”, disse o empresário.
Para ele, o cuidado maior ainda será o de diminuir o número de
distratos no próximo ano. A estimativa é que cerca de 3.000 unidades,
das entregues em 2017, devem ser devolvidas.
Os principais motivos para as devoluções, acredita são a pessoa não ter como pagar ou achar que fez um mal negócio.
Com caixa forte, o que a empresa diz estar fazendo é analisar caso a
caso e, quando possível, negociar com o próprio cliente. Neste sentido,
avaliar o perfil e documentação dos compradores exige cada vez mais
cautela, pensa o empresário.
“(Um empreendimento) É como uma caixa de laranja. Uma podre no meio pode acabar com todas elas”, afirmou Zarzur.