sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Uma proposta para os distratos


Incorporadoras e governo tentam chegar a um acordo para regulamentar a devolução de imóveis ainda não pagos. O que isso muda para as empresas e os consumidores?

Uma proposta para os distratos

O mercado imobiliário viveu dois momentos distintos. No início da década, animadas pela queda dos juros, pelos incentivos fiscais, e pelo aumento da renda, as incorporadoras foram tomadas por uma febre de lançamentos. O primeiro imóvel, ou o apartamento com varanda gourmet, pareciam estar mais perto do que nunca de milhões de brasileiros. Cinco anos depois, o sonho da casa própria havia se transformado em pesadelo. Incapazes de pagar as prestações e ameaçados de perder o que haviam pago, milhares de compradores tentaram cancelar os negócios.

Previstos no acerto entre as partes, os chamados distratos se multiplicaram. Só no ano passado foram canceladas 44.233 transações, segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). As cláusulas do distrato constam da maioria das propostas de venda. A praxe é a construtora poder reter de 10% a 20% do valor pago pelo comprador até o momento da desistência, dependendo de quantas parcelas já foram pagas. Ela também pode descontar despesas com corretagem.
Joaquim Ferraz, sócio do Juveniz Rolim Ferraz Advogados: “O dinheiro que o consumidor pagou não fica com a incorporadora, mas é transformado em cimento” (Crédito:Divulgação)
O dinheiro só volta para o comprador 12 a 24 meses após o encerramento da obra. Essa demora protege as finanças da incorporadora. “A empresa usa as parcelas que os compradores vão pagando para erguer o edifício”, diz Claudio Hermolin, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) do Rio de Janeiro. Quando alguém desiste, diz ele, esse fluxo de recursos se interrompe, e é preciso esperar outro comprador para que a situação volte ao normal.

Se o mercado estiver operando normalmente, não há problemas. Porém, a queda do emprego afugentou compradores e fez as desistências se multiplicarem. Com um agravante: a crise torna o recebimento incerto, e as multas são consideradas injustas. Daí os pleitos judiciais que pedem o ressarcimento integral do valor pago e o crédito imediato na conta do desistente. “O assunto foi muito judicializado”, diz o advogado Joaquim Rolim Ferraz, sócio do Juveniz Rolim Ferraz Advogados Associados. Ferraz advoga em favor das incorporadoras, e diz que os tribunais não têm sido benevolentes com as empresas.
Claudio Hermolin, presidente da ADeMi do Rio de Janeiro: “Quando o imóvel ficar pronto e for vendido a outro comprador, o dinheiro que entrar vai ser usado para ressarcir o desistente” (Crédito:Divulgação)
 
“A média de decisões favoráveis ao distratante tem sido de 60%, o que, no Judiciário, é um percentual elevadíssimo”, diz ele. Segundo o advogado, a origem do problema é um vácuo legal. O assunto é regido pela Lei de Incorporações Imobiliárias. É um texto promulgado em 1964, que sofreu apenas uma alteração significativa, em 2004. Naquele ano, a falência da construtora Encol criou um mecanismo para proteger o consumidor. Conhecida pelo nome assustador de patrimônio de afetação, a regra é simples de entender.

Cada empreendimento é uma empresa isolada. Se a construtora quebrar, como ocorreu com a Encol, os edifícios em construção não são tragados pelo sorvedouro da massa falida. No entanto, diz Ferraz, essa proteção causa um problema se houver muitos distratos. “O dinheiro que o consumidor pagou não fica com a incorporadora, mas é transformado em cimento”, diz ele. “Se tiver de sacar os recursos do caixa, a incorporadora fica sem capital para dar andamento à obra.”

Para tentar um acordo, representantes das incorporadoras e dos consumidores reuniram-se, na terça-feira 11, com técnicos do governo. A reunião, realizada na sede da Casa Civil, em Brasília, tentou buscar um meio termo entre as propostas. Um dos principais pontos é a diferenciação entre imóveis residenciais e comerciais. “Quem compra um escritório está pensando em investir, seja alugando ou revendendo o espaço, seja abrindo uma empresa”, diz Hermolin. “Ele não pode ser comparado, em termos de fragilidade, com quem está comprando seu primeiro imóvel.”

As demais propostas referem-se ao percentual que será retido pela incorporadora e ao prazo de pagamento (observe o quadro ao final da reportagem). Para os analistas, a retirada dessa incerteza jurídica deverá favorecer as ações das empresas imobiliárias, que vêm apresentando oscilações abruptas nos pregões. Ainda é difícil prever qual será o impacto sobre as cotações, mas a percepção é que o terreno sobre o qual essas companhias edificam seus lucros deve ficar mais sólido.


BNDES e família Batista travam disputa na Justiça antes de assembleia da JBS


BNDES e família Batista travam disputa na Justiça antes de assembleia da JBS


O braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) e a Caixa Econômica Federal, acionistas da JBS (controlada pela holding J&F, da família Batista), conseguiram ontem na Justiça Federal de São Paulo liminar para impedir que os controladores da companhia votem hoje na assembleia geral extraordinária. A reunião, marcada para as 10h, vai discutir, entre outras questões, a saída de Wesley Batista do comando da empresa de alimentos. A J&F vai recorrer da decisão, apurou o ‘Estado’.

Em entrevista ao Estado, Ricardo Lacerda, presidente da BR Partners, banco de investimento contratado pela J&F para mediar as negociações entre a família Batista e o BNDESPar, disse que os controladores tentaram um acordo amigável com o banco de fomento, mas que, agora, o assunto será discutido na Justiça. “O BNDES deveria ter aceito o pedido de adiamento da assembleia feito na segunda-feira”, afirmou o banqueiro.

A família Batista detém 42,1% da JBS, por meio da FB Participações, e o BNDESPar, segundo maior sócio, possui 21,3% da empresa. A Caixa tem cerca de 5%. “Ao entrar na Justiça, o BNDES vai ter de responder por seus atos”, disse Lacerda. “O BNDES está usando Brasília para prejudicar os interesses da companhia.”

As delações dos irmãos Batista à Procuradoria Geral da República envolveram o presidente da República, Michel Temer. O BR Partners assessorou o grupo francês Casino, dono do Grupo Pão de Açúcar, na disputa societária com Abilio Diniz.

A família assinou um acordo de leniência com o Ministério Público Federal e se comprometeu a pagar multa de R$ 10,3 bilhões. Procurada, a JBS não comenta. Já a J&F informou, por meio de nota, que “não tem conhecimento do teor da decisão. Tão logo a empresa seja intimada, irá analisar e tomará as medidas legais cabíveis.”


Embate.

No dia 14 de agosto, o BNDES declarou a intenção de votar pela saída de Wesley Batista por entender que o empresário pode prejudicar os interesses da companhia. Na segunda-feira, a JBS informou ao mercado que os representantes do conselho da companhia haviam decidido pela permanência de Wesley no comando da JBS. Foram sete votos a favor e dois contra. Apenas Maurício Luchetti e Claudia de Azeredo Santos, representantes do BNDES no conselho, foram contrários. Os demais acionistas argumentam que Wesley, que tem mandato até 2019, é considerado peça importante nas renegociações de dívidas da empresa.

Na terça-feira, a CVM tinha decidido pela permanência dos representantes da família na assembleia por entender que não havia conflito de interesse. Se não conseguir derrubar a liminar na Justiça até o início da reunião, Wesley deverá deixar o comando do grupo. Seu irmão, Joesley Batista, que era presidente da holding J&F, renunciou ao posto e também saiu do conselho.

A família está em negociações para a venda da Eldorado (papel e celulose) para a asiática APP. A Moy Park, negócio de carnes processadas da Irlanda, está em processo de venda e atraiu interesse de diversos grupos estrangeiros. O ativo de energia Âmbar está sendo negociado para a gestora canadense Brookfield. A gestora não comentou o assunto.

“O BNDES deveria ter aceito o pedido de adiamento da assembleia. Ao entrar na Justiça, o banco vai ter de responder por seus atos. O BNDES está usando Brasília para prejudicar os interesses da companhia.”

http://www.istoedinheiro.com.br/bndes-e-familia-batista-travam-disputa-na-justica-antes-de-assembleia-da-jbs/

Dow e DuPont concluem fusão; ações da DowDuPont começam a ser negociadas em NY

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A Dow Chemical e DuPont anunciaram, nesta sexta-feira, dia 1º, a conclusão do seu processo de fusão. A DowDupont, resultante do negócio entre as duas gigantes do setor químico, vai ser desmembrada em três empresas distintas, com foco em agricultura, materiais e produtos especiais. A estimativa dada inicialmente pela empresa é de que o processo de desmembramento seja concluído em até 18 meses a partir de agora.

As ações da Dow e da DuPont deixaram de ser negociadas na Bolsa de Nova York (NYSE) na quinta-feira (31). Nesta sexta, as ações da nova empresa, DowDuPont, já vão começar a ser negociadas sob o símbolo “DWDP” na mesma bolsa, após a abertura do mercado (às 10h30, pelo horário de Brasília).

A fusão entre as companhias foi anunciada em dezembro de 2015 e, deste então, passou pelo crivo de diversos órgãos antitruste. Depois de unida, a DowDuPont vai ser dividida em três empresas distintas, com foco em agricultura, materiais e produtos especiais. A fusão deve gerar sinergias de custo de cerca de US$ 3 bilhões e de crescimento de US$ 1 bilhão. 

Fonte: Dow Jones Newswires.

A aceleração de empresas chega ao mundo da moda para impulsionar a inovação


Com intuito de desenvolver novas empresas e buscar inovação na moda, In-Mod leva novas marcas para desfilar no São Paulo Fashion Week

Crédito: Agência Fotosite
(Da esquerda para a direita) Desfile das marcas Karine Foury, Borana e LED (Crédito: Agência Fotosite)


O fomento ao empreendedorismo e a aceleração de novas companhias são práticas que permeiam, atualmente, muitos setores da economia nacional. No mundo das finanças e da tecnologia isso é praticamente algo necessário até para a evolução das grandes empresas, que investem em centros de aceleração para capturar as novidades. No mundo da moda isso também está acontecendo.

Em meio aos últimos eventos da São Paulo Fashion Week (SPFW), o In-Mod (Instituto Nacional de Moda e Design), braço de desenvolvimento de empresas da holding Luminosidade, criadora do evento, selecionou 5 novas empresas para apresentar seus trabalhos a um grande número de convidados. Como parte do projeto, além da visibilidade dada pelo SPFW, essas empresas também estão recebendo consultoria para que consigam competir no mercado profissional.

O objetivo, como em qualquer outra aceleração, é a busca por inovação na moda. A melhor maneira para isso é encontrar novas empresas que estejam fazendo trabalhos diferentes do habitual e ajudá-las a crescer. Por fim, a expectativa é que isso ajude a desenvolver o setor. “A moda é feita por pequenas empresas também. É preciso dar competitividade a essas novas marcas, para que elas se desenvolvam e alcancem nível nacional”, disse Graça Cabral, diretora do In-Mod.

As marcas selecionadas foram Borana, Kalline, Karine Foury, LED e Vankoke. Cada uma possui um estilo diferente. A Borana, por exemplo, produz peças de praia, como biquínis e saídas de banho. A LED desenvolve um trabalho de moda agênero, na qual não há distinção entre o feminino e o masculino. O desfile delas, batizado de TOP 5, foi viabilizado por meio de uma parceria do instituto com o Sebrae.

O interesse do órgão, segundo seu presidente, Guilherme Afif Domingos, é econômico. “Quanto mais competitivas elas forem, mais empregos estarão gerando para o setor”, afirmou.

Para a consultora de marketing Márcia Matsuno, esse apoio pode definir se uma nova marca tem sucesso ou não em um setor econômico muito competitivo. “São empresas que têm muitas dificuldades, por serem novas e pequenas. Elas precisam de todas as oportunidades de agregação de valor para conseguirem alavancar seu negócio”, contou Márcia.

Esta foi a segunda edição do evento. A primeira foi há um ano, em um modelo diferente, com apenas uma empresa a desfilar. “O que vimos nesse tempo é que a Amabilis, do Espírito Santo, selecionada na edição anterior, se fortaleceu muito. O objetivo dela era se nacionalizar, o que ela conseguiu ao colocar um showroom permanente da marca em São Paulo”, disse Graça.

De fato, para as empresas, este é um momento único. “Foi minha primeira vez a fazer uma coleção pública. Antes, fazíamos peças para teatro, figurinos… Financeiramente, é incrível. Para uma marca ter esse tipo de exposição, é muito caro. Levaria muito tempo para eu conseguir isso sozinha”, afirma a francesa radicada no Brasil Karine Foury.

http://www.istoedinheiro.com.br/aceleracao-empresas-inovacao-na-moda/

Brasil sai da lanterna e fica em 41º no ranking de 42 PIBs, diz Austin Rating

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O Brasil ficou no segundo trimestre com a 41ª posição em num ranking elaborado pela Austin Rating com 42 países listados de acordo com a evolução de seus respectivos Produtos Internos Brutos (PIB). Com uma taxa de expansão de 0,3% de abril a junho em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB do Brasil só ficou à frente da economia da Noruega, que na mesma base de comparação cresceu 0,20%.

À frente do Brasil aparecem o Chile com crescimento de 0,9%; Colômbia, com 1,3% e Itália, com 1,5%. As primeira, segunda e terceira posições foram ocupadas por China, Filipinas e Malásia, com taxas de crescimento de 6,9%, 6,5% e 5,8%, pela ordem.

De acordo com o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, responsável pelo ranking, se a tabela dos países segundo a evolução de suas economias pusesse ser comparada à tabela do Campeonato Brasileiro, poderia se dizer que o Brasil está muito próximo do rebaixamento.

Segundo Agostini, o Brasil só não ficou na última posição – a mesma que frequentou no primeiro trimestre – porque a Noruega perdeu pontos de crescimento da primeira para a segunda leitura do PIB no ano. Desde o primeiro trimestre de 2016 que o Brasil vem ocupando a última posição no ranking. 
No primeiro trimestre, o Brasil ficou na 39ª colocação no ranking, que tinha 39 países.

A derrapada da Noruega é considerada normal pelo economista da Austin Rating. “Os países europeus passaram por uma forte crise, se recuperaram bem e agora estão se ajustando”, explicou Agostini.

Na média dos 42 países, o PIB cresceu 3%, de acordo com o ranking da Austin Rating. Na média dos países que compõem o BRICS, acrônimo para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, houve expansão de 3,6% do PIB no segundo trimestre ante o mesmo período em 2016.

Na área do Euro, a média de crescimento foi de 2,2% e na média dos PIIGs, acrônimo na língua inglês para o conjunto das economias de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, o crescimento foi de 2,3% no segundo trimestre sobre o mesmo do ano passado.


 http://www.istoedinheiro.com.br/brasil-sai-da-lanterna-e-fica-em-41o-no-ranking-de-42-pibs-diz-austin-rating/

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

TST está preocupado com venda de créditos trabalhistas judiciais a advogados







As centrais de conciliação da Justiça do Trabalho estão preocupadas com os efeitos da compra de créditos trabalhistas por advogados nas negociações judiciais. No início deste mês, o Tribunal Superior do Trabalho enviou consulta ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil para saber se a prática infringe algum mandamento ético da categoria, ou se há alguma obrigação de transparência sobre o negócio.
Venda de créditos trabalhistas a advogados inviabiliza acordos na Justiça do Trabalho, reclamam juízes.
ASCS - TST
Os contratos de cessão de créditos se tornaram preocupação depois que representantes das centrais de conciliação dos tribunais regionais do Trabalho foram ao TST reclamar. De acordo com os representantes dos TRTs, a venda dos créditos praticamente inviabiliza a negociação, porque o detentor do direito deixa de ter interesse na causa, e o comprador do crédito só tem interesse no valor que tiver a receber.

A consulta à OAB foi feita pelo ministro Emmanoel Pereira, vice-presidente da corte e coordenador da Comissão Nacional de Promoção à Conciliação do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Na consulta, ele pergunta ao presidente da Ordem, Claudio Lamachia, se o advogado precisa avisar o juiz sobre o contrato de compra e venda de créditos trabalhistas, já que “esse fato vem comprometendo sobremaneira a efetividade das audiências de conciliação”.

É que a compra dos créditos tem se tornado um negócio, e dos bastante lucrativos. Os juros incidentes sobre os créditos trabalhistas são de 12% ao ano e, conforme a Orientação Jurisprudencial 400 da Subseção de Dissídios Individuais do TST, esse dinheiro não compõe a base de cálculo do Imposto de Renda. Ou seja, é um investimento que rende mais do que qualquer aplicação de renda fixa, que usam os juros da Selic, de 9,5% ao ano, fora o desconto de Imposto de Renda e IOF, o que deixa a taxa de juros perto de 7%.

A reclamação dos juízes trabalhistas é que, para quem compra o crédito, não vale a pena negociar nem resolver a questão rápido. Como os juros são altos, quanto mais demorar, melhor.


Modelo de negócio


“Em alguns casos, por trás da aludida prática, o que existem são verdadeiros modelos de negócio, estruturados com base em sistemática semelhante à existente no sistema financeiro”, escreveu Pereira, em ofício expressando suas preocupações ao corregedor-geral da Justiça do Trabalho, ministro Renato Lacerda Paiva.

Na mensagem, Pereira diz ver três principais problemas: a possibilidade de a compra ser feita sem que o autor do pedido tenha “total clareza e compreensão do valor justo” do crédito; o fato de juízes darem prioridades a esses casos por achar que eles tratam de verba de caráter alimentar; e o trabalho desenvolvido para intimações pessoais quando o titular do crédito é o “patrono”, e não o titular do direito.

O advogado Gáudio Ribeiro de Paula confirma todas as preocupações do ministro Emmanoel. Ele costuma representar empresas na Justiça do Trabalho e, a partir da baixa taxa de acordo nas audiências de conciliação, consegue perceber o “mercado” da cessão de créditos aumentando.

“O que a gente percebe é que o reclamante comparece à audiência só para cumprir tabela, porque ele fica lá totalmente alheio, apenas respondendo que não tem interesse no acordo”, conta o advogado.

Para ele, negociar créditos trabalhistas é ilegal, porque a lei os define como verba alimentar.

Gáudio também confirma o receio de trabalhadores serem enganados por seus advogados. Ele lembra de um caso no qual o juiz arbitrou a indenização em R$ 50 mil e o crédito foi vendido por R$ 30 mil ao advogado. Anos depois, o TST manteve a condenação à empresa, mas a indenização ficou em R$ 500 mil, depois de juros, correções e de todas as discussões de direito. “São contas que o juiz de primeiro grau não pode fazer na hora e quem não é da área não tem noção de como um processo pode se desenvolver”, lamenta.


Questões éticas


Ainda não há muitos precedentes sobre a matéria. O Superior Tribunal de Justiça já definiu, nos casos de créditos de precatórios, que eles deixam de ter caráter alimentar e entram na fila dos demais créditos. Com isso, perdem a preferência em diversas aplicações, como na falência e na recuperação judicial de empresas.

Do ponto de vista ético, quem tem de decidir são os tribunais de ética e disciplina da OAB (TED).
Em São Paulo, onde está a maioria dos advogados do Brasil e onde há os dois maiores TRTs, o TED já decidiu que a cessão de créditos trabalhistas só pode ser feita a pessoas ou empresas de fora da relação processual da causa e em processos em fase de execução com valores definidos.

O atual presidente do TED1 (deontológico) de São Paulo, Pedro Paulo Wendel Gasparini, é autor de precedente importante sobre o tema, mas sobre a cessão de precatórios estaduais. Nele, a turma deontológica do TED-SP definiu que a compra de créditos por advogados ofende o artigo 5º do Código de Ética da Advocacia, segundo o qual “o exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização”.

“Aplico o mesmo entendimento à compra de créditos trabalhistas por advogados”, afirma o advogado à ConJur. Segundo ele, advogado que compra créditos deixa de ser advogado e passa a ser comerciante de ativos. “A possibilidade de pegar um cliente fragilizado economicamente e se aproveitar desse momento me faz pensar que a prática não é nem moral nem ética. É no mínimo um conflito de interesses.”

 http://www.conjur.com.br/2017-ago-30/tst-preocupado-venda-creditos-trabalhistas-advogados

Cientistas pesquisam geração de energia a partir do açúcar

Cientistas  pesquisam geração de energia a partir do açúcar



Pesquisadores do Instituto de Química da USP em São Carlos responderam a uma pergunta que a comunidade científica esperava há mais de meio século.

Foram cinco anos de estudo até o resultado inédito. Primeiro, os cientistas colocam fermento biológico, que a gente usa para fazer pão, no açúcar refinado. Com a fermentação, o açúcar vira álcool. Aí os pesquisadores acrescentam um fiozinho preto, um eletrodo com uma proteína chamada ADH ou álcool desidrogenase. É uma enzima encontrada no corpo humano e em alimentos como o tomate.

"A proteína é capaz de extrair os elétrons, que são partículas carregadas, do etanol, gerando então eletricidade. E esse processo é bem rápido. Em cerca de dez minutos já temos corrente elétrica", afirmou a doutoranda de química Graziela Sedenho.

O equipamento mede a eletricidade.

A experiência brasileira desvenda um mistério. Há mais de 50 anos, pesquisadores do mundo inteiro tentavam descobrir de que forma a proteína agia quando entrava em contato com o álcool. Pela primeira vez, os cientistas da USP de São Carlos conseguiram comprovar como é essa reação química, que transforma o açúcar em energia elétrica.

A pesquisa é capa de uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo na área química. E a ação da enzima para produzir energia não é a única descoberta.

"A outra novidade foi que no mesmo sistema nós conseguimos realizar duas reações ao mesmo tempo, ou seja, tanto o fungo quanto a proteína atuavam ao mesmo tempo para gerar o etanol e gerar a eletricidade, o que nunca tinha sido comprovado anteriormente", disse o professor Frank Crespilho.

A experiência pode trazer vantagens para o meio ambiente.

"Utilização de micro-organismos para decomposição da matéria orgânica em lagos e rios, descontaminando o meio ambiente e, mesmo assim, gerando eletricidade e também gerando bioenergia, ou seja, extraindo eletricidade de qualquer fonte de açúcar presente em frutas, legumes e outros tipos de plantas", explicou o professor (G1)

 http://www.brasilagro.com.br/conteudo/cientistas-pesquisam-geracao-de-energia-a-partir-do-acucar.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/