Por Roberto Rachewsky, publicado pelo Instituto Liberal
Todos os lugares do mundo que
enriqueceram, o fizeram combinando respeito às instituições (livre
iniciativa e propriedade privada) com virtudes pessoais (racionalidade,
produtividade, honestidade, integridade, independência, justiça e
autoestima). Isso é a combinação de capitalismo com a força
empreendedora do indivíduo na busca da sua felicidade.
Pensem bem, a realidade mostra que isso é
possível. Se vocês acham que no Brasil isso não é possível, a culpa não
é das ideias, mas das pessoas. Se as ideias capitalistas que defendem a
livre iniciativa e a propriedade privada trouxeram resultados
impressionantes para países tão diferentes quanto Suíça, Japão, Chile,
Hong Kong, Estados Unidos, China, Irlanda, Alemanha, Estônia ou Holanda,
por que não traria para o Brasil?
O que nos faz patinar há décadas, sempre
enrolados com ideias equivocadas que privilegiam a coerção em
detrimento da liberdade? Ideias que esvaziam o sentido de propriedade
privada para ali implantar a tragédia dos comuns? Ideias de que a
felicidade alheia deve ser fruto de algum logro, que se alguém está
lucrando é porque outro está perdendo?
Será que é a mentalidade coletivista
calcada nas frustrações psicológicas geradas pela inveja e pela culpa?
Ou é a incompreensão de como funciona a realidade, por séculos de má
educação que leva o povo e a elite a acreditar nas ideias racionalistas,
religiosas e seculares, que pregam o sacrifício, próprio e alheio?
Precisamos de três choques para tirar o
Brasil do atoleiro: um choque de realidade, um choque de liberdade e um
choque de personalidade. Choque de Realidade, para enxergarmos o mundo
como ele é, seguir os exemplos que deram certo, abandonando as fórmulas
que só dão errado. Choque de Liberdade, para pensarmos, agirmos e sermos
felizes, cada um à sua maneira. Choque de Personalidade, adquirindo o
hábito de colocar em prática as virtudes que podem nos levar a florescer
e prosperar.
O Brasil só será um país rico se cada um
dos brasileiros puder fazer o que estiver ao seu alcance, exercitando o
seu potencial, num ambiente de liberdade, para sonhar, criar e produzir
riqueza. Riqueza em todos os sentidos, representada por valores
materiais, intelectuais e espirituais.
Não existe um Brasil rico sem um
brasileiro que enriqueça trabalhando para si e para os demais. Assim
como riqueza nacional não existe, interesse nacional também não. A
riqueza nacional não existe para ser distribuída, é a riqueza individual
que deve ser criada e o seu somatório serve apenas para fins
estatísticos.
O interesse nacional não existe para ser
buscado, é o autointeresse dos indivíduos que os levam a agir para
buscarem seus propósitos e a eventual felicidade.
Um país feliz só é possível se e quando
os indivíduos, na busca da satisfação de seus próprios interesses,
criarem os valores que atenderão os seus propósitos pessoais.
A saída para o Brasil é abandonar as
ideias coletivistas e abraçar de vez o individualismo. Isso não
significa buscar o próprio interesse a qualquer custo, sacrificando a si
mesmo e aos demais. Não é enriquecer mentindo, trapaceando ou roubando.
Não é viver isolado como se estivesse numa ilha deserta, onde esse
conceito nem teria porque existir.
Individualismo é ter a clara noção de
que, para alguém florescer e prosperar, é preciso cuidar do seu
autointeresse de forma racional, criando valor para os outros para obter
em troca o que os outros têm a oferecer.
Individualismo é cooperar e transacionar
com o maior número de pessoas que se é capaz para que se possa obter o
máximo que a sociedade tem e pode oferecer.
Reconhecer a realidade, ser livre para
agir e agir com base em valores éticos racionalmente estabelecidos é o
único caminho que leva os indivíduos à felicidade.
A felicidade dos indivíduos é a felicidade da sociedade.