quinta-feira, 15 de maio de 2014

Clima econômico no Brasil não era tão ruim desde 1999


Indicador de clima econômico no país caiu para 71 pontos em abril - 20% a menos do que no início do ano e pior até do que no auge da crise econômica mundial


Getty Images
homem olha para gráfico em queda
Clima econômico do Brasil foi de 95 para 71 pontos no espaço de seis meses
São Paulo - O pessimismo com a economia brasileira acaba de atingir um novo marco.

Em abril, o indicador Ifo/FGV de Clima Econômico (ICE) chegou a 71 pontos no país - uma queda de 20% desde o início do ano e o pior índice desde janeiro de 1999.

No auge da crise econômica mundial, em janeiro de 2009, ele estava em 78 pontos. Nos últimos 10 anos, a média do país foi de 121 pontos.

Um número acima de 100 é considerado "favorável"; abaixo de 100, desfavorável. O indicador final é uma média de dois índices: o de "situação atual" (ISA) e o de expectativas (IE).

No Brasil, a avaliação da situação atual (68) é pior do que as expectativas em relação ao futuro (74).

A pesquisa é realizada trimestralmente desde 1989 por uma parceria entre o Instituto alemão Ifo e a FGV (Fundação Getúlio Vargas) e tem como fonte de dados a Ifo World Economic Survey (WES).

Em abril, foram ouvidos 1134 especialistas em 121 países. Eles também destacam, a partir de uma lista de dez tópicos, quais são os maiores entraves para o crescimento econômico. No caso do Brasil, os mais citados foram, em ordem:

1. Falta de competitividade internacional
2. Falta de confiança nas políticas do governo
3. Inflação
4. Déficit público
5. Falta de mão de obra qualificada
A falta de competitividade internacional é historicamente citada como um dos principais problemas em todos os países latino-americanos - com exceção da Bolívia.
O que chama a atenção, no caso brasileiro, é que desde o início do ano passado há uma preocupação crescente com o déficit público e uma grande perda de confiança nas políticas do governo.


Mundo


7 dos 11 países latino-americanos tiveram queda do índice em abril, mas a do Brasil foi a maior. O ICE só melhorou na Bolívia, no Peru e no Uruguai.

O ICE brasileiro é hoje menor que o da Argentina (de 75 pontos) e só ganha da Venezuela - que está no valor mínimo, 20 pontos, desde julho de 2013.

O índice para a América Latina como um todo está hoje em 90, abaixo do ICE para o mundo, de 113 - que está sendo puxado para cima por causa da melhora do clima na União Europeia e nos Estados Unidos. 

Entre os BRICS, só a Índia teve melhora no índice desde janeiro, enquanto a Rússia viu uma queda de 24%. O clima na China também vem piorando - foi de 112 para 88 nos últimos seis meses, o que fez o país passar da zona favorável para a desfavorável.

Veja os resultados comentados por Lia Valls, responsável pela pesquisa da FGV:

http://www.youtube.com/watch?v=j82ogmvLgeM

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