Setor automotivo deve sofrer maior impacto
À espera de uma antecipação de parte do empréstimo no valor
de US$ 50 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Argentina
vive o pior momento da gestão do presidente Maurício Macri, deixando
aceso o sinal de alerta no Brasil, já que o país vizinho é o terceiro
maior parceiro comercial atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC),
de janeiro a agosto, revelam que os argentinos consumiram 7,2% das
exportações brasileiras, uma alta de 1,1%, comum saldo favorável ao
Brasil de US$ 4,2 bilhões. A avaliação é do economista Jackson De Toni,
gerente de Planejamento e Inteligência da Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Apesar de toda essa
situação, “não há motivo para pânico”, reflete De Toni. Ele observou
que, mesmo diante de um cenário de austeridade que, certamente, levará a
uma queda do consumo interno, o país vizinho tende a fechar 2018 com
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1% e 2%. E se o aporte
de recursos do FMI for concretizado como o esperado, De Toni acredita
que isso dará maior credibilidade sobre a capacidade de pagamentos por
parte da Argentina ainda que isso custe caro à população e ainda careça
de estratégias para retomar o crescimento. “Embora tenha tomado medidas
para recuperar investimentos, conter o déficit público e retomar, em
certo sentido, o desenvolvimento da economia argentina, Macri não foi
bem-sucedido e foi forçado a adotar o atual plano de contenção para
sanear as finanças em decorrência tanto de questões internas quanto da
política monetária dos Estados Unidos”, afirmou o economista. Com juros
mais atrativos, fica latente a migração dos investidores para aquele
mercado.
Quanto
ao impacto sobre o Brasil que exporta para a Argentina, principalmente,
automóveis [o correspondente à quase metade da pauta de exportações e
com uma participação de 75% sobre as vendas das montadoras para todo
mundo], De Toni prevê que ele será mais concentrado neste segmento,
embora reconheça a importância dessas trocas comerciais que incluem
ainda as importações na área agrícola. Para o economista, o Brasil tem
fatores de proteção como, por exemplo, reservas cambiais de quase US$
400 bilhões. A Argentina tem US$ 50 bilhões.
Ele citou ainda a
forte desvalorização do peso argentino em meio a um ataque especulativo
resultando em uma inflação de 40% ao ano ante uma variação entre 4 a 5%,
no Brasil, e a consequente elevação dos juros de 45% para 60% ao ano,
muito acima da taxa brasileira oscilando em torno de 6,5%. Outra
diferença entre as duas economias, apontadas por De Toni, é que a
Argentina depende dos recursos do FMI, enquanto o Brasil tem uma
previsão de investimentos diretos este ano de U$ 65 bilhões, um volume
imenso para países latino-americanos.
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