Investigação apontou a existência de dois esquemas, que teriam simulado operações de venda para escapar da cobrança do imposto
A Companhia Brasileira de Bebidas Premium, fabricante da cerveja
Proibida, é investigada por suspeita de deixar de pagar R$ 100 milhões
em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ao governo
de São Paulo, em supostas fraudes realizadas ao longo de um ano e nove
meses.
A empresa é controlada desde 2013 pelo grupo Morizono, do empresário
Nelson Morizono, que já foi dono de marcas conhecidas como Biotônico
Fontoura, Benegrip, Monange e Doril.
A sede da companhia foi alvo da operação Happy Hour, deflagrada na
manhã desta terça-feira (25). A operação, que fez buscas e apreensões de
documentos e arquivos digitais, tem um total de 23 alvos em 14 cidades
em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
Além da empresa, estão em investigação atacadistas de médio e pequeno
porte que teriam atuado em conjunto na fraude. A investigação apontou a
existência de dois esquemas, que teriam simulado operações de venda
para escapar da cobrança do imposto, explica Vitor Manuel Alves Junior,
diretor-executivo na DEAT (Diretoria Executiva da Administração
Tributária), ligada à Secretaria da Fazenda.
No primeiro deles, a indústria localizada em São Paulo simularia
vendas para empresas, supostamente de fachada, fora do estado -na Bahia,
no Rio de Janeiro, no Paraná e no Rio Grande do Sul-, o que dificulta a
fiscalização. Essas companhias de fachada estão cadastradas como
exportadoras -categoria sobre a qual não incide o imposto- ou como
outras fabricantes -transação em que o valor recolhido é menor do que
uma venda regular.
“Essa documentação toda é usada para acobertar uma entrega feita, na verdade, dentro do estado [de São Paulo]”, afirma.
Segundo a investigação, as vendas foram feitas a atacadistas que
teriam aceitado receber a mercadoria mesmo cientes de que as notas
fiscais registraram outros destinatários. Como no setor de cerveja a
responsabilidade do ICMS cabe apenas ao industrializador, que recolhe o
imposto de toda a cadeia e repassa o valor no preço do produto, não há
impacto negativo algum para o comprador se a nota estiver irregular.
“São atacadistas de menor porte em que ocorre uma informalidade”, diz ele.
No segundo esquema identificado, as operações fraudadas ocorrem
dentro do próprio estado, em vendas a grandes atacadistas. Nesse caso, a
companhia teria simulado devoluções de produtos por parte das
compradoras -elas chegavam a 36% das vendas totais, o que chamou a
atenção do Fisco.
Quando há uma devolução, a cobrança do imposto é cancelada. Segundo
Alves Junior, neste caso, não há indícios de que os atacadistas tenham
participado do esquema.
A ação envolveu 60 agentes fiscais e é organizada por cinco órgãos: a
Secretaria da Fazenda do governo paulista, Polícia Civil, Procuradoria
Geral do Estado, Grupo de Atuação Especial para Recuperação Fiscal e os
Auditores Fiscais da Receita Estadual.
A reportagem entrou em contato com a companhia, mas não teve um retorno imediato.
https://www.emaisgoias.com.br/dona-da-cerveja-proibida-e-investigada-por-suposta-fraude-de-r-100-milhoes-em-icms/
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