Chaim e Thamila Zaher criam uma nova rede de escolas com mensalidades mais acessíveis para avançar nas classes B e C
Fundador do Sistema Educacional Brasileiro (SEB), o
empresário libanês Chaim Zaher, 64 anos, criou, pouco a pouco, um
império na educação brasileira. Com uma receita de R$ 800 milhões, o
grupo tem uma rede com 50 mil alunos, além de mais de cem mil em escolas
parceiras, que utilizam seus sistemas de ensino. Na operação da
empresa, o leque de modelos é amplo. Ele passa por bandeiras como a
Concept, colégio bilíngue com metodologia baseada em conceitos como
criatividade, para quem alcançou o topo da pirâmide social, e pela Pueri
Domus, tamém focada em estudantes de maior poder aquisitivo, mas com
uma abordagem mais tradicional. Na terça-feira 4, esse portfólio ganhou
uma nova oferta. O SEB lançou a Luminova, rede de educação básica
voltada às classes B e C. “Há uma lacuna de aprendizado muito forte no
Brasil”, afirma Thamila Zaher, filha do fundador e diretora do grupo.
“Temos escolas que atendem a todos os tipos de públicos. A Luminova era a
peça que faltava”, diz Chaim, presidente do SEB.
A nova bandeira nasce com a proposta de ser acessível, com
mensalidades entre R$ 470 e R$ 560. O movimento acontece em um momento
em que rivais como a Estácio e a Kroton, por meio da Saber Educação,
voltam seus olhos para o ensino básico, mas com maior ênfase nos
colégios de alta renda. O foco do SEB com a Luminova é alcançar dois
públicos: os estudantes habituais de escolas públicas, e aqueles cujas
famílias não tiveram condições de manter em colégios particulares, a
partir da recessão.
No primeiro ano, o aporte na Luminova será de R$ 50 milhões e envolve
a abertura de uma unidade em Sorocaba (SP), além de três unidades na
capital paulista, nos bairros da Barra Funda, Vila Prudente e Bom
Retiro. “Cada escola deve ter entre 1 mil e 1,5 mil alunos”, afirma
Thamila. Para 2020, a ideia é inaugurar outras cinco escolas e estender o
projeto para regiões como o Nordeste, com pelo menos uma unidade em
Salvador, e também para o Sul, em Curitiba. Em cinco anos, a expectativa
é chegar a 25 unidades, com uma receita total de R$ 200 milhões.
O segmento, de fato, apresenta boas perspectivas de crescimento. Juntas,
as classes B e C representam cerca de 37 milhões de alunos, o
equivalente a 61,4% da população em idade escolar no Brasil. “O
SEB está dando início a uma nova corrida em busca do ouro”, diz Carlos
Monteiro, presidente da CM Consultoria. Para o especialista, a Saber
Educação deve competir com o SEB nesse mercado. “Mas tenho quase certeza
que outros concorrentes, como Eleva e Lumiar, já estão fazendo estudos
para também investir nessa faixa.”
O que irá garantir mensalidade acessível e o avanço em larga escala
da nova rede é o baixo custo com infraestrutura. As iniciativas incluem a
locação de espaços que já abrigaram escolas e que são remodelados pelo
grupo. Outra medida é a adoção de tecnologia para padronizar processos
de avaliação, tal como o ensino por meio de plataformas digitais, como
portais e aplicativos. Em disciplinas como inglês e música, o método
também inclui a formação das turmas seguindo critérios como o nível de
conhecimento do aluno e não por faixa etária. “Vamos alugar todos os
espaços e usar a nossa estrutura para viabilizar o projeto”, diz Chaim.
À parte da nova bandeira, o SEB, acostumado a um ritmo frenético de
aquisições, segue com planos de expansão em outras frentes. Mas sente o
impacto da compra da Somos Educação pela Kroton, em abril, que deu
origem à Saber Educação. O alto valor da negociação, R$ 4,6 bilhões,
inflacionou o mercado, atrapalhando os planos de expansão da rede.
“Tínhamos quatro aquisições engatilhadas nesse ano, mas já desistimos de
duas”, diz Chaim. Ele conta que o grupo mantinha conversas com duas
redes de educação básica e outras duas de ensino superior. “Depois que a
Kroton pagou aquele valor, as redes dobraram a pedida.”
O empresário afirma que novas negociações só devem avançar depois das
eleições. Recentemente, o grupo adquiriu o Colégio de A a Z, do Rio de
Janeiro, e o Colégio Visão, de Goiás. Agora, a empresa quer dobrar o
número de franqueados da rede de escolas bilíngues Maple Bear, no prazo
de dois anos, expandindo o projeto para países da América Latina. Hoje, a
bandeira conta com 102 escolas no Brasil, 25 mil alunos e um
faturamento de R$ 69 milhões. Os planos de expansão passam ainda pelo
crescimento da Concept. O próximo ponto no mapa da marca deve ser o Rio
de Janeiro. A Luminova, no entanto, ocupa um espaço singular na
estratégia. “A rede é um complemento social do projeto de educação da
nossa família”, diz Chaim. “É óbvio que visamos o resultado lá na
frente. Mas não estamos só buscando o lucro.”
https://www.istoedinheiro.com.br/a-nova-investida-do-grupo-seb/
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