Conhecida como uma máquina de abrir lojas, a rede americana de fast food investe em digitalização e prepara um novo salto no Brasil
Durante os últimos três anos, o tempero mexicano deu o tom
no dia a dia do brasileiro Michel Chaim Machado. O executivo foi o
responsável por preparar o terreno para a entrada da cadeia de
restaurantes Taco Bell no Brasil, em 2016, além de liderar a escalada
local da empresa. No fim de junho deste ano, ele decidiu que era o
momento de variar o cardápio e poucos dias depois de deixar rede de fast
food de tacos e burritos, assumiu o comando da Subway no País. Dona de
um faturamento global de US$ 17 bilhões, a rede americana é conhecida
por ser uma verdadeira máquina de abrir franquias. No mundo, são mais de
43 mil lojas, em 112 países. Com 2.222 unidades e uma receita estimada
em cerca de R$ 2 bilhões, o Brasil é o seu quarto maior mercado, atrás
apenas de Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. E, ao que tudo indica, o
apetite pelo crescimento está longe de ser saciado. “Queremos chegar ao
segundo posto”, diz Machado. “Ainda temos muito espaço para crescer,
mas faremos isso com uma ciência muito mais elaborada.”
Em 2018, a Subway já inaugurou mais de cem unidades no Brasil. A meta
é abrir, ao menos, mais 80 lojas e superar a marca de 2,3 mil até o fim
do ano. Para isso, a rede está investindo em novas ferramentas de big
data, que trazem informações mais acuradas sobre poder aquisitivo,
comportamento e hábitos de consumo de cada região. A ideia é combinar
potencial de rentabilidade com os planos e recursos de cada parceiro.
Hoje, 70% das inaugurações são realizadas por franqueados que integram a
rede. “Nós crescemos absurdamente nos últimos anos e percebemos que
algumas dessas lojas não foram posicionadas da melhor maneira”, afirma
Machado.
O investimento em uma loja da bandeira varia de R$ 300 mil a R$ 600
mil. O tamanho mínimo é de 30 m2. Atualmente, a empresa conduz estudos
preliminares para a adoção de novos modelos, entre eles, os quiosques.
“A Subway tem formatos mais flexíveis e uma operação menos complexa que
um fast food tradicional, o que reduz os custos e facilita a
capilaridade”, diz Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese
Retail. “Eles têm lojas em universidades, estações de trem e metrô, e
outros pontos pouco explorados pelo segmento”, afirma Marcelo Cherto,
fundador da Cherto Consultoria, especializada em franquias. Com o número
atual de pontos de venda, a empresa figura na segunda posição no
segmento de alimentação, atrás apenas da AM PM, que tem mais de 2,4 mil
lojas, e à frente de rivais como o McDonald’s, que detém pouco mais de 2
mil unidades.
A estratégia da Subway, no entanto, não se restringe a galgar
posições nesse ranking. Em linha com um posicionamento que vem sendo
adotado pela matriz americana desde meados de 2017, a operação
brasileira começa a introduzir um novo desenho de lojas no País. Sob um
conceito batizado de Fresh Forward, o movimento inclui, inicialmente,
mudanças na identidade visual e na exposição de ingredientes aos
clientes, entre outros detalhes. Onze unidades já foram inauguradas
nesse formato. Além de escalar gradativamente o modelo, o plano é
acelerar a adoção de outros recursos. Até o fim do ano, algumas lojas
passarão a oferecer a possibilidade de o consumidor fazer seu pedido por
meio de totens digitais, aplicativo ou internet. “A
digitalização é um desafio global da Subway”, diz Eduardo Terra,
presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, que cita outras
redes mais avançadas nessa questão, como McDonald’s, Starbucks e Bob’s.
“A Subway ainda não tem uma estratégia madura, está em construção, mas
faz todo sentido investir nessa frente.”
A transformação da Subway passa ainda, literalmente, por outros
ingredientes. A operação brasileira está realizando estudos de
reavaliação do seu cardápio. A ideia é retirar alguns itens do menu e
lançar outras opções de sanduíches e sobremesas. “Precisamos fazer o
dever de casa e melhorar a operação. Do atendimento e preparação até o
cardápio e a precificação”, afirma Machado que reconhece uma redução no
faturamento em virtude da crise do País, embora não revele números desse
recuo. “Sabemos que ainda estamos no olho do furacão, mas já começamos a
nos preparar para retomar o ritmo quando essa instabilidade passar.”
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