A
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
realizou uma pesquisa com mais de 1 mil consumidores em todo o Brasil
para compreender de que forma aspectos ambientais, sociais e econômicos
impactam a tomada de decisão do consumidor e o comportamento de compra e
também a escolha de produtos educacionais e serviços turísticos. O
estudo foi segmentado por gênero, classe social, idade e geolocalização.
Entre os resultados, 94% dos brasileiros declaram ter um hábito de
consumo mais racional, fazendo, principalmente, pesquisa de preços,
moderando as compras e evitando a compra por impulso. Os selos e
certificações socioambientais são vistos como importantes para 58% dos
consumidores. Para a maioria dos entrevistados, o consumo consciente
está associado a questões ambientais como: redução da poluição (61%) e
utilização responsável dos recursos naturais (58%).
O estudo aponta também a preocupação com questões sociais, como dar preferência a marcas não associadas ao trabalho infantil ou análogo à escravidão (56%). Mais de um terço dos consumidores entrevistados afirmam que deixam de comprar em empresas envolvidas em episódios de desrespeito aos empregados, de fraudes ou corrupção ou de prejuízos ao meio ambiente. "O resultado desta pesquisa nos mostra um consumidor cada vez mais consciente e preocupado com o impacto de suas escolhas. Isso reflete um amadurecimento do mercado e a necessidade de empresas se adequarem às novas demandas de sustentabilidade e responsabilidade social", afirmou José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.
Escolhas sustentáveis por categorias de produto
A
pesquisa mapeou atitudes de consumo para os segmentos do varejo: de
roupas e acessórios, eletroeletrônicos, produtos de limpeza, alimentação
e bebidas, higiene pessoal e beleza, lazer e turismo, e instituições de
ensino. Por exemplo, no consumo de alimentos e bebidas, 25% declaram
dar preferência à produção local/comunitária, 21% a embalagens
recicláveis ou biodegradáveis, e 17% a produtos orgânicos. Quanto aos
itens de higiene e beleza, 31% dos consumidores estão atentos a
embalagens recicláveis ou biodegradáveis na hora da compra, enquanto 26%
dão preferência a produtos com selos de bem-estar animal/não testado em
animais.
Na categoria roupas e acessórios, 66% dos consumidores consertam ou reaproveitam as peças, e, quando esses itens não atendem mais às expectativas de uso, 73% afirmam doar para caridade. Para eletroeletrônicos, a intenção de reaproveitamento é ainda maior – 81% buscam consertar as peças antes de descartar, e mais da metade dos consumidores (55%) levam para cooperativas ou programas de logística reversa, fazendo o descarte apropriado dos equipamentos. Na escolha dos produtos de limpeza, o valor ainda é o mais relevante para 48% dos consumidores, 47% buscam embalagens de refil, e 45% compram embalagens recicláveis. Na educação, a atitude do consumidor foca o pilar social do ESG. Na escolha de uma instituição de ensino, 45% dos entrevistados buscam programas de combate ao racismo e a outras formas de preconceito, seguidos por 38% que buscam políticas de valorização da diversidade e inclusão, e 37% se preocupam que haja ações de combate ao bullying.
Entre as mulheres, 36% afirmaram que deixam de comprar produtos de vendedores ou fabricantes com práticas nocivas ao meio ambiente, 39% disseram rejeitar empresas envolvidas em escândalos de desrespeito aos empregados e 38% recusam marcas envolvidas em fraudes ou corrupção. Já entre os homens, foram registrados percentuais mais baixos em todos os três tópicos: 33%, 38% e 36%, respectivamente. O público feminino também é mais propenso a realizar muitas pesquisas de preços antes de realizar uma compra: 67% das mulheres afirmaram ter esse hábito. Entre os homens o índice foi 61%.
Para 56% dos consumidores brasileiros, as opções sustentáveis devem ter preços comparáveis a outros produtos, e 51% querem que os rótulos sejam mais compreensíveis. "O Comportamento do consumidor impulsiona a tomada de decisão nas empresas. Por isso, o mercado precisa oferecer produtos acessíveis e informações claras para os consumidores. O desafio é transformar a conscientização em práticas concretas que promovam um desenvolvimento sustentável mais amplo", destaca o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares. Já no recorte por região geográfica, nota-se que os consumidores nordestinos são os mais preocupados em realizar pesquisas antes de fazer uma compra. Esse hábito é assumido por 68%. De outro lado, a população que registra o maior percentual de pessoas que admitem comprar por impulso está no Sul: o comportamento é relatado por 9% dos consumidores da região.
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