domingo, 7 de abril de 2013

A DISPUTA PELA IMIGRAÇÃO QUALIFICADA

 

                            

Emergentes buscam espaço na ‘disputa por cérebros’. No Brasil, a demanda por engenheiros qualificados levanta questões sobre a dificuldade de conseguir vistos de trabalho no país. A burocracia do país ainda é considerada um obstáculo para empresas locais e internacionais.

A migração de profissionais altamente qualificados ficou conhecida como “fuga de cérebros” – já que, em geral, eles deixavam países em desenvolvimento para aumentar o valor da força de trabalho das nações mais ricas.

Mas atualmente, para os governos dos países em desenvolvimento, a perda de cérebros é um fator cada vez maior de preocupação, na medida em que o crescimento econômico exige maiores contingentes de profissionais com todos os níveis de qualificação.

“Se o tipo de habilidades requeridas pelo novo momento econômico destes países muda, é mais difícil depender do treinamento doméstico. Leva tempo – muitas vezes anos – para treinar pessoas que trabalhem em profissões de alta qualificação”, diz o correspondente de economia do Serviço Mundial da BBC, Andrew Walker.

Por conta disso, os Brics e outros países do Leste Europeu e da Ásia começam a adotar políticas de atração de profissionais estrangeiros em paralelo a programas que buscam trazer de volta os talentos perdidos.

No Brasil, a demanda por engenheiros qualificados em todos os setores – especialmente ligados à exploração de petróleo, após a descoberta do pré-sal – também levanta questões sobre a dificuldade de conseguir vistos de trabalho no país.

Em entrevista à BBC Brasil, o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Luis Alberto Moreno, disse que os países latino-americanos carecem de mão de obra qualificada e devem estimular a imigração de estrangeiros para alavancar o crescimento econômico.

Em 2012, cerca de 73 mil estrangeiros obtiveram vistos temporários ou permanentes para trabalhar no Brasil, mas a burocracia do país ainda é considerada um obstáculo para empresas locais e internacionais.

Atualmente, cerca de 214 milhões de pessoas são migrantes internacionais, vivendo e trabalhando em países estrangeiros.

Dentro desse contingente, os migrantes altamente qualificados são uma minoria cada vez mais considerada como um “trunfo” para países desenvolvidos, onde o envelhecimento da população causa preocupações com a reposição da força de trabalho.

O movimento é provavelmente mais conhecido em relação aos profissionais de saúde que, de acordo com a OCDE, estão em falta em todo o mundo há mais de dez anos.

Mas recentemente, a disputa por estrangeiros também engloba outros grupos de profissionais, especialmente nos setores de tecnologia da informação e de engenharia.

“As profissões de STEM (ciência, tecnologia, matemáticas e engenharias, na sigla em inglês) são as mais procuradas internacionalmente no momento”, afirma Thomas Liebig, analista da Divisão Internacional de Migração da OCDE, à BBC Brasil.

“Os países precisam desses profissionais para subir mais degraus na escada de talentos e levar suas economias para o próximo nível”, acrescenta Liebig.

“Se você tem este tipo de profissionais, eles ajudam a garantir que as pessoas com menor qualificação também terão empregos, porque contratá-los garante que as grandes empresas poderão expandir sua produção. É o que se chama de efeito circular.”

Migração reversa

Nos últimos anos, China e Índia, os dois maiores exportadores de talentos do mundo, desenvolveram programas que priorizam a atração de seus próprios cidadãos e descendentes de volta para o país, como profissionais no topo da cadeia ou empreendedores.

Impossibilitado de oferecer salários competitivos, o governo da África do Sul criou um programa para aproveitar a “diáspora” de talentos para treinar os profissionais que ficaram no país.

Especialistas em TI indianos que foram trabalhar no Vale do Silício, na Califórnia, também ajudaram a criar uma indústria de serviços de computação em franco crescimento na Índia. A cidade de Bangalore, no sul do país, ganhou o nome de “Vale do Silício indiano”.

Na contramão dessa abordagem, países como Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Grã-Bretanha – alguns dos destinos mais tradicionais para imigrantes qualificados – se tornaram mais seletivos.

Na Grã-Bretanha e em outros membros da União Europeia, o grande fluxo de imigrantes qualificados gerou protestos de setores que temem pelo aumento do desemprego entre nativos, especialmente após a crise econômica.

Na prática, o aumento da seletividade significa a adoção de políticas para garantir que, cada vez mais, os profissionais estrangeiros já cheguem ao país com ofertas de emprego e sejam encaminhados a regiões onde a demanda por profissionais altamente qualificados é maior – geralmente mais longe das capitais.

O risco para estes países é a perda de talentos na medida em que nações fora do eixo e menos atingidos pelo revés econômico oferecem condições mais atraentes para os profissionais.

De acordo com a OCDE, os países asiáticos fornecedores de mão de obra qualificada tendem a absorver nos próximos anos cada vez mais os seus talentos.

Integração cultural é desafio para profissionais imigrantes

“O que eu mais gosto de viver e trabalhar no Brasil é que consigo me identificar com a mentalidade dos meus amigos locais. Todos nós somos de países em desenvolvimento, então temos uma compreensão mútua das culturas dos nossos países. Se eu digo para alguém na Europa que chineses comem carne de cachorro, por exemplo, eles ficaram enojados, mas no Brasil, eles só dizem: ‘Ah, é uma cultura diferente’. Fiquei muito surpreso.

Mas é muito difícil encontrar emprego e conseguir um visto de trabalho aqui. Muitos de meus colegas estrangeiros (da universidade brasileira) queriam ficar para trabalhar, mas muito poucos conseguiram por causa da competição com estudantes locais. Estudantes brasileiros geralmente passam dois ou três anos estagiando em empresas locais e eles também falam muitas línguas.

A burocracia é um dos obstáculos aqui. Eu ainda tenho que resolver a situação do meu visto de trabalho. Minha empresa chinesa pediu à sua distribuidora brasileira para me ajudar a conseguir um visto me contratando diretamente. Senão, eu teria que viajar de volta para a China a cada três meses porque minha empresa não está registrada no Brasil como negócio local.

Meu conselho aos profissionais migrantes que vem ao Brasil é que, primeiramente, falem a língua. Em segundo lugar, leva tempo para fazer bons amigos. Os brasileiros em geral são muito amigáveis e hospitaleiros, então é fácil fazer amigos, mas é preciso muito mais tempo até você conseguir amigos com quem possa dividir tudo. Pela minha experiência e a de todos os estudantes estrangeiros que conheço, no fim o que faz você gostar do lugar são as pessoas. Então você precisa dar um tempo para elas.”

Camilla Costa
(Editado)
(BBC Brasil – 04/03/2013)

Profissionais do Brasil e EUA discutem gestão jurídica

                                

Durante a terceira edição do Encontro Nacional da Procuradoria-Geral do Banco Central (PGBC) e Seminário Internacional em Gestão Legal, profissionais do Brasil e dos Estados Unidos apresentaram temas voltados para gestão da atividade jurídica, com base em experiências de empresas privadas do Brasil e do exterior.

No primeiro dia de evento, na última quinta-feira (4/3), em Brasília, foram discutidas questões sobre a cultura americana da gestão no âmbito jurídico e a uniformidade dos procedimentos nas atividades jurídicas entre as organizações dentro das rotinas e competências de trabalho.

Sobre o primeiro tema, estiveram presentes na mesa o Procurador-Chefe da Procuradoria-Regional do BCB em São Paulo e mediador do debate César Cardoso, Luci Hamilton diretora de administração e finanças do escritório Karlin & Peebles, da Califórnia, e membro da Association of Legal Administrator (ALA) e Emily Schaub, administradora do escritório Valensi Rose, também na Califórnia.

Luci Hamilton apresentou a história da gestão legal nos escritórios de advocacia americana, que começou em 1971. Ela explicou que a ALA foi fundada após observar a necessidade de aprimorar os processos jurídicos, pois foi detectado que os advogados vinham acumulando mais atividades do que demandava sua competência e que existia, dentro do departamento, serviços que poderiam ser feitos por outras pessoas.

Emily Schaub relatou que o gestor legal não apenas advoga, mas é responsável por diversas tarefas que, se delegadas aos advogados, poderiam onerar ainda mais seu tempo. Segundo ela, nesse âmbito, os analistas e técnicos são os que mais auxiliam os trabalhos dos advogados, permitindo assim, o desenvolvimento de habilidades, auxiliando o Estado e promovendo o equilíbrio e identificando as necessidades.

Sobre a uniformidade dos procedimentos nas atividades jurídicas participaram do debate, o gerente de Controles Jurídicos e Registros Financeiros da PGBC, Leonardo Campos Coutinho, o diretor financeiro do escritório Décio Freire & Associados Rodrigo Freire, e a diretora de administração do escritório Kelley Drye & Warren, na Califórnia/EUA, Jean Jewelll.

O procurador do BC Leonardo Campos afirmou esperar que gestão legal minimize o trabalho de rotinas administrativas dos procuradores que em sua maioria não são de sua competência. Em sua fala, Rodrigo Freire defendeu a criação de procedimentos, objetivos, metas e ações que garantam o alcance dessa identidade, focando, principalmente, no controle constante que irá manter esse funcionamento.

A diretora administrativa do escritório Kelley Drye & Warren exaltou os debates no encontro, pois segundo ela, ouvindo as experiências anteriores, ela pôde verificar que as estruturas organizacionais tanto do Brasil como dos EUA são muito parecidas e que a valorização de equipe está presente. Com informações da 

Assessoria de Imprensa da AGU.
Revista Consultor Jurídico, 6 de abril de 2013

STF pode livrar empresas de cobrança bilionária


                                      

 

Tribunal julga inconstitucional cobrança de impostos sobre lucros obtidos no exterior, mas decisão ainda não foi proclamada pela Corte
O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional a cobrança de Imposto de Renda e de Contribuição Social do Lucro Líquido (CSLL) sobre lucros obtidos por empresas com sede no Brasil que possuam controladas no exterior ou estejam coligadas com outras empresas fora do País. No entanto, o tribunal não proclamou o resultado do julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e mantém suspenso o destino do caso.
O presidente do tribunal, ministro Joaquim Barbosa, havia pautado o julgamento da ADI, cujo julgamento se arrasta desde 2003, e dois recursos extraordinários que começariam a ser analisados e teriam o condão de zerar o placar. Para o governo, um julgamento começando do zero daria um fôlego, pois adiaria a decisão, cujo impacto é bilionário, e garantiria o voto dos novos ministros da Corte que não participaram das fases anteriores do processo. Desde que começou o julgamento da ADI, seis ministros deixaram a Corte.
Na sessão de ontem, Joaquim Barbosa proferiu o último voto para encerrar o julgamento da ADI. Ele considerou que as empresas coligadas que não estejam em paraísos fiscais não podem ter os lucros tributados.
Entretanto, mesmo dando o último voto, Barbosa não quis proclamar o resultado da ADI.
Tributos. Na opinião do presidente, seria melhor considerar o julgamento dos recursos extraordinários, começando do zero, do que concluir a análise da ADI. "O julgamento da ação direta não nos dá resultado algum", disse o presidente durante a sessão. Uma das razões seria a existência de votos em diferentes sentidos e com argumentos distintos contra a cobrança dos tributos.
Durante o julgamento, três ministros cobraram a conclusão da ação. Afinal, o resultado teria efeitos sobre os demais processos. Dias Toffoli, por exemplo, argumentou que havia maioria para, pelo menos, julgar inconstitucional a cobrança de tributos sobre os lucros de empresas coligadas que não estejam em paraísos fiscais.
As outras questões, como a incidência de tributos sobre o lucro de empresas controladas ou se a decisão valeria para o futuro apenas, seriam decididas nos julgamentos dos outros recursos.
Os ministros decidiram adiar o julgamento para a próxima semana na tentativa de achar uma solução para o caso. Se os ministros considerarem que não há maioria para concluir o julgamento da ADI, o tribunal deixaria a ação de lado e passaria a julgar os recursos extraordinários.
O assunto interessa a grandes companhias, como a Vale, que trava na Justiça uma briga contra a cobrança de cerca de R$ 30 bilhões da Receita Federal. A causa deve representar R$ 36,6 bilhões em impostos, segundo cálculos da Procurado-ria-Geral da Fazenda Nacional vistos como subestimados, já que apenas a mineradora Vale já possui valor próximo a esse em disputa.
• Cálculo: R$ 30 bi é quanto está sendo cobrado da Vale pela Receita Federal R$ 36,6 bi é quanto a causa deve representar em impostos.
Fonte: O Estado de S. Paulo - 04/04/2013.

Quem deve vender o Brasil lá fora ?


O déficit comercial no primeiro trimestre preocupa empresários que esperam mais apoio do governo para vender o Brasil no Exterior. Uma tarefa para a presidenta ou para o ex-presidente

Por Carla JIMENEZ, Denize BACCOCCINA e Luís Artur NOGUEIRA

O resultado da balança comercial do primeiro trimestre deste ano mostra que a crise global de 2009 continua cobrando a sua fatura. Nos primeiros três meses do ano, o País registrou um déficit de US$ 5,15 bilhões, embora tenha alcançado um pequeno saldo de US$ 164 milhões no mês de março, segundo informações divulgadas na segunda-feira 1º, pelo Ministério do Desenvolvimento. Somem-se aí o fato de que nos últimos meses as importações aumentaram e os preços das commodities recuaram. O problema não é exclusivo do Brasil. A solução para lidar com ele, entretanto, começa a ser questionada por alguns empresários. Não valeria adotar a velha máxima de que a melhor estratégia de defesa é o ataque? 
 
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Promoção comercial: Da esquerda para a direita, a presidenta Dilma Rousseff e os presidentes
da Embraer, Frederico Curado, da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, da Vale, Murilo Ferreira,
e da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Ações combinadas entre governo e empresários
aumentaram as exportações e a internacionalização de empresas nacionais
 
Essa, pelo menos, tem sido a postura adotada pelos países afetados pela crise de 2009: aumentaram o número de missões empresariais e de visitas a mercados que podem se tornar parceiros, inclusive com a atuação direta de seus chefes de Estado. “As empresas americanas querem ajudar o Brasil a construir e preparar o Rio de Janeiro para o sucesso olímpico”, disse o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em discurso no Teatro Municipal do Rio, quando visitou o Brasil, em março de 2011. Em junho do ano passado, o rei espanhol, Juan Carlos, veio ao País acompanhado por 13 presidentes de empresas espanholas, para fazer a corte à presidenta Dilma, em nome das relações diplomáticas – e comerciais – entre os dois países. 
 
Para Gilberto Lima, da consultoria Going Global, de Brasília, o papel de um chefe de Estado é crucial para fazer negócios mundo afora. “A promoção das marcas no Exterior é uma política pública”, diz Lima, que coordenou a internacionalização de empresas brasileiras na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), entre 2008 e 2011. Para os empresários, por sua vez, os eventos promovidos pelo governo são a vitrine perfeita para fechar bons negócios internacionais. “Visitas presidenciais, seguidas de missões empresariais, são sempre complementares”, diz Luiz Antonio Mameri, presidente da Odebrecht América Latina. 
 
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O rei espanhol, Juan Carlos, e a presidenta Dilma, em junho do ano passado.
O monarca trouxe 13 empresários ibéricos em sua visita ao Brasil
 
“Um presidente da República vender o País é mais do que legítimo, todos os países fazem isso”, completa. Exemplos que ilustrem essa afirmação não faltam. O ministro do Desenvolvimento durante o governo Lula, Miguel Jorge, lembra de uma história que ouviu do então presidente Itamar Franco, em 1993. Naquela época, o Brasil buscava parceiros para o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), que iria monitorar a Floresta Amazônica. O projeto despertou interesses de diversos países. “O então presidente americano Bill Clinton ligou três vezes para Itamar para que ele considerasse as empresas americanas e ‘garantisse o emprego de 30 mil americanos’”, diz Jorge, lembrando o relato do presidente mineiro. 
 
O Sivam só sairia em 1995 no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A empresa vencedora foi a americana Raytheon, que atua em parceria com as brasileiras Atech e Embraer. Outro projeto estratégico brasileiro que é alvo de cobiça explícita de chefes de Estado é a compra de caças para as Forças Armadas, em estudo há mais de uma década. Suécia, Estados Unidos e França estão na disputa, por meio das empresas Saab, Boeing e Dassault, respectivamente. Pois as empresas já foram defendidas pelos líderes de cada país, sem medo de fazer papel de caixeiros-viajantes, nas visitas que fizeram nos últimos anos ao País. 
 
“Todas as autoridades americanas que vieram ao Brasil nos últimos dez anos tocaram no assunto”, diz Rubens Gama, diretor do departamento de promoção comercial e investimentos do Itamaraty. Até o momento, entretanto, o lobby não vingou para nenhum lado – as negociações para a compra dos caças estão paradas. Mas, se um chefe de Estado tem legitimidade para vender o Brasil, um ex-presidente da República, como Lula, também tem? Executivos e especialistas ouvidos pela DINHEIRO são unânimes em dizer que sim. O antecessor da presidenta Dilma foi alvo de críticas do jornal Folha de S. Paulo há algumas semanas por ter participado de seminários no Exterior, em viagens patrocinadas por empresas privadas, principalmente empreiteiras.
 
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O presidente Barack Obama aproveitou sua visita ao Rio de Janeiro,
em março de 2011, para dizer que as empresas americanas podiam
ajudar o Brasil a preparar a Olimpíada de 2016
 
Para os empresários, o assunto é visto com muitos pudores no Brasil, quando na verdade se trata de uma prática corriqueira – a Odebrecht, por exemplo, já convidou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para fazer uma palestra patrocinada pela empresa aqui no Brasil, durante o evento cultural Fronteiras do Pensamento, que reúne intelectuais como o escritor peruano Mario Vargas Llosa. “O Lula é um ‘pastor’ do Brasil, que prega sobre o Brasil e contagia investidores com a sua empolgação”, afirma Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez. “O ex-presidente Fernando Henrique é de um brilhantismo fantástico, mas ele não tem essa qualidade do Lula.”
 
Há quem tenha saudade, inclusive, dos tempos do ex-presidente Lula na condução das viagens com o “sucatão”, o avião da Força Aérea Brasileira, que transportava até 100 empresários e executivos para missões comerciais de uma semana, com intensas reuniões de negócios em até cinco países. “Chegávamos com o crachá de governo brasileiro, o que fazia toda a diferença”, lembra Erino Tonon, vice-presidente de estratégia das Empresas Randon, fabricante de implementos agrícolas de Caxias do Sul (RS). “Foram muitas viagens para a África e para o Oriente Médio, que seriam impossíveis de serem feitas individualmente.” Não por acaso, as exportações para o Oriente Médio aumentaram 351% durante os dois mandatos de Lula, passando de US$ 2,3 bilhões, em 2002, para US$ 10,5 bilhões em 2010.
 
Já o comércio internacional com a África avançou 292% no mesmo período, chegando a US$ 9,6 bilhões em 2010. As vendas para as duas regiões continuam crescentes. Tonon acredita, no entanto, que falta um pouco mais de entusiasmo na ampliação de novos mercados. “Os dois ministros responsáveis pelo comércio exterior no governo Lula (Luiz Fernando Furlan e Miguel Jorge) não eram políticos de carreira e estavam realmente preocupados em vender os produtos brasileiros”, diz. “Hoje nós temos um ministro da indústria que quer ser governador de Minas”, completa, alfinetando o atual ministro Fernando Pimentel. Em todo caso, nem todos concordam com Tonon. “A presidenta Dilma dá tanta importância para o comércio internacional quanto Lula”, diz Jackson Schneider, vice-presidente de relações institucionais da Embraer. 
 
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Erino Tonon, vice-presidente de estratégia e desenvolvimento
das Empresas Randon: "Chegar a outros países com o crachá
do governo realmente faz diferença" 
 
Ele lembra, ainda, que ela delega essa função a outros integrantes do governo. “Temos tido uma participação muito importante do vice-presidente, Michel Temer, na promoção comercial do País.” Para Marco Stefanini, presidente da empresa Stefanini IT Solutions, a presidenta Dilma age como um CEO que precisa fazer escolhas. “Ela tem de dar mais ênfase à organização da estrutura produtiva e menos à venda”, diz Stefanini. Para ele, quando o País precisava levantar sua autoestima, o ex-presidente Lula cumpriu a tarefa. “Agora, é hora de gerenciar aqui dentro.” Divergências à parte, é fato que o governo Dilma tem mantido a mesma estratégia do governo Lula. “A busca por novos mercados e a ampliação do comércio com os parceiros já conquistados permanecem”, diz o ministro Fernando Pimentel. 
 
Ele cita, por exemplo, decisões tomadas na cúpula realizada em Durban, na África do Sul, para ampliar o comércio intra-BRICS. “Avançamos na criação do Banco dos BRICS e no acordo assinado entre Brasil e China para o comércio com pagamento nas moedas locais.” Gilberto Lima, da Going Global, reconhece o esforço do governo, mas considera pouco para o tamanho do País. “O Brasil tem uma promoção comercial extremamente tímida para um país que é a sétima maior economia do mundo”, afirma. Faltam recursos, avalia Lima. Mas faltam, talvez, mais mascates pregadores que vendam entusiasmo para fechar negócios no Exterior que, ao fim e ao cabo, obrigam o Brasil a se tornar cada vez mais competitivo. 
 
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Para presidente da China, nenhum país pode perturbar a paz mundial


BOAO, CHINA - Sob pressão para que ajude a Coreia do Norte a voltar atrás em seu pé de guerra com a Coreia do Sul, o presidente da China, Xi Jinping, disse neste domingo que nenhum país deve ser autorizado a perturbar a paz mundial e acrescentou que a China vai trabalhar para reduzir as tensões na região.

Em um discurso em um fórum empresarial regional, Xi não ofereceu nenhum plano concreto para lidar com a Coreia do Norte, que tem elevado as tensões regionais por meio da retórica em torno da guerra e da implantações de mísseis nas últimas semanas.

Não ficou claro se Xi estava se referindo contra a Coreia do Norte ou aos Estados Unidos, alvo frequente de críticas chinesas.

AP

"A comunidade internacional deve defender a visão de segurança abrangente e de segurança cooperativa, de modo a transformar a aldeia global em um grande palco para o desenvolvimento comum, em vez de uma arena onde os gladiadores lutam entre si. A ninguém deve ser permitido jogar a região, ou mesmo o mundo todo, em caos de ganhos egoístas ", disse Xi, no Fórum Boao para a Ásia.

Fora a ambiguidade, o discurso de Xi contrasta com observações mais estridentes que ele fez nos últimos meses e marca um esforço para atingir uma postura ativa e cooperativa para acalmar as tensões regionais.

No encontro deste ano em Boao, anunciada como a versão asiática do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, espera-se por sinais sobre a política externa de Xi, no poder há cinco meses.

O novo governo chinês está sendo desafiado com a política da Coreia do Norte, que elevou a tensão na região nos últimos meses, a partir de testes de um míssil de longo alcance e um dispositivo nuclear para ameaças, preocupando a Coreia do Sul e os Estados Unidos, importantes parceiros econômicos da China.

O primeiro-ministro da Austrália, Julia Gillard, cuja economia tem crescido devido à demanda chinesa, defende a China use sua influência sobre a Coreia do Norte.

"Todos os países da região compartilham um profundo interesse em estabilidade estratégica. Mas as consequências do conflito são ainda mais graves para todos nós. Isso fica mais claro do que na península coreana. Lá, qualquer agressão é uma ameaça para o interesse de todos os países da região. Por esta razão, eu defendo a crescente cooperação de todos os governos regionais para evitar o conflito na península coreana e para conter a agressão da Coreia do Norte ", disse Gillard no fórum.

(Associated Press)

sábado, 6 de abril de 2013

Com mais 14 setores desonerados, renúncia fiscal sobe a R$ 24,7 bi

Por Thiago Resende, Edna Simão e Luas Marchesini | Valor
 
Agência Brasil 

BRASÍLIA - O secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, afirmou que a renúncia fiscal prevista para 2014 em razão da desoneração da folha de pagamentos subiu de R$ 19,3 bilhões para R$ 24,7 bilhões com a ampliação anunciada nesta sexta-feira.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que 14 novos setores seriam beneficiados pela medida que reduz o custo de mão de obra a partir de 1º de janeiro de 2014.
Com isso, o governo deixará de arrecadar mais R$ 5,4 bilhões no próximo ano, “que se somam aos R$ 19,3 bilhões” previstos pela desoneração de 42 setores já beneficiados, detalhou Holland, em coletiva em Brasília.

Nove novos segmentos de transporte foram incluídos na lista, de acordo com a medida provisória (MP) nº 612, publicada em edição extra do “Diário Oficial da União” do dia 4 de abril. Considerando somente o setor de transportes, a renúncia fiscal é de R$ 1,804 bilhão para 2014.
Entre esses segmentos estão: transporte rodoviário de carga, taxi aéreo, metroferroviário de passageiros, transporte ferroviário de carga, transporte de navegação de travessia, agenciamento marítimo de navios, e gestão de cargas e descargas de containers.

A MP também estende a desoneração da folha de pagamentos, a partir do próximo ano, as empresas dos ramos de jornalismo e radiodifusão. A renúncia fiscal, neste caso, será de R$ 1,267 bilhão.
Os setores restantes, que incluem engenharia e arquitetura e construtoras de obras de infraestrutura, somam renúncia de R$ 2,308 bilhões em 2014.

“A desoneração está na agenda da reforma tributária, que ainda inclui a reforma do ICMS e do PIS/Cofins, porque traz vantagens como competitividade, simplificação tributária, ganho de fluxo de caixa e ajuda reter mão de obra”, afirmou Holland. Segundo ele, os setores beneficiados hoje foram “criteriosamente analisados pelo Ministério da Fazenda”. Ele não descartou que novos setores sejam incluídos na medida.

(Thiago Resende, Edna Simão e Luas Marchesini | Valor)

Versace confirma abertura de três lojas no Brasil até maio


Por Assis Moreira | Valor
 

GENEBRA - A grife italiana Versace confirmou hoje ao Valor que planeja abrir três novas lojas no Brasil até o fim do mês que vem, na sua estratégia de expansão em mercados com maior potencial, o que inclui Turquia e Coreia do Sul.

A Versace é famosa, mas um peso leve ainda em termos de faturamento. Em 2012, vendeu 408 milhões de euros, comparado a 740 milhões de euros do grupo Hermès e 3,4 bilhões de euros no caso da Louis Vuitton Moet Hennessy, maior grupo de luxo do mundo.

O objetivo da grife italiana é alcançar faturamento de 500 milhões de euros até o fim de 2014. O interesse por países como Brasil e Turquia se explica também pela menor demanda em boa parte da Ásia.

Além da abertura de novas lojas no Brasil, um porta-voz do grupo confirmou ao Valor a expansão nos Estados Unidos, onde as vendas aumentaram  46% no ano passado. Os EUA representam 13% do faturamento.

O CEO da grife italiana, Giacomo Ferraris, informou ontem que examina a possibilidade de lançar ações ou atrair um novo sócio para impulsionar o crescimento.

(Assis Moreira | Valor)