terça-feira, 12 de novembro de 2013

Brasil é 2o país latino-americano que mais apoia privatizar


Brasil só perde para o Equador em porcentagem de habitantes que acreditam que privatizações foram benéficas para o país e que estão satisfeitos com os serviços


George Campos / USP Imagens
Bandeira do Brasil com prédios ao fundo
Bandeira do Brasil com prédios ao fundo: problemas econômicos perderam destaque

São Paulo - 44% dos brasileiros concordam que as privatizações de empresas estatais foram benéficas para o país. É a segunda maior taxa entre todos os países da América Latina, atrás apenas do Equador, onde atinge 57%.

A média total latino-americana é de 30% de aprovação e chega a 18% no Chile e 20% na Argentina. Os dados são da última pesquisa Latinobarómetro, realizada em junho deste ano nos 18 países da região, exceto Cuba.

A porcentagem de brasileiros satisfeitos com os serviços privatizados também é relativamente alta: 37%, abaixo apenas do Equador.


Menos preocupados


De forma geral, a preocupação com a economia e o desemprego diminuiu nos últimos anos em toda a região. Atualmente, o Brasil é o latino-americano com a menor porcentagem de habitantes que acreditam que problemas econômicos são os mais importantes do país: 19%. 

O desemprego é considerado o principal problema por apenas 6% dos brasileiros, contra uma média de 16% na América Latina como um todo.

18% dos brasileiros consideram justa a distribuição de renda no país, contra 25% na média da região. O Equador é único país em que uma maioria da população é a favor da atual divisão da riqueza.

77% dos brasileiros acreditam que o Estado pode resolver o problema da pobreza, taxa que só perde para os 82% registrados no Paraguai.

A porcentagem de brasileiros que acreditam na economia de mercado como melhor sistema para o desenvolvimento é de 66%, levemente acima da média latino-americana de 59%.

Curiosamente, países considerados mais estatizantes como Venezuela tem taxas altas como 69%, enquanto outros considerados mais abertos tem taxas menores, como o Chile (43%).

O Latinobarómetro é produzido pela Coporação Latinobarómetro, uma ONG sem fins lucrativos com sede em Santiago, no Chile. A pesquisa começou em 1995 em 8 países e aumentou gradativamente até atingir em 2004 todos os 18 países da região, com exceção de Cuba.

A pesquisa deste ano entrevistou presencialmente 20.204 pessoas em 18 países entre 31 de maio e 30 de junho. 

Brasil será um dos maiores exportadores de petróleo do mundo


Agência Internacional da Energia afirma que o Brasil se converterá num dos maiores exportadores de petróleo e um dos principais produtores de energia do mundo

Yasuyoshi Chiba/AFP
Plataforma P-62, da Petrobras

Plataforma P-62, da Petrobras: Para 2035, a produção petroleira do Brasil triplicará e alcançará seis milhões de barris diários, segundo relatório

Paris - O Brasil se converterá num dos maiores exportadores de petróleo e um dos principais produtores de energia do mundo, assegura a Agência Internacional da Energia (AIE) em um relatório divulgado nesta terça-feira.

Para 2035, a produção petroleira do Brasil triplicará e alcançará seis milhões de barris diários (mbd), contribuindo com um terço do crescimento da produção líquida mundial, e transformando-se no sexto maior produtor de petróleo do mundo.

Da mesma forma, a produção de gás quintuplicará, o que permitirá cobrir até 2030 as necessidades do país, apesar do consumo crescer exponencialmente, assegura o relatório.

No entanto, a AIE adverte que dadas as difíceis condições de extração de petróleo em águas profundas, o custo da produção será superior a de outras regiões como o Oriente Médio e a Rússia.

Parte dos investimentos necessários procederão da Petrobras, o que colocará à prova a capacidade da companhia estatal de dedicar suficientes recursos em um enorme e variado programa de investimentos.

A isso se soma o compromisso de que os bens e serviços sejam locais, o que não fará mais que pressionar uma cadeia de fornecimento já por si limitada.

O Brasil necessitará investir cerca de 90 bilhões de dólares anuais para poder garantir o consumo energético do país, segundo a AIE.

As abundantes e diversas fontes energéticas cobrirão 80% do aumento de consumo energético do país, incluindo o acesso universal à eletricidade.

No caso da geração elétrica, a AIE recomenda o sistema de leilões para proporcionar novo capital ao setor energético e evitar pressionar o preço final pago pelo consumidor.

"O desenvolvimento de um mercado de gás eficaz, atraente para novos atores, pode ajudar a fomentar os investimentos e melhorar a competitividade da indústria brasileira", afirma o relatório.

O Brasil, um dos líderes mundiais das energias renováveis, também espera praticamente duplicar até 2035 a produção de energias limpas, mantendo sua participação de 43% do total da matriz energética.

A energia hidráulica, que é a principal fonte energética do Brasil, apesar de tender a declinar, se soma ao peso preponderante que estão adquirindo outras fontes, como a eólica, o gás natural e a bioenergia.

O Brasil é o segundo produtor mundial de biocombustíveis e sua produção, principalmente à base de etanol produzido da cana de açúcar, triplicou.

As áreas de cultivo são mais que suficientes para acomodar este aumento da produção sem atingir áreas de meio ambiente sensíveis.

Até 2035, os biocombustíveis cobrirão quase um terço da demanda interna do transporte por rodovia e as exportações implicarão 40% do comércio mundial desse tipo de combustível de origem vegetal, assegura o documento.

Fracasso da OGX abre espaço para a Queiroz Galvão


A sétima maior produtora do país foi elevada da posição de coadjuvante a protagonista

Irany Tereza e Sabrina Vale, do
Divulgação
queiroz galvão
Plataforma da Queiroz Galvão: ainda assim, a crise respinga em todo o setor, contaminando inclusive as ações da companhia, subavaliadas em cerca de 30%

Rio - Com sua receita praticamente concentrada em um grande campo produtor de gás, Manati, no litoral da Bahia, a Queiroz Galvão Petróleo e Gás, que abriu capital em bolsa em 2011, é hoje a sétima maior produtora do País.

A partir de 2015, espera colocar em produção outros dois campos. A má fase da OGX e da HRT, companhias que há dois anos eram a principais apostas do setor, elevaram a QGEP da posição de coadjuvante a protagonista.

Mas o turbilhão provocado pela OGX arrastou também para a empresa a desconfiança do investidor, especialmente o estrangeiro. Em novembro de 2012, a petroleira de Eike Batista comprou, por US$ 270 milhões, a participação da Petrobras (40%) no bloco BS-4, operado pela QGEP (30%) na Bacia de Santos. A Barra Energia completa o consórcio, com 30%.

Lincoln Guardado, presidente da Queiroz Galvão E&P, admite que a crise respinga em todo o setor, contaminando as avaliações. Guardado acredita que, hoje, as ações da companhia estejam subavaliadas em cerca de 30%, embora garanta que a curva dos papéis da empresa já descolou do movimento das petroleiras em crise.

“"Não temos o mesmo tipo de oscilação, de volatilidade, mas não deixamos de ser contaminados um pouco por isso, o que tem requerido de nós, sem fazer juízo de valor dos outros, esforço maior em demonstrar nossa capacidade de entregar, nossa forma de pensar no médio e longo prazos”", diz o executivo.
Ele diz não crer que os investidores avaliem todas as empresas do setor no País da mesma forma. “Acho que não, senão haveria mais oscilação.”
 
Guardado frisa que a OGX não está inadimplente com os investimentos previstos para o bloco e diz não considerar a compra da parte da petroleira de Eike, apesar da situação confortável de seu caixa, que hoje é de R$ 950 milhões.

Dependente de uma única fonte de receita, a QGEP busca agora diversificação e o aumento de sua participação no BS-4 seguiria o caminho inverso, de concentração. O executivo diz ainda, que a OGX não expressou aos sócios a intenção de vender a participação.

Na semana passada, a companhia divulgou ao mercado lucro líquido de R$ 75,2 milhões no terceiro trimestre, alta de 21,4% na comparação com o mesmo período de 2012. “

Somos ainda uma companhia emergente, para se tornar uma grande independente”, diz Guardado, destacando ativos de “grande peso”, como os blocos de Atlanta e Carcará, na Bacia de Santos. No primeiro, a OGX figura como parceira; no segundo, operado pela Petrobrás, a QGEP tem 10%.

“Conseguimos provar que essa companhia tem uma forma de atuação diferente. Procura estar preparada, dá um passo de cada vez, e dentro das suas possibilidades. Temos previsão de crescimento contínuo, controlado, balanceado, com disciplina de capital”, diz Guardado.

Efeito cascata. O contágio por fatores externos à companhia não se deu apenas devido à derrocada da OGX. Algumas medidas governamentais no setor de energia, como o processo de renovação das concessionárias de eletricidade e a política de preços dos combustíveis, também pesaram na avaliação dos investidores. Guardado explica que tiveram de ser intensificadas as conversas com o mercado sobre a posição da empresa.

Na época da oferta inicial de ações em bolsa, na abertura de capital, 80% dos investidores institucionais da QGEP eram estrangeiros. Hoje, caminha para a situação inversa, com uma base de investidores nacionais em torno de 45%.

Guardado se esforça em não fazer comparações, o que fica difícil diante da parceria com a OGX depois das aquisições da petroleira de Eike. “Evitamos fazer comparações. São penosas para nós. Torcemos para que isso venha a ter um final adequado, dentro das circunstâncias que cercam o processo, que não são fáceis. Agora, longe da gente repetir qualquer coisa dessa natureza.

Vem do DNA do grupo. Não fomos tão arrojados como algumas de nossas congêneres. Não estou dizendo que foram melhores ou piores do que a gente, mas é diferente. Nossa atuação foi muito mais cautelosa e com uma certa visão”, comentou.

A despeito da conturbada situação atual do mercado, a Queiroz Galvão pretende ingressar no mercado de dívida, provavelmente em 2015, com emissão de bonds ou buscando outras formas de financiamento.

A ideia é seguir a premissa do mercado de óleo e gás de utilizar capital de terceiros na fase de desenvolvimento da produção, quando o risco maior da operação já passou, com a fase exploratória. A empresa também pretende fazer novas aquisições, como as que foram feitas recentemente, com dois ativos da Shell.

“Sem dúvida, qualquer coisa que vier de forma oportunística, de companhias que muitas vezes querem sair do Brasil, ou de desinvestimentos da Petrobras aqui e ali, o que a gente julgue importante e que caiba no caixa que dispomos ao longo dos próximos quatro ou cinco anos, a gente vai olhar.” 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Instituições da UE buscam acordo para encerrar orçamento de 2014

Por AFP

BRUXELAS, 11 novembro 2013 (AFP) - As instituições europeias tentarão, a partir desta segunda-feira, encerrar o orçamento de 2014 da União Europeia, negociações que desafiam os Estados, preocupados em limitar o gasto, e o parlamento, que exige mais recursos financeiros.

O resultado destas negociações será determinante para que o parlamento adote, no próximo dia 19 de novembro, o orçamento global plurianual da União Europeia para 2014-2020.

Os negociadores de ambas as partes têm até quarta-feira para alcançar um compromisso. Caso contrário, o executivo europeu teria que apresentar um novo projeto de orçamento, algo que ninguém deseja.

Para 2014, o parlamento reivindica 136,44 bilhões de euros, ou seja, 1,4 bilhão a mais que o que os estados afirmaram que estavam dispostos a pagar até agora.

Os eurodeputados afirmaram que mesmo se esse 1,4 bilhão a mais for aceito, o orçamento global seria inferior em 6% ao do ano passado, uma forma de apoiar o esforço coletivo para reativar a economia e o emprego na Europa.

Contudo, os ministros de Economia e Finanças dos 28 Estados membros da UE terão primeiro que entrar em acordo sobre a margem de negociação.

"A presidência lituana da UE espera encerrar hoje um acordo, assim como o parlamento", disse a sua chegada às negociações o vice-ministro lituano das Finanças, Algimantas Rimkunas.

Apesar dos "complexos obstáculos, consequência das dificuldades orçamentárias em vários Estados", as negociações foram realizadas até agora "em uma atmosfera muito construtiva", disse Rimkunas.

O Reino Unido é o mais reativo a aumentar o orçamento, ainda mais em um contexto de austeridade e cortes, e pediu para resistir à "pressão do parlamento".

Além disso, para encerrar as contas de 2013, o parlamento teve que pedir aos Estados uma quantia adicional de 11,6 bilhões de euros, que foi concedida.

O pagamento da segunda parte desta quantia (3,9 bilhões de euros) dependerá agora de um acordo global entre as instituições europeias. Além disso, também resta encontrar uma forma de financiar os 400 milhões de euros destinados a ajudar as vítimas das inundações de 2013 na Alemanha, Áustria e na República Tcheca, assim como as vítimas dos incêndios na Romênia.

"O desacordo não se refere a grandes quantias, mas a um pouco mais de 1% do total, mas como o orçamento de 2014 é menor que os anteriores, a margem de manobra é limitada", informou uma fonte europeia.

Alguns parlamentares alertam sobre o perigo de uma suspensão dos pagamentos se os Estados não decidirem aumentar a dotação.

"O que está em jogo é evitar que a União se encontre em uma situação crítica na próxima primavera" para garantir, entre outros, seus compromissos "em matéria de emprego para os jovens e investimentos no futuro", disse o eurodeputado conservador francês, Alain Lamassoure, presidente da comissão de orçamentos.

O parlamento pede também que a União Europeia tenha margem de manobra para fazer frente a situações de crise, como uma chegada em massa de refugiados sírios, fugindo da guerra.

Antes de os estados (principalmente Alemanha, Reino Unido e França, principais contribuintes líquidos) cortarem o orçamento, a Comissão esperava alcançar 136 bilhões de euros em créditos de pagamento.

A presidência europeia considera que no projeto de orçamento "as prioridades são as mesmas, ou seja, o crescimento e o emprego", com mais de 62 bilhões destinados ao "crescimento inteligente e inclusivo" para financiar infraestruturas de transporte e ajudas às pequenas e médias empresas.

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Comissão de Ética da Presidência adverte presidente do Cade

Comissão deverá também investigar Ideli Salvatti pelo uso de helicóptero da Polícia Rodoviária Federal durante viagens à Santa Catarina

Cristiano Mariz/EXAME.com
Vinicius Carvalho, presidente do Cade

Vinicius Carvalho, presidente do Cade: deverá ser investigado por sua ligação com o PT no momento em que assumiu o cargo

Brasília - A Comissão de Ética Pública da Presidência vai investigar a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, pelo uso de helicóptero da Polícia Rodoviária Federal durante viagens à Santa Catarina e também fez uma advertência ao presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinicius Carvalho, por estar filiado ao PT quando assumiu o cargo.

"Ele (Carvalho) não tomou providências necessárias para cancelar o registro dele do partido. Ele pediu, mas não foi atrás, não foi à Justiça Eleitoral. Tanto que algum tempo depois, depois de ele já ter se desligado do partido, numa relação do partido aparece o nome dele como integrante", disse nesta segunda-feira o presidente da Comissão de Ética, Américo Lacombe, a jornalistas.

"Ele já não era mais integrante, mas não tomou esses cuidados. Não basta entrar com requerimento e dizer 'eu quero o cancelamento do partido'. É preciso que você, principalmente se você tem cargo público... Ele não teve essa cautela." Carvalho também é alvo de um pedido feito pelo PSDB junto à Mesa Diretora do Senado que quer que seja aberto processo para retirá-lo do comando do Cade.

Além da filiação ao PT, os tucanos afirmam que Carvalho teve atuação política na divulgação de um cartel que teria atuado nas licitações do metrô de São Paulo, Estado governado pelo PSDB, após a Siemens, empresa alemã que teria participado do esquema, fazer um acordo de leniência com a autoridade de defesa da concorrência.

Já no caso de Ideli, a comissão decidiu abrir uma investigação sobre a utilização pela ministra de helicóptero da Polícia Rodoviária Federal durante viagens a Santa Catarina, reduto eleitoral da ministra.

"Abrimos o processo contra ela. Abrimos procedimento, pedimos informações a ela. Não está designado o relator", disse Lacombe.

Segundo ele, a ministra terá dez dias para se explicar ao colegiado. "Se ela quiser pedir mais (dias), a gente normalmente dá, porque acho que o problema de ampla defesa é sagrado. Se não, não temos democracia neste país", disse.

Salve-se quem puder

 Cinco morrem em chacina em casa de PMs



Aécio Neves

Consideradas em seus resultados práticos, as diretrizes federais para a área de segurança podem ser resumidas pela expressão popular "salve-se quem puder". Essa é a desalentadora leitura da 7ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado semana passada. 

Em 2012, o número de assassinatos no país ultrapassou a espantosa casa dos 50 mil. Isso representa nada menos do que 10% dos assassinatos estimados em todo o planeta, número superior às baixas verificadas em conflitos armados na Tchetchênia, Angola ou Iraque. 

O Anuário traz outra constatação alarmante. A taxa de estupros ultrapassou a de homicídios e chegou a 26,1 ocorrências por 100 mil habitantes. Os 50,6 mil casos registrados podem estar subestimados, já que muitas mulheres agredidas acabam não indo à polícia. 

Quem está prestes a completar o 11º ano à frente do governo não pode atribuir o patamar atual da criminalidade a qualquer suposta "herança maldita" ou continuar terceirizando responsabilidades. Não há uma política nacional para o setor, em particular para enfrentar o crime organizado, com seu brutal poder de fogo: o contrabando, tráfico de armas e de drogas. 

Chama a atenção a flagrante paralisia do governo nessa área. Segundo dados da ONG Contas Abertas, dos R$ 3,1 bilhões previstos para investimentos no ano passado, R$ 1,5 bilhão sequer foram empenhados. E apenas 23,8% do total previsto se transformaram efetivamente em ações contra a convulsão registrada na área. É inacreditável, mas é verdade: do total das despesas em segurança no país, só 13% vêm dos cofres da União. Isso sem falar das promessas que não saíram da propaganda eleitoral. 

Considerando que os Estados atuam hoje no limite de sua capacidade, o momento exige cada vez mais ações convergentes e de envergadura nacional, já que as organizações criminosas agem em mais de uma unidade da Federação. Em respeito aos brasileiros e ao nosso futuro, é fundamental que o governo federal assuma maior responsabilidade diante desse quadro e coordene um amplo esforço na busca de soluções. Existem experiências localizadas bem sucedidas que poderiam ser úteis aos brasileiros de outras localidades. 

A falência do nosso sistema prisional precisa ser enfrentada. É hora de discutir o papel das polícias, assim como a adoção de medidas que diminuam o escandaloso grau de impunidade existente. É inaceitável a atual tolerância ou disfarçada complacência com o avanço da criminalidade e o recrudescimento da violência no país. 

Nesse quadro perverso, uma antiga desigualdade social se acentua, onde os que detêm poder aquisitivo compram segurança privada e a população mais pobre fica relegada à própria sorte. 


Editorial: Transportes parados


Após dois anos em que o Ministério dos Transportes frequentou o noticiário mais pelas suspeitas de corrupção do que pelos investimentos feitos, o governo da presidente Dilma Rousseff esperava que, em 2013, a pasta pudesse desobstruir alguns dos principais gargalos para o crescimento do país. 

A infraestrutura precária está entre os maiores obstáculos. Estima-se que, para o Brasil superar o atraso nesse setor, sejam necessários aportes de US$ 1 trilhão. Tais investimentos provocariam grande redução de custos e aumento de produtividade para a economia. 

No intuito de impulsionar concessões de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, o governo anunciou, no ano passado, o Programa de Investimentos em Logística. Se bem conduzido, o plano poderia alavancar a deficiente infraestrutura brasileira. 

Mesmo no âmbito dessa iniciativa, contudo, os resultados até agora são pífios, com atrasos em leilões de rodovias e ferrovias. 

Além disso, o investimento público no setor permanece estagnado em torno de 1% do PIB, enquanto outros países em desenvolvimento alocam pelo menos o dobro. 

O desempenho do Ministério dos Transportes é constrangedor. Segundo reportagem do jornal "Valor Econômico", o montante investido em rodovias e ferrovias deverá ser, neste ano, o menor desde o início do governo Dilma --R$ 9 bilhões, diante de R$ 10,4 bilhões em 2012 e R$ 12,9 bilhões em 2011. 

Em entrevista àquela publicação, o ministro César Borges, titular da pasta desde abril, afirma que, segundo suas contas, os investimentos chegarão a R$ 10,8 bilhões neste ano. Admite, porém, que são muitas as dificuldades. 

Afirma que a desorganização do próprio setor público diminui o interesse das empresas. Atrasos na aprovação da lei orçamentária e na liberação de licenças ambientais, por exemplo, prejudicariam o andamento de grandes obras. Haveria ainda problemas nos procedimentos do TCU (Tribunal de Contas da União), provocando interrupções desnecessárias nos projetos. 

Não há novidade nas críticas do ministro. Desde 2009 o governo petista usa órgãos como TCU e Ibama como bode expiatório para suas deficiências. Tais repartições podem, sem dúvida, atuar com propósitos políticos e trazer prejuízos descabidos, mas exercem, por outro lado, insubstituível papel de controle. 

Verdade que é preciso aperfeiçoar a metodologia de fiscalização. No entanto, isso não sanará a falta de qualidade dos projetos, muitos dos quais apresentados sem estudos básicos. Não surpreende, portanto, que exista tamanha incerteza quanto a custos e prazos. 

Em resposta sincera, César Borges reconheceu: "Não adianta ficar lamentando. Podemos até tentar corrigir e acelerar processos pontualmente, mas temos que estar estrategicamente preparados". 

Capacidade estratégica, porém, é escassa no atual governo.