quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Consultorias e bancos esperam PIB menor no 3º trimestre

Por Beatriz Bulla e Ricardo Leopoldo

O resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de setembro, divulgado nesta quinta-feira, 14, pelo Banco Central, reduziu o otimismo de consultorias e economistas para o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano, que será conhecido no início de dezembro. O recuo de 0,01% do índice no mês acima, em relação a agosto, reforçou, na opinião do banco ABC Brasil, a expectativa de que o resultado do PIB no penúltimo trimestre de 2013 seja negativo.
 
Diante do resultado mais fraco do que o esperado no indicador, o Banco ABC Brasil decidiu revisar a projeção para o PIB do período para uma variação negativa de 0,10%. Antes, a instituição previa estabilidade na passagem do segundo para o terceiro trimestre. "Veio pior do que estávamos esperando (o IBC-Br), o que reforça a ideia de um PIB do terceiro trimestre fraco", comentou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal. O ABC Brasil esperava que o IBC-Br viesse próximo a 0,30% em setembro ante agosto.

Para o quarto trimestre, a expectativa, no entanto, é de recuperação, com previsão de número próximo a 0,5%. "Esse recuo foi muito na margem, podemos ter uma surpresa positiva no quarto trimestre", disse Leal, explicando: "Até pela discussão da renovação ou não do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), que pode gerar uma antecipação de compras de caminhões e puxar os investimentos".

O economista ressalta, contudo, que as projeções para o PIB levam em conta os modelos atuais, mas o IBGE irá inserir novas pesquisas no cálculo, o que pode alterar o resultado. "Ninguém sabe como a incorporação de novos resultados vai influenciar o indicador e isso pode trazer alterações bastante razoáveis no resultado final", disse Leal. Mesmo assim, ele aponta que, "sem dúvida", o pior período do ano será o terceiro trimestre. O Banco ABC Brasil projeta crescimento de 2,6% no PIB neste ano.


Tendências


O economista Rafael Bacciotti, da Tendências consultoria, estima queda de 0,3% do PIB no terceiro trimestre em função do resultado do IBC-Br de setembro. Ele cita dois indicadores que teriam colaborado para a pequena redução do nível da atividade entre julho e setembro: a queda de 1,4% da indústria de transformação no período e uma redução expressiva da velocidade das vendas no varejo pelo conceito ampliado, que inclui os setores de automóveis e construção civil. Em sua avaliação, esse indicador apresentou uma alta 0,2% no terceiro trimestre, na margem, depois de ter registrado avanço de 1% entre abril e junho pelo mesmo critério de comparação.

Diferentemente do economista do ABC, Bacciotti opina que o PIB do quarto trimestre não deve ter uma evolução significativa, pois estima estabilidade na margem. Um dos fatores, diz ele, que devem influenciar esse desempenho do nível de atividade no último trimestre do ano é um fraco ritmo para a produção industrial. Para ele, o setor manufatureiro deve ter registrado alta de 0,1% em outubro, na margem, o que é bem mais fraco do que a elevação de 0,7% registrada em setembro ante agosto.

"Um fator que deve colaborar para isso é a produção de automóveis. Com base em dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) dessazonalizados, a fabricação de veículos subiu 9,8% em setembro ante agosto, mas registrou retração de 8,4% em outubro em relação a setembro", comentou.

O economista destaca que a desaceleração do nível de atividade no segundo semestre em relação à primeira metade deste ano está sendo em boa parte causada por uma redução da velocidade dos investimentos. Para ele, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 7,4% no primeiro semestre ante o segundo de 2012. No entanto, prevê que esse indicador deve apresentar retração de 1,1% entre julho e dezembro deste ano em relação aos primeiros seis meses de 2013. "Deve influenciar essa redução do ritmo dos investimentos a diminuição da confiança de empresários e consumidores que começou a ser registrada há alguns meses."


LCA


Já a LCA Consultores projeta que o PIB do terceiro trimestre fique no intervalo entre uma queda de 0,2% e uma alta de 0,2%, na série dessazonalizada. Para a consultoria, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de setembro divulgado nesta quinta-feira, 14, foi mais fraco do que a estimativa. 

"Comparativamente ao terceiro trimestre de 2012, o IBC-Br apresentou uma taxa de variação positiva de 2,7%, sugerindo variação semelhante para o PIB", aponta a consultoria, em nota.

A LCA ressalta ainda que, quando se dessazonaliza a série trimestralizada do IBC-Br com o mesmo procedimento adotado pelo IBGE para ajustar o PIB, o resultado do terceiro trimestre é de contração de 0,5% na atividade econômica.

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Bancos poderão ser culpados por darem crédito a consumidores endividados


Aiana Freitas
Do UOL, em São Paulo

O que deve mudar na vida do consumidor

O consumidor brasileiro pode ganhar uma série de direitos em breve. Três projetos de lei que mudam o Código de Defesa do Consumidor estão em análise no Senado e seguem para a Câmara ainda neste ano. Clique nas imagens e veja o que pode mudar na sua vida Arte/UOL
 
Os bancos poderão ser considerados corresponsáveis pelo superendividamento dos consumidores. As instituições poderão ser obrigadas a baixar os juros e ampliar o prazo de pagamento em situações desse tipo.

A previsão consta de um projeto de lei que está no Senado e prevê a atualização do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990).

Ao todo, três projetos (PL nº 281, nº 282 e nº 283 de 2012) que pedem atualização do Código estão em análise numa comissão especial do Senado.

O relatório final englobando os três textos deverá ir a plenário nos próximos dias. Depois, seguirá para a Câmara dos Deputados. A Câmara poderá pedir novas alterações ao Senado ou encaminhá-lo para sanção da presidente Dilma Rousseff.

Os projetos também preveem mudanças com relação ao comércio eletrônico e ao andamento de ações coletivas.

Texto proíbe propaganda que oferece 'taxa zero'

 

O projeto nº 283/2012, que trata da responsabilização dos bancos, diz que o consumidor deve ser considerado superendividado quando a soma das parcelas para o pagamento de suas dívidas for maior do que 30% da sua renda mensal líquida.

Os bancos terão de ter cautela ao oferecer crédito a esses consumidores. As instituições não poderão, por exemplo, emprestar dinheiro sem fazer consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do cliente.

O texto também proíbe que a propaganda de financiamentos e outras operações de crédito tenham frases como "sem juros", "gratuito", "sem acréscimo" e "taxa zero".

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10 direitos que muitos consumidores não conhecem

Indenização por atraso na entrega do imóvel, devolução de valores pagos a mais em dobro, suspensão do serviço de TV a cabo por até 120 dias. Especialistas listam a seguir estes e outros direitos do consumidor que muita gente desconhece Arte/UOL
 

Cliente terá 14 dias para desistir de compra pela internet

 

O comércio eletrônico passará a contar com várias regras novas caso os projetos sigam adiante. O PL nº 281/2012 diz que as empresas que vendem produtos ou serviços pela internet terão de fornecer, no site, telefone e endereço físico.

As lojas virtuais também terão de ampliar o chamado "prazo de arrependimento" de sete para 14 dias úteis. Esse é o prazo que o consumidor que faz compras remotamente tem para desistir do negócio sem precisar apresentar motivo. Essa regra, hoje, vale também para compras feitas por telefone e por catálogo, por exemplo.

O projeto tenta, ainda, colocar ordem num problema comum enfrentado pelos consumidores: o envio de propaganda online não desejada, o spam. As empresas não poderão enviar mensagem eletrônica a pessoas que não são suas clientes e não tenham manifestado o desejo de receber os e-mails.


Procons terão mais 'poder'

 

O terceiro projeto (PL nº 281/2012) tem como foco as ações coletivas e o funcionamento dos Procons.
Os Procons passarão a ter mais 'poder' na resolução de conflitos entre consumidores e empresas. Se uma empresa for convocada para uma audiência no órgão por causa de uma reclamação do consumidor e não comparecer, a queixa será automaticamente considerada verdadeira.

Isso permitirá que o consumidor procure a Justiça para exigir providências imediatas, uma vez que já terá um parecer favorável em mãos.

As ações coletivas movidas pelos consumidores deverão ter prioridade de processamento e julgamento. 

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O consumidor nem sempre tem razão

TROCA DE PRESENTES - Depois do Natal, as lojas ficam cheias de consumidores querendo trocar presentes. Mas a lei diz que o lojista só é obrigado a trocar se o produto tiver defeito. "Comerciantes permitem a troca, mas isso é uma cortesia", diz o advogado Alexandre Berthe. A exceção é para compras feitas pela internet ou por telefone, que podem ser devolvidas, seja qual for o motivo, em até sete dias Leia mais Shutterstock
 

Propostas devem ajudar a desafogar Judiciário

 

Especialistas em direitos do consumidor consideram as mudanças, como estão definidas nos projetos analisados no Senado, positivas.

"O fortalecimento dos Procons vai ajudar a evitar que muitas demandas cheguem ao Judiciário. No caso do superendividamento, o projeto obriga os bancos a concederem crédito de forma responsável e transparente", avalia Renan Ferraciolli, assessor chefe do Procon de São Paulo.

Leonardo Furlaneto, advogado da área cível do escritório Peixoto e Cury Advogados, também vê as mudanças com otimismo. "Apesar de o código ser um dos melhores e mais modernos do mundo, ele precisa de atualizações. O comércio eletrônico praticamente não existia quando o CDC foi criado", afirma.


Especialistas aprovam mudanças, mas temem retrocessos

 

Mudanças no código, no entanto, sempre foram vistas com relutância. Justamente por ser uma lei de caráter mais generalista, o Código é aplicável em várias situações. O temor é que, com mudanças pontuais, a lei perca essa abrangência.

"No nosso entendimento, o código era uma lei geral, que poderia ser regulamentada por leis especiais para cada assunto. Mas o momento de se discutir essa posição passou. Como ele será mesmo atualizado, o que esperamos é que o CDC continue a ter a eficácia que sempre teve", diz Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da associação de consumidores Proteste.

Essa é a mesma posição do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
"Acreditamos que a lei nunca deve chegar a detalhes muito específicos, senão ela corre o risco de envelhecer rapidamente. Mas, agora, temos de ficar atentos ao momento em que os projetos forem para a Câmara, para que nenhum tipo de lobby imponha perdas de direitos que já estão assegurados para o consumidor", afirma Carlos Thadeu de Oliveira, gerente técnico do instituto.

O temor do presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, manifestado pelo seu presidente, Ludovino Lopes, é que pequenas e médias empresas tenham mais dificuldade de cumprir novas regras.
Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não se pronunciou sobre o assunto. 

Quer pagar como? Conheça seus direitos na hora da compra12 fotos

Pagar bala com cartão, usar cheque de outra praça ou recusar venda casada. Pode ou não pode? Saiba quais são os seus direitos na hora de escolher o meio de pagamento de sua compra. O UOL ouviu a assessora técnica do Procon-SP Cristina Martinussi e a gerente jurídica do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Maria Elisa Novais. Confira nas fotos a seguir Arte/UOL

Juros cobrados dos consumidores sobem a atingem maior nível em um ano


As taxas de juros cobradas dos consumidores tiveram alta de outubro e atingiram o maior nível em um ano, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Os juros médios das operações de crédito tiveram alta de 0,03 ponto percentual, passando de 5,53%, em setembro, para 5,56% ao mês, em outubro. A taxa anual média subiu de 90,77% ao ano para 91,42%.
Essas são as maiores taxas médias registradas desde novembro de 2012.
 
 

Cinco linhas tiveram alta e uma ficou estável

 

Das seis linhas de crédito pesquisadas pela Anefac, cinco tiveram alta. A taxa média de juros cobrada no comércio saiu de 4,14% para 4,19% ao mês. Os juros do cheque especial, que eram de 7,83% ao mês em setembro, passaram para 7,89% em outubro.
Nas linhas de Crédito Direto ao Consumidor, a taxa média saiu de 1,64% para 1,65% ao mês. No empréstimo pessoal oferecido pelos bancos, a taxa ficou em 3,16% ao mês, ante 3,12% em setembro. Nas financeiras, os juros passaram de 7,07% para 7,09%.
Apenas uma das taxas pesquisadas pela Anefac não subiu. Os juros cobrados no crédito rotativo do cartão de crédito ficaram estáveis em 9,37% ao mês. Ainda assim, essa é uma das maiores taxas cobradas no mercado de crédito no Brasil. Equivale a 192,94% ao ano.
 
 

Expectativa é de mais aumentos nos próximos meses

 

O coordenador da pesquisa de juros da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, diz que o aumento pode ser atribuído à última elevação da Selic promovida pelo Banco Central. A taxa básica da economia brasileira passou, no dia 9 de outubro, de 9% para 9,5% ao ano.
A expectativa, segundo Oliveira, é de mais alta nos próximos meses, até porque a tendência é de que a Selic tenha nova alta na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, no fim de novembro.
 
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Quer limpar o nome? Fuja de armadilhas 

 

Quem está com dívidas não vê a hora de limpar o nome e, por isso, pode acabar se deixando levar por promessas de ajuda que nem sempre são interessantes. Clique na imagem acima e conheça as armadilhas mais comuns para quem quer limpar o nome Leia mais Getty Images/iStockphoto
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Sete armadilhas de compras, dívidas e investimentos

 

ACHAR QUE TODAS AS DECISÕES SÃO RACIONAIS - A psicanalista Márcia Tolotti diz que, quando tomamos decisões relacionadas ao dinheiro, sofremos duas interferências negativas: da má educação financeira e das emoções. É um erro, assim, achar que basta conhecimento técnico para se dar bem nos investimentos. É preciso também ter autoconhecimento emocional Leia mais Thinkstock

Lucro do BNDES sobe 3,5% no ano até setembro, para R$ 4,9 bi

BNDES/COUTINHO

SÃO PAULO, 14 Nov (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve lucro líquido de R$ 4,9 bilhões de janeiro a setembro, alta de 3,5% sobre igual período do ano passado, informou o banco de fomento nesta quinta-feira.

"O fator que mais contribuiu para o desempenho positivo foi o resultado com financiamentos a projetos de investimentos, confirmando a capacidade do BNDES de conciliar a redução de suas taxas de juros com resultados financeiros consistentes", informou a instituição em comunicado.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

PROTEÇÃO SOCIAL E TRABALHO DECENTE PARA OS IMIGRANTES

Lançamento da cartilha “Migrantes no Brasil: Proteção Social e Trabalho Decente para Todos/as” encerrou o Seminário “A questão migratória e o papel da sociedade civil na conquista e ampliação de direitos”, realizado em São Paulo.
Promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC), Confederação Sindical das Américas (CSA) e INCA – órgão de assistência a migrantes da central sindical italiana CGIL – o evento debateu estratégias unitárias para a mobilização dos sindicatos e a sensibilização da sociedade para com os cerca de 1,8 milhão de migrantes que vivem no Brasil.
“É um contingente enorme de pessoas que estão sendo marginalizadas, quando deveriam ser cidadãos plenos de direitos. O lançamento da cartilha reflete uma tomada de consciência e um chamado à ação, uma sensibilização da nossa base sindical para colocar a defesa do trabalhador migrante na ordem do dia, pois a classe operária é uma só”, afirmou o secretário de Relações Internacionais da CUT.
O presidente da CUT-SP, por sua parte, enfatizou que o lançamento da cartilha – que também deverá ser traduzida para outras línguas como o espanhol, o inglês e o francês – somado à ação nos locais de assistência aos migrantes em São Paulo, vai potencializar a ação por proteção social e trabalho decente. “Esta é uma forma de ação conjunta e articulada para fazer valer os direitos humanos de centenas de milhares de homens e mulheres que estão excluídos pela superexploração do capital”.
Conforme o secretário de Políticas Sociais da CUT-SP, é preciso fazer com que o poder público coloque a estruturação das Delegacias Regionais do Trabalho como prioridade. “Precisamos ter mais fiscalização, maior presença do Estado, mais agilidade e fechar o cerco à impunidade”.
De acordo com o presidente do INCA-CGIL, nos 30 países em que a entidade atua, mais de 400 mil trabalhadores migrantes já foram beneficiados pelas parcerias firmadas com o sindicalismo local e o envolvimento dos movimentos sociais. “Questões como contratação coletiva, conhecimento da legislação nacional e internacional, assistência, previdência e políticas sociais, começam a ser incorporadas no cotidiano dos migrantes. Nossa ação conjunta é em defesa do trabalhador, da liberdade de organização sindical para que possa ter os seus direitos garantidos”, acrescentou.
Para o assessor de Relações Internacionais do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante, a luta por direitos humanos e cidadania plena tem três dimensões “indissociáveis e interdependentes”, que precisam estar incorporadas na prática diária das entidades: a do direito civil, com a regularização migratória; os direitos sociais, culturais e econômicos; e a dos direitos coletivos, da organização comunitária, da vida social e da participação política.

“Esta é uma parceria muito construtiva para os trabalhadores imigrantes. É uma unidade com um sindicalismo que luta contra o trabalho degradante, pelo acesso aos direitos, pela mobilização da sociedade civil para garantir uma cidadania universal, com dignidade”, concluiu a peruana Tania Bernuy, em nome do CDHIC.


Direito de voto


Fortes depoimentos de imigrantes marcaram o seminário que antecedeu o lançamento da cartilha. “O desafio, agora, não é regularização, é a cidadania plena – direito ao voto e a ser votado. Somos invisíveis para a classe política e, por isso, nossos direitos não são respeitados” – disse o boliviano Luiz Vasquez da Associação de Empreendedores Bolivianos da Rua Coimbra. Também prestaram depoimento Cristina Romero, paraguaia, da Associação Japayke, relatando casos de exploração e assédio moral e sexual no trabalho enfrentados por mulheres imigrantes; Cecília Lumbreras, peruana, sobre casos de discriminação no acesso ao trabalho e ao sistema de saúde pública e Mônica Rodrigues, do Comitê da Comunidade Boliviana, sobre dificuldades no mercado de trabalho, visto sua condição de mulher, mãe e imigrante.

O auditor-fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego afirmou que a precariedade do trabalho do imigrante é inerente ao setor têxtil irregular e seu processo produtivo”.

O coordenador de Políticas para Imigrante da Prefeitura de São Paulo apresentou ações desenvolvidas pela recém-criada coordenação e expôs os eixos da I Conferência Municipal de Políticas para Imigrantes que se realizará dias 29/11, 30/11 e 01/12. “A construção da política municipal de migração rompe com o paradigma da segurança nacional, ou da visão do imigrante somente como trabalhador, já que estamos inseridos na Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania e acreditamos no imigrante e sua família como sujeitos plenos de direitos” – disse Illes, convidando os presentes para as etapas mobilizadoras e pré-conferências que estão sendo realizadas em diversos locais.

Também estiveram presentes a Secretária Municipal de Políticas para Mulheres de são Paulo, lideranças sindicais, do movimento negro e feminista.

A cartilha de bolso “Migrantes no Brasil: Proteção Social e Trabalhado Decente para Todos/as”, pode ser adquirida gratuitamente na sede do CDHIC – Rua Bernardo Magalhães, 203 – Tatuapé – São Paulo/SP.


(CDHIC – 12/11/2013)

Incentivo a exportadores fica no papel

Um dos capítulos da segunda fase do Plano Brasil Maior prometia ampliação dos financiamentos e facilitação de garantias, sobretudo às pequenas e médias empresas

Renata Veríssimo, do
REUTERS/Andres Stapff
Exportações e importações: containers em porto
Exportações: governo espera que, no médio prazo, a exportação de manufaturados seja beneficiada pela depreciação cambial

Brasília - Emperradas na burocracia da máquina pública ou por disputas internas no governo, muitas medidas anunciadas em abril do ano passado para ajudar os exportadores brasileiros ainda não foram implementadas. 

Um dos capítulos da segunda fase do Plano Brasil Maior - nome dado à política industrial e de comércio exterior do governo Dilma - prometia a ampliação dos financiamentos e facilitação de garantias, sobretudo para pequenas e médias empresas. No entanto, um ano e meio depois, muitas delas ainda estão em discussão.

A urgência na implementação parece ter ficado ainda menor em 2013, depois que o câmbio ficou mais favorável para as empresas e ajudou a frear o ritmo de crescimento das importações. Além disso, o Reintegra, considerado pelas empresas a medida mais importante, está com data para terminar.

No ano passado, o governo passou a devolver às empresas 3% do valor exportado com manufaturados. Por causa das restrições orçamentárias, o governo anunciou que não renovará a medida, que termina no dia 31 de dezembro. O Reintegra faz parte da primeira fase do Brasil Maior, anunciado em agosto de 2011, mas só entrou em vigor em janeiro de 2012.

Apesar do resultado ruim da balança comercial em 2013, que até outubro apresenta déficit de US$ 1,83 bilhão, a avaliação na equipe econômica é de que os dados da balança comercial foram distorcidos pelos registros atrasados de operações de importações de petróleo que ocorreram em 2012 e pela redução nas exportações da Petrobrás por causa da manutenção das plataformas de petróleo.

O governo espera que, no médio prazo, a exportação de manufaturados seja beneficiada pela depreciação cambial. Outro argumento é que a desoneração da folha de salários das empresas traz ganho de competitividade às exportações. Isso porque ao incidir sobre o faturamento e não mais sobre a folha de salários, a cobrança de tributos não recai sobre as vendas externas.
  

Custo
"Quero menos câmbio e mais redução de custo", afirmou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. A previsão da AEB é de que o déficit comercial de manufaturados será superior a US$ 100 bilhões este ano.

Segundo Castro, o impacto das medidas anunciadas no Brasil Maior foi nulo. "Se você fizer uma avaliação do custo-benefício, o benefício não aparece." Ele também critica a decisão do governo de não renovar o Reintegra. "O Ministério da Fazenda diz que não tem dinheiro para o Reintegra, mas tem para outras coisas que podem gerar votos."

"A não implementação das medidas num momento de maior muita competição internacional redunda na quedas das exportações industriais. Um medida urgente seria a renovação, por vários anos, do Reintegra para que as empresas possam fazer investimentos que garantam as exportações", afirmou Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultores Associados e ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Entre janeiro de 2012 e 31 de agosto de 2013, a Receita Federal recebeu 9,5 mil pedidos de ressarcimento do Reintegra, totalizando R$ 4,7 bilhões. Segundo o Fisco, R$ 3,2 bilhões foram usados para compensação de débitos de outros tributos, R$ 743 milhões foram ressarcidos em espécie e R$ 864 milhões estão em auditoria fiscal. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Land Rover investirá até R$ 1 bilhão em fábrica no Rio

A britânica deve ser a terceira marca de veículos premium a anunciar fábrica no Brasil nos últimos dois meses

Cleide Silva, do
Divulgação
Fábrica da Land Rover

Fábrica da Land Rover: comenta-se no mercado que a fábrica deve ter capacidade para 20 mil a 30 mil veículos ao ano, volume similar ao das alemãs Audi, Mercedes e BMW

São Paulo - Após vários adiamentos, a marca britânica Land Rover deve anunciar no começo de dezembro investimento de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão em uma fábrica no Rio de Janeiro. É possível que o projeto seja anunciado em etapas.

A marca do grupo indiano Tata, que também reúne a Jaguar, é especializada na produção de utilitários esportivos premium. O modelo mais barato à venda no Brasil é o Freelander, por R$ 162 mil. O preferido dos consumidores, contudo, é o Evoque, que custa entre R$ 179,5 mil e R$ 264 mil.

A Land Rover deve ser a terceira marca de veículos premium a anunciar fábrica no Brasil nos últimos dois meses. Em setembro a Audi anunciou unidade no Paraná (na linha da coligada Volkswagen) e em outubro a Mercedes-Benz confirmou unidade em São Paulo. No ano passado, a BMW havia escolhido Santa Catarina.

Segundo fontes do setor automotivo, a Land Rover deve optar por Itatiaia, na região onde já estão PSA Peugeot Citroën e a MAN/Volkswagen, e onde a Nissan vai inaugurar fábrica em 2014. Resende, contudo, ainda tenta conquistar o projeto.

Comenta-se no mercado que a fábrica deve ter capacidade para 20 mil a 30 mil veículos ao ano, volume similar ao das alemãs Audi, Mercedes e BMW. Os três projetos têm investimentos na casa dos R$ 500 milhões.

Ao participar na terça-feira, 12, em São Paulo, do seminário Fóruns Estadão sobre a Região Sudeste, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio, Julio Bueno, esquivou-se de confirmar o projeto.