quarta-feira, 13 de novembro de 2013

PROTEÇÃO SOCIAL E TRABALHO DECENTE PARA OS IMIGRANTES

Lançamento da cartilha “Migrantes no Brasil: Proteção Social e Trabalho Decente para Todos/as” encerrou o Seminário “A questão migratória e o papel da sociedade civil na conquista e ampliação de direitos”, realizado em São Paulo.
Promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC), Confederação Sindical das Américas (CSA) e INCA – órgão de assistência a migrantes da central sindical italiana CGIL – o evento debateu estratégias unitárias para a mobilização dos sindicatos e a sensibilização da sociedade para com os cerca de 1,8 milhão de migrantes que vivem no Brasil.
“É um contingente enorme de pessoas que estão sendo marginalizadas, quando deveriam ser cidadãos plenos de direitos. O lançamento da cartilha reflete uma tomada de consciência e um chamado à ação, uma sensibilização da nossa base sindical para colocar a defesa do trabalhador migrante na ordem do dia, pois a classe operária é uma só”, afirmou o secretário de Relações Internacionais da CUT.
O presidente da CUT-SP, por sua parte, enfatizou que o lançamento da cartilha – que também deverá ser traduzida para outras línguas como o espanhol, o inglês e o francês – somado à ação nos locais de assistência aos migrantes em São Paulo, vai potencializar a ação por proteção social e trabalho decente. “Esta é uma forma de ação conjunta e articulada para fazer valer os direitos humanos de centenas de milhares de homens e mulheres que estão excluídos pela superexploração do capital”.
Conforme o secretário de Políticas Sociais da CUT-SP, é preciso fazer com que o poder público coloque a estruturação das Delegacias Regionais do Trabalho como prioridade. “Precisamos ter mais fiscalização, maior presença do Estado, mais agilidade e fechar o cerco à impunidade”.
De acordo com o presidente do INCA-CGIL, nos 30 países em que a entidade atua, mais de 400 mil trabalhadores migrantes já foram beneficiados pelas parcerias firmadas com o sindicalismo local e o envolvimento dos movimentos sociais. “Questões como contratação coletiva, conhecimento da legislação nacional e internacional, assistência, previdência e políticas sociais, começam a ser incorporadas no cotidiano dos migrantes. Nossa ação conjunta é em defesa do trabalhador, da liberdade de organização sindical para que possa ter os seus direitos garantidos”, acrescentou.
Para o assessor de Relações Internacionais do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante, a luta por direitos humanos e cidadania plena tem três dimensões “indissociáveis e interdependentes”, que precisam estar incorporadas na prática diária das entidades: a do direito civil, com a regularização migratória; os direitos sociais, culturais e econômicos; e a dos direitos coletivos, da organização comunitária, da vida social e da participação política.

“Esta é uma parceria muito construtiva para os trabalhadores imigrantes. É uma unidade com um sindicalismo que luta contra o trabalho degradante, pelo acesso aos direitos, pela mobilização da sociedade civil para garantir uma cidadania universal, com dignidade”, concluiu a peruana Tania Bernuy, em nome do CDHIC.


Direito de voto


Fortes depoimentos de imigrantes marcaram o seminário que antecedeu o lançamento da cartilha. “O desafio, agora, não é regularização, é a cidadania plena – direito ao voto e a ser votado. Somos invisíveis para a classe política e, por isso, nossos direitos não são respeitados” – disse o boliviano Luiz Vasquez da Associação de Empreendedores Bolivianos da Rua Coimbra. Também prestaram depoimento Cristina Romero, paraguaia, da Associação Japayke, relatando casos de exploração e assédio moral e sexual no trabalho enfrentados por mulheres imigrantes; Cecília Lumbreras, peruana, sobre casos de discriminação no acesso ao trabalho e ao sistema de saúde pública e Mônica Rodrigues, do Comitê da Comunidade Boliviana, sobre dificuldades no mercado de trabalho, visto sua condição de mulher, mãe e imigrante.

O auditor-fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego afirmou que a precariedade do trabalho do imigrante é inerente ao setor têxtil irregular e seu processo produtivo”.

O coordenador de Políticas para Imigrante da Prefeitura de São Paulo apresentou ações desenvolvidas pela recém-criada coordenação e expôs os eixos da I Conferência Municipal de Políticas para Imigrantes que se realizará dias 29/11, 30/11 e 01/12. “A construção da política municipal de migração rompe com o paradigma da segurança nacional, ou da visão do imigrante somente como trabalhador, já que estamos inseridos na Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania e acreditamos no imigrante e sua família como sujeitos plenos de direitos” – disse Illes, convidando os presentes para as etapas mobilizadoras e pré-conferências que estão sendo realizadas em diversos locais.

Também estiveram presentes a Secretária Municipal de Políticas para Mulheres de são Paulo, lideranças sindicais, do movimento negro e feminista.

A cartilha de bolso “Migrantes no Brasil: Proteção Social e Trabalhado Decente para Todos/as”, pode ser adquirida gratuitamente na sede do CDHIC – Rua Bernardo Magalhães, 203 – Tatuapé – São Paulo/SP.


(CDHIC – 12/11/2013)

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