Por AFP
MILÃO, 14 novembro 2013 (AFP) - A Telecom Itália tomou nesta
quinta-feira a decisão de vender ao fundo de investimentos Fintech o
conjunto de sua participação na Telecom Argentina, enquanto seu
principal acionista, a espanhola Telefónica, descartou a fusão com o
grupo italiano.
"A Telecom Itália aceitou a oferta do grupo Fintech de comprar sua parte
do controle na Telecom Argentina, nas mãos de suas filiais Telecom
Itália International, Sofora Telecomunicaciones, Nortel Inversora e
Tierra Argentea por um total de 960 milhões de dólares", informou nesta
quinta-feira um comunicado do grupo.
Na semana passada, a Telecom Itália anunciou que recebeu uma proposta de compra, sem dizer que se tratava da Fintech.
Este fundo, controlado pelo mexicano David Martínez, tem a intenção de
lançar "uma oferta de compra das ações da Nortel e da Telecom Argentina"
que não estão nas mãos da Telecom Italia, informou o grupo.
O anúncio foi feito em um momento em que a estratégia da Telecom Itália e
o papel que desempenha na Telefónica - que possui indiretamente 15% de
seu capital - são cada vez mais questionados na Itália e entre alguns
acionistas do grupo.
As acusações lançadas por eles levaram a autoridade financeira e a
autoridade de controle da Bolsa de Milão (Consob) a efetuar nesta
quarta-feira uma inspeção da sede de Milão da Telecom Itália em busca de
informações sobre a venda da Telecom Argentina e sobre um empréstimo
conversível de 1,3 bilhão de euros, emitido na semana passada.
A Telecom Itália reagiu à inspeção afirmando "ter atuado em respeito à lei".
O Ministério Público de Roma abriu no mês passado uma investigação sobre
a operação conduzida em setembro pela Telefónica para aumentar seu
capital na Telecom Itália, aumentando sua participação na Telco, que
possui 22,4% da Telecom Itália.
O presidente da Telefónica, Cesar Alierta, quis, contudo, transmitir uma
mensagem de tranquilidade em uma entrevista à edição desta quinta-feira
do jornal Il Sole 24 Ore.
A Telefónica, afirmou, não exercerá a opção que tem de aumentar sua
participação até 100% na holding Telco e também não prevê se fundir com a
Telecom Itália.
"A estrutura dos novos acordos é totalmente clara: a Telefónica não pode
aumentar (sua participação) a mais de 49% da Telco", disse.
"Não temos a intenção de exercer a opção" que permitiria chegar aos 100%
a partir de janeiro, segundo um acordo feito em setembro com os demais
acionistas da Telco, os grupos italianos Intesa Sanpaolo, Mediobanca e
Generali.
Com este acordo, a Telefónica aumentou sua participação na Telco a 66%,
apesar de manter seus direitos de voto em 46,2% e fez uma opção para
subir a 100% em janeiro.
Alierta acrescenta que "não é necessária uma fusão Telefónica-Telecom
Itália. Não está no programa". Ele também excluiu uma fusão de suas
respectivas filiais brasileiras, Vivo e Tim Brasil.
O presidente da Telefónica declarou que espera que o plano estratégico
de 4 bilhões de euros apresentado na semana passada pela Telecom Itália,
que inclui a venda de sua participação na Telecom Argentina, permita
evitar uma próxima degradação da nota do grupo pela agência Standard and
Poor's.
"Quatro bilhões de euros é uma grande quantia" e o plano é "espetacular", opinou Alierta.
ahe/mml/me/ame/mv