A história da Taylor's, em sete taças
Tradicional casa do vinho do Porto, fundada em 1692, faz prova vertical de seus vintages para lançar um Porto Colheita de 50 anos
por Suzana Barelli
A Taylor's, tradicional casa de vinho do
Porto, escolheu o mercado brasileiro para fazer o lançamento de seu
“novo” vinho: é um Porto Colheita 1964, que chegará ao mercado no começo
de 2014. O vinho, que desde o ano de sua safra está envelhecendo nos
cascos de madeira de Vila Nova de Gaia, em Portugal, tem uma cor âmbar
característica e os típicos aromas de oxidação, com boa complexidade. O
lançamento visa aqueles que querem brindar os 50 anos, seja de
nascimento, de casamento ou de algum evento especial do ano de 1964. "É
uma demanda dos nossos clientes, principalmente do mercado
norte-americano", afirma o inglês Adrian Bridge, CEO da The Fladgate
Partnership, grupo que reúne as casas do Porto Taylor’s, Fonseca e
Croft.
Armazém da Taylor's em Vila Nova de Gaia, onde os Portos envelhecem
Para marcar a novidade, que será importada pela Qualimpor, por
preço ainda não definido, Bridge promoveu uma degustação com sete Porto
Vintage da casa, de 1963 ao 2011. Na seleção das garrafas trazidas
especialmente para o Brasil, foram eleitos aqueles vintages considerados
o melhor de cada década – vale lembra que vintage é o estilo de Porto
elaborado com uvas de apenas uma safra, que ficam em barricas por dois
anos e meio e depois envelhecem na garrafa. Só são declarados Vintage
safras de boa qualidade. A degustação começou com o Vintage 1963, e nem
poderia ser diferente. Este é considerado um dos melhores anos Vintage
da história do vinho do Porto.
A Quinta da Vargellas, uma das três quintas que dão origem ao vinho do Porto
Na época, o vinho nascia na Quinta de Vargellas, que ficava a 8
horas da cidade do Porto, e eletricidade não havia por lá. De cor âmbar,
com muitos sedimentos, tinha agradáveis notas de evolução, com destaque
com para o que os especialistas chamam de caixa de charuto e couro. E
boa acidez. O vinho já viveu o seu auge, mas não esta decadente, muito
pelo contrario. O Vintage 1977 marca a chegada da eletricidade à
vinícola e também das uvas da Quinta da Terra Feita, propriedade
comprada pela Taylor’s em 1974. De cor rubi para âmbar e nítidas notas
florais e de compota de cereja e boa concentração. Na década seguinte
foi eleito o 1885, já elaborado com a preocupação de se controlar melhor
a temperatura da fermentação, preservando melhor as notas frutadas.
O Porto Colheira 1964, para quem comemora 50 anos em 2014
Seus aromas de fruta lembram cereja e frutas silvestres. No
paladar, taninos bem sedosos, gosto de figo e algo de evolução. O de
1994 se mostrou bem jovem, encorpado, com taninos mais evidentes, boa
intensidade de fruta (amoras), boa acidez. O Vintage 2000, o primeiro
representante do novo século, tem cor rubi escura, com taninos mais
presentes, muita fruta escura (amoras, groselhas), mais exuberante, com
notas de chocolate no final, bem elegante. É também a safra que marca a
chegada das uvas da Quinta do Junco, à Taylor’s, caracterizada pelas
suas vinhas velhas. No painel, traz a impressão de uma mudança no estilo
da casa – que Bridge nega. “Desde 1992 começamos a escolher a nossa
aguardente e isso reflete no vinho”, afirma.
Os vintages da prova vertical
A aguardente que é adicionada para interromper a fermentação nos
vinhos do Porto é adquirida em Bordeaux. “Hoje, sabemos escolher aquelas
aguardentes capazes de acompanhar a evolução de vinho e durar por
décadas”, conta. Em seguida, o 2007 se mostrou bem jovem, com cor
violácea intensa, densa, com notas de frutas secas, algo de ervas finas,
e taninos potentes. O final do painel traz o 2011, o mais recente
vintage da história, e considerado ano vintage pela qualidade da safra. É
o vintage perfeito para fechar com chave de ouro a degustação, vendido
por R$ 700, na Qualimpor. É um Porto de cor rubi bem escura, denso, com
uma densidade de frutas imensa, com frescor, força e complexidade. É uma
história contada nas taças.
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