domingo, 2 de fevereiro de 2014

Petrobras terceiriza parte das refinarias


A estratégia salvará alguns bilhões de investimento no curto prazo, mas também representará menos receita futura, segundo fontes que acompanham o projeto

Sabrina Valle, do
Pedro Lobo/Bloomberg News
Tanques da Petrobras na refinaria da companhia em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro

Tanques para armazenar petróleo da Petrobras na refinaria da companhia em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro

Rio - A saída da Petrobras para tornar economicamente viáveis os projetos das duas refinarias Premium no Nordeste, orçadas inicialmente em mais de US$ 30 bilhões, foi terceirizar parte da infraestrutura associada às duas unidades, antes a cargo da estatal. A estratégia salvará alguns bilhões de investimento no curto prazo, mas também representará menos receita futura, segundo fontes que acompanham o projeto. A decisão de abrir mão de ganhos futuros em troca de menos gastos no presente vem sendo repetida num cenário em que a Petrobras, por um lado, tem o caixa espremido pelo controle de preços de combustíveis e, por outro, sofre pressão para elevar investimentos.

A confirmação de construção das refinarias é aguardada com ansiedade pelos governos de Maranhão (Premium 1) e Ceará (Premium 2), por seus investimentos bilionários. As obras foram anunciadas durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, e chegaram a ter cerimônia de lançamento.

Mas, em 2012, a Petrobras, sob gestão de Graça Foster, colocou os projetos na geladeira para revisão, por estarem caros demais. A petroleira contratou no ano passado uma consultoria americana, Mustang, e conseguiu transformar de negativo para positivo os cálculos de rentabilidade medidos por valor presente líquido.

A estratégia, porém, não foi apenas tornar o projeto mais compacto espacialmente, reduzindo dutos e áreas de tancagem, como informou a Petrobras - mas especialmente terceirizar serviços e infraestrutura. O plano foi apresentado a potenciais parceiros, entre eles a chinesa Sinopec, com quem Petrobrás negocia sociedade. Para parte dos produtos produzidos, a infraestrutura de recolhimento também passará ao cliente que comprar o derivado.

O governador do Ceará, Cid Gomes, disse a jornalistas de seu Estado que a Petrobras decidiu "delegar a outros sujeitos boa parte do que antes estava previsto como responsabilidade sua na refinaria". Seu governo, por exemplo, absorveu a preparação da infraestrutura de tratamento de água, numa parceria público-privada de R$ 2 bilhões com uma empresa espanhola projetada para servir também ao complexo industrial de Pecém. "Para não dar aquele investimento muito elevado de US$ 11 bilhões, eles tomaram a decisão de abrir para fornecedores de serviços", disse à imprensa local durante um evento há duas semanas. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Conta de água em São Paulo pode cair até 48%


Dilma Pena anunciou programa de descontos que poderá fazer com que o valor da conta de água e esgoto caia caso consumidor economize água

Luciano Bottini Filho, do
Getty Images
Torneira jorrando água

Torneira aberta: objetivo da iniciativa é que haja redução no consumo, que está em alta por conta do calor

São Paulo - Após o Sistema Cantareira atingir o nível mais baixo da história, a presidente da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, anunciou ontem um programa de descontos que poderá fazer com que o valor da conta de água e esgoto caia até 48 %.

A empresa concederá um desconto de 30% na fatura de água e esgoto para os consumidores abastecidos pelo Sistema Cantareira que economizarem 20% de seu gasto médio mensal, antecipou ontem o jornal Folha de S. Paulo. Porém, o valor da conta poderá cair até 48%, de acordo com a quantidade de litros economizados e a possibilidade de pagar uma tarifa menor, por causa da mudança da faixa de consumo. Por exemplo: um morador que usa, em média, 15 mil litros de água por mês, gasta R$ 59,4. Se seu consumo cair para 12 mil litros mensais, sua conta cairá para R$ 30,9. Nesse caso, a economia será de 48,4%.

O programa inclui as regiões central e norte da capital paulista, além de partes das zonas leste e oeste. Também participam as cidades de Barueri, Caieiras, Carapicuíba, Francisco Morato, Francisco da Rocha, Itapevi, Jandira, Osasco e Santana da Parnaíba, na Grande São Paulo. A medida emergencial começou a valer ontem e tenta impedir um possível racionamento na Região Metropolitana de São Paulo. Todos os consumidores que poderão ter o desconto receberão um aviso da Sabesp, na próxima conta, de que sua casa é abastecida pelo Sistema Cantareira. A conta indicará ainda o consumo médio mensal, com base nos últimos 12 meses, e quanto será preciso economizar para obter o desconto.

A redução da tarifa valerá nas contas de março a agosto, com exceção de Santa de Parnaíba, onde o período será de abril a setembro. A média diária de consumo por pessoa na Grande São Paulo é de 161 litros e a Sabesp quer que ela passe para 128 litros. A meta da concessionária é 18 litros maior do que o mínimo considerado razoável para as necessidades básicas de uma pessoa.

Na prática, a Sabesp, que também fará uma campanha publicitária de esclarecimento, pede que população passe menos tempo no banho, abandone as mangueiras na hora de lavar o carro e feche a torneira quando for ensaboar a louça. "Estamos adotando esse incentivo econômico para assegurar que todos nós tenhamos água ao longo do ano", afirmou ontem Dilma Pena. "Acreditamos que essas medidas serão suficientes para o abastecimento da população. A palavra racionamento não está no nosso radar", enfatizou a presidente.

 As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

MP denuncia 12 em caso da Alstom em SP


Investigação envolve contrato firmado em 1998 pela multinacional francesa Alstom com uma companhia de energia do governo de São Paulo

Fernando Gallo e Fausto Macedo, do
Bloomberg
Fábrica da Alstom na Inglaterra
Fábrica da Alstom: empresa também é alvo de inquérito sobre irregularidades na venda de equipamentos e serviços para o Metrô e a CPTM.

São Paulo - O Ministério Público Federal denunciou, na sexta-feira, 31 de janeiro, à Justiça doze investigados por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro relativos a um aditivo de contrato firmado em 1998 pela multinacional francesa Alstom com uma companhia de energia do governo de São Paulo. Entre os denunciados estão dois ex-diretores de estatais paulistas. Segundo a denúncia, o pagamento de propina a funcionários públicos do Estado ocorreu entre 1998 e 2003. O período compreende as gestões de Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

É a primeira denúncia de caráter criminal envolvendo uma empresa do cartel dos setores de energia e metroferroviário, por práticas que são investigadas, no Brasil, desde 2008. A Alston também é alvo de outro inquérito sobre irregularidades na venda de equipamentos e serviços para o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Segundo a Procuradoria da República, os crimes foram praticados quando da assinatura do décimo aditivo do contrato Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo), assinado pela Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE) com a Alstom e outras três empresas por R$ 181,3 milhões, em valores atualizados.

O aditivo se referia ao fornecimento de equipamento para construção e ampliação de três estações de transmissão de energia e compra de equipamentos que serviriam para a expansão do Metrô paulista. O valor da propina pago pelo esquema para que não houvesse licitação, segundo a Procuradoria, foi de R$ 23,3 milhões, em valores corrigidos pelo IGP-M. O vereador Andrea Matarazzo (PSDB), que chegou a ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, não foi denunciado. "Forçoso reconhecer a inexistência, pelo menos por ora, de elementos de prova suficientes para a propositura da ação penal pública", avaliou a Procuradoria que, no entanto, requereu abertura de inquérito policial autônomo para investigar a conduta do tucano.

A denúncia mira principalmente dois novos personagens do Caso Alstom, acusados por corrupção passiva: o ex-presidente da EPTE José Sidnei Colombo Martini - hoje professor da Escola Politécnica da USP e prefeito da Cidade Universitária - e Celso Sebastião Cerchiari, diretor de operações da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, concessionária privada de energia que incorporou a EPTE em 2001. Cerchiari e Martini foram investigados pela Polícia Federal, mas não indiciados. 

Petrobras vale em bolsa apenas 53,9% de seu patrimônio


Soma é a menor relação desde janeiro de 1999; papéis seguem em queda

Angelo Pavini, da
Divulgação/Petrobras
Petrobras

Petrobras: papéis enfrentam problemas por conta da baixa rentabilidade provocada pelo represamento dos reajustes dos combustíveis pelo governo e pelos altos investimentos no pré-sal

São Paulo - O valor das ações da Petrobras no mercado somadas equivale a 53,9% do total de seus ativos, ou seja, refinarias, barcos, plataformas etc. É o menor percentual desde 29 de janeiro de 1999. O cálculo foi feito pela Economática, levando em conta o preço de fechamento das ações ontem, dia 30. Hoje, essa relação deve ser ainda menor, uma vez que os papéis seguem em queda.

A relação entre o valor de mercado e o valor patrimonial de uma empresa é uma das formas que os analistas usam para verificar se uma ação está barata. Quanto menor essa relação, mais barata estaria a ação, uma vez que seria possível comprar seus ativos na bolsa com um grande desconto. Mas tudo depende do motivo dessa queda, pois às vezes a empresa está com uma perspectiva de ganhos tão ruim que não compensa comprar as ações mesmo com esse desconto.

No caso da Petrobras, os papéis enfrentam problemas por conta da baixa rentabilidade provocada pelo represamento dos reajustes dos combustíveis pelo governo e pelos altos investimentos no pré-sal. Mas, neste mês, eles foram mais prejudicados recentemente pela turbulência que afastou os investidores estrangeiros do mercado de capitais.

A Economática estimou em R$ 183,8 bilhões o valor de mercado da Petrobras ontem, para um patrimônio de R$ 341,3 bilhões. O maior valor atingido pela empresa após a oferta pública do pré-sal ocorreu em 8 de março de 2011, quando a estatal atingiu R$ 413,3 bilhões no mercado. Desde então e até ontem, a Petrobras perdeu R$ 229 bilhões em valor de mercado.

Mesmo em relação ao fim de 2013, quando a estatal valia R$ 214,6 bilhões, a perda é expressiva: R$ 30,8 bilhões. O valor de mercado da Petrobras hoje está próximo do atingido na crise dos mercados internacionais de 2008, em 5 de dezembro daquele ano, de R$ 176,2 bilhões.

‘Economist’: a festa acabou para Argentina e Venezuela

  • Inflação alta, depreciação cambial e políticas inadequadas são comuns aos dois, diz publicação
O GLOBO  


BUENOS AIRES e CARACAS- Em um artigo crítico, a revista britânica “The Economist” afirma, na edição desta semana, que “a festa acabou” para as economias mais frágeis da América Latina — Argentina e Venezuela. Sem fundamentos sólidos, ambos esbanjaram durante o ciclo de valorização das commodities — soja (Argentina) e petróleo (Venezuela) — e, hoje, culpam o setor privado por suas mazelas enquanto enfrentam inflação alta e depreciação cambial com controles administrativos e intervenções, diz a publicação, acrescentando que os dois disputam o título de “alternativo”.

A revista destaca que a inflação na Argentina, na faixa de 28% (índice extra-oficial), é pressionada por políticas monetária e fiscal frouxas e que a taxa de câmbio oficial é sobrevalorizada. E diz que o país deu um passo na direção da normalidade ao liberar parcialmente controles sobre as divisas. 

A Venezuela, por sua vez, vive uma época de escassez de dólares e dificuldades para pagar suas contas. “Embora os pagamentos aos credores da dívida, de cerca de US$ 5 bilhões neste ano, não pareçam estar em risco, os atrasos em débitos não-financeiros equivalem a dez vezes esta cifra”, aponta a revista. “Isto inclui mais de US$ 3 bilhões devidos a companhias aéreas internacionais por bilhetes vendidos em bolívares, e aproximadamente US$ 9 bilhões em importações do setor privado que não foram pagas por falta de dólares”, lista a publicação.

“Os efeitos já são aparentes. As empresas aéreas impuseram restrições à venda de passagens; algumas suspenderam completamente. Muitos remédios e peças para reposição de equipamentos médicos estão em falta. Autopeças, inclusive baterias, são crescentemente difíceis de encontrar; jornais estão fechando por falta de papel. A maior companhia privada do país, a Empresas Polar, que processa alimentos básicos, luta para manter a produção”, informa a “Economist”.

A revista frisa que, se o governo mudasse a postura em relação ao capital privado, o setor de petróleo poderia levar dinheiro ao país e dar força à produção, que está estagnada. Sem isso, o desabastecimento já percebido no país deve piorar. Assim, se a Argentina ficar como título de “alternativo”, a Venezuela precisará de uma categoria nova para se enquadrar, ironiza a revista.
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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Companhias demitem e apagam dados, sem avisar : Para se protegerem, companhias apagam remotamente as informações nos dispositivos pessoais de ex-funcionários.


No início de outubro, Michael Irvin se levantava para deixar um restaurante em Nova York quando olhou para o seu iPhone e notou que ele estava desligando. Quando conseguiu ligá-lo novamente, todas as suas informações - programas de e-mail, contatos, fotos de família, aplicativos e músicas que havia baixado - tinham desaparecido.

"Parecia que ele tinha vindo direto da fábrica", afirma Irvin, consultor independente de planos de saúde.

Não era um defeito do aparelho. As informações haviam sido apagadas pela AlphaCare, de Nova York, um cliente para quem ele estava trabalhando em tempo integral desde outubro. Irvin recebeu um e-mail da AlphaCare confirmando que os dados do aparelho haviam sido remotamente deletados.

À medida que mais companhias permitem e encorajam funcionários a usarem seus próprios telefones e tablets para atividades profissionais - tendência chamada "bring your own device", ou Byod (traga seu próprio dispositivo, em português) -, trabalhadores têm se deparado com algumas consequências inesperadas. Eles têm visto os dados dos seus aparelhos serem apagados remotamente e até mesmo sem nenhum aviso prévio. Em alguns casos, isso tem ocorrido depois que saem da empresa. Em outros, enquanto ainda estão trabalhando nela. O objetivo das empresas é proteger suas informações.

Segundo uma pesquisa da empresa de proteção de dados Acronis, 21% das companhias promovem essas limpezas remotas quando o funcionário se desliga delas.

Joel Landau, diretor do conselho de administração da AlphaCare, não quis confirmar se os dados do telefone de Irvin tinham sido apagados. Ele enviou uma cópia dos procedimentos de Byod da empresa, que começaram a vigorar em julho e incluem uma referência à limpeza remota. Irvin diz que nunca recebeu uma cópia dessas regras.

A exclusão de dados de telefone é apenas um exemplo das complicações que surgem quando se elimina a divisão entre vida pessoal e profissional. Os empregadores cada vez mais esperam que os funcionários estejam disponíveis todos os dias, 24 horas por dia, mas nem sempre oferecem os equipamentos para que isso seja possível, deixando os trabalhadores diante de um dilema: correr o risco de perder seus dados pessoais ou se negar a usar o próprio aparelho para fins profissionais, o que pode aparentar falta de comprometimento com o trabalho.

Por enquanto, essa prática encontra-se em um limbo jurídico, segundo advogados, graças à incapacidade da legislação de acompanhar o ritmo da inovação e à falta de jurisprudência. A Sociedade de Gestão de Recursos Humanos dos Estados Unidos alertou seus membros em novembro que a eliminação de dados dos telefones acabará provavelmente sendo avaliada pelos tribunais.

Se apagar dados dos telefones é uma necessidade do ponto de vista da proteção das informações, as empresas devem avisar antecipadamente os empregados para que eles possam fazer uma cópia dos seus dados pessoais, diz Lewis Maltby, fundador do Instituto Nacional dos Direitos dos Trabalhadores, organização americana sem fins lucrativos que monitora questões relacionadas ao ambiente de trabalho, como a privacidade.

Muitos empregadores têm um acordo de uso pró-forma que aparece na tela do aparelho quando o funcionário acessa o e-mail ou o servidor de rede por meio do seu próprio dispositivo, acrescenta Maltby. Mas mesmo que esses documentos afirmem explicitamente que a companhia pode apagar dados remotamente, os funcionários geralmente não leem essas mensagens antes de clicar na opção "aceitar".

A eliminação dos dados de telefones se tornou a queixa mais comum recebida nos últimos meses pela organização, diz Maltby.

Philip Gordon, um dos líderes do grupo de privacidade e checagem de antecedência do escritório de advocacia Littler Mendelson, especializado na área trabalhista, tem dois clientes que enfrentaram queixas de ex-funcionários cujos dados dos telefones foram apagados, todos exigindo indenizações. (Em um dos casos, o funcionário perdeu fotos de um parente que havia morrido.) Apesar de nenhum deles ter recorrido à Justiça, Gordon prevê que os meios legais para os trabalhadores podem ser encontrados nos estatutos dos Estados americanos sobre invasões a computadores, originalmente criados para processar hackers.

Um ex-funcionário da empresa de computação em nuvem EMC Corp., de Massachusetts, que pediu anonimato, disse que os dados do seu celular foram apagados há alguns anos após ele ter sido demitido por não ter cumprido metas de vendas. Quando ele começou a trabalhar, ele não tinha um smartphone e a EMC não providenciou um. Segundo ele, como estava perdendo mensagens enviadas tarde da noite sobre mudanças de reuniões e outras informações importantes, decidiu comprar um.

À meia-noite do dia em que foi demitido, o telefone apagou. "Fiquei totalmente surpreso", disse. "Eu sei que eles podem proteger seus dados, mas se essa é uma política tão importante, não deveríamos estar misturando o profissional e o pessoal." Ele não se lembra de ter assinado nenhum acordo de uso, apesar de admitir que uma mensagem surgiu na tela na primeira vez que acessou o servidor da EMC, mas que, "como todo mundo", apenas clicou onde estava escrito "OK".

Em um comunicado, a EMC se recusou a comentar casos individuais, mas disse que, "em termos de procedimentos padronizados", não remove informações pessoais de celulares particulares de funcionários que deixam a empresa.

Desde que a tendência de usar aparelhos próprios no trabalho começou a crescer, há cerca de dois anos, a maioria das grandes empresas adotou sistemas de gerenciamento de dispositivos móveis para abranger o número crescente de produtos tecnológicos que os funcionários usam, diz Lawrence Pingree, da empresa de pesquisas de tecnologia Gartner.

As versões mais recentes desses softwares permitem que a equipe da área de Tecnologia da Informação remova cirurgicamente de um smartphone ou computador dados relacionados ao trabalho, um recurso que está se tornando a melhor prática nesses casos, diz ele.


Fonte: Valor Econômico / The Wall Street Journal, por Lauren Weber , 23.01.2014

‘Bolha dos emergentes’ parece estar estourando, afirma Nobel de Economia

Paul Krugman diz que situação na Turquia não parece tão ruim, mas há risco de contágio para outros países emergentes, inclusive o Brasil

Altamiro Silva Júnior, correspondente da Agência Estado
 
 
NOVA YORK - "Estamos vendo o que parece ser o estouro de uma bolha dos países emergentes. E uma crise nestes mercados pode, de forma plausível, transformar o risco de deflação na zona do euro em realidade", avalia o prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, em sua coluna nesta sexta-feira no jornal New York Times, destacando que a Europa pode passar por situação semelhante a do Japão, que viu sua economia estagnada por anos.

Krugman não está muito otimista com o desenrolar da recente turbulência nos países emergentes. Para ele, o problema não é da Turquia, uma economia menor que a área de Los Angeles, ou Índia, Hungria, África do Sul e qualquer outros mercado emergente que pode se tornar a bola da vez. "O verdadeiro problema é que as nações mais ricas, sobretudo Estados Unidos e a zona do euro, fracassaram em lidar com suas próprias fraquezas", afirma o economista no artigo.

O economista diz que as crises financeiras têm ficado mais próximas umas das outras e com resultados mais severos, em termos de impactos na economia real. Por um longo período após a Segunda Guerra o mundo ficou livre de crises financeiras, provavelmente, avalia Krugman, porque muitos governos restringiram movimentos de capital entre países. Em anos recentes, a situação piorou, com uma crise atrás da outra, na América Latina, Estados Unidos, Ásia e Europa. "Se a forma da crise parece a mesma, os efeitos estão ficando piores."

Para o economista, o respingo direto no mundo da crise na Turquia não será grande, mas o problema é que se volta a ouvir com frequência a palavra "contágio" e o temor de que os problemas turcos contagiem todos os emergentes. No geral, a situação financeira da Turquia "não parece tão ruim", escreve Krugman, mas o país "parece estar em sérios problemas" e a China parece um pouco abalada também. A dívida do governo turco é baixa, mas o setor privado tomou muitos empréstimos no exterior.

"O que torna estes problemas assustadores são as fraquezas das economias ocidentais, uma fraqueza que se torna muito pior por conta de políticas muito, mas muito, ruins", escreve o economista na conclusão de seu artigo.