- Inflação alta, depreciação cambial e políticas inadequadas são comuns aos dois, diz publicação
O GLOBO
BUENOS AIRES e CARACAS- Em um artigo crítico, a revista britânica
“The Economist” afirma, na edição desta semana, que “a festa acabou”
para as economias mais frágeis da América Latina — Argentina e
Venezuela. Sem fundamentos sólidos, ambos esbanjaram durante o ciclo de
valorização das commodities — soja (Argentina) e petróleo (Venezuela) —
e, hoje, culpam o setor privado por suas mazelas enquanto enfrentam
inflação alta e depreciação cambial com controles administrativos e
intervenções, diz a publicação, acrescentando que os dois disputam o
título de “alternativo”.
A revista destaca que a inflação na
Argentina, na faixa de 28% (índice extra-oficial), é pressionada por
políticas monetária e fiscal frouxas e que a taxa de câmbio oficial é
sobrevalorizada. E diz que o país deu um passo na direção da normalidade
ao liberar parcialmente controles sobre as divisas.
A Venezuela,
por sua vez, vive uma época de escassez de dólares e dificuldades para
pagar suas contas. “Embora os pagamentos aos credores da dívida, de
cerca de US$ 5 bilhões neste ano, não pareçam estar em risco, os atrasos
em débitos não-financeiros equivalem a dez vezes esta cifra”, aponta a
revista. “Isto inclui mais de US$ 3 bilhões devidos a companhias aéreas
internacionais por bilhetes vendidos em bolívares, e aproximadamente US$
9 bilhões em importações do setor privado que não foram pagas por falta
de dólares”, lista a publicação.
“Os efeitos já são aparentes. As
empresas aéreas impuseram restrições à venda de passagens; algumas
suspenderam completamente. Muitos remédios e peças para reposição de
equipamentos médicos estão em falta. Autopeças, inclusive baterias, são
crescentemente difíceis de encontrar; jornais estão fechando por falta
de papel. A maior companhia privada do país, a Empresas Polar, que
processa alimentos básicos, luta para manter a produção”, informa a
“Economist”.
A revista frisa que, se o governo mudasse a postura
em relação ao capital privado, o setor de petróleo poderia levar
dinheiro ao país e dar força à produção, que está estagnada. Sem isso, o
desabastecimento já percebido no país deve piorar. Assim, se a
Argentina ficar como título de “alternativo”, a Venezuela precisará de
uma categoria nova para se enquadrar, ironiza a revista.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/economist-festa-acabou-para-argentina-venezuela-11477312#ixzz2sA9Ip8K3
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