Paul Krugman diz que situação na Turquia não parece tão ruim, mas há risco de contágio para outros países emergentes, inclusive o Brasil
Altamiro Silva Júnior, correspondente da Agência Estado
NOVA YORK - "Estamos vendo o que parece ser o estouro de
uma bolha dos países emergentes. E uma crise nestes mercados pode, de
forma plausível, transformar o risco de deflação na zona do euro em
realidade", avalia o prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, em sua
coluna nesta sexta-feira no jornal New York Times, destacando que a Europa pode passar por situação semelhante a do Japão, que viu sua economia estagnada por anos.
Krugman não está muito otimista com o desenrolar da recente
turbulência nos países emergentes. Para ele, o problema não é da
Turquia, uma economia menor que a área de Los Angeles, ou Índia,
Hungria, África do Sul e qualquer outros mercado emergente que pode se
tornar a bola da vez. "O verdadeiro problema é que as nações mais ricas,
sobretudo Estados Unidos e a zona do euro, fracassaram em lidar com
suas próprias fraquezas", afirma o economista no artigo.
O economista diz que as crises financeiras têm ficado mais próximas
umas das outras e com resultados mais severos, em termos de impactos na
economia real. Por um longo período após a Segunda Guerra o mundo ficou
livre de crises financeiras, provavelmente, avalia Krugman, porque
muitos governos restringiram movimentos de capital entre países. Em anos
recentes, a situação piorou, com uma crise atrás da outra, na América
Latina, Estados Unidos, Ásia e Europa. "Se a forma da crise parece a
mesma, os efeitos estão ficando piores."
Para o economista, o respingo direto no mundo da crise na Turquia não
será grande, mas o problema é que se volta a ouvir com frequência a
palavra "contágio" e o temor de que os problemas turcos contagiem todos
os emergentes. No geral, a situação financeira da Turquia "não parece
tão ruim", escreve Krugman, mas o país "parece estar em sérios
problemas" e a China parece um pouco abalada também. A dívida do governo
turco é baixa, mas o setor privado tomou muitos empréstimos no
exterior.
"O que torna estes problemas assustadores são as fraquezas das
economias ocidentais, uma fraqueza que se torna muito pior por conta de
políticas muito, mas muito, ruins", escreve o economista na conclusão de
seu artigo.
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