sexta-feira, 18 de março de 2016

Petrobras projeta corte de 12 mil empregados no país


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Petrobras
Petrobras: as condições do plano já foram definidas e devem ser apresentadas aos funcionários ainda neste semestre
 
Antonio Pita e Fernanda Nunes, do Estadão Conteúdo


Rio de Janeiro - A Petrobras planeja apresentar aos funcionários um novo Plano de Demissão Voluntária (PDV) para desligar até 12 mil trabalhadores, dentro do seu plano de reestruturação.

Segundo fontes próximas às negociações, as condições do plano já foram definidas e devem ser apresentadas aos funcionários ainda neste semestre. A previsão é que o PDV seja incluído no Plano de Negócios para o período de 2016 e 2020, que deve ser apresentado no próximo mês.

O corte representa cerca de 15% do total de 77,8 mil funcionários efetivos da Petrobras, e envolve, além da área administrativa, também as subsidiárias BR Distribuidora e Transpetro, entre outras.

Os cortes nas subsidiárias são vistos como uma etapa do ajuste interno na gestão, com o objetivo de tornar as duas empresas mais atrativas para uma venda.

A previsão é contemplar tanto funcionários novos quanto antigos, aposentáveis ou não, para garantir o maior número de adesões. Os interessados receberão indenização proporcional ao tempo de serviço, idade e salário.

O plano deverá ser apresentado aos empregados ainda neste semestre e terá, a princípio, duração de dois meses. As condições do plano já teriam sido apresentadas a centrais sindicais por executivos da petroleira, e aguardam apenas validação final pelo conselho de administração.

O último PDV da companhia, anunciado em janeiro de 2014, teve adesão de 6,2 mil funcionários, com economia estimada de R$ 13 bilhões até 2018. Em nota, a Petrobras informou que "não há qualquer decisão tomada em relação a plano de demissão voluntária”.
 

Mudança


O tema estava na pauta da reunião extraordinária do colegiado na última sexta-feira, dia 14.

O encontro, entretanto, foi cancelado de última hora em função de um impasse entre os conselheiros sobre a reestruturação administrativa da empresa.

Alguns conselheiros defendem que toda a diretoria seja substituída, uma vez que os atuais executivos assumiram o cargo de forma interina, em fevereiro de 2015, após a renúncia coletiva dos antigos diretores da gestão Graça Foster.

Eles argumentam também que o conselho tem um Comitê de Remuneração e Sucessão, que poderia indicar novos nomes.

A posição do atual comando da companhia é manter os executivos - até mesmo o diretor de Gás e Energia, Hugo Repsold.

No novo desenho de governança da estatal, a diretoria foi extinta e teve suas atribuições e gerências redistribuídas. Ainda assim, o executivo continua trabalhando no cargo.

A definição dos escolhidos para as funções gerenciais de segundo escalão, que terão cortes de até 40%, também está na pauta do conselho à espera de votação. A previsão é que o tema seja deliberado no próximo encontro, dia 21, quando será analisado o resultado financeiro de 2015.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



Segunda liminar é derrubada e Lula volta a ser ministro


Roberto Stuckert Filho / PR / Agência Brasil
Presidente Dilma Rousseff observa ex-presidente Lula assinando seu termo de posse como ministro, Brasília, dia 17/03/2016
Posse como ministro:
São Paulo – O Tribunal Regional Federal derrubou nesta sexta-feira (18) a liminar da 6ª Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro que suspendia a nomeaçao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na chefia da Casa Civil.

Com ambos os pedidos derrubados, Lula volta a ser ministro empossado.
A decisão foi assinada pelo desembargador Reis Friede, vice-presidente do TRF, de acordo com pedido da Advocacia Geral da União (AGU).

VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA

O vice-presidente do TRF2, no exercício da Presidência, decidiu suspender liminar da primeira instância do Rio de Janeiro, que impedia a posse do recém-nomeado ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República. A decisão foi proferida em pedido apresentado pela Advocacia Geral da União (AGU).
A liminar fora concedida em ação popular. Nos termos da decisão do desembargador, o juízo de primeiro grau não é competente para analisar o pedido apresentado na ação popular, "uma vez que este impugna ato privativo de Presidente da República, o qual deve ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal".

O vice-presidente também ressaltou que não cabe ao Judiciário se imiscuir em considerações de caráter político, já que deve se limitar a observar a correta aplicação das leis e da Constituição: "Não se pode olvidar, principalmente em um momento de clamor social como o que vivemos, que os atos administrativos gozam de presunção de legalidade, veracidade e legitimidade, a qual somente pode ser afastada mediante prova cabal, constante nos autos, acerca de sua nulidade", ressaltou.

Ainda, o vice-presidente entendeu que a liminar poderia acarretar grave lesão à ordem e à economia públicas, "tendo em vista o risco de agravamento da crise político-social que a nação atravessa".

VEJA A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO




Suíça promete a Janot enviar 'avalanche' de dados sobre políticos brasileiros


Acordo com país europeu permitirá ao Brasil processar suspeitos não só por corrupção, mas por sonegação e evasão, ligados a pelo menos US$ 800 milhões

BERNA - O Ministério  Público da Suíça fechou um acordo com a Procuradoria-Geral da República para transferir ao Brasil "milhares" de documentos, extratos e informações sobre as contas envolvendo políticos e outros suspeitos na Operação Lava Jato. Pelo entendimento informal, o Brasil será autorizado a usar os dados para processar suspeitos não apenas por corrupção, mas também por sonegação fiscal e evasão, ligados a com pelo menos US$ 800 milhões depositados no país europeu.

O acordo foi fechado na quinta-feira, numa reunião de quatro horas entre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e Michael Lauber, seu homólogo suíço. Para o país europeu, que não penaliza a sonegação no exterior por um estrangeiro, o entendimento é "revolucionário" e permitirá que "dezenas de suspeitos" sejam punidos.


Rodrigo Janot, procurador-geral da República, ao embarcar de Berna (Suíça) para Paris (França), em 18 de março
Rodrigo Janot, procurador-geral da República, ao embarcar de Berna (Suíça) para Paris (França), em 18 de março
Os suíços informaram que já bloquearam US$ 800 milhões em mais de mil contas suspeitas. Os correntistas são políticos, executivos e doleiros envolvidos na Lava Jato. Fontes em Berna, porém, temiam que, para chegar às provas sobre corrupção, os processos poderiam levar anos. 

Uma forma de acelerar o trâmite desses casos é identificar o crime como sonegação, levando em conta as centenas de contas não declaradas. "Como é que o Al Capone foi pego?", comentou uma fonte em Berna, em referência ao gângster americano que foi preso pelos crimes contra o Fisco dos Estados Unidos.

Para isso, porém, o Brasil fará uma consulta formal aos suíços sobre a possibilidade de usar os extratos bancários para abrir inquéritos não apenas por corrupção, mas também por evasão fiscal. 

A aceitação por parte dos suíços, já confirmada na reunião de quinta-feira, vai ser enviada ao Brasil por meio de uma nota diplomática. "Será uma avalanche de processos", na definição de um dos participantes do encontro. 

Investigadores apontam que, das mil contas já identificadas, o trabalho para traçar a origem do dinheiro pode ainda levar "meses, senão anos". O que surpreendeu os especialistas suíços é a rede de empresas offshore, doleiros e intermediários envolvido nos casos, o que dificulta a identificação da origem dos ativos. Com a acusação simples de sonegação, o mero fato de a conta existir já é suficiente para que haja um inquérito.

Nem brasileiros nem suíços aceitaram por enquanto revelar os nomes dos políticos envolvidos. "Mas a lista abarca todo o cenário partidário brasileiro", indicou uma fonte em Berna que acompanha o caso.
"Modelo Cunha". O modelo usado para a autorização para usar os extratos por sonegação partiu do caso do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Janot já havia feito uma consulta no mês passado sobre a possibilidade de usar os documentos do deputado para o acusar de sonegação, o que foi liberado pelos suíços.

Com o sinal verde obtido, Janot partiu para um pedido amplo para que todos os casos possam seguir esse benefício. 

Outro acordo que começa a ser costurado por brasileiros e suíços é a transferência completa de investigações de Berna para Brasília. Para os suíços, suspeitos brasileiros dificilmente serão presos, já que não mais farão viagens para o país europeu. Ao transferir os casos ao Brasil, Berna abre mão de sua jurisdição e envia toda a documentação bancária colhida.

Uma vez mais, o modelo é de Eduardo Cunha. Fontes do MP suíço confirmaram ao Estado que, no acordo, ficou estabelecido que o Brasil teve acesso a todos os documentos de todas as movimentações bancárias das empresas offshore que são suspeitas de terem sido criadas para abrigar as supostas propinas recebidas pelo deputado - o que ele nega.

Para os suíços, porém, a transferência também faz sentido. Berna alega que, com Cunha e sua família no Brasil, as chances de o prenderem na Suíça ou interrogarem o político na Europa são reduzidas. 
Pelo menos mais dois casos devem chegar à PRG em Brasília até meados dos ano. E todos poderão ser investigados por sonegação, além de corrupção.



Recessão caminha para ser a mais grave da história do Brasil




Design Pics/Thinkstock
Fila de carros estacionados
À venda: pátios cheios de carros são evidência de uma das piores fases da indústria no Brasil



São Paulo — Talvez nenhum período da história recente tenha deixado tantas más lembranças para os brasileiros quanto os anos 80. Foi nessa época que o país conviveu mais intensamente com as insanidades da hiperinflação, do alto desemprego, da destruição generalizada de riqueza e com um desarranjo total da economia.

As mazelas que o Brasil enfrentou então foram sintetizadas na merecida alcunha de década perdida. 

A expressão passou a servir de alerta permanente para os riscos que o descontrole dos preços e da dívida pública acarreta ao crescimento — ou à falta dele. Mas tudo aquilo que, até pouco tempo, parecia sepultado no passado está ressurgindo da tumba.

No dia 3 de março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou que em 2015 a economia sofreu uma retração de 3,8%, a maior desde 1990. Não foi surpresa para ninguém o tombo tão forte. 

Afinal, o Brasil vem desacelerando há sete trimestres consecutivos e as evidências estão por toda parte. O consumo caiu 4%.

A produção recuou em todos os 25 segmentos da indústria de transformação. Os investimentos encolheram pelo segundo ano consecutivo, acumulando uma contração de quase 18%. A taxa de desemprego vem crescendo. E a bolsa de valores oscila entre o pessimismo e surtos de euforia gerados por qualquer fiapo de boa notícia. Esse é o retrato nefasto do momento.

Mas, ao olhar para a frente, vemos que o que está por vir pode assumir proporções trágicas. De acordo com as projeções do banco americano Goldman Sachs, a economia brasileira segue encolhendo no primeiro trimestre de 2016, e a redução de nosso PIB per capita poderá chegar a 10% em dois anos.

No período de 1981 a 1992, a famosa década perdida que começou com uma recessão e terminou em outra, a renda encolheu 7,6%. “O Brasil vai conseguir ter um resultado pior em dois anos do que o registrado durante toda a década perdida”, diz Alberto Ramos, diretor de pesquisas para a América Latina do Goldman Sachs. 

De qualquer ângulo que se observe a economia brasileira, não há motivo para acreditar que o que vemos hoje seja uma deterioração pontual. A maioria dos analistas entrou em 2016 apostando que algum consenso político seria alcançado ainda no começo do ano e logo haveria uma reanimação da economia.

A consultoria Tendências, por exemplo, estimava em dezembro que a economia voltaria a crescer no terceiro trimestre deste ano. Mas, de lá para cá, a crise política só tem se agravado. Isso fez com que em março a Tendências postergasse a expectativa de algum sinal de retomada para o primeiro trimestre de 2017, ou seja, seis meses mais tarde.

Já há quem acredite que não só 2016 esteja condenado mas o ano de 2017 também. Após os termos da suposta delação do senador Delcídio do Amaral virem a público, o banco de investimento Credit Suisse revisou as projeções para a economia brasileira: agora o cenário é de uma queda de 4,2% em 2016, seguida de nova retração de 1% em 2017.

Esse é o prognóstico considerado mais provável pela equipe do economista Nilson Teixeira. Se a crise se agravar ainda mais e gerar uma paralisia ainda maior na economia, este ano poderá terminar com uma redução no PIB de — respire fundo — inacreditáveis 6,1%. Nesse panorama, um tombo maior também seria garantido para 2017: -2,3%.

“O que o Brasil vive é uma grande recessão sem precedentes históricos”, diz o economista Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fun­dação Getulio Vargas. “Uma recessão de magni­tude e duração maior do que qualquer coisa que o país já tenha vivido no último século.”

Caso se concretizem três contrações seguidas do PIB, será a primeira vez desde 1901 que o Brasil registrará uma recessão que poderá perdurar por três anos consecutivos. O país, obviamente, sairá diminuído. Nessa situação, o PIB de 2017 voltaria ao patamar de 2004, anulando assim os ganhos adicionais conquistados em mais de uma década de expansão econômica.

A deterioração sem precedentes levanta a seguinte dúvida: mais que uma recessão, o Brasil caminha para uma depressão? Há pouca convergência sobre o que é de fato uma depressão econômica. Um estudo do Fundo Monetário Internacional traz parâmetros para a discussão.

O trabalho avaliou 21 países da OCDE, grupo de nações mais ricas, entre 1960 e 2007, e mostrou que, em geral, as depressões provocam uma perda acima de 10% do produto interno bruto. “A contração nesse caso é três vezes maior do que a verificada numa recessão severa”, diz Marco Terrones, economista do FMI responsável pela avaliação.

A maior de todas — a Grande Depressão americana dos anos 30 — resultou numa queda total de 29,4% na economia dos Estados Unidos. Pelo conceito usado pelo FMI, o Brasil estaria próximo de cair numa depressão. Para alguns economistas, porém, falta um componente essencial.

De acordo com Monica de Bolle, pesquisadora do centro de estudos Peterson Institute, em Washington, uma depressão só se caracteriza quando há ocorrência também de deflação. Ou seja, uma espiral de preços em queda, fruto da falta de confiança no futuro. Hoje, o Brasil vive justamente o contrário.

No ano passado, a inflação fechou em quase 11%. Era esperado que a redução da atividade econômica agisse como um freio na escalada de preços. Até agora não é isso o que se vê. Em janeiro, o índice de preços ao consumidor avançou 1,27% — número que indica o mesmo ­ritmo de aceleração de 2015. A resiliência da inflação traz de volta outro bicho-papão do passado: a inflação descontrolada.

A disparada de preços não ocorre do dia para a noite. A inflação se aloja gradualmente no tecido econômico. Primeiramente, é a indexação de salários que determina que o piso dos índices de preço sempre avance mais um pouco. Em segundo lugar, é a chamada inflação inercial que entra em ação.

É quando lojistas, fabricantes, prestadores de serviços começam a aumentar preventivamente os preços, pois acreditam que todo o resto da economia está fazendo o mesmo. Aí, o problema já está instalado. Na reedição de antigas encrencas do país, até o famigerado termo “calote” voltou a circular. Em 2014, ninguém falava em risco de calote.

Mas o avanço da dívida pública bruta, que deverá subir 11 pontos percentuais em apenas 24 meses e poderá chegar a 90% do PIB em 2018, acende o sinal amarelo — ainda mais com o governo persistindo em gerar déficit em suas contas, mesmo pagando juros altíssimos.

A Economist Intelligence Unit, braço de estudos e pesquisas da revista britânica The Economist que desde 2013 também funciona como agência de classificação de risco, calcula em 15% o risco de ocorrer um calote na dívida brasileira. É uma situação que ainda parece confortável, mas o fato é que a probabilidade era a metade um ano atrás.

As reservas de 370 bilhões de dólares seriam uma espécie de colchão de segurança. E o fato de a maior parte da dívida estar nas mãos de investidores locais, como bancos e seguradoras, é um alento. No passado, uma crise aguda como a atual acabava com o país batendo na porta do Fundo Monetário Internacional e se submetendo ao ajuste fiscal imposto pela instituição.

Funcionou assim nos anos 60 e 80. Hoje não corremos esse risco. Mas a queda livre na recessão sempre pode trazer surpresas. Ou, como bem ilustrou recentemente o investidor Luis Stuhlberger, principal gestor de recursos do país: em se tratando de Brasil, há sempre o risco de aparecer um alçapão no fundo do poço — e de descobrirmos que o problema é ainda maior.

É da natureza dos empresários apostar que o futuro será melhor — caso contrário, ninguém faria nada, e todo o dinheiro ficaria parado na renda fixa. Mas a economia brasileira tem desafiado a capacidade de gestão de crises em quase todas as áreas.

No setor automotivo, por exemplo, a consultoria GO Associados, de São Paulo, projeta uma redução de 18% na venda de carros em 2016, após o recuo de 25% observado em 2015. Os pátios lotados são uma prova contundente.

“Já estamos num momento difícil. Se ficar pior do que isso, será uma situação de calamidade”, diz o português Carlos Gomes, presidente para o Brasil e para a América Latina do grupo francês PSA, dono das marcas de automóveis Peugeot e Citroën. “E ninguém nunca está pronto para calamidades.” 
A empresa acumula prejuízos no Brasil desde 2013 e não vê tão cedo um horizonte de lucro por aqui.

O varejo vive o pior revés em anos. O grupo holandês C&A anunciou no fim de fevereiro o fechamento de 12 das 280 lojas que tem aqui. Segundo a Confederação Nacional do Comércio, o número de lojas de rua fechadas no país em 2015 chegou a 95 000. Por baixo, 400 000 pessoas perderam o emprego apenas no encerramento desses negócios.

Elas fazem parte do contingente de 1,5 milhão de trabalhadores que foram demitidos em 2015. Estima-se que mais de 2 milhões de postos de trabalho sejam eliminados no Brasil neste ano. Os efeitos do desemprego já começaram a ser sentidos, mas ficarão mais evidentes a partir de agora.

“O que faz o cenário político realmente mudar é a sensação de mal-estar da população, que ainda não sentiu toda a recessão”, diz Castelar, da Fundação Getulio Vargas. Uma parte dos novos desempregados conta ainda com as verbas rescisórias e o benefício temporário do seguro-desemprego. Depois de consumir esses recursos, passam a encarar a rotina de quem ficou sem trabalho.

Apesar do rápido aumento na taxa de desemprego em 2015, de 5,3% para 7,6%, há estimativas que indicam que os salários tiveram um modesto aumento de 0,3% no ano passado. Neste ano, não tem jeito: os rendimentos deverão encolher cerca de 3%. Fazendo tudo novamente piorar: menos consumo, menos produção, menos crescimento...

Nesse enredo de filme de terror, não é apenas a riqueza do presente que é destruída. Também estão sendo minadas as chances de uma recuperação no futuro próximo. Pior que a queda do PIB, que evidentemente é péssima, é a retração extrema do nível de investimento no Brasil. O indicador vem no campo negativo desde o início de 2014.

No ano passado, o investimento caiu novamente — nada menos que 14%. O banco Credit Suisse estima que em 2016 haja outro tombo da mesma magnitude, e o desânimo deverá se estender até 2017. O cálculo é que, no período de 2014 a 2017, a queda acumulada dos investimentos poderá chegar a 31%.

“Isso é fruto da falta de esperança e confiança no Brasil”, diz o economista José Roberto Mendonça de Barros, da consultoria MB Associados. “Vale tanto para as empresas quanto para os consumidores.” São casas que deixam de ser compradas, máquinas que não são encomendadas, novas tecnologias que deixam de ser incorporadas ao setor produtivo, infraestrutura que não é construí­da.

O investimento que não é feito hoje impacta diretamente o futuro. Pesquisas mostram a forte correlação entre o investimento e a produtividade do trabalhador — algo que persiste em baixa no Brasil.

De acordo com Abdul Erumban, economista do centro de pesquisa Conference Board que analisou dados do Brasil no período de 1967 a 2015, para cada ponto percentual de aumento do investimento, a produtividade do trabalhador brasileiro avança 0,5 ponto.

“Apenas para repor a depreciação da infraestrutura e produzir crescimento econômico, é necessário investir em torno de 15% do PIB ao ano”, diz o economista Antonio Delfim Netto. “O Brasil não está conseguindo nem isso e está criando as condições para uma estagnação do crescimento. É uma destruição de valor.”

Não resta a menor dúvida de que o Brasil vive uma situação inédita com desdobramentos ainda imprevisíveis. O embate político estancou a economia. Não há consenso nem mesmo entre o governo e sua base aliada sobre os rumos para o Brasil.

“Para evitar um agravamento da inflação e renovar a confiança dos investidores, alguns setores socioeconômicos terão de fazer sacrifícios”, diz o economista americano Werner Baer, da Universidade de Illinois. “E não está claro como isso será possível enquanto estivermos na situação política atual.” Dito isso, o diagnóstico do que fazer para tirar o país da crise não é um mistério.

O economista alemão Jens Arnold, responsável pelas análises do Brasil na OCDE, considera que, do ponto de vista econômico, as saídas para o imbróglio são fáceis. “Por isso, não imaginei que a crise fosse tomar a dimensão que tomou”, afirma Arnold. “Não era possível pensar que haveria tanta incapacidade de gerar um consenso político em torno das reformas necessárias para o país.”

E quais seriam essas reformas? No curto prazo, a fixação de uma regra para o crescimento das despesas públicas é uma delas. Dessa forma, a conta não cresceria muito em momentos de bonança econômica e seria possível economizar para períodos mais difíceis. Além disso, é preciso elevar a idade mínima de aposentadoria dos brasileiros para algo mais próximo da média de 64 anos dos países mais ricos.

Hoje, a idade média aqui é de 52 anos para mulheres e de 55 para homens, algo insustentável. Outra medida seria rever as regras de reajuste do salário mínimo: o valor do piso quase dobrou nos últimos anos, já descontada a inflação. E, se essa crise vai tirar mais produtividade da economia brasileira, é preciso pensar em como retomá-la no médio prazo.

Para isso, o país precisa cortar os nós burocráticos. Ou seja, o receituário é plenamente conhecido. A crise pode ser a motivação para que finalmente as mudanças aconteçam. Tudo isso poderia ter sido feito antes, claro, mas não foi.

Não está restando alternativa senão um ajuste forçado — a um custo imenso para a sociedade brasileira. Como país, não soubemos evitar os desmandos na economia e suas consequências. É torcer para que o fim da agonia esteja próximo.

Grupo empresarial chinês Wanda é novo patrocinador da Fifa


Divulgação/Fifa
O valor da multa prevista no acordo chegará a US$ 151 milhões por participação no esquema de corrupção na Fifa
Fifa: Wanda terá direitos nas competições até o Mundial de 2030, inclusive
 
 
Da AFP


O poderoso grupo empresarial chinês Wanda, controlado por um dos homens mais ricos do gigante asiático, converteu-se no novo patrocinador da Fifa, anunciou a instituição em um comunicado, que não menciona os termos do acordo.

Wanda terá direitos nas competições até o Mundial de 2030, inclusive.

Sua chegada é uma boa notícia para a Fifa, que atravessa a pior crise de história e que acaba de anunciar um déficit de 107,7 milhões de euros, o primeiro desde as perdas históricas de 2002.

O acordo foi assinado por Gianni Infantino, o novo presidente da federação internacional em substituição a Joseph Blatter.

Luta contra corrupção no Brasil é "exemplo ao mundo", diz FT


Ueslei Marcelino/Reuters
Protesto contra o governo 16/08 Brasília
Protesto contra o governo em Brasília
 
 
 
 
São Paulo – Dando destaque à situação de crise econômica e política do Brasil, um artigo publicado hoje (4) pelo jornal inglês Financial Times classifica o despertar do sentimento brasileiro de “luta contra a corrupção” como lado positivo da situação e uma "lição a ser seguida" pelo mundo.

Em referência clara aos protestos anti-governo, o jornal discute como a investigação do esquema de corrupção da Operação Lava Jato, que resultou na prisão de políticos e bilionários do país, e essa indignação popular são fatores que trazem “benefícios consideráveis” e fariam corruptos “pensarem duas vezes” antes de praticar atos ilícitos. Como resultado, a pressão resultaria em melhor governança do país.
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Depois de citar alguns casos que exemplificam a gravidade da crise, como a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff — devidamente apontado que aconteceu depois das negociatas com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) —, o jornal ilustra como a nova postura estaria encaminhando uma melhora ao país.

“O destemor com que figuras antes intocáveis — caso de experientes senadores e André Esteves, ex-chefe do banco de investimentos BTG Pactual — estão sendo responsabilizadas é notável”, diz o texto. “Com certeza, é um contraste com a forma tímida que a corrupção é tratada em outras economias emergentes, como Rússia e China, ou mesmo Venezuela, onde a corrupção atingiu níveis espetaculares.”

O Financial Times lembra que o Brasil já passou por levante parecido para destituir o ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, e, mesmo assim, não teria vivido grandes alterações de conduta. Desta vez, no entanto, a mudança seria motivada pela abrangência da crise, que atinge vários partidos e grandes empresários. Isso faria com que mártires não surgissem do processo, dando um caráter mais íntimo e afetivo à população.

“O processo de impeachment será uma distração adicional ao principal problema de Brasília: a economia”, diz o FT. “Mas mesmo em meio ao aprofundamento da catarse, há encorajadoras — e exemplares — mudanças também.”

quarta-feira, 16 de março de 2016

Fiesp convoca reunião para discutir agravamento de crise


Ayrton Vignola/Skaf Oficial/Divulgação via Fotos Públicas
Paulo Skaf
Paulo Skaf: o presidente da Fiesp disse que a ida do ex-presidente Lula para a Casa Civil é um "golpe contra a nação brasileira".
 
Francisco Carlos de Assis, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, convocou para a quinta-feira, às 15 horas, uma reunião de emergência com sindicatos, associações, federações das indústrias e congêneres associadas à Fiesp.

A reunião terá como objetivo discutir o agravamento da crise política e econômica no país.

Mais cedo, Skaf disse que a ida do ex-presidente Lula para a Casa Civil é um "golpe contra a nação brasileira".
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