quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Petrobras não está longe de ter uma realidade de eólica offshore e hidrogênio, diz Prates

presidente da petrobras


O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta quinta-feira, 29, que a companhia chega aos seus 70 anos “de olho no futuro”, e reafirmou a intenção da estatal de desenvolver novos negócios no âmbito da energia renovável, com foco em eólica offshore, hidrogênio e combustíveis renováveis. “Não estamos longe de ter uma realidade de eólica offshore e hidrogênio”, comentou.

Ele destacou a falta de regulação, que ainda trava os esforços da companhia.

Prates falou no XI Seminário sobre a matriz e segurança energética, evento promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Amcham.

Na saída do evento, ele disse a jornalistas que a Petrobras não está segurando os preços dos combustíveis em suas refinarias. A defesa vem em momento de escalada do petróleo e aperto no mercado de combustível mundial, ante restrições de exportação russas. Essa conjuntura pressiona as cotações internacionais e, também, os preços da companhia, dizem especialistas.

No discurso, Prates confirmou que o próximo Plano Estratégico da companhia, para o período 2024-2028 vai ter entre 6% e 15% do capex direcionado à descarbonização. “E está mais para 15% do que para 6%”, disse o executivo.

Ele destacou os novos negócios que a empresa pretende desenvolver, com destaque para a energia eólica offshore, que poderão atingir 23 gigawatts (GW), se todos os projetos inscritos pela empresa para avaliação no Ibama saírem do papel.

“Nosso objetivo é deslanchar energias renováveis no país, a captura de carbono e até hidrogênio e outras fontes”, disse Prates.

Em seguida, ele listou os esforços da companhia para abrir as novas frentes, como o acordo com a WEG para produzir um aerogerador nacional para terra, mas que, pelo tamanho, “indica o caminho” para a geração offshore.

Prates citou, ainda, os esforços da Petrobras na medição de ventos no Espírito Santo, Ceará e Rio Grande do Norte, além da inscrição de projetos com capacidade total de 23 GW e parcerias gestadas com outras petroleiras multinacionais, como Equinor e Total. “Queremos fazer todos esses investimentos com parceiros, estatais ou privados, mas a altura da Petrobras”, disse.

“Vamos para éolica offsshore, que tem estruturas gigantes e complexas. Mas que, para nós, é ‘Playmobil’, muito mais simples”, afirmou, ao comparar a atividade com a produção de Petróleo e sua mobilização de esforços, sobretudo em águas profundas e ultraprofundas.

Na frente de combustíveis renováveis, ou seja, com processador com óleo vegetal ou 100% produzidos por meio deles, Prates disse que até o fim esse ano mais quatro refinarias terão essa produção, entre as quais estão as unidades de Paulínia (SP), Duque de Caxias (RJ) e Cubatão (SP). Em 2024, disse, os combustíveis renováveis vão chegar à Rnest, unidade de Pernambuco.

Regulação

Prates citou a premência dos marcos regulatórios de éolica offshore e hidrogênio, que ainda não existem, mas estaria avançando no Congresso e dentro de agências reguladoras.

Segundo Prates, a legislação para a éolica offshore vai se aproximar da utilizada para petróleo, com pagamento de bônus por prismas marítimos, enquanto a do hidrogênio pode ter afinidades com o regramento atual do gás natural, também sob a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Petróleo

Ao fim, como de praxe em seus discursos, Prates afirmou que, apesar do movimento rumo a renováveis, a estatal segue sendo uma empresa de Petróleo, o que vai perdurar pelas próximas décadas.

“Somos uma empresa de petróleo e seremos por muitos anos. Queremos ser do grupo clássico da Opep que serão os últimos a extrair petróleo”, afirmou. Nesse momento, ele lembrou que o avanço sobre o pré-sal permitiu a produção denúncia petróleo com menos carbono associado.

O presidente da Petrobras reafirmou que, em função da polivalência que se anuncia e sua capacidade técnica, a Petrobras reúne todas as condições técnicas e de gestão para liderar uma “transição energética justa”.

 

Campos Neto: Governo tem tomado várias decisões no caminho certo


Campos Neto

O governo tomou várias decisões corretas, como manter a meta de inflação em 3% e a adoção do novo arcabouço fiscal, disse Campos Neto (Crédito: Lula Marques/ Agência Brasil)

Após ter sido confrontado por diversos parlamentares petistas sobre a execução da política monetária, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 27, que o governo Lula tem tomado várias decisões no caminho certo.

“O governo tomou várias decisões corretas, como manter a meta de inflação em 3% e a adoção do novo arcabouço fiscal. Perseguir a meta do arcabouço é uma decisão correta. Estamos de fato em um caminho. Comparada com outros países, nossa projeção de crescimento está sendo revisada para cima, o desemprego caiu para menos de 8%”, afirmou, em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados.

Campos Neto se reunirá hoje pela primeira vez neste ano com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, marcado para o fim da tarde no Palácio do Planalto, também contará com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

 

Dirigente do Fed não descarta ajuste na política monetária, se não houver progresso nos preços


 O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou nesta quinta-feira, 28, que está “confortável” em se concentrar mais em por quanto tempo os juros seguirão no nível atual, em vez de focar no nível exato deles. Ao mesmo tempo, ele não descartou que, caso o quadro requeira e não ocorra progresso nos preços, possa haver um ajuste na política.

Goolsbee, que tem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, tratou do tema durante sessão de perguntas e respostas, após discurso em Washington, no Peterson Institute for International Economics.

O dirigente disse que ainda não decidiu sobre o que fará na próxima decisão de política monetária, em 1º de novembro.

O presidente do Fed de Chicago defendeu a importância de se atingir a meta combinada, em 2%.Depois de cumprida essa missão, porém, argumentou que seria necessário debater o tema dentro do Fed. Goolsbee considerou que as metas de inflação “dão um falso senso de precisão”, em uma “variável que tem ruídos”.

Ele também foi questionado sobre a greve em andamento em montadoras nos EUA. Segundo ele, o Fed monitora o tema e a questão é saber se uma paralisação estendida poderia afetar o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano.

 

Barroso assume a presidência do STF; veja o que esperar da gestão

 

Sucessor de Rosa Weber na presidência do Supremo Tribunal Federal, ministro tem histórico de defesa das minorias e liberdades individuais.

 

O ministro Luís Roberto Barroso assume nesta quinta-feira (28/09) a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele substitui Rosa Weber, que vai se aposentar na próxima segunda-feira por ter atingido os 75 anos, a idade-limite para atuação na Corte. Ela presidiu o Supremo por um ano, desde setembro de 2022 – ou seja, metade do tempo padrão de dois anos.

Natural de Vassouras, município do Rio de Janeiro, Barroso completou dez anos de STF em junho. Tem pós-doutorado na Universidade de Harvard e foi professor visitante nas Universidades de Poitiers (França), de Breslávia (Polônia) e de Brasília (UnB). Atuou como procurador do Estado no Rio de Janeiro e, como advogado, participou de julgamentos de destaque na Corte, como a defesa da interrupção da gestação em caso de feto anencéfalo e do reconhecimento das uniões homoafetivas.

A mudança no comando do Supremo gera expectativas, mas Barroso já deu indícios de como deve atuar. No início da semana, o ministro disse que sua maior preocupação é “o aprimoramento do sistema de Justiça do país com segurança jurídica, democrática e humana”.

O que pode estar por vir

Para analistas ouvidos pela DW, em sua gestão, Barroso deve seguir a linha de sua carreira, focando em temas referentes à defesa de minorias e voltados à garantia de direitos individuais. Há também a expectativa de que o novo presidente promova mudanças regimentais no Supremo.

“Acredito que o Barroso vai querer marcar posição e deixar uma assinatura à frente do Supremo. Ele defende um protagonismo e uma independência da Corte”, analisa Juliano Benvindo, professor associado de direito da Universidade de Brasília (UNB). Ele ressalta que o ministro vai continuar pautando temas sensíveis, como a descriminalização das drogas para uso pessoal e do aborto em mulheres com até 12 semanas de gestação.

De acordo com Daniel Capecchi, professor-adjunto de direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o futuro presidente do STF seguirá uma tendência de sua carreira na advocacia, alinhado à defesa de grupos oprimidos e das minorias. “Ele tem uma grande preocupação em pautar temas caros à garantia dos direitos individuais. É uma tendência possível que ele aborde causas ainda mais relevantes dessa natureza.”

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Capecchi ressalta, no entanto, que a atuação de um presidente da Corte não depende apenas da conjuntura interna do STF, mas de um contexto mais amplo da sociedade. E que a gestão de Barroso também sofrerá com esse cenário. “Os assuntos estão relacionados não só ao perfil do ministro, mas também à conjuntura do país, e a conjuntura do Brasil muda rapidamente”, acrescenta.

Juliana Cesario Alvim, professora-adjunta de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pondera que Barroso pode alterar questões regimentais no Supremo. “Ainda como advogado ele defendia que os votos, sobretudo da relatoria, sejam circulados antes entre os ministros”. A mudança tem dois propósitos: evitar que quem concorda com tese escreva um voto com argumento semelhante, e possibilitar para quem discorda preparar a divergência sem pedir vista (mais tempo para analisar a proposta).

Ainda sobre a questão regimental, Luiz Fernando Gomes Esteves, professor de direito do Insper, afirma que Barroso já se manifestou pela diminuição nas análises de recursos e que votos mais longos deveriam ser exclusivos para posições antagônicas às da relatoria. Além disso, cometa o docente, Barroso também defende que os ministros se reúnam reservadamente antes de votações importantes para a discussão dos casos.

“São três propostas que alterariam em boa medida o funcionamento do STF. Mas todas elas dependem da adesão dos demais ministros, e eu não classificaria tais propostas como mudanças fáceis”, pondera Esteves.

Um novo perfil à frente do Supremo

Enquanto Rosa Weber atua discretamente e não se manifesta para além dos seus votos, Barroso tem um perfil diferente. Participa de lives, dá entrevistas, vai a eventos públicos e responde os ataques que os magistrados têm recebido. “A Rosa Weber era uma magistrada de carreira, com uma postura discreta. Barroso já era um advogado conhecido antes de ingressar no STF e um professor com uma vasta produção sobre inúmeros assuntos da área, inclusive sobre a própria Corte. São diferenças explicadas pela própria trajetória de cada um”, explica Cesario.

Duas frases de Barroso ganharam os holofotes recentemente. Em novembro do ano passado, enquanto caminhava em Nova York, ele foi achacado por um eleitor do ex-presidente Jair Bolsonaro e respondeu: “perdeu, mané, não amola”. Em julho deste ano, durante congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o ministro disse: “nós derrotamos o bolsonarismo”.

“O próprio ministro Barroso reconheceu que se excedeu ao dizer a frase sobre derrotar o bolsonarismo. Eu diria que o pedido de desculpas é um sinal de que há uma preocupação do ministro em não repetir uma postura parecida”, assinalou Esteves.

“Os ministros estavam sob ataque e pressão. Não é o ideal, o desejado, mas pode acontecer, sobretudo porque a situação estava fora do normal”, ressalta Capecchi. “Uma fração radicalizada da sociedade passou a enxergar o STF como inimigo, o que é muito ruim. Nesse processo todo, a conduta do ministro Barroso foi de proteção do tribunal.”

Capecchi acredita que Barroso tem um perfil capaz de tornar o Supremo mais compreensível para o restante da população. “Ele é um acadêmico respeitado e que sempre escreveu de forma clara, com o objetivo de romper esse paradigma do direito de ser obscuro. É possível que ele busque aprimorar a forma como o tribunal se comunica com a sociedade, inclusive na maneira como vota, para que as pessoas entendam o que foi decidido.”

Rosa Weber: discreta, mas atuante

Foram doze anos como ministra e um ano à frente do Supremo, com uma atuação elogiada por seus pares e pelos analistas ouvidos pela reportagem. “Minha avaliação é muito positiva”, afirmou o Esteves. Ele destaca o fato de a ministra ter limitado os pedidos de vista e as decisões liminares dadas individualmente pelos ministros. “É importante dizer que a ministra implementou essas modificações sem que existisse qualquer ruído.”

Nos temas analisados, Rosa Weber conseguiu retomar a discussão sobre a descriminalização do porte de drogas para consumo – o julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro André Mendonça, mas o placar estava com cinco votos favoráveis a liberação –, insistiu ao longo de 11 sessões para finalizar o julgamento da tese do Marco Temporal, e colocou em pauta a descriminalização do aborto, cujo próprio voto a favor da proposta foi considerado histórico pelo colega e também ministro Edson Fachin.

“O voto dela no julgamento sobre o aborto foi um espetáculo. A afirmação da mulher de maneira soberana e indiscutível”, elogia Benvindo. “Ela mostrou um compromisso muito forte com a agenda dos direitos fundamentais”, resume Capecchi.

Cesario ressalta que Rosa Weber estabeleceu um “parâmetro de comportamento”, que “preza pela imparcialidade e independência da Corte”, explica. “Ela não esteve envolvida em nenhum escândalo ou comportamento indevido”.

A especialista complementa: “A ministra deixa um legado importante, para além dos casos importantes que conseguiu pautar. Teve o aborto e as drogas, mas também o orçamento secreto, quando havia uma pressão grande”. Na ocasião, Rosa Weber, que era relatora das ações contrárias as emendas, declarou o procedimento inconstitucional e disse que a prática “viola o princípio republicano”.

Mas nenhum assunto foi mais emblemático que o quebra-quebra promovido nos atos golpistas de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes. “É uma gestão bem-sucedida também porque enfrentou desafios com total altivez”, enaltece Capecchi.

“Sua personalidade discreta, certamente, contribuiu para que o STF conseguisse atravessar o período difícil do último ano sem que sua legitimidade fosse questionada pelos outros poderes”, destaca Esteves.

“Na postura de juíza de Corte ela é imbatível. Poderia ter tido uma postura estrelar, mas não o fez. Ao contrário: discrição, seriedade, agilidade. Ela termina a gestão com uma marca forte”, finaliza Benvindo.

Haddad diz que reunião com Lira será para dialogar sobre pauta econômica


Brasília (DF), 23/05/2023 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil) 

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne no período da manhã desta quinta-feira, 28, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Na saída para o encontro, o ministro disse que o objetivo é dialogar sobre o andamento da pauta econômica no Parlamento. “Achamos que o Desenrola será votado na segunda, no Senado, em caráter terminativo, e acredito que Marco de Garantias e fundos exclusivos devam ser votados na Câmara também”, destacou.

O ministro afirmou que há uma chance de a medida de fundos exclusivos e a de tributação dos fundos offshore serem apreciadas conjuntamente, mas ele ponderou que verá isso agora, na reunião com Lira. “São temas afins. São fundos não tributados hoje. O que não condiz com a experiência internacional”, comentou.

Haddad disse ainda que, durante o encontro com Lira, também colocará a equipe econômica à disposição dos parlamentares para explicar a MP 1185/2023, que muda a tributação sobre incentivos fiscais.

Ainda sobre projetos que dependem do Parlamento, Haddad afirmou que há potencial de aprovar a reforma tributária ainda este ano. “Vamos ver como o Senado reage às contribuições recebidas. Há apoio grande por parte das lideranças. Objetivo é melhorar projeto da Câmara para conformar o sistema mais moderno. Mas continuo confiante de votação até o final de outubro no Senado. Temos condições de aprová-la este ano e promulgá-la este ano”, afirmou.

 

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

A maior especialista em tecnologia de nióbio do mundo é brasileira


Campeã histórica de MELHORES E MAIORES, da EXAME, a CBMM está focada em criar mercados para o metal. Baterias para veículos elétricos industriais e comerciais estão entre as apostas


Planta da CBMM em Araxá, MG: investimento de US$ 80 milhões na expansão de toda a linha de produção de óxido de nióbio  (CBMM/Divulgação)

Planta da CBMM em Araxá, MG: investimento de US$ 80 milhões na expansão de toda a linha de produção de óxido de nióbio (CBMM/Divulgação)

A tecnologia do nióbio — um metal com alto valor agregado, produzido do pirocloro ou de outros minérios — é uma valiosa aliada na transição energética global. Ela está em toda parte: desde as aplicações na indústria de energia renovável ao desenvolvimento de baterias de última geração. E é o vultoso investimento nessa frente que tem levado a CBMM a explorar outras oportunidades de negócio.

“A metalurgia vai continuar sendo nosso grande core business, mas também queremos criar novos mercados para o nióbio”, confirma Rogério Ribas, head do Programa de Baterias da CBMM, fundada em 1955 e, hoje, líder global na produção e comercialização de produtos e tecnologia de nióbio.

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Melhor empresa histórica no setor de Siderurgia, Mineração e Metalurgia nos 50 anos de MELHORES E MAIORES, da EXAME, a CBMM acumula nove premiações no total (1977, 1996, 1998, 2000, 2008, 2009, 2010, 2013 e 2015). Este novo reconhecimento, nas palavras de Ribas, está bem alinhado ao DNA da empresa. “A CBMM investe em tecnologia desde o início da sua história. Não existia mercado para o nióbio. Então, ao mesmo tempo que a companhia começou a desenvolver seus processos, para produzir a partir dele, começou a trabalhar com projetos, universidades, empresas e centros de pesquisa para desenvolver aplicações para esse metal”, rememora.

A liderança mundial é, portanto, fruto do pioneirismo da CBMM, que tem investido nessa tecnologia nos últimos 70 anos, contribuindo para o fato de o Brasil concentrar cerca de 90% da produção de nióbio no mundo.

Agora, a empresa reforça seus planos para um crescimento pautado em novas aplicações na siderurgia e na diversificação de seus mercados de atuação, com destaque para o Programa de Baterias. Em 2022, as vendas de óxido de nióbio para baterias tiveram crescimento de 327%, chegando a cerca de 500 toneladas — ante 100 toneladas, em 2021.

Por esse motivo, a companhia anunciou, em 2022, o investimento de US$ 80 milhões na expansão de toda a sua linha de produção de óxido de nióbio, que incluirá a construção de uma nova planta em seu complexo industrial em Araxá (MG). Com previsão de entrada em operação em 2024, ela terá capacidade produtiva de 3 mil toneladas de material ativo para baterias, para aplicações em tecnologias de carregamento ultrarrápido e seguro, de alta potência e maior vida útil.

Inovação: CBMM investe em pesquisas para desenvolver novas aplicações para o nióbio (CBMM/divulgação)

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Nióbio “turbina” baterias de lítio

O Programa de Baterias está inserido no Programa de Tecnologia, que foi criado na década de 1970 “para ensinar o mundo a usar nióbio”, destaca Rogério Ribas. “Não se tinha conhecimento, principalmente nas siderúrgicas, sobre o uso do nióbio e seus benefícios”, explica ele. Ao longo dos anos, o programa se fortaleceu. Hoje, a CBMM investe nele cerca de 2% a 3% de seu faturamento global (cerca de R$ 300 milhões por ano), destinando quase um terço desse montante (R$ 90 milhões) para o Programa de Baterias.

“Atualmente, existem mais de 200 projetos de tecnologia espalhados pelo mundo, dos quais 42 são dedicados especificamente ao Programa de Baterias, na China, no Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Europa e Brasil, desenvolvendo tecnologias de baterias de lítio que utilizam nióbio na sua composição”, comenta o head do programa. “O que a gente faz é modificar uma bateria de lítio, para que ela tenha algumas propriedades interessantes para o mercado”, esclarece ele.

Em aplicações de óxido de nióbio para o ânodo das baterias, destacam-se a tecnologia NTO (Niobium Titanium Oxide), desenvolvida pela CBMM em parceria com a Toshiba, no Japão. Essa tecnologia garante aumento de segurança, durabilidade e capacidade de recarga ultrarrápida (em tempos inferiores a 10 minutos), sem perda do ciclo de vida do produto.

Caminhões, ônibus e até robôs podem ganhar eficiência com nióbio

Mas o foco maior da CBMM está nos mercados comerciais e industriais, como os de eletrificação e hibridização de ônibus, caminhões de entrega urbana, trens, navios e até robôs. “Armazéns de grandes varejistas têm robôs com baterias de lítio dentro deles. Não são pessoas trabalhando”, pontua Rogério Ribas. “Já uma bateria que, hoje, serviria a um caminhão para operar durante o dia e ficar recarregando a noite toda, você poderia, com a tecnologia do nióbio, servir a três ou quatro caminhões, aproveitando a recarga ultrarrápida”, prossegue ele. “Você faz mais com menos.”

Isso vale também para ônibus. E é por isso que, em novembro, a CBMM vai apresentar, juntamente com a Toshiba e a Volkswagen Caminhões e Ônibus, o primeiro protótipo de um veículo comercial do mundo — um ônibus elétrico, que utiliza baterias de recarga ultrarrápida com nióbio.

Ônibus elétrico: CBMM vai apresentar ao mercado um ônibus elétrico que utiliza baterias de recarga ultrarrápida com nióbio

“A gente vai mostrar para o mercado como você pode ter um ônibus urbano para 52 passageiros, com um pack de baterias quatro vezes menor (que pesa 500 kg em vez de 2 toneladas), que você recarrega em até 15 minutos, e o ônibus pode rodar com uma autonomia perto de 100 quilômetros, com espaço para levar mais 15 pessoas, de forma segura”, resume Ribas. “É um modelo muito mais sustentável e econômico, do ponto de vista do operador.”

A CBMM pretende continuar crescendo o mercado, apoiada na diversificação de sua receita. Em 2030, a expectativa é de que 25% de sua receita deve ser representada por produtos fora do aço. Antecipando-se a novos pedidos, a CBMM atua com excedente produtivo. “Hoje, a CBMM tem capacidade de produção de 150 mil toneladas de ferronióbio, que é a principal liga para a indústria siderúrgica. O mercado mundial é da ordem de 120 mil toneladas. Isso dá para a gente uma vantagem de garantir para os nossos clientes que eles podem continuar investindo nessa tecnologia”, explica Rogério Ribas.

Paralelamente, o Plano de Sustentabilidade da CBMM busca atingir a neutralidade de carbono até 2040. Atualmente, 100% da energia elétrica consumida pela empresa é proveniente de fontes renováveis. “Assumimos o compromisso de neutralizar tanto as emissões diretamente ligadas ao nosso processo produtivo quanto àquelas associadas à geração de energia que consumimos”, afirma o executivo.

 

 https://exame.com/negocios/a-maior-especialista-em-tecnologia-de-niobio-do-mundo-e-brasileira/

 

 

Projeto da repatriação dos recursos estrangeiros é aprovado no Senado e segue para a Câmara


 Diferentemente das outras duas janelas de repatriação, o relatório de Renan prevê uma alíquota de 14% e multa de 90%


Segundo o relator, o objetivo de reduzir a alíquota e a multa tem o objetivo de "tornar reais as expectativas de arrecadação" (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Segundo o relator, o objetivo de reduzir a alíquota e a multa tem o objetivo de "tornar reais as expectativas de arrecadação" (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

O projeto de lei que reabre a janela de repatriação de recursos mantidos no exterior foi aprovado nesta terça-feira, 26, no Senado e segue para a análise da Câmara dos Deputados.

Pelo relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL), o novo programa de repatriação dos recursos estrangeiros terá condições mais vantajosas para os cidadãos que optarem pela regularização do dinheiro.

Alíquota e multa reduzidas

Diferentemente das outras duas janelas de repatriação, o relatório de Renan prevê uma alíquota de 14% e multa de 90%, conforme adiantado na semana passada pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. No texto inicial, apresentado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a alíquota era de 15% e a multa, de 167%.

Segundo o relator, o objetivo de reduzir a alíquota e a multa tem o objetivo de "tornar reais as expectativas de arrecadação". Para ele, "o porcentual da multa continua elevado; permanece, dessa forma, apto a penalizar o contribuinte com ativos não regularizados, mas sem deixar de estimular a medida consubstanciada no projeto".

A proposta foi aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça. A proposta tramitava em caráter terminativo - ou seja, não precisará passar pelo aval do plenário do Senado, a não ser que haja recursos dos senadores para que isso aconteça.