Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Embraer e
Boeing começaram a discutir uma possível combinação de seus negócios um
mês depois do anúncio da união das concorrentes Bombardier e Airbus
Por
Redação Exame
EMBRAER: companhia era descontada em até 30% do valor por causa de golden share do governo / Germano Lüders (/)
A fusão entre Embraer e Boeing,
anunciada nesta segunda-feira, evita que a fabricante brasileira de
aviões inicie 2019 sozinha num mercado em forte consolidação. Para
analistas e especialistas ouvidos por EXAME, a joint venture
fechada entre as duas empresas (na qual a Boeing terá 80% das ações),
levanta uma série de debates, mas precisa ser feito. O negócio depende
agora do aval da presidência, garantido pelo poder de veto que tem sobre
a venda da companhia.
O principal argumento em defesa do negócio é uma outra
fusão, anunciada em 16 de outubro de 2017. Naquela data, a gigante
francesa Airbus, concorrente da Boeing, anunciou a compra do controle da
divisão de aeronaves comerciais da canadense Bombardier, concorrente da
Embraer. A transação criou uma empresa definida no mercado como “pacote
completo”, capaz de fornecer aviões que vão de 100 a 525 assentos. É o
que acontece agora com a nova empresa nascida da união de Boeing, que
fabrica aviões a partir de 150 assentos, e Embraer, que lidera o
segmento de aeronaves para 37 a 130 pessoas.
Embraer e Boeing começaram a discutir uma possível combinação de seus
negócios um mês depois do anúncio da união das concorrentes. A Embraer é
a maior exportadora de produtos manufaturados do Brasil, com mais de 6
bilhões de dólares anuais em vendas e 18 000 funcionários. A Boeing é a
maior fabricante de aviões do mundo, com 95 bilhões de dólares em
receitas, 140 000 funcionários.
“Com a fusão com Bombardier, a Airbus poderia adotar uma estratégia
comercial de vender aviões menores a preço de custo. Ou seja: a própria
concorrente definiria quanto tempo a Embraer sobreviveria”, diz Oscar
Malvessi, professor de finanças da FGV-EAESP. Outro risco seria a
própria Boeing entrar de cabeça no mercado de aeronaves menores, o que,
segundo o Bradesco, tiraria até 30% do valor de mercado da Embraer.
Para a Boeing, juntar-se à Embraer é um contra-ataque aos avanços da
Airbus. A empresa americana tem um projeto para uma aeronave média,
chamada de 797, que ganha velocidade com a engenharia e a tecnologia da
Embraer. A empresa entende que ser mais verticalizada será uma vantagem —
a Embraer fabrica, por exemplo, trem de pouso, o que não faz parte da
produção da Boeing.
O negócio fechado deixou de fora as áreas de aviação executiva e de
defesa e segurança, consideradas estratégicas pelo governo de Michel
Temer. Ao mesmo tempo, no Gabinete de Segurança Institucional, a
avaliação era de que uma aversão a grupos internacionais pode fazer a
Embraer “perder o bonde da história”.
Segundo o advogado Marcelo Godke, especialista em fusões e
aquisições, o negócio foi fechado com a preocupação de manter a
segurança nacional, mas poderia ter sido ainda mais ambicioso. “A Boeing
não tem projetos de aviões de defesa, mas a Embraer tem bons projetos.
Eu não tenho dúvida que o negócio vai potencializar o nível de
conhecimento”, diz. “O padrão de contratação de equipamento militar já
inclui restrição de informações. Vender a Embraer não vai afetar a
segurança nacional – deixá-la sozinha, e sob risco, é que poderia
afetar”.
Para Malvessi e Godke, o negócio fechado poderia ser uma deixa para o
governo repensar o poder de veto para outras estatais (golden share),
como de energia e mineração. “O país precisa de contratos bem feitos.
Nos Estados Unidos não tem golden share, mas o governo tem a
prerrogativa de vetar negócios que considere estratégicos. Mas a regra
não pode impedir que nos juntemos aos melhores”, diz Godke.
Malvessi calcula que a golden share tire até 30% do valor de mercado
potencial de empresas como a Eletrobrás. Com a anunciada onda de
privatizações no próximo governo, a discussão sobre o valor estratégico e
o valor financeiro das estatais deve voltar à tona.
Mais de 12 mil empresas passam a ser atendidas pela companhia de SC
Da Redação
redacao@amanha.com.br
Seguindo o planejamento
robusto de dobrar de tamanho nos próximos três anos, a catarinense
Senior (foto), referência nacional em soluções para gestão empresarial,
anuncia mais uma aquisição. A companhia acaba de adquirir a Mega
Sistemas, com sede em Itu (SP), unidades em Curitiba (PR), Recife (PE),
Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), e Natal (RN). O valor do
negócio não foi divulgado pela Senior.
A nova composição
visa um fortalecimento no mercado nacional de ERP, além da expansão
geográfica da Senior, especialmente nas regiões Sudeste e Nordeste. Além
disso, a aquisição é estratégica, porque apoia na ampliação dos
negócios em diversos segmentos. Juntas, as marcas devem alcançar
faturamento superior a R$ 400 milhões em 2019. De janeiro a novembro
deste ano, a Senior já superou a marca dos R$ 300 milhões de
faturamento, número inédito para a companhia.
“Esta
é a 12ª aquisição realizada pela Senior nos últimos anos e segue o
planejamento de crescimento sustentável da companhia. A Mega é uma
empresa consolidada e com grande representatividade, que irá agregar
qualidade de produtos e serviços ofertados. Temos agora mais de 12 mil
empresas sob nosso portfólio, além de uma representatividade importante
em relação à oferta brasileira de ERP e soluções de gestão, já que ambas
as marcas possuem soluções bem avaliadas e reconhecidas no mercado”,
conta Carlênio Castelo Branco, CEO da Senior.
A partir de agora a
Senior também passa a investir na Zero One, startup de soluções para
construção, que até então era investida por acionistas da Mega. A marca
conta com dois sistemas 100% cloud: Obra Prima, solução de ERP para
construtores de pequeno porte, e Portal de Repasses, para gestão do
processo de crédito imobiliário. Wilson Pacheco, fundador da Zero One,
também reforça que o investimento pela Senior cria uma nova perspectiva
para a marca. “Temos a certeza de que será uma oportunidade de alavancar
os negócios e nos tornarmos uma importante opção para o mercado quando o
assunto é soluções para transformação digital”, conclui.
Objetivo é tornar as empresas mais competitivas e prepará-las para as possibilidades que o mercado internacional oferece
Da Redação
redacao@amanha.com.br
A Federação das Indústrias
(Fiesc) lançou o Programa de Internacionalização da Indústria de Santa
Catarina, na reunião de diretoria da entidade, nesta sexta-feira (14),
em Florianópolis. A iniciativa tem o objetivo de tornar as empresas mais
competitivas e prepará-las para as diversas possibilidades que o
mercado internacional oferece, seja exportação, importação ou alianças
para fazer frente aos concorrentes internacionais presentes no Brasil e
no exterior. Por meio do programa, a Federação mapeou 60 iniciativas,
programas e serviços nacionais e catarinenses, dos quais boa parte são
gratuitos, e estão disponíveis às empresas que desejam melhorar o
desempenho nessa área. Ao longo do próximo ano, pelo menos 570
indústrias de todas as regiões catarinenses de micro, pequeno, médio e
grande portes serão convidadas a participar de encontros e realizar um
diagnóstico que vai medir o grau de maturidade da companhia em relação à
internacionalização.
“A
internacionalização é um dos quatro pilares da nossa gestão ao lado de
infraestrutura, inovação e inclusão de pessoas e empresas. A indústria
de Santa Catarina tem setores reconhecidos no mercado internacional, mas
há um contingente de empresas, principalmente de pequeno e médio
portes, que têm grande potencial para avançar nessa área, mas ainda
precisam se preparar para isso. Sabemos que a concorrência não é mais
local, mas sim, global. Ainda que muitas indústrias não atuem
propriamente no comércio internacional, seus produtos e serviços
enfrentam a concorrência de empresas do exterior que atuam no mercado
brasileiro. Por isso, é essencial ter competitividade”, afirmou Mario
Cezar de Aguiar, presidente da Fiesc. Ele lembra que o plano será
apresentado nas 16 vice-presidências da entidade e vai mobilizar
lideranças dos mais diversos segmentos.
“Precisamos
mudar a chave da compreensão do que é internacionalização”, declarou
Maria Teresa Bustamante (foto), presidente da Câmara de Comércio
Exterior da Fiesc, lembrando que internacionalização vai muito além da
exportação e da importação. “É decisão estratégica da empresa se ela vai
exportar, importar ou fazer alianças estratégicas internacionais. O que
temos por obrigação, como defensores da indústria, é que as empresas
têm de ser competitivas e estar preparadas para enfrentar o concorrente
externo, seja em nosso país ou no exterior”, completou. Em sua
apresentação, Maria Teresa explicou que a partir da aplicação do
diagnóstico individual, a empresa saberá o seu grau de maturidade em
relação ao comércio exterior e, com isso, poderá criar um plano de ação.
“A partir das respostas, é possível identificar se a empresa está
madura para o comércio internacional ou quais os requisitos ela precisa
preencher para isso. Há ferramentas que envolvem benefícios fiscais,
como o Drawback, por exemplo, que são desconhecidas. Se o diagnóstico
mostrar que a empresa precisa avançar em contratos internacionais, vamos
qualificá-la para que ela domine isso”, explicou.
A
presidente da Câmara recordou que o Brasil tem sua economia aberta e o
novo governo tem anunciado a intenção de reduzir alíquotas de
importação, o que reforça a importância de a indústria brasileira
ampliar sua competitividade para poder fazer frente a essa nova
realidade. Dados levantados pela Fiesc mostram que cerca de 6,5 mil
indústrias catarinenses exportaram de 2012 a 2017. Dos 50 mil
estabelecimentos industriais presentes no estado, 13% atuam em comércio
internacional.
s ações já
realizadas no âmbito do programa podem ser divididas em quatro fases:
mapeamento e análise de programas existentes, estudo e identificação de
empresas potenciais, proposta de sensibilização e indicadores de
medição. Em 2019 serão realizados 26 eventos regionais de
sensibilização, nas 16 vice-presidências da Fiesc, com foco nas micro e
pequenas empresas. Os encontros terão dois formatos. Um é o Diálogo
Empresarial, focado na alta direção das empresas, e o outro é um
workshop que reunirá lideranças das empresas e profissionais de comércio
exterior. No segundo semestre está prevista ainda a realização do
“Diálogo Empresarial Transfronteiriço para Internacionalização”, no
extremo-oeste, e também um encontro em Florianópolis com a participação
das empresas sensibilizadas e entidades que integram o ecossistema
industrial ligado à internacionalização. No final do próximo ano deve
ser lançada uma plataforma on-line que vai permitir maior conexão entre
as empresas que atuam na área, vai oferecer inteligência competitiva,
capacitação, entre outras ações.
Embraer e Boeing: a Embraer terá poder
de decisão para alguns temas estratégicos, como a transferência das
operações do Brasil (Roosevelt Cassio/Reuters)
A fabricante brasileira de aeronaves Embraer e a americana Boeing anunciaram nesta segunda-feira (17) a aprovação dos termos de criação de uma joint-venture.
A americana vai pagar 4,2 bilhões de dólares para ter uma
participação de 80% na nova empresa, a qual contemplará a unidade de
produção de aviões comerciais da Embraer.
A brasileira ficará com 20% da companhia, segundo comunicado da Embraer à imprensa.
A parceria ainda precisa ser aprovada pelo governo brasileiro.
Somente depois desse aval o acordo entre a Embraer e a Boeing será
assinado. A expectativa é que o negócio seja concluído até o final de 2019. A
joint-venture deve gerar sinergias anuais de cerca de 150 milhões de
dólares até o terceiro ano de operação.
Essa nova joint-venture da aviação comercial será liderada por uma
equipe de executivos sediada no Brasil. A Boeing terá o controle
operacional e de gestão da nova empresa, que responderá diretamente a
Dennis Muilenburg, presidente da Boeing.
A Embraer terá poder de decisão para alguns temas estratégicos, como a transferência das operações do Brasil.
KC-390
As companhias também chegaram a um acordo de uma segunda
joint-venture para promover e desenvolver novos mercados para o avião
multimissão KC-390.
De acordo com a parceria proposta, a Embraer deterá 51% de participação na joint-venture e a Boeing, os 49% restantes.
A transação também está sujeita à aprovação do governo
brasileiro, ratificação pelo conselho de administração da Embraer e
autorização deste para assinatura dos documentos definitivos da
transação.
Na sequência, a parceria estratégica ainda deve ser submetida à
aprovação dos acionistas, das autoridades regulatórias, bem como a
outras condições pertinentes à conclusão de uma transação deste tipo.
O valor do negócio não foi revelado pelas empresas
Da Redação
redacao@amanha.com.br
A Recrusul, que atua no
segmento de implementos rodoviários e tem sede em Sapucaia do Sul (RS),
anunciou nesta segunda-feira (10) que vai adquirir a MaxxiBrasil
Indústria de Tratores, de Caxias do Sul (RS). “O objetivo é complementar
a linha de implementos rodoviários e industrial da Recrusul,
aproveitando o ciclo de crescimento do mercado de agribussiness
brasileiro. O setor de tratores, da mesma forma que o de implementos
rodoviários, é altamente competitivo, mas esta aquisição contempla
também a participação do ex-diretor industrial da Mahindra Brasil – com
mais de 20 anos de experiência no segmento de tratores, que foi o
responsável pela instalação desta multinacional indiana no Brasil no ano
de 2011”, destaca a companhia em Fato Relevante não informando o nome
do executivo. O valor do negócio é mantido em sigilo pelas companhias.
A
MaxxiBrasil já produziu mais de 84 tratores com potências entre 50 HP e
100 HP. Começou suas operações no ano 2014 com distribuição de produtos
importados e ao mesmo tempo nacionalização de diversos componentes até
chegar ao produto integralmente produzido no Brasil. A empresa caxiense
possui todas as licenças para fabricação de tratores com códigos tanto
de FINAME quanto de MDA (financiamento para pequenos produtores
agrícolas). O patrimônio líquido de dezembro de 2017 totalizava R$ 987
mil, sem contar com todo o ferramental avaliado em aproximadamente em R$
2,2 milhões. A MaxxiBrasil também possui passivos da ordem de R$ 2,2
milhões. “A aquisição está sendo feita via troca de ações, aproveitando o
aumento de capital da Recrusul em curso, e totalizará aproximadamente
R$ 1 milhão. Serão iniciadas, a partir de janeiro de 2019, diligências
de auditoria para confirmação de tais valores e inclusão desta empresa
como nova controlada direita ou indireta da Recrusul. A planta
industrial da MaxxiBrasil será transferida para Sapucaia do Sul onde
ocupará prédio exclusivo dentro da atual área industrial da Recrusul”,
informa o documento assinado por Davi Souza da Rosa, diretor
vice-presidente e de relações com investidores da Recrusul.
O
Fato Relevante informa ainda que o plano de negócios da MaxxiBrasil
contempla a produção de equipamentos entre 50 HP e 100 HP com preços
médios entre R$ 70 mil e R$ 105 mil. A capacidade fabril anual será de
até 350 tratores dependendo da disponibilidade de capital de giro.
No dia 22 de novembro, a
Marcopolo – referência internacional na fabricação de ônibus sediou a
segunda edição do LIDERARH, um encontro para debater as práticas de
gestão de recursos humanos. O evento reuniu empresários e profissionais
da Serra Gaúcha em Caxias do Sul. O projeto é uma iniciativa do
Instituto AMANHÃ com o apoio da IMED e da Localiza – Gestão de Frotas.
Acompanhe, a seguir, um resumo de como foi o encontro.
Confiantes na
expansão da economia, montadoras, redes de restaurantes, empresas de
tecnologia e grupos varejistas voltam a contratar
A FESTA DO EMPREGO:
o presidente da Dimension Data, Jefferson Anselmo (ao centro), está
acompanhando de perto a seleção para contratar 200 pessoas (Crédito:
Claudio Gatti)
Hugo Cilo e Moacir Drska
As
últimas semanas do ano estão movimentadas além do normal na sede da
empresa sul-africana de tecnologia Dimension Data no Brasil, no bairro
paulistano do Morumbi. Enquanto o time operacional acelera a entrega dos
projetos de 2018 para seus 350 clientes no País – entre eles BR
Distribuidora, Riachuelo, Hospital Oswaldo Cruz e Neoenergia –, o
presidente Jefferson Anselmo acompanha in loco a contratação de 200
novos funcionários. Eles serão incorporados, com salário médio inicial
de R$ 6 mil, ao quadro de empregados da companhia, hoje com 410 pessoas.
O processo seletivo, focado em candidatos com experiência nas áreas de
tecnologia, marketing e comercial, é o pilar do maior plano de expansão
da subsidiária brasileira, uma das que apresenta o melhor desempenho
global do grupo, dono de um faturamento de US$ 8 bilhões. Durante o ano,
as contratações estavam congeladas até que as turbulências políticas e
econômicas se dissipassem.
“Recebemos da matriz a missão de dobrar o
tamanho da nossa operação até 2020, algo que só é possível com o
recrutamento de novas mentes brilhantes”, disse Anselmo à DINHEIRO,
durante uma pausa entre uma entrevista e outra. “Como uma empresa de
tecnologia, nossa maior riqueza é o conhecimento, a propriedade
intelectual que está nas pessoas.”
A missão do executivo, no entanto, não tem sido fácil. Segundo
cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
outubro 12,3 milhões de desempregados buscavam um lugar ao sol no
mercado de trabalho. Mesmo assim, para conseguir preencher as vagas, a
Dimension Data teve de fazer parceria com ONGs dedicadas à recolocação
profissional de refugiados, com universidades e escolas técnicas, além
de algumas empresas caça-talentos. “O desemprego encheu o mercado de
novos candidatos, mas não solucionou o endêmico desafio da baixa
qualificação da mão-de-obra brasileira”, afirmou Anselmo, que comemorou a
contratação de engenheiros sírios e venezuelanos nesta semana. “Por
isso, cada vez mais, compor uma equipe competente e bem-treinada exige
paciência e investimento para reter talentos.”
A retomada do emprego, de fato, está promovendo um rali entre as
grandes empresas. Para alcançar o objetivo de dobrar de tamanho nos
próximos 12 meses, a empresa de TI Topmind decidiu pulverizar seu
processo de contratação de 126 funcionários nas próximas semanas, na
cidade paranaense de Londrina e na capital paulista. Outras 80 vagas
serão preenchidas nas unidades de Minas Gerais e Rio de Janeiro, algo
ousado para uma empresa de 360 funcionários. “Definimos um projeto para
contratar e, principalmente, fidelizar esses novos colaboradores”, disse
a CEO da empresa, Sandra Maura. A estratégia, segundo ela, consiste em
oferecer uma remuneração atrativa e um ambiente de trabalho agradável.
“Mesmo com tanta gente desempregada no mercado, temos de escolher os
melhores, treinar os profissionais e buscar um índice baixo de
rotatividade. A nossa está na casa de 2%, abaixo da média geral de 5%.”
TECNOLOGIA
O segmento que promete ser um dos principais palcos da disputa por bons
currículos nesse novo cenário é o tecnológico. “O setor é o que mais
vem demandando vagas”, diz Fernando Morette, diretor de operações do
site de empregos da Catho. Dos 30 cargos com maior oferta de vagas
disponíveis atualmente na plataforma, 12 são diretamente relacionados a
essa atividade. A indiana TCS, de serviços de TI, é uma das empresas
cuja área de RH tem cumprido uma agenda bem movimentada nos últimos
meses. Desde março, a companhia ampliou sua equipe em mais de 500
pessoas. E agora vai contratar mil profissionais no Brasil até julho de
2019. O plano é preencher metade dessas vagas até o fim do ano. As
oportunidades se dividem entre o centro de desenvolvimento, instalado em
Londrina (PR), e os escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro.
“Temos percebido que os nossos clientes estão mais otimistas”, afirma
Tushar Parikh, CEO local da TCS. O grupo atende grandes empresas em
segmentos como finanças, mineração, bens de consumo, e óleo e gás.
“Nosso objetivo é chegar a 4 mil profissionais no prazo de dois a quatro
anos.”
Especializada em transformação digital, a brasileira CI&T também
está à caça de programadores, desenvolvedores e afins. A empresa abriu
480 vagas neste ano, das quais 100 ainda estão disponíveis nas operações
em Campinas, São Paulo e Belo Horizonte. “Crescemos a uma taxa média de
30% nos últimos anos”, diz Marcelo Trevisani, executivo-chefe de
marketing da CI&T, dona de uma receita de R$ 498 milhões em 2017.
“Se conseguimos navegar bem em um ambiente que não era favorável, a
expectativa é que a demanda aumente ainda mais com a economia em
crescimento.” As contratações acompanham investimentos recentes da
companhia, entre eles, a transformação de seu centro de tecnologias
digitais, em Belo Horizonte, em um hub de exportação para projetos
internacionais. Hoje, 40% do faturamento já vem do exterior, por meio de
clientes como Coca-Cola, McDonald’s e Johnson & Johnson.
A expectativa pela retomada não está restrita às empresas de
tecnologia. A consultoria americana de recrutamento Robert Half
antecipou à DINHEIRO dados da 6ª edição do Índice de Confiança,
realizada em novembro e que será divulgada na próxima semana. Foram
realizadas 1.161 entrevistas com profissionais empregados, desempregados
e responsáveis pelo RH em companhias de diversos setores. O índice, que
mede a percepção quanto ao mercado de trabalho, foi de 55,3, o maior da
série histórica, iniciada em julho de 2017. Entre os recrutadores, 70%
acreditam que 2019 será melhor que 2018 em relação à criação de vagas.
No âmbito geral, outros 70% apontaram a definição do cenário eleitoral
como o fator preponderante para esse reaquecimento. “Com maior
previsibilidade, as empresas estão mais dispostas a assumir riscos e a
desengavetar projetos que estavam suspensos”, diz Mário Custódio,
diretor associado da Robert Half.
Um dos mais afetados pela crise dos últimos anos, o varejo vem
reforçando esse sentimento de maior confiança. “Estou percebendo um
clima mais positivo entre os empresários”, diz Carlos Wizard, fundador
da Sforza, holding que reúne negócios como as redes de fast food KFC,
Pizza Hut e Taco Bell. “Se o novo governo obtiver sucesso na reforma da
Previdência, nas privatizações e na redução do tamanho do Estado,
acredito que o Brasil entrará em um ciclo virtuoso de crescimento
sustentável.” Sob essa perspectiva, a Sforza anunciou, em novembro, um
plano de investimento de R$ 1,6 bilhão para os próximos cinco anos. No
período, a projeção é gerar 45 mil empregos nos restaurantes, a partir
da expansão do número atual de 250 lojas para 1.250 unidades, uma alta
de 400%. Os aportes incluem ainda o Mundo Verde, rede de produtos
naturais e orgânicos, e a Hub Fintech, de meios de pagamento.
FARMÁCIAS
Dono das redes Drogaria São Paulo e
Drogaria Pacheco, o grupo DPSP também segue essa toada de expansão. A
empresa planeja manter um ritmo de abertura de cem lojas por ano.
Hoje,
são mais de 1,3 mil. Nessa trilha, além dos programas de estágio e de
trainees, que contabilizam cerca de 170 vagas, a companhia tem mais de
mil oportunidades disponíveis, a maioria delas voltadas a atendentes e
farmacêuticos. “Estamos seguindo as perspectivas do setor, que tem
previsão de crescimento entre 8% e 9% para 2019”, afirma Liliane
Cammarano, gerente-executiva de recursos humanos da DPSP. Na avaliação
de Nilson Pereira, CEO da consultoria Manpower, esse início de
recuperação em segmentos como o varejo vem sendo guiado pela oferta de
vagas operacionais, em detrimento de posições mais estratégicas. “Com a
flexibilização do crédito e a perspectiva de aumento do consumo, as
empresas estão reativando postos de trabalho para ampliar sua capacidade
de atendimento e de vendas”, afirma o executivo. A Heineken é mais uma
que aposta na volta dos consumidores às prateleiras. O grupo tem 600
contratações para fazer. “Neste ano, tivemos um crescimento de 12% em
relação ao número de vagas no ano passado”, observa Raquel Guarinon
Zagui, vice-presidente de Recursos Humanos da Heineken no Brasil.
Um movimento semelhante é registrado pela maior rede hoteleira do
mundo com 9 mil hotéis, a Wyndham. O presidente da operação na América
Latina, o mexicano Alejandro Moreno, está capitanenando a abertura de 34
hoteis no País entre 2018 e 2019, e a contratação de 5 mil funcionários
operacionais na região, cerca de 2,8 mil deles no Brasil. “Estamos em
uma fase sensacional de expansão das operações no Brasil”, afirma
Moreno, que somente em novembro assinou a carteira de trabalho de 200
novos funcionários com a abertura do Wyndham Gramado Termas Spa, no Rio
Grande do Sul. “Vamos acelerar no nosso mais ambicioso plano de
crescimento.”
Em outra frente, Pereira, da Manpower, aponta outras indústrias que
investiram fortemente até 2014 e que, com a chegada da crise, passaram a
operar com grande capacidade ociosa. “Pouco a pouco, essas companhias
estão abrindo novos turnos e reativando linhas de produção.” Esse é o
caso de grandes montadoras, como Volkswagen e Mercedes-Benz. No caso da
VW, a retomada das vendas de veículos motivou o anúncio de contratação
de 800 pessoas nesta semana. Cerca de 500, muitos deles que tiveram seus
contratos suspensos nos últimos anos, em razão da queda dos mercados,
serão reincorporados para a fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná,
onde será produzido o T-Cross, primeiro SUV da Volkswagen a ser
fabricado no País. “A Volkswagen vive um excelente momento, com a maior
ofensiva de produtos da nossa história e uma forte retomada das vendas”,
disse Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina.
“Crescemos em 2018 mais do que o dobro da indústria e fechamos o ano com
uma sólida segunda posição. Anunciamos a contratação de 250 empregados
na nossa fábrica de motores, em São Carlos, no interior de São Paulo, em
razão do aquecimento do mercado interno e da ampliação do contrato de
exportação.”
Já a Mercedes-Benz está contratando 600 novos colaboradores para
aumentar os seus volumes de produção de caminhões para a crescente
demanda no mercado brasileiro em 2019. “As empresas de transporte estão
olhando com mais otimismo para o cenário econômico em função do controle
de índices como a inflação, taxa de juros e câmbio, além da expectativa
pelo crescimento do PIB”, disse Philipp Schiemer, presidente da
Mercedes-Benz América Latina. “Isso traz a desejada previsibilidade nos
negócios, gerando segurança para que clientes invistam na renovação de
frota. Estamos novamente ao lado deles nesse momento de retomada”.
Brinks: desde março de 2017, a Brinks concluiu nove aquisições (Brinks/Divulgação)
São Paulo – A companhia norte-americana de
logística de valores Brinks anunciou nesta terça-feira, 11, que recebeu
aval de autoridades de defesa da concorrência para comprar a brasileira
Rodoban por cerca de 130 milhões de dólares em dinheiro.
A aquisição deve ser concluída até o final do ano. Baseada em Minas Gerais, a Rodoban é especializada em transporte de valores e serviços para caixas eletrônicos.
Em 12 meses, a Rodoban teve receita de cerca de 78 milhões de dólares
e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda)
ajustado de cerca de 17 milhões de dólares, informou a Brinks em
comunicado à imprensa.
O valor do negócio não foi revelado pelas empresas
Da Redação
redacao@amanha.com.br
A Recrusul, que atua no
segmento de implementos rodoviários e tem sede em Sapucaia do Sul (RS),
anunciou nesta segunda-feira (10) que vai adquirir a MaxxiBrasil
Indústria de Tratores, de Caxias do Sul (RS). “O objetivo é complementar
a linha de implementos rodoviários e industrial da Recrusul,
aproveitando o ciclo de crescimento do mercado de agribussiness
brasileiro. O setor de tratores, da mesma forma que o de implementos
rodoviários, é altamente competitivo, mas esta aquisição contempla
também a participação do ex-diretor industrial da Mahindra Brasil – com
mais de 20 anos de experiência no segmento de tratores, que foi o
responsável pela instalação desta multinacional indiana no Brasil no ano
de 2011”, destaca a companhia em Fato Relevante não informando o nome
do executivo. O valor do negócio é mantido em sigilo pelas companhias.
A
MaxxiBrasil já produziu mais de 84 tratores com potências entre 50 HP e
100 HP. Começou suas operações no ano 2014 com distribuição de produtos
importados e ao mesmo tempo nacionalização de diversos componentes até
chegar ao produto integralmente produzido no Brasil. A empresa caxiense
possui todas as licenças para fabricação de tratores com códigos tanto
de FINAME quanto de MDA (financiamento para pequenos produtores
agrícolas). O patrimônio líquido de dezembro de 2017 totalizava R$ 987
mil, sem contar com todo o ferramental avaliado em aproximadamente em R$
2,2 milhões. A MaxxiBrasil também possui passivos da ordem de R$ 2,2
milhões. “A aquisição está sendo feita via troca de ações, aproveitando o
aumento de capital da Recrusul em curso, e totalizará aproximadamente
R$ 1 milhão. Serão iniciadas, a partir de janeiro de 2019, diligências
de auditoria para confirmação de tais valores e inclusão desta empresa
como nova controlada direita ou indireta da Recrusul. A planta
industrial da MaxxiBrasil será transferida para Sapucaia do Sul onde
ocupará prédio exclusivo dentro da atual área industrial da Recrusul”,
informa o documento assinado por Davi Souza da Rosa, diretor
vice-presidente e de relações com investidores da Recrusul.
O
Fato Relevante informa ainda que o plano de negócios da MaxxiBrasil
contempla a produção de equipamentos entre 50 HP e 100 HP com preços
médios entre R$ 70 mil e R$ 105 mil. A capacidade fabril anual será de
até 350 tratores dependendo da disponibilidade de capital de giro.
James Hirschmann, da Western Asset, gerencia R$ 1,63 trilhão e acha que aplicar dinheiro aqui é um bom negócio
Hirschmann: rentabilidade dos títulos brasileiros
é atraente, ainda mais se os juros americanos subirem pouco (Crédito: Bruno Mooca)
Cláudio Gradilone
Western
Asset. No País, a gestora de recursos de origem americana não é uma das
líderes de mercado. Segundo dados da Anbima, associação que representa
as empresas que administram dinheiro, ela cuida de um patrimônio de R$
28,3 bilhões, o que a coloca em 17º lugar na lista. No entanto, se a
empresa presidida por James Hirschmann fosse brasileira, ela
administraria mais recursos do que Banco do Brasil e Itaú Unibanco –
somados. Com US$ 421 bilhões (R$ 1,63 trilhão) de dólares sob
administração e escritórios em nove países, é uma das maiores do setor
nos Estados Unidos. Dedicando-se quase que totalmente a fundos de renda
fixa, a companhia avalia investimentos em todas as latitudes, tanto
geográficas quanto de risco. Os 851 funcionários liderados por
Hirschmann dedicam boa parte de seu tempo a avaliar as possibilidades de
títulos de dívida públicos e privados. Em uma entrevista à DINHEIRO,
Hirschmann falou das perspectivas para o Brasil. E diz, com todas as
letras: o País permanece atraente. “Vale a pena deixar dinheiro aqui”,
diz.
A justificativa para esse interesse é simples: apesar da baixa dos
juros por aqui, e da alta potencial das taxas americanas, os títulos de
dívida brasileiros ainda pagam prêmios bastante superiores à média dos
demais países emergentes. Isso justifica correr os riscos de um eventual
calote. “Mesmo na hipótese de que algum emissor venha a não cumprir com
suas obrigações, a remuneração compensa”, diz ele. Isso vale tanto para
títulos públicos quanto para papéis privados. “A economia brasileira
está saindo da recessão e a situação deve melhorar com o novo governo,
por isso permanecemos com uma perspectiva de alta no Brasil.”
Ele afirma estar otimista também com relação às perspectivas do
mercado internacional. Para ele, a temida elevação de juros nos Estados
Unidos será menos drástica do que parecia há alguns meses. Atualmente
entre 2% e 2,25% ao ano, a taxa referencial de juros do país deverá ser
elevada em mais 0,25 ponto percentual neste mês. Para o executivo, os
prognósticos de alguns analistas que previam juros acima de 3% ao ano
não deverão se confirmar. “A inflação não está tão elevada, e os juros
não devem subir tanto”, avalia.
RISCOS Esse cenário não é isento de riscos, porém.
Para o Hirschmann, há duas ameaças à estabilidade dos mercados. Um deles
é a situação na Europa. O governo inglês ainda não apresentou uma
proposta clara para implantar a saída da União Europeia (UE) o chamado
Brexit. Segundo uma pesquisa da Bloomberg Economics, isso poderá
representar uma retração de até sete pontos percentuais no Produto
Interno Bruto britânico ao longo dos próximos 12 anos. Isso deixará a
Inglaterra muito distante dos demais países da Europa em termos
econômicos, com um forte impacto sobre as finanças globais. Outro risco é
a possibilidade de que o novo governo populista italiano descumpra as
normas de responsabilidade fiscal da UE, gerando ainda mais turbulência.
A maior ameaça no curto prazo é a delicada situação das relações
comerciais entre Estados Unidos e China, que pode reduzir em até 1,5% o
crescimento econômico chinês. O fato de tanto o presidente americano,
Donald Trump, quanto seu oponente chinês, Xi Jingping estarem
determinados a travar uma guerra comercial não ajuda a acalmar os
ânimos. “O presidente Trump é muito imprevisível”, diz Hirschmann.
Os negócios envolvendo fusões e aquisições cresceram 26% até
setembro em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, somando R$
121,4 bilhões, de acordo com as estatísticas da Associação Brasileira
das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Em número
de operações, entretanto, o panorama é inverso, com 68 transações
realizadas este ano, contra 99 de janeiro a setembro de 2017.
“O crescimento do volume reflete as operações de grande porte
realizadas no ano, além do avanço no montante gerado pelas aquisições de
empresas brasileiras por estrangeiras”, afirma Dimas Megna, coordenador
do subcomitê de Fusões e Aquisições da Anbima, em nota distribuída pela
associação.
Em 2018, as operações de compra de companhias brasileiras por
estrangeiras atingiram R$ 54,6 bilhões, o que representa crescimento de
23% ante o volume levantado em nove meses de 2017. As transações que
compreenderam apenas empresas locais totalizaram R$ 60,3 bilhões no
período, equivalente a 49,7% do total.
Os setores de papel e celulose (com participação de 39,3%
entre todos os negócios), TI e telecomunicações (15,5%) e alimentos e
bebidas (12,7%) responderam por 67,5% do volume transacionado até
setembro. Juntos, esses segmentos responderam por apenas sete operações
no período.
Entre as finalidades dos negócios, as aquisições de controle
representaram 52,7% do volume total de 2018, a partir de 52 operações,
de acordo com a Anbima.
Uma incorporação correspondeu a 39,3% do montante do período,
enquanto as fusões e aquisições destinadas à compra de participação
minoritária e a joint venture responderam por 4,2% e 3,8%,
respectivamente.
O comércio internacional é a
competição absoluta. Os vencedores são o resultado de todos os fatores geográficos,
políticos e econômicos somados. E as posições entre os competidores só mudam com muita dificuldade.
A explicação sobre os motivos do sucesso dos países mais industrializados e
ricos é complexa e não cabe nas fórmulas prontas mais corriqueiras, como o
liberalismo, o libertarianismo ou o comunismo/progressismo. Cada lado tem suas
exceções preferidas e seus lapsos inexplicáveis.
Muito embora a explicação integral não esteja disponível, a linha de estudos chamada Economia da
Complexidade tem uma explicação interessante (ainda que parcial) e de bom senso para o
fenômeno da concorrência imperfeita no comércio internacional.
Em resumo, ela
diz que a concorrência é imperfeita porque os países que saíram na frente
trataram de trancar a porta para os de trás, por meio de técnicas que
dificultam a competição.
O site do Paulo Gala tem
publicado muitos artigos sobe esse assunto:
Por que o desenvolvimento econômico não ocorre
naturalmente em todos os países? Monopólios e concorrência monopolística no
mercado mundial
Para os autores clássicos do desenvolvimento econômico as
atividades produtivas são diferentes em termos de suas habilidades para gerar
crescimento e desenvolvimento. Atividades com altos retornos crescentes de
escala, alta incidência de inovações tecnológicas e altas sinergias decorrentes
de divisão do trabalho dentro das empresas e entre empresas são fortemente
indutoras de desenvolvimento econômico (Reinert 2009, pg. 9). São atividades
onde em geral predominam competição imperfeita e todas as características desse
tipo de estrutura de mercado (importantes curvas de aprendizagem, rápido
progresso técnico, alto conteúdo de R&D, grandes possibilidades de
economias de escala e escopo, alta concentração industrial, grandes barreiras à
entrada, diferenciação por marcas, etc). Esse grupo de atividades de alto valor
agregado se contrapõe às atividades de baixo valor agregado, em geral praticadas
em países pobres ou de renda média com típica estrutura de competição perfeita
(baixo conteúdo de R&D, baixa inovação tecnológica, informação perfeita,
ausência de curvas de aprendizado e possibilidades de divisão do trabalho
(Reinert e Katel 2010, pg 7.)
Notem que, numa situação como a
descrita no parágrafo acima, não adianta reclamar da injustiça nem
aplicar regras ideológicas. Só funciona o
que funciona.
Por exemplo:
Estratégia da intervenção do governo
Os Emirados Árabes financiaram
uma companhia aérea enorme e um aeroporto caríssimo e se enfiaram no fluxo
global da aviação.
Os EUA financiaram diversas
indústrias altamente tecnológicas, desde a era do projeto espacial até hoje. E,
depois que o governo perdeu o fôlego, os fundos de investimento tomaram o lugar
dele e selecionaram, à base de extrema competição, alguns vencedores como
Google e Facebook.
Nesta lista podemos incluir
grandes indústrias de armamentos financiadas por governos.
Estratégia do estímulo por parte da iniciativa privada
A Apple cavou seu lugar no
mercado mundial investindo em alta tecnologia, designs exclusivos, criação de
patentes e uso de trabalho chinês barato.
McDonalds, Starbucks e outras
franquias de alimentos adotaram a tática de reprodutibilidade de processos,
investimento em marca e abertura frenética de lojas ao redor do mundo.
Estratégia do controle governamental completo
Aqui estão a Sinopec, alguns
bancos chineses, a Saudi Aramco (petróleo), etc.
Os empreendedores brasileiros que
desejam entrar com força no mercado internacional precisam, conforme esta linha
de estudos, selecionar uma área em que possam criar um diferencial competitivo.
Mas não é o diferencial
competitivo de palestras de autoajuda, que se resume a um preço 5% menor.
Neste sentido, diferencial
competitivo é uma verdadeira barreira à competição que faça eventuais
concorrentes tremerem e se cansarem só de pensar no risco e na trabalheira.
Por
exemplo:
20 anos de financiamento de pesquisas sobre
ervas amazônicas;
criação de um novo centro de lançamento de
satélites comerciais;
desenvolvimento de terapias genéticas;
investimento maciço em artistas jovens com o
intuito de criar uma nova estrela que faça tanto sucesso quanto Beyonce,
Michael Jackson, etc.
Obviamente, eu sei que isso não é
fácil. Para indicar dificuldades bem iniciais, temos que qualquer projeto de
longo prazo no Brasil está sujeito a todo tipo de instabilidade institucional.
Picos de inflação, impeachment, alterações tributárias.
Mas é por isso que o comércio
internacional é a competição absoluta. Todos os fatores contam. Quem não se
dedicar a dar um drible nos gringos vai ficar
para trás.
Alguns setores no Brasil em que
as empresas estão se esforçando realmente para atingir escala global e
ferocidade de competição são o mercado financeiro, com as fintechs, e, de certa
forma, o mercado educacional, com escolas que preparam alunos para a indústria
4.0.
O melhor exemplo que conheço no setor educacional é a EscolaBritânica de Artes Criativas. Mas há também alguns canais de youtube e cursos
online avulsos que seguem a mesma linha.
Os trustes são um dos produtos mais vendidos por bancos de investimento e empresas de wealth management.
Mas eu nunca os achei apropriados para famílias que moram no Brasil. O
truste é uma solução do direito inglês e não casa bem com o direito
romano, nosso pai.
Tenho a impressão de que ele só é utilizado porque é o produto mais oferecido pelos bancos. Algo assim do tipo "só tem esse".
Todavia, desde a repatriação a Receita deixou bem claro que, se antes mal tolerava os trustes, ela agora os detesta e persegue.
Nestes posts vou explicar porque acho os trustes inadequados para a maioria das famílias que vivem no Brasil.
1. Confusão patrimonial entre o instituidor, o beneficiário e o truste
A Receita Federal não reconhece o truste como entidade
separada (especialmente no contexto to RERCT).
Em consequência, temos:
a)Aplicações
financeiras em nome do truste podem ser tributadas como rendimento da pessoa
física que reside no Brasil (27,5%);
b)Os
lucros distribuídos pelas offshore para o truste podem ser considerados como
entregues diretamente aos beneficiários do truste (tributação de 27,5%);
c) A
variação cambial sobre valores mantidos em conta ou aplicação financeira podem,
dependendo do caso, gerar tributação sobre ganho de capital relativo à
valorização de moeda estrangeira (alíquota inicial de 15%)
d) A situação patrimonial do truste deve ser declarada anualmente para a Receita e
Banco Central. Implica falta de privacidade quanto ao patrimônio;
e)A situação patrimonial do truste deve ser declarada anualmente para a Receita.
Isso terá impactos em futura sucessão por morte (base de cálculo para o ITCMD);
f)Há uma corrente minoritária que entende
que transferências do truste para os beneficiários podem ser caracterizadas e tributadas
como doações, ao invés de rendimentos. No caso da doação, a alíquota varia
entre 4% a 8%, dependendo do estado;
f.1)
Estas transferências (doações)afetam a herança legítima (50% do patrimônio) e podem
levar a disputas no inventário;
f.2)
Estas transferências geram um ciclo de bitributação:
Ao
contrário da prova pericial convencional, não existe um roteiro único
na perícia feita para arbitragem. Cada caso é um caso e não existe
roteiro, pois tudo pode ser negociado. É como o engenheiro Flávio Figueiredo, que há mais de 20 anos atua com perícias em arbitragens no Brasil, define sua atividade.
Junto com Francisco Maia Neto, Figueiredo organizou a recém-lançada segunda edição do livro Perícias em Arbitragens.
Cada capítulo é escrito por um profissional da área, abordando temas
distintos com o objetivo de traçar um panorama geral deste ramo ainda
pouco explorado.
Na arbitragem, o perito assume um protagonismo
singular, conta Figueiredo. Pode ter que fazer um relatório inicial para
explicar o caso ao árbitro, pode produzir prova como seus testemunho
técnico, pode questionar o perito da outra parte. Tudo depende de como
os procedimentos arbitrais foram combinados pelas partes.
Em entrevista à ConJur,
Flávio Figueiredo detalha o papel do perito na arbitragem e ressalta
que o profissional deve estar atento com nulidades que podem ser
plantadas no processo. "A parte pode fazer isso com o intuito de, se não
ganhar, anula o processo".
Leia a entrevista:
ConJur — O que faz um perito na arbitragem?
Flávio Figueiredo — De início eu destaco que pode ter
apresentação prévia dos técnicos. É marcada uma audiência e vão lá os
assistentes de cada parte, antes de ter um perito, e fazem uma
apresentação técnica. Não fica só aquele frio que está no papel, você
pode expor, responder perguntas. Pode haver, por exemplo, dos árbitros
pedirem que, em um determinado momento, os assistentes das partes
apresentem um laudo técnico sobre a questão. Um laudo aberto. Pode
acontecer — as hipóteses são muitas — que já formulem quesitos a serem
respondidos por esses laudos técnicos prévios. Pode não acontecer nada
disso. Pode ter só o início da fase das provas e os técnicos vão e fazem
ali, já como prova, um depoimento, que até pode ser um depoimento
especializado, que é o que se chama de testemunha técnica. É uma
denominação um pouco diferente para nós, porque não é uma testemunha que
viu um fato. É um conhecedor do tema que vai depor sobre o tema.
ConJur — Existe alguma peculiaridade na atuação dos peritos?
Flávio Figueiredo — Tem uma gama enorme de alternativas para a
prova pericial, algumas ainda nem na fase da prova, mas que envolvem os
assistentes técnicos de ambas as partes. Então a pessoa que vai fazer
uma perícia em arbitragem tem que saber interpretar em que momento está,
o que deve ser apresentado neste momento, como deve ser apresentado.
ConJur — Como assim?
Flávio Figueiredo — Vou dar um exemplo: estive envolvido em uma
arbitragem em que foi determinado, já quando se estabeleceu como o
procedimento arbitral iria transcorrer, uma data que iria ter uma
apresentação técnica de 20 minutos. Apresentação técnica é mostrar para
os árbitros o que eles teriam que saber daquela disputa. Não é defender
ferrenhamente uma posição. A outra parte também tinha a mesma
oportunidade, porque sempre as oportunidades são iguais. Só que era um
pessoal muito preparado tecnicamente, mas que não tinha a menor ideia do
que eles estavam fazendo naquela arbitragem, que momento era aquele.
Eles levaram uma apresentação com 80 slides de Power Point para
apresentar em 20 minutos. Tragédia total, porque eles fizeram
imaginando que eles estavam fazendo uma apresentação como prova. E não
era isso.
ConJur — Por que o padrão se tornou três árbitros para decidir os casos?
Flávio Figueiredo — Quando se tem determinado procedimento em
que há um laudo técnico, sobre o laudo as partes vão ter oportunidade de
falar e trazer o contraditório, pedir esclarecimentos para o perito e
assim por diante. Se você tiver um árbitro, ele vai examinar a questão e
dar a sentença. E se esse árbitro for o próprio técnico, no momento em
que ele trouxer a sentença para as partes, já não tem mais o
contraditório. Todas as arbitragens mais recentes das quais participei,
foram com três árbitros. Poderiam ser cinco, mas, no geral, são três
árbitros, um indicado por uma parte, outro por outra e o presidente do
tribunal escolhido pelos dois, indicado pelas partes. Eu não vi mais
essa conformação de árbitro único, especialista.
ConJur — O que tem de mais diferente entre um perito arbitral e um perito judicial? Flávio Figueiredo — Tem um procedimento que é chamado de hot tubbing,
que é uma acareação técnica. Os peritos de ambas as partes ficam frente
a frente debatendo o caso, com o árbitro podendo intervir para pedir
maiores esclarecimentos. Agora, é bom para as partes? Pode ser
excelente, pode ser péssimo. Se você tiver uma pessoa que está
defendendo seu interesse, que conheça muito o tema, mas que seja tímido,
titubeante, você pode ter um problema, pois ele pode se sair mal no
debate.
ConJur — Em que parte do processo é comum o perito errar?
Flávio Figueiredo — Organização de documentos dentro de um
processo. Quando você pega um processo judicial comum, a parte, o
advogado, junta lá uma petição e depois os anexos. Documento um,
documento dois, documento três e documento quatro. Mais para frente, vão
ter outros momentos em que ele vai chamar documento um, documento dois,
documento três daquela petição, e vai juntar. Quando você pega, por
exemplo, uma arbitragem, você organiza de outro jeito os documentos. Eu
começo a numerar desde o primeiro documento que eu junto até o último.
Eu vou juntando na sequência. Parece bobeira, mas quem não está
familiarizado se perde nisso. Então, na arbitragem tem muita coisa que
parece muito boba, mas que ganha relevância porque, se não for bem
resolvido, atrapalha a vida de todo mundo. Tive uma arbitragem em que,
quando apresentei a estimativa de custos, não estou falando de
honorários, eu coloquei lá “edição e impressão: cento e pouco mil
reais”. Aí o pessoal achou absurdo. Tive que desdobrar o que era aquele
custo. A perícia envolvia 30 e tantos imóveis que precisavam ser
vistoriados e avaliados. Cada avaliação vai ter mais ou menos tantas
folhas. Tantas folhas vezes trinta imóveis, mil folhas vezes sete vias,
dá tantas mil folhas.
ConJur — O senhor uma vez disse que
os peritos devem tomar cuidado com cascas de banana que são colocadas
pelo caminho. Pode citar alguns exemplos?
Flávio Figueiredo — A gente percebe que, muitas vezes, ficam se
plantando nulidadezinhas, sementes de nulidades no decorrer do processo
— porque se não for bom para mim, vou tentar anular a sentença por
causa daquela sementinha que deixei lá atrás. Muitas vezes, a perícia é
usada para plantar essas sementes. Então a perícia precisa ser muito bem
conduzida para que não fiquem essas sementes de nulidade. Quer dizer, o
perito arbitral precisa estar atento para não dar margem a isso.